COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I
O HOMEM DO PECADO
Historicamente, os prepostos de
Satanás apresentam-se com os títulos mais circunstanciais e pomposos. Carlos
Magno ainda é louvado como o construtor da Europa; Napoleão jamais deixou de
ser enaltecido como o romântico e culto guerreiro; Hitler, apesar de todas as
suas maldades, é fervorosamente cultuado, nalguns segmentos extremistas, como o
eterno führer; já o ditador comunista Joseph Stalin, em que pesem os milhões de
soviéticos que friamente assassinou, continua a ser incensado, por
consideráveis setores da esquerda, como “o pai do povo”.
Apesar dessas “gloriosas”
designações, tais déspotas serão julgados não como líderes políticos, mas como
lacaios de Satanás. E, nessa miserável condição, antes mesmo do Juízo Final,
hão de ser arremessados no Lago de Fogo, para onde também será lançado o
querubim caído, que, durante a sua longa trajetória, veio a angariar
emblemáticas alcunhas – antiga serpente, Satanás, Diabo e, finalmente, dragão
(Ap 19.20; 20.10).
Neste tópico, enfocaremos a
origem, os títulos e a natureza do Homem do Pecado, que, como já vimos, vem
sendo precedido por indivíduos malignos e sanguinários, desde o homicida Caim;
essa cadeia do mal terá, como ápice, a ascensão do Anticristo – o opositor-mor
do Cordeiro de Deus.
ORIGEM DO HOMEM DO PECADO
Caim e Lameque, prefigurando o
Anticristo, opuseram-se sistematicamente a Deus (Gn 4.1-10, 23,24). Ambos
agiram como o Homem do Pecado, que há de aparecer tão logo a Igreja seja
arrebatada (2 Ts 2.6,7). Nesse mesmo grupo, arrolaremos o Faraó do Êxodo, o
perverso Hamã e o sanguinário Herodes (Êx 1.8-16; Et 3.1-6; Mt 2.13).
Desde os tempos bíblicos, muitos
se fizeram anticristos e dispuseram-se a perseguir a Israel e a Igreja de Deus.
Destes, viremos a destacar apenas Carlos Magno, Napoleão e Hitler, pois a lista
é longa e enojadiça.
Apesar de toda a sua
hermenêutica, o Diabo não sabe quando os crentes serão arrebatados. Por isso,
mantém alguns homens de prontidão, para usá-los imediatamente após o rapto da
Igreja (1 Jo 2.18). Embora seja temerário dizer quem, hoje, seria o Homem do
Pecado, podemos identificá-lo por seus frutos (Mt 7.16). Eis porque é imperioso
escolhermos muito bem nossos candidatos no momento das eleições, para não
elegermos servos e servas de Satanás. Conheçamos, pois, suas agendas éticas,
educacionais e econômicas, pois o Diabo que, a essas alturas, já é o Dragão do
Apocalipse, vem apoderando-se de todas as instituições humanas, visando o
estabelecimento de seu governo visível.
TÍTULOS DO HOMEM DO PECADO
O título principal deste
personagem é “Anticristo” (1 Jo 2.18). O apóstolo, sempre atento aos sinais dos
tempos, soube como desmascarar os predecessores do Homem do Pecado; em seus
dias, já não eram poucos.
O Homem do Pecado, no Apocalipse,
é descrito como a besta que sobe da terra (Ap 13.1). Se retroagirmos a Daniel,
constataremos que o Anticristo é apresentado como o príncipe que há de vir (Dn
9.26). O Senhor Jesus, por sua vez, mostra-o como aquele que, desprezando o Pai
e o Filho, aparece mentindo e enganando os incautos (Jo 5.43).
No final dos tempos, quando
Satanás apresentar os seus dois prepostos à humanidade incrédula, para
estabelecer o seu império visível no mundo, estará ele em sua máxima degradação
espiritual, teológica e moral. Enganam-se, pois, os universalistas que,
inocente e tolamente, ensinam que, na consumação de todas as coisas, Deus
levará todos à conversão, inclusive o próprio Diabo. O que esses senhores
desconhecem é que, a cada dia que passa, torna-se o Adversário mais virulento e
inimigo do bem. Tanto é que, no período apocalíptico, o Inimigo estará tão
incontrolável, que precisará ser amarrado por mil anos, até que o tempo de sua
ruína definitiva (Ap 12.12; 20.2,10).
