INTRODUÇÃO
Ao lermos Mateus
5.27-32, estamos diante
do segundo discurso
de Cristo em relação ao que a Lei dizia:
“Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo: qualquer
que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela”
(Mt 5.37). Novamente, Jesus vai confrontar os ensinos dos escribas e
dos fariseus quanto a esse mandamento mosaico, para os quais o pecado em
si estaria simplesmente atrelado à
sua prática, ou seja, o ato físico consumado.
Mais uma vez podemos notar que a forma como os escribas e
os fariseus atentavam para a Lei estava ligado tão somente à
letra, jamais para o seu real espírito. Nisso consistia sua morte (2Co
3.6). A Lei sempre procurou ressaltar
algo muito além do que apenas o literal. Isso se comprova muito bem no caso da ordem de não
adulterar, pois, quando se lê Êxodo 20.17, o Senhor atentou para o lado
interno do homem dizendo: “Não cobiçarás a mulher do teu próximo”. Com
isso estava destacando a importância do que havia dentro do coração.
Compreendemos que a Lei de Deus nas Escrituras era clara quanto
à penalidade para quem cometesse
o adultério, todavia,
conforme acima dissemos, ainda no Antigo Testamento podemos ver que era condenável também o pecado cometido com os olhos e com o coração (Jó 31.1-7), o que foi menosprezado pelos intérpretes antigos, que de modo bem forte
agora será tratado
por Cristo.
Lendo Romanos 7.7, Paulo diz que deixou de compreender a
Lei tão somente no sentido da prática. Sua nova concepção nasce
quando compreende que a ordem divina do “Não cobiçarás”, em sua
real natureza, estava mostrando que o pecado
da concupiscência começa do lado de dentro.
Assim, a interpretação judaica era muito mecanicista.
Pela leitura que se faz do sétimo mandamento (Êx 20.14), é notável que Deus desejava preservar o casamento de relações sexuais ilícitas entre pessoas casadas. É interessante observar que antes mesmo da Lei tal prática já não era permitida,
pois era considerada como pecado hediondo (Gn 39.9), e os casos de poligamia
e divórcio, como aconteciam
dentro do contexto mosaico, eram resultados da
dureza do coração do homem, jamais foi uma
concessão divina, posto que seu propósito sempre foi a monogamia, como bem ensinado
por Jesus (Mt 19.4-8).
Quando Jesus realça o sétimo mandamento está dando grande valor ao casamento e mostrando que o
adultério é um pecado que começa no coração. É triste dizer, mas muitos estão
querendo fugir de suas responsabilidades da vida a dois buscando
simplesmente explicações psicológicas, questões de temperamentos, fragilidades humanas, sem levar em consideração sua natureza
pecaminosa (Sl 51.5).
Estamos vivendo hoje em uma sociedade que tolera tudo, e o mais
triste é que isso está penetrando no meio do
povo de Deus, em especial nas academias, em que se procura justificar essas
questões de modo delicado. Todavia,
se não atentarmos realmente para o que é
o pecado, nunca iremos
entender de fato o que é a salvação e um viver em santidade. Jesus foi incisivo
quanto ao adultério porque sabia muito bem que a monogamia sempre foi o projeto do Pai, por isso
intensificou muito mais a questão.
A CONDENAÇÃO DO ADULTÉRIO
Definição de adultério – Atentando para a Palavra de Deus quanto a esse assunto, compreendemos que o adultério fala de um tipo de coabitação entre uma pessoa que é casada com outra que não seja seu cônjuge. À luz
de 1 Coríntios 5.1, isso é denominado de
fornicação, que do grego é o substantivo feminino porneía, que signica ter relação sexual ilícita. Adultério, fornicação, homossexualidade, lesbianismo, relação sexual com animais, relação sexual com
parentes próximos (Lv 18), relação sexual com um homem ou mulher divorciada (Mc 10.11,12). No aspecto metafórico, fala da adoração a ídolos, da impureza que se origina na idolatria, na qual se incorria ao comer sacrifícios oferecidos aos ídolos.
