sexta-feira, 17 de junho de 2022

LIÇÃO 12: A BONDADE DE DEUS EM NOS ATENDER

INTRODUÇÃO

Neste capítulo, abordaremos a passagem de Mateus 7.7-20,  que trata de dois aspectos: a bondade de Deus e os falsos profetas. É claro, teremos que condensar as explicações, sem perder sua real essência. Logo que nos deparamos com Mateus 7.7-11, Jesus está assegurando e nos encorajando a lançarmo-nos sob os cuidados do nosso Pai eterno, como fez Abraão pela fé (Hb 11.8) e o próprio Senhor Jesus (Jo 16.32).

Nossa vida neste mundo é marcada por espinhos, aflições, lutas, desafios constantes, sempre temos que escalar novas montanhas, e não vamos encontrar nenhuma passagem bíblica que nos diga que o Senhor Deus tornará nossa peregrinação mais suave, sem problemas. O próprio Senhor Jesus disse que no mundo teríamos aflições (Jo 16.33), porém, quando lemos a passagem de Mateus, temos a garantia de que, quando nos voltamos para o Pai em oração, Ele nos ouvirá, pois a sua bondade é grandiosa e é isso que nos faz avançar, lutar, vencer.

Não podemos tomar Mateus 7.7-11 como sendo uma afirmação geral de que tudo que pedirmos Deus irá fazer. Também essa passagem não pode ser tomada de modo isolado; ela envolve as demais partes do assunto envolvido. Olhando para os seis primeiros versículos do capítulo 7, o tema que Jesus vinha tratando era quanto ao julgamento injusto e como proceder de modo correto. Em nossa compreensão, isso é por demais difícil. Entendemos que é um padrão elevado para nós, porém, para procedermos corretamente à altura dos ensinos que nosso Mestre está propondo, o melhor caminho é o da oração. Por intermédio dela teremos a graça divina e sabedoria para agir da melhor forma.

Jesus quer que oremos ao Pai reconhecendo primeiramente as nossas necessidades espirituais, e não de coisas. Quando isso acontece, sei o quanto sou miserável e me rendo aos seus pés (Mt 7.24). A intensidade dos verbos pedir, bater e buscar tem sua ênfase de que preciso insistir na oração com Deus para que eu possa desenvolver um nível de vida espiritual mais perfeita. Isso pode ser visto nas passagens de Lucas 11 e 18. A nossa fome não deve ser por bens materiais, fama, sucesso, mas, sim, da justiça de Deus em nossa vida (Mt 5.6). Paulo, quando teve seu ser invadido pela presença de Cristo, passou a desejá-lo mais e mais, de modo que passou a não mais valorizar as coisas que antes eram vistas por ele como sendo de grande importância (Fp 3.7,13,14).

Depois que tomamos consciência da nossa necessidade espiritual, do que realmente somos (Sl 51.5) e nascemos de novo em Cristo Jesus (Jo 1.11,12), Deus passa a ser o nosso Pai. O maior problema é que tem muita gente pedindo, buscando e batendo, mas que é dominada pela velha natureza. Seus pedidos são egoísticos, e não são atendidos porque não são filhos verdadeiros (Tg 4.3). Quando temos consciência de que Deus é nosso Pai, sabemos que Ele tem o melhor plano para nossa vida. Ele está sempre velando por nossas vidas e não importa o que nos aconteça, estaremos sempre bem guardados, pois  somos seus filhos (Rm 8.15) e Ele nunca nos dará algo que possa nos prejudicar.

Ao lermos os versículos 13 e 14 de Mateus, entendemos claramente que nosso Senhor Jesus nos ensina que entrando pela porta estreita e trilhando o caminho apertado iremos sempre nos deparar com grandes perigos, embaraços, empecilhos que procuram fazer com que deixemos de correr bem e nos levam a errar o alvo. Além disso, surgirão também os falsos profetas (Mt 7.15,16); estes procurarão desfazer tudo quanto Jesus ensinou, carão às portas, nem entrando, nem deixando outros entrarem, afinal, o alvo deles é não deixar que vivamos a verdadeira fé trilhando o caminho apertado e a porta estreita.