Se o Diabo vem degradando-se
desde que foi expulso dos Céus, o mesmo acontece com os seus seguidores,
conforme alerta-nos Paulo: “Mas os homens maus e enganadores irão de mal para
pior, enganando e sendo enganados” (2 Tm 3.13, ARA). A profecia do apóstolo
cumpre-se rigorosamente em nossos dias. Nesse ritmo de depravação total e
absoluta, a deterioração dos incrédulos chegará a tal ponto que, dentre eles,
não será difícil para Satanás “ungir” seus dois prepostos como as bestas
descritas pelo evangelista.
Cabe aqui, uma pergunta
intrigante. Por que ambos os lugares-tenentes de Satanás, no Apocalipse,
recebem o apodo de “besta”? Examinemos esses personagens e vejamos como se dará
o seu aparecimento.
Um deles surgirá do mar, e o
outro, da terra. O primeiro virá como líder político. Já o segundo, em sua condição
de guia religioso inconteste, dará todo suporte místico àquele, visando
blindá-lo de qualquer oposição.
Assim descritos, representam
eles a síntese dos instintos animalescos que moviam os impérios mundiais, que,
desde a Babilônia de Nabucodonosor, vêm maltratando Israel e perseguindo a
Igreja de Cristo. Do reino babilônico, trazem o orgulho do leão: a soberba que
causou a desgraça do querubim ungido; do reino persa, terão a voracidade do
urso: espezinharão e despedaçarão seus opositores; e, do império grego, sob
Alexandre, o Grande, terão a velocidade do leopardo: suas conquistas serão mais
rápidas do que as da Alemanha Nazista no início de suas campanhas. E,
sintetizando, todas essas características, resultarão ambos nas bestas
descritas por João (Ap 13.1,2).
Eles dirigirão o reino visto por
Daniel representado pelo animal terribilíssimo e indescritível:
Depois disto, eu continuava
olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível, espantoso e
sobremodo forte, o qual tinha grandes dentes de ferro; ele devorava, e fazia em
pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que
apareceram antes dele e tinha dez chifres. (Dn 7.7, ARA)
Um império mundial, com tais
características, só pode ser dirigido por governantes com os instintos das
bestas descritas por João.
Todavia, por que esses prepostos
de Satanás são vistos como as bestas que sobem do mar e da terra? Antes de
tudo, não devemos vê-los como demônios. Mas, conquanto homens, far-se-ão piores
do que os mais incontroláveis anjos do mal, devido aos imensos poderes que
receberão de Satanás (2 Ts 2.9). Mais vorazes do que as bestas-feras,
despojar-se-ão de todos os seus atributos humanos, a fim de tornarem-se imagem
e semelhança de Satanás.
O termo grego usado para
descrevê-los – thērion – significa, entre outras coisas,
animal selvagem, brutal e feroz. Assim será o interior de ambos os prepostos de
Satanás; certamente, os piores seres humanos a pisar sobre a face da terra. Em
sua alma, já iludidos e cegados pelo Diabo, acreditarão que, de fato, terão
condições de derrotar o próprio Deus. Aliás, assim também imagina o Maligno,
que, já como Dragão, e mais bestificado que nunca, mantém a ilusão que o levou
a revoltar-se contra o Todo-Poderoso: vencer o Criador e Mantenedor de todas as
coisas. Se ele assim não lucubrasse, não teria caído na apostasia, quando ainda
era querubim e ungido.
Quem lê a história da Segunda
Guerra Mundial, admira-se de quão bestiais tornaram-se os nazistas. Mesmo
sabendo que os russos invadiam Berlin, pelo Leste, e que os americanos,
britânicos e franceses chegavam, pelo Oeste, ainda alimentavam a ilusão de que
os aliados seriam, finalmente, derrotados antes de chegarem ao bunker onde
Adolf Hitler escondia-se. Assim funciona a alma dos que aborrecem a Deus;
acreditam que, apesar dos decretos divinos, sempre haverá uma brecha judicial
para escaparem do Juízo Final.
A NATUREZA DO HOMEM DO PECADO
O Homem do Pecado será de tal
forma usado por Satanás que chegará a ser confundido com este (2 Ts 2.9). Ele
aparecerá como uma espécie de “ungido” do Diabo. E, na força do Maligno,
realizará grandes sinais e prodígios, induzindo a humanidade a recepcioná-lo
como se fosse o próprio Deus (2 Ts 2.4). Os que não tomarem parte no
arrebatamento da Igreja serão obrigados a prestar-lhe honras e adoração (Ap
13.4). Nele, a possessão satânica será plena e incontrolável, superando
inclusive a situação do gadareno oprimido por aquela legião de demônios (Lc
8.30).