As Escrituras Sagradas se posicionam firmemente contra o adultério porque no propósito
divino isso jamais deveria ser praticado, para que o casamento e a família fossem
preservados e para que a santidade no lar se desenvolvesse cada vez mais
(Êx 20.14; Dt 5.18). Quando lemos Levítico 18.20, novamente se nota
que o Senhor proibia um homem de se deitar com a mulher do seu próximo, quem fizesse isso
estaria cometendo pecado grave perante Deus, o qual prontamente deveria ser morto (Lv 20.10; Jo
8.5). Interessante observar
que no Antigo Testamento não ficou esclarecido como deveria ser a execução (Dt 22.22), todavia, pelo texto de João 8.5, possivelmente ela se dava por meio de apedrejamento (Ez 16.40;
23.43-47).
Apesar de toda exigência divina
para rejeitar a prática do adultério, tendo-o como algo condenável, podemos notar que muitos se envolviam nesse pecado hediondo, não respeitando a Palavra de Deus (Jó 21.9-11; Pv 7.5-22). Um exemplo lamentável de uma pessoa conhecida
na Bíblia que o praticou,
envolvendo um homicídio, foi o rei Davi. Ele, mesmo tendo se
arrependido, pagou um alto preço por causa de seus pecados
(Sl 51.1-5).
O certo é que quando atentamos para Êxodo 20.14,
com tal ordem divina o Senhor desejava colocar uma cerca no casamento e
na família para que não fossem
atingidos, isso porque quem procurasse fugir do adultério e da prostituição estava desejando desenvolver uma vida de santidade para com Deus, pois não se tratava apenas de uma questão de conduta, mas uma real prova de uma pessoa que
tinha em seu coração sentimentos e desejos puros.
Amados, não podemos tratar a questão do adultério como algo normal, uma simples falha. Ele jamais deve ser praticado como também nem se deve alojar em nosso coração a cobiça, mas devemos ser vigilantes sempre
fazendo um exame meticuloso para saber se de fato estamos vivendo à luz da Palavra de
Deus, para realmente sabermos se estamos
alicerçados na fé (2Co 13.5), assim, preservaremos nossos casamentos e famílias.
A posição de Jesus quanto
ao adultério – Dissemos
anteriormente que a citação do sétimo mandamento feita pelos opositores de Cristo, os escribas, não estava errada. O
problema consistia na exposição que faziam sobre ele, a qual era
defeituosa. É possível que fizessem
apenas a citação
de Êxodo 20.17 e Deuteronômio 5.18, não ligando
o assunto com o décimo mandamento,
no qual estava bem claro: “Não cobiçaras a mulher do próximo”. Caso tivessem feito essa ligação,
teriam compreendido o que Jesus vai ressaltar, ou seja, que é do coração que procede
tudo, inclusive o adultério
(Mt 15.19).
A aplicação do sétimo mandamento feita pelos judeus era
totalmente legalista. Eles apelavam apenas
para os atos exteriores, e, por vezes, valiam-se da prática da Lei para consecução de
seus intentos malignos, como no caso
da mulher que foi apanhada em ato de adultério (Jo 8.1-11). Ao contrário deles,
Jesus faz menção ao antigo mandamento da Lei, mas destaca que o adultério, assim como o homicídio, tem sua gênese nos desejos
maléficos que nascem no coração.
O posicionamento de Jesus contra
o adultério é algo que está bem explícito, conforme ensinou, um
simples olhar para uma mulher com um
desejo impuro no coração já era considerado adultério. O Senhor não deu qualquer abertura para a prática do adultério, quando perdoou a mulher pecadora. Antes que ela fosse embora ordenou: “Vá e não peques mais” (Jo 8.11).
Os males do adultério
– Todo cristão
deve ser consciente de que a prática do adultério, quer seja por parte do esposo, quer seja por
parte da esposa, é sempre algo ruim e que traz consequências desastrosas para a vida a dois. É
bom lembrar também que qualquer ato de infidelidade no casamento já está ferindo o sétimo mandamento.
O que cada cônjuge deve considerar é que para a vida a dois caminhar bem e em total harmonia, em uma relação
social gloriosa, é preciso que entre ambos haja respeito,
consideração e honra. A inclusão do sétimo mandamento no Decálogo
busca salvaguardar a vida do casal e
da família. O casal deve procurar viver em oração e santidade, e evitar toda e qualquer relação sexual ilícita,
inclusive o adultério na mente, procurando sempre manter o matrimônio e
o leito puros (Hb 13.4; Lv 20.10).