A BONDADE DE DEUS


Definição de bondade – No aspecto filosófico, a bondade é caracterizada como algo transcendente. Sua essência consiste naquilo que é bom, que nesse sentido pode ser conceituado como o bem maior. Pode-se observar que há uma relação do nome Deus em inglês, God, com o sentido de bom good. Por vezes, alguns filósofos fizeram uso do substantivo Deus apontando para o bem supremo, mais sublime.Nas palavras do filósofo Hegel, a bondade é vista como a coincidência de uma vontade humana com a vontade universal, isto é,  a vontade racional: a correção de vontade, e, por conseguinte, de ação, com base em princípios metafísicos. Ainda na perseguição de uma definição apropriada para a palavra bondade, alguns filósofos passaram a entender essa palavra como sendo superior ao termo direito, pois o direito envolve aquilo que é justo, porém, a bondade pratica a misericórdia e evidencia amor em todas as situações da vida.

Pela ótica filosófica, a definição da palavra bondade não está simplesmente sendo vista como algo natural, mas transcendente, de modo que isso nos leva ao entendimento de que será na Bíblia e na teologia que o verdadeiro significado de bondade terá seu real sentido, pois, no aspecto humano, sua definição não ultrapassa esses  limites: qualidade de quem tem alma nobre e generosa e é naturalmente inclinado a fazer o bem; benevolência, benignidade, magnanimidade, ação que reflete essa qualidade, atitude amável, cortês; delicadeza.

A bondade de Deus no aspecto bíblico – Na Bíblia, a bondade não é compreendida apenas por uma  definição de termos, mas, sim, de essência, posto que Deus é bom por natureza, dEle emana todos os bons atos de bondade, pois Ele é amor (1Jo 4.6). A expressão da bondade divina tem sua dimensionalidade universal e humana no texto áureo da Bíblia: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que  nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Aquilo que os filósofos buscaram de transcendentalidade na conceituação de bondade expressa-se claramente em Deus, que concede o bem mais  sublime, elevado, para morrer pela humanidade.

Toda a essência da real bondade está em Deus. Isso foi o que Jesus disse: “Respondeu-lhe Jesus: Por que me perguntas acerca do que é bom? Bom só existe um. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos” (Mt 19.17, ARA). Os homens não convertidos manifestam certo nível de bondade, ou seja, ela é relativa, e, para que sua prática de bondade venha realmente a ser benéfica, é necessário que seja transformado pelo poder do evangelho, pois logo nascerá em sua vida o fruto do Espírito, que tem como um de seus aspectos a bondade (Gl 5.22). Esse homem agora não será apenas justo, correto, mais do que isso, evidenciará atos de amor e misericórdia em tudo que for fazer (Rm 5.7).

A bondade de Deus não é vista somente em sua essência etransformação da vida do pecador, mas ela é presenciada em sua criação (Gn 1.31). Em cada coisa criada se percebe não apenas seus  atos santos, grandiosos, maravilhosos, mas suas ideias, propósitos, tudo isso foi feito para o bem do homem nesta vida. É da própria terra e da natureza que o ser humano tira seu sustento, suas riquezas, isso quer dizer que a prosperidade alcançada pelo homem por meio do trabalho se deve à bondade de Deus (Dt 8.7; 11.10,12; Pv 10.22). Essa riqueza é denominada de material, mas dEle vem também a riqueza espiritual (Jó 2.10), sua possibilidade nasce da vivência e meditação com a Lei de Deus (Dt 30.15).

A bondade divina se faz presente no Antigo e no Novo Testamento, sendo que neste último tal bondade está presente na vida daquele que está em comunhão com Deus, porquanto, como está transformado, será um instrumento na terra para fazer o bem a todoo (Ef 2.10), sendo que tudo o que faz não é para si, mas, sim, para o louvor e glória do Senhor (Mt 5.16).

Por fim, podemos asseverar que a bondade de Deus é compreendida também no seu aspecto teológico, pois a mudança compreenderá também o universo físico e humano. Tudo será restaurado e isso é o maravilhoso (Ef 1.10). Cada cristão deve sempre estudar sobre a bondade de Deus na Bíblia. Agindo assim, irá glorificá-lo constantemente.

A bondade de Deus no aspecto teológico – No aspecto teológico, a bondade de Deus faz parte de um dos seus atributos morais, sendo descrita como parte de sua essência; não é uma manifestação momentânea, casual. Quando faz o bem ou manifesta atos de bondade, Ele faz isso porque realmente é bom por natureza.

Deus é um ser bondoso, do qual emanam as boas dádivas para nós (Tg 1.17). Essa bondade é confirmada por aqueles que têm suas mentes esclarecidas pelo Espírito Santo de Deus, pois constatam tanto no seu ser quanto em seus atos essa verdade bíblica. O salmista nos aconselha a provar o quanto o Senhor é bom (Sl 34.8), e, quando fazemos isso, temos o melhor padrão para entendermos o que é bom no sentido estético e ético.