Pelo sétimo mandamento, o Senhor Deus desejava manter a sacralidade do casamento, e também destaca
a família como uma unidade social,
mostra que não pode haver ditadura do corpo físico,
e todo pensamento impuro já constitui uma infidelidade contra o cônjuge.
Quando o adultério entra no relacionamento conjugal, não se pode mensurar as desagradáveis consequências que irão sofrer. A primeira coisa que acontece é a queda na vida espiritual, desmoralização, quebra da lealdade, colocando em jogo o amor, a alegria, o respeito, a comunhão com os
filhos, parentes e demais
familiares.
O QUE REGE O CORAÇÃO REGERÁ O CORPO
Quando nos detemos ao estudo da antropologia teológica, em especial na parte que trata sobre a constituição
da natureza humana, passamos a
entender que o homem é um ser constituído tanto de parte material como imaterial. Essa verdade é compreensiva a
partir do momento que se lê Gênesis
2.7. Dessa formação surge um ser singular, formado
de matéria-prima, sendo
que a vida vem pelo sopro
de Deus. Do lado material, o homem é um ser com artérias, cérebro, músculos, cabelo, e, na parte imaterial, estão a alma, o espírito, coração, emoções, vontade,
mente, consciência.
Pelo relato bíblico, o homem foi feito por Deus em um
estado de perfeição, sem pecado,
porém, como tinha liberdade para escolher, decidiu
então pecar, o que trouxe consequências terríveis para ele e para toda a humanidade. O ser que outrora
era perfeito, tornou-se doente por causa do pecado.
Desde o momento em que o homem peca, ele fica separado de Deus. Não somente isso, tanto a parte material
como a imaterial passaram a estar
corrompidas, por isso que em Gênesis 6.5 é dito que a maldade se multiplicava sobre a face da terra, posto que os propósitos do seu coração eram maus. O profeta Isaías
mostra que a doença chamada
pecado se alastra
no homem e o contamina
por completo (Is 59.1-3). O apóstolo Paulo diz que na terra não havia um
justo sequer (Rm 3.10).
Diante desse cenário, compreende-se que não havia como
esperar coisas perfeitas de homens imperfeitos, cujos corações estavam
dominados pelos desejos pecaminosos, ou seja, a carne reinando completamente. Daí a necessidade de um
novo nascimento e uma nova mente, o
que só seria possível por meio de Jesus Cristo (2Co 5.17; Rm 12.2; 1Co 2.16).
O que procede do coração – Em Mateus 12.34
está escrito que a boca fala do que o coração está cheio. Com isso podemos compreender que, desde
o momento em que o pecado entrou no mundo,
aqueles que não nasceram de novo, que não foram transformados por Cristo Jesus, têm corações maléficos com desejos
pecaminosos, de modo que seus pensamentos e atitudes não podem ser diferentes.
Podemos facilmente conhecer as árvores pelos seus frutos, não é diferente com a natureza
humana, como bem ensinado por Jesus (Mt 7.20).
O que falamos expressa o que pensamos, isso porque quando analisamos a questão do pecado, ele também
atingiu a mente do homem. No aspecto
veterotestamentário, a palavra
mente é compreendida
como coração, de modo que ela carrega
no seu bojo o sentido
de pensamento, entendimento, inteligência, percepção.
Corações maus vão pensar e produzir coisas más. Note que os
que não nasceram de novo em Cristo
Jesus têm mentes reprováveis diante de Deus (Rm 1.28). Como a mente está corrompida e cega pelo pecado, jamais pensará aquilo que é bom, perfeito, santo, justo e verdadeiro (Ef 4.17,18; Tt 1.15; 2Co 4.4).
Não há como árvores más produzirem frutos bons.
O homem é o que pensa
– A partir do momento em que o ser humano passa a
estar em Cristo, ele recebe uma nova mente (1Co 2.16), e o Senhor
assume controle de sua vida, usando-o
e ajudando-o a compreender a sua vontade e a sua Palavra (Lc 24.45; 1Co 14.14,15). A mente do cristão
caminha sempre
para a perfeição, desejando compreender a vontade do Senhor (Ef 5.17), a santidade (1Pe 1.13) e no desejo de viver cada
vez mais no amor do Senhor (Mt 22.37).
Como nova criatura, o cristão pensa como Cristo Jesus, pois tem uma nova mente,
e segue o conselho de Paulo: “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que
é puro, tudo o que é amável,
tudo o que é de boa fama,
se alguma virtude
há e se algum louvor existe,
seja isso o que ocupe o vosso pensamento” (Fp 4.8, ARA). Ele ainda acrescenta que tudo é puro para os puros (Tt 1.15).
Essa pureza de vida foi destacada nas beatitudes de Cristo: os limpos de coração (Mt 5.8). O cristão salvo tem seus
pensamentos cativos em Cristo Jesus (2Co 10.5).
Sujeitando o corpo ao
Espírito Santo – Teologicamente, quando falamos
do corpo humano,
podemos dizer que ele é o
veículo por meio do qual o Espírito trabalha, pode ser denominado como Tabernáculo. Mear Pearlman afirma que se trata da bainha da alma, o que é imaterial
passa a ter contato com o material,
físico através do corpo, assim, pelo corpo é que se pode tocar, sentir, ver, apalpar, resumindo, ter
contato com o mundo exterior.
Aquilo que vem do lado de fora por parte do corpo só tem
valor e sentido quando é reconhecido
pelo espírito humano. O ser capaz de perceber
e pensar, a consciência e a direção, como tratamos antes, fazem parte do imaterial, portanto, como bem pontuou Raimundo Ferreira de Oliveira: “O espírito é o agente,
enquanto o corpo é a agência”.
O corpo foi criado por Deus e tem seu propósito, todavia,
é bem verdade que depois
do pecado ele se torna instrumento para a prática da iniquidade. Apesar disso, quando o homem nasce de novo em Cristo Jesus e oferece esse corpo para glória de Deus (Rm 6.13), passa a ser santuário (naos) do Espírito
Santo.
Vivendo ainda com esse corpo mortal, que ainda não passou
pelo processo de transformação, o
cristão precisa estar cheio do Espírito Santo para que as obras carnais não venham a sobressair (Gl
5.16-20). Nas palavras de Donald Guthrie
(1999, p.173) aqueles
que andam no Espírito certamente não satisfarão à concupiscência da carne. Esse é
um resultado garantido
pelo Espírito.
O cristão que vive no Espírito não terá seu corpo sujeito
aos desejos pecaminosos; primeiramente, porque conhece a
Palavra de Deus; em segundo lugar,
sabe que um destino melhor o aguarda na eternidade,
a qual poderá ser com Deus ou sem Ele. Aqueles que praticam o pecado serão lançados com todo o seu corpo no
inferno, por essa razão o ser humano deve sempre viver para agradar a Deus
em tudo. Jesus nos ensina que não se deve brincar
com o pecado, esse mal tem que morrer em nossa vida (Cl 3.5), e, quando
estivermos diante de uma tentação, a melhor coisa a se fazer é
erradicá-la de uma vez, não procurando falsas
explicações, meias verdades,
concepções filosóficas ou psicológicas. O certo é fazer como José: fugir
(Gn 39). A recomendação paulina continua altissonante: “Pois esta é a
vontade de Deus: a vossa santificação: que vos abstenhais
da prostituição” (1Ts 4.3).
A INDISSOLUBILIDADE DO CASAMENTO
No que tange à ética sexual no casamento é significante que
o cristão atente bem para o que a Bíblia diz sobre o assunto, para viver esse ideal não segundo os pareceres de homens e mulheres cultos que não têm o temor de Deus e que tratam desse tema sem qualquer temor ou reverência. A ética sexual cristã
quanto ao casamento não segue os moldes de uma cultura
na qual tudo é liberal
em nome do prazer, do amor, mas, como dito antes, o cristão
verdadeiro sabe que tudo
o que fizer deve ser para glória
de Deus (1Co 10.31).