Teologicamente falando, o padrão mais elevado do conceito de bondade está em Deus, que se revela no seu próprio caráter. Ele só aprova aquilo que condiz com sua natureza (Sl 119.68). Quando atentamos para os Salmos bíblicos que exaltam a bondade de Deus, alguns mostram-na revelada na criação (Sl 104), outros exibem a bondade divina agindo em favor do seu povo, Israel (Sl 106 3 107). Na essência, esse ser divino é bom, por isso o apóstolo Paulo nos aconselha na prática a termos experiência com a boa vontade de Deus para conosco (Rm 12.2).


DOIS CAMINHOS PARA ESCOLHER


A porta e o caminho no aspecto bíblico – Vamos começar esse ponto fazendo uma inversão. Primeiramente, destacaremos a palavra caminho, porque à luz das páginas do Antigo Testamento era algo bem conhecido de todos. Em Salmos 1.1, faz-se menção a dois caminhos: o primeiro, dos pecadores; o segundo, doo justos (Sl 1.6). A palavra caminho é um substantivo masculino que do hebraico é derek, cujo significado é estrada, distância, jornada, maneira, vereda, direção. Expressa também um hábito. Caminho, no aspecto figurado, tem dois sentidos: um refere-se ao curso da vida; o outro fala do caráter moral.

No Salmo em questão, temos a distinção clara entre o viver do ímpio e do justo, ou melhor, da conduta de cada um. Jó deixou bem claro que Deus conhecia o seu caminho, sua conduta de vida, por isso iria sair daquela prova como ouro (Jó 23.10). Paulo disse que o Senhor conhece os que são seus (2Tm 2.19), destacando também um viver santo com Cristo. Em Mateus 7.13, Jesus fala sobre a conduta dos ímpios, quando faz menção à palavra caminho.

O que se tem na figura do caminho são dois modos de vida, isto é, o caminho do justo e o caminho do ímpio. O justo evita o caminho comprometedor dos ímpios e procura seguir os projetos de Deus, nisso é que consiste sua felicidade. Não da parte do justo nenhum prazer de aceitar os princípios expressados pelos pecadores; pelo contrário, o justo tem um contentamento glorioso, maravilhoso, que é meditar na Palavra de Deus, o que resultará em um prazer sem igual cuja vida será sempre cheia de bons frutos e seu futuro final já está garantido, pois depositou todo o seu viver em Deus.

Quando lemos Atos 9.2 (ARA), os crentes da Igreja Primitiva eram chamados de aqueles “do caminho”. Por trás desse termo, há, outrossim, a ideia do “caminho do Senhor, de Deus” (At 18.25,26), como o “caminho da salvação” (At 16.17). Deus indicou o caminho ou modo de vida que os homens devem seguir se desejam ser salvos (Mc 12.14); a declaração dos cristãos de que o caminho deles era aquele indicado por Deus levou ao uso absoluto do termo, como aqui.

Em relação à porta, que do grego é púle, quer dizer portão, porta, do tipo mais largo no muro da cidade, num palácio, numa cidadezinha, no templo, numa prisão; no aspecto metafórico, quer dizer o acesso ou entrada num estado. No aspecto espiritual, fala da entrada para o caminho a fim de viver uma experiência nova com Cristo Jesus (Jo 10.9). É por meio dessa passagem ou porta que o cristão poderá desenvolver um viver piedoso.

Uma porta serve como um acesso para bênção ou maldição (Gn 4.7; 28.17), simboliza grandes oportunidades — isso foi dito por Paulo (1Co 16.9). Também portas que se abrem no Senhor (2Co 2.12). No demais, o Senhor Jesus coloca diante de sua igreja a porta aberta (Ap 3.8).  

O que as duas portas e os dois caminhos ilustram para  nós? – As bênçãos que são prometidas por Cristo aos que fazem parte do Reino são maravilhosas, em especial quando se diz: Bem-aventurados (Mt 5. 5-9). No entanto, é preciso entender que a entrada e permanência nele envolve momentos bons e difíceis. Jesus promete consolo aos que choram e terra para os mansos, e, ao mesmo tempo, diz que seus seguidores serão perseguidos, caluniados (Mt 5.10,11), e que precisam ter um viver justo, que esteja acima dos escribas e dos fariseus (Mt 5.20), não devem jamais odiar os inimigos, mas orar por eles.