O casamento na perspectiva bíblica – Na perspectiva
bíblica, o casamento é feito entre um homem e
uma mulher debaixo da ordem divina (Gn 2.24). Isso é muito sério e tem que ser levado em consideração. Paulo
disse que não podemos nos conformar
com o modelo ou estilo de vida dessa sociedade (Rm 12.1,2). Por exemplo, é dito para os jovens hoje que antes de se casarem podem experimentar o sexo para ver se combinam com seu parceiro, contudo,
a Bíblia ensina
justamente o oposto.
O livro de Cantares, que é o livro do amor da vida a dois,
mostra como deve ser o amor do esposo e da esposa no relacionamento eros (amor sexual), e em Provérbios é dito como o prazer entre ambos pode ser desenvolvido (Pv 5.18,19). Por meio da passagem de
Gênesis 29.11,18, vemos que Jacó como homem sentiu atração sexual
por Raquel, mas ela só foi possuída por Ele quando seguiu todo
o costume da época, no momento
em que foi entregue pelo seu pai.
Ainda que de modo bem primitivo, as famílias tratavam sobre
a união de duas pessoas, e nessas tratativas havia a questão
do dote e da cerimônia. Somente quando tudo isso fosse cumprido era que
se concebia a união a dois. Podemos ler no livro do profeta
Oseias 2.19,20 sobre o contrato de casamento, por meio do
documento da Comunidade Elefantina do século V a.C. Nele constava a seguinte
frase: “Ela é minha mulher e eu o seu marido desde este dia e para sempre”.
A Bíblia relata que essa união deve ser marcada pela
alegria e pelo prazer conjugal (Ec 9.9; Pv 5.18,19), e na apreciação do
corpo masculino e do feminino, como
bem exposto por Salomão em Cantares e por Paulo em 1 Coríntios 7.4. Pelas passagens
citadas, compreendemos que o
casamento era tanto para a procriação como para o prazer da vida a dois (Dt 24.5).
Interessante observar que no Novo Testamento há duas figuras
celibatárias que darão grande valor e ensino ao
casamento. O primeiro é Jesus, o segundo é o apóstolo Paulo, que viu a
relação entre o homem e a mulher semelhante à relação entre Cristo
e a Igreja (Ef 5.21-33).
O que fazer
para que o casamento seja
para sempre? – Deus formou dois seres que em sua constituição humana são espirituais e materiais. Por isso, entendemos que a vida sexual envolve ambas as partes, espírito e corpo, de modo que a entrega para esse ato do casamento além de mútua é uníssona. Deus criou o casamento com o propósito de essa união permanecer para sempre, porém, desde que o pecado entrou no mundo, afetou também esse
relacionamento.
Isso se confirma muito bem por meio do povo de
Deus, Israel, o qual deixou de seguir
o padrão divino
para amoldar-se aos costumes de outros povos pagãos.
Entendemos, pela Bíblia,
que a união deve ser para sempre.
É isso que consta em Gênesis
2.24 (ARA): “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne”. Há
muitas coisas a serem analisadas
nessa citação bíblica, por intemédio dela podemos compreender o que o casal deve fazer para viver a vida a dois.
Quem se casa deve entender que está tomando um novo caminho e deve ter sempre a atitude de olhar para a frente, pois, se ficar dividido entre a velha e a nova vida, as coisas não irão
funcionar. Deus não está dizendo
que os filhos devem esquecer
tudo o que os pais fizeram; cuidar deles e servi-los deve ser para sempre, mas é preciso que o casal saiba que doravante
começará uma nova vida com uma pessoa que estará ao seu lado por toda a vida. A ordem de
Deus é que nessa nova construção pelo
casamento haja maior intimidade entre os cônjuges, mais do que entre pais e filhos. Daí a expressão uma só
carne. Agora não são mais dois corpos
separados, mas um só. Isso fala de comunhão em todos os aspectos, sendo que não há direitos separados, nem um poderá viver independente do outro. Tudo será compartilhado entre ambos, os dois têm os mesmos ideais, propósitos, alvos, objetivos, pois são uma só carne.
Casamento: uma união indissolúvel
– Não podemos
jamais duvidar que o propósito de Deus para o
casamento é que seja uma união indissolúvel.
Isso se confirma muito bem por meio da citação de Gênesis 2.24, inclusive a que
Jesus fará sobre o assunto é baseada nela (Mt 19.5). É compreensível também que, pela citação de Marcos 10.9, está
claro que Deus ajunta, mas o homem é quem separa.
A leitura de Marcos 10.1-12 nos ajudará a compreender
melhor que o casamento é uma união
que deveria ser indissolúvel, porém, é preciso entender que Deus jamais nos daria algo que fosse
problemático, ruim. Isso porque, pela exposição
de Gênesis, esse relacionamento figura como algo bom (Gn 1.31). A grande
questão é que desde o momento em que
o pecado entrou no coração humano os
pensamentos se tornaram maléficos, e veja que o primeiro homem a quebrar o padrão de Deus para a vida a
dois é Lameque (Gn 4.19). Desde
então o povo de Deus, Israel, passou a querer
viver e imitar as nações cujas práticas
eram reprováveis pelo Senhor. O contrário disso é que os israelitas deveriam viver segundo a vontade
soberana do Senhor (Lv 20.23).
Muitos problemas orbitavam sobre o casamento e o divórcio
desde épocas bem antigas,
como também nos dias de Jesus Cristo. A pergunta dos fariseus sobre o divórcio não era com o desejo
de encontrar uma solução,
mas tratava-se de uma sutileza
sagaz, pois o objetivo era testar Jesus no tocante à Lei de Moisés para
que trouxesse alguma coisa contra
Ele perante o povo.
Olhando para o texto de Deuteronômio 24.1, ao homem era permitido divorciar-se de sua mulher
mandando-a embora no caso de ele desagradar-se dela ou se a mulher realizasse algo indecente. Nesse particular, os debates eram insfidáveis e divisíveis, pois no que diz respeito ao verbo desagradar, para os que eram da escola de Shammai isso envolvia algo que fosse grandemente vergonhoso, ou seja, o adultério. Para os que seguiam a escola de
Hillel, o divórcio poderia ser
permitido por qualquer coisa banal, por exemplo, a esposa deixar a comida queimar.
A grande questão na pergunta formulada pelos êmulos de
Cristo é que buscavam interesses para si mesmos. Isso se
confirma muito bem pela maneira da colocação, permitido ou lícito (Mc 10.2,4).
Por outro lado, Cristo procura falar do que a Lei dizia
por duas vezes, que nesse caso
buscava dar prioridade à Palavra do Senhor (Mc 10.3.5). Observe que os fariseus não falaram nada quando Jesus mencionou a Lei, apenas disseram que Moisés permitiu
a carta de divórcio e o repúdio.
Moisés, querendo frear o pecado e na intenção de evitar que
coisas piores acontecessem, passou a anuir com a fraqueza humana,
de modo que procedendo assim a tal provisão tinha como
propósito proteger a mulher, dando-lhe libertação do contrato de
casamento. Jamais se deve pensar que o ideal de Deus para o casamento
fosse a separação, o divórcio. Essa abertura na Lei veio por causa
do pecado, e tal concessão, ainda que permitida
pelo Senhor, não vem dEle,
pois seu desejo e padrão tem algo muito melhor para a vida a dois.
A resposta verdadeira que Jesus dá aos fariseus sobre o
assunto não é em tom de hipóteses e interpretações de escolas, mas
volta para a Palavra de Deus, que relata como o Senhor criou o homem e a mulher, e seu objetivo para com eles. Podemos compreender aqui a grandeza
e a sabedoria de Jesus. Ele jamais
procurou tratar dessa concessão da Lei, falar do divórcio, mas destacou o ideal
divino para a vida a dois, a grandeza
do casamento.
Amados irmãos, somos conscientes de que esse assunto é por demais sério e que cada caso é um caso, porém, não podemos deixar de lado a Palavra de Deus, a qual
nos mostra que o casamento é para sempre
e que só acaba com a morte (Rm 7.1; 1Co 7.39). Tal seriedade ainda pode ser notada em (Ef 5.31,32; Hb 13.4; Mt 19.3-9). E nos ensinos de Cristo, ainda que suas palavras pareçam fortes
demais, seu objetivo era preservar
o casamento da baixa moral de um mundo sem Deus,
visto que uma grande maioria
das pessoas não valoriza o casamento como algo sagrado.
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