No quesito porta e caminho, para saber o que vem primeiro e realmente qual a definição precisa sobre essas duas expressões, teólogos e estudiosos do Novo Testamento se debateram apresentando diversas teorias, uns chegando a usar Lucas 13.23,24 para se referir à porta do Reino no sentido escatológico. O certo é  que a porta vem antes do caminho, e aqui ela não tem a definição de  morte (Mt 16.18), mas se refere a uma escolha consciente para andar pelo caminho certo, ou seja, aponta para a conversão que é seguida pela santificação, que a cada dia requer que crucifiquemos nossos desejos pecaminosos em Cristo.

O adjetivo estreito do grego é stenós, que significa apertado. A ideia que se tem é que só dá para passar uma pessoa, que figuradamente quer dizer que quem tem muita bagagem, por exemplo, da justiça pessoal, do egoísmo, da avareza, do rancor, não tem como passar; é preciso negar-se a si mesmo para poder entrar por ela (Mt 16.24-26; Gl 2.20; 6.14).

Lendo o texto de Hebreus 11.10, compreendemos que as pessoas que trilham o caminho apertado estão seguindo o modelo traçado por Cristo, ao passo que o modelo do caminho espaçoso foi modelado por Satanás. Aqueles que escolhem o caminho traçado por Cristo terão poucos companheiros, porém é bom lembrar que sempre há servos fiéis a Deus na terra e que no final a multidão de salvos será incontável (Rm 9.27; 11.5; Ap 7.9).

A escolha entre os dois caminhos – Jesus apresentou a todos os dois caminhos, os quais são representados por duas portas, sendo que uma é estreita e a outra larga. A entrada para o Reino de Deus acontece somente por meio da porta estreita, e o caminho a se seguir por essa porta é apertado, mas seu destino é a vida eterna. A porta larga leva o transeunte a um caminho espaçoso, e nele há muita facilidade, comodidade, pode-se escolher a direção que se quer seguir, mas tem um destino certo, o inferno.

Pelo ensino de Cristo, ficou evidente que os que quiserem receber a vida eterna para entrar no céu devem escolher a porta estreita e o caminho apertado, que falam de Jesus, uma vez que fora dEle não como se ter a salvação. O que entendemos com esse ensino ilustrativo de Jesus é que o nosso destino depende de nossa decisão. Caso escolhamos viver um cristianismo que permite tudo, nosso destino estará comprometido, porém, se optarmos em viver uma vida santa, entrando pela porta estreita e trilhando o caminho apertado, nosso futuro será maravilhoso.


A MENTIRA DOS FALSOS PROFETAS


Cuidado com as falsas aparências – advertências na Bíblia Sagrada, em especial no Novo Testamento, para se tomar cuidado com os falsos obreiros, aqueles que aparentam ser algo, quando não são. O apóstolo Pedro esclareceu que os últimos dias seriam caracterizados pela presença de falsos mestre e falsos profetas; por meio deles, os ensinos errados e as heresias viriam (2Pe 2.1).

O apóstolo João nos alerta quanto à necessidade de não dar crédito a todo e qualquer espírito (1Jo 4.1), visto que os tais, como disse Paulo, podem nos enganar, lembrando que Satanás se transforma em anjo de luz (2Co 11.14). Provavelmente, o apóstolo estivesse fazendo referência a Gênesis 3, dando ênfase no tocante à  malícia da serpente que enganou Eva.

Existem profetas e mestres que aparentam estar preocupados com uma verdadeira piedade, ou desejando mostrar à igreja que são preocupados com o rebanho, quando, na verdade, não passam de lobos disfarçados, são obreiros do pecado e da liberdade perniciosa, pois defendem uma vida sem princípios bíblicos, doutrinas de homens e demônios. Eles incentivam o povo a entrar pela porta larga e viver no caminho espaçoso. Deles Paulo nos alertou: “Porque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo” (2Co 11.13, ARA).

No texto de Mateus 7.15, os falsos profetas são descritos como pseudoprophétes, ou seja, alguém que, agindo como um profeta divinamente inspirado, declara falsidades como se fossem profecias divinas. Jesus alertou que muitos deles iriam surgir (Mt 24.11,24). Faz- se menção a um deles em Atos 5.37 — seu nome era Judas, o galileu. Paulo disse aos líderes da igreja que depois de sua partida esses homens iriam surgir de dentro da própria igreja dizendo coisas perversas na intenção de conduzir outros pelo caminho largo (At 20.29). Muitos deles iriam fazer dos crentes negócios (2Pe 2.1-2).

Em Mateus 7.6, Jesus falou dos cães e dos porcos. Eles são apresentados como inimigos do Reino de Deus, mas os lobos são mais perigosos do que os dois, pois os cães e porcos são inimigos declarados, manifestam logo ódio contra o evangelho. Ao contrário, os lobos se disfarçam de verdadeiros profetas, infiltrando-se no meio do rebanho, e, como são fortes e perigosos, conseguem atacar as pobres ovelhinhas. Devemos ter todo o cuidado com eles.

Como detectar os falsos profetas? – Não precisamos ir longe para detectamos os falsos profetas. Jesus disse: “Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?” (Mt 7.16, ARA). O fruto aqui prova a  real essência ou natureza do que a coisa é, apontando para duas coisas: os ensinos e as obras desses impostores. Árvores boas dão bons frutos. É impossível colher uvas do espinheiro, que por natureza só produz espinhos; nem se pode colher figos de abrolhos, uma erva daninha. Diz-se que há variedades de formas nesse tipo de planta, e algumas dão flores parecidas com as da figueira. O uso de espinheiro e abrolho feito por Cristo era para ilustrar o caráter comprometedor desses falsos profetas, os quais não têm nada para oferecer, seus frutos são imprestáveis.

A boa árvore que é bem cuidada, cultivada, alimentada, com certeza, dará bons frutos, ao contrário da árvore má, que é podre, estragada, e por isso só dará fruto maus. Aqueles que não vivem a vida espiritual sadia darão vinho azedo, com muito ácido, ensinarão o liberalismo teológico, crença sem compromisso com a Palavra, serão relativistas, adotarão concepções da pós-modernidade, como bem falou Isaías: deram uvas bravas (Is 5.4). Em Gênesis, há uma repetição constante que diz que o fruto é segundo a sua espécie (Gn 1.11). A pessoa que realmente foi transformada pelo poder do evangelho tem a sua natureza mudada, seus frutos serão conforme a tranformação ocorrida no seu interior (Mt 3.8).

Uma análise criteriosa Como já citado, não devemos julgar ninguém precipitadamente, é sempre imprescindível que haja uma análise minuciosa dos fatos, bem criteriosa. Essa verdade pode ser vista no próprio ensino de Jesus. Observe que por duas vezes Ele diz: “Pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7.16,20).

O conhecer aqui no grego é epiginósko, 1) tornar-se completamente conhecido, saber totalmente, conhecer exatamente, conhecer bem; 2) conhecer, reconhecer, pela visão, audição, ou por certos sinais, reconhecer quem é a pessoa. O tempo é futuro, a voz depoente média e o modo indicativo. Na verdade, a ênfase de Cristo é para se conhecer muito bem, pois é pelo conhecimento dos frutos que se  notará a verdadeira natureza desses falsos profetas.

Jesus esclarece que esses impostores não ficarão impunes, pois, como são árvores podres, não produzem o que é bom. A sentença divina virá serão cortados e lançados no fogo. No Novo Testamento, em especial nos Evangelhos, ênfase de que aquilo que é podre, imundo, inútil, será cortado e lançado fora. Dos lábios de João Batista vieram as duras palavras sobre o machado à raiz da árvore que não bom fruto: tem que ser cortada (Mt 3.10).

A falta da produtividade daquilo que é bom é a grande prova de que tal árvore precisa ser cortada e lançada no fogo (Jo 15.6). Amados irmãos, saibamos que apenas professar uma fé, ir à igreja, sem um compromisso verdadeiro com Cristo, não irá eximir ninguém da sentença do juízo da parte de Cristo. É necessário que a produtividade de bons frutos seja uma realidade constante em nosso viver diário, pois se estamos sendo inúteis, deve haver a remoção para que outro ocupe o nosso lugar, porque árvores que não produzem nada prejudicam as outras que estão no pomar.

Para julgarmos criteriosamente esses falsos profetas, temos de atentar tanto para suas doutrinas como também para suas obras. Eles podem enganar a muitos com seus disfarces, aparências, mas a grande e maior prova é estar atento aos seus ensinos, entender se realmente estão fundamentados nas Escrituras Sagradas. Caso sejam opostos à Palavra, rejeitemo-los imediatamente. Era dessa forma que se julgava um profeta no Antigo Testamento (Dt 13.1-5; 1Co 14.37). (GOMES, Osiel. Os valores do reino de Deus: a relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 2022. p. 138-146.)

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