No terceiro capítulo das
profecias de Daniel, lemos a história da formidável estátua que Nabucodonosor
mandara erguer, a fim de eternizar-lhe o nome e o império. Estrugidas as
trombetas, todos os que se achavam congregados, no campo de Dura, curvaram-se,
atemorizados, perante aquela blasfêmia e abominação, exceto os três jovens
santos: Sadraque, Mesaque e Abdnego (Dn 3.12).
Observe, querido leitor, que o
imponente momento, embora inanimado, forçou a todos os presentes – grandes e
pequenos – a dobrarem-se ante o paganismo estatal. Se a situação descrita
parece aterrorizante, o que não será o reinado do Anticristo? Nessa ocasião, o
Falso Profeta, mais convincente do que os mágicos egípcios e caldeus, fará
construir uma imagem da primeira besta que, aparentemente, será ferida de
morte. E, diante de todos, levará a estátua a abrir a boca e a falar. O
resultado dessa façanha pode ser visto na descrição do evangelista:
Também opera grandes sinais, de
maneira que até fogo do céu faz descer à terra, diante dos homens. Seduz os que
habitam sobre a terra por causa dos sinais que lhe foi dado executar diante da
besta, dizendo aos que habitam sobre a terra que façam uma imagem à besta,
àquela que, ferida à espada, sobreviveu; e lhe foi dado comunicar fôlego à
imagem da besta, para que não só a imagem falasse, como ainda fizesse morrer
quantos não adorassem a imagem da besta. (Ap 13.13-15, ARA)
Em vista das artimanhas do
Adversário, estejamos precavidos acerca daqueles que, aqui e ali, realizam
façanhas e maravilhas. Ouçamos a advertência do Senhor Jesus: “Porque surgirão
falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios, que,
se possível fora, enganariam até os escolhidos” (Mt 24.24).
A fé cristã não é movida nem
alimentada por milagres e portentos, mas pela confiança que depositamos em
Cristo, o Filho de Deus. Isso não significa que rejeitemos tais ocorrências;
acreditamos piamente no Deus, que, ab-rogando as leis naturais e ordinárias,
opera o sobrenatural e o extraordinário, para realçar a sua glória e império
sobre todas as coisas. Aliás, como pentecostais, não podemos rejeitar o
inexplicável. Mas, por meio do dom de discernir, saibamos de onde procedem os
espíritos, pois já vivemos na fronteira dos eventos apocalípticos (1 Jo
4.1).
Texto extraído da obra “A Raça Humana: Origem, Queda e Redenção”,
editada pela CPAD.
COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
O Anticristo, instrumento direto
de Satanás, será o maior e último governante do sistema mundial gentílico, que
se caracteriza pela rebeldia contra Deus. Os gentios, ou seja, todas as nações
com exceção de Israel, pertencem a um sistema mundial de governo que tem como
característica principal a rebelião contra Deus, a tentativa de estabelecer um
modo de vida independente de Deus. A comunidade única pós-dilúvio foi destruída
por causa deste sentimento.
Esta rebeldia tem se perpetuado
ao longo da história da humanidade e atingirá o seu máximo esplendor mediante o
governo do Anticristo, esta personagem que é anunciada nas Escrituras como
sendo o mais ímpio e iníquo governante que já houve sobre a Terra e cuja
manifestação coincidirá com o início do juízo de Deus sobre o planeta.
I – O SISTEMA MUNDIAL GENTÍLICO
SEMPRE TEVE GOVERNANTES REBELDES A DEUS
Logo no limiar da história da
humanidade, encontramos o homem tomando o partido da rebelião contra Deus, tentando construir uma
civilização que deixasse Deus ao largo, como se o homem pudesse viver sem estar
sob o domínio e tutela de Deus. O primeiro a construir um sistema social,
político e econômico sem a presença de Deus foi Caim. A Bíblia afirma que,
mesmo advertido pelo Senhor de que se não se submetesse, o pecado dominaria
sobre ele (Gn.4:7), Caim pecou e rejeitou o Senhor.
Apesar desta rejeição, Deus
poupou a vida de Caim (Gn.4:15), o que demonstra, claramente, que Deus, mesmo
tendo sido rejeitado, permitiu que se construísse todo um sistema de vida em
contrariedade à Sua Palavra e à Sua vontade, pois Sua intenção não é que o
homem perca, mas que todos sejam salvos e alcançados pelo Seu grande amor (I
Tm.2:3,4). Assim que teve sua vida poupada, Caim construiu uma cidade, a quem
deu o nome de Enoque (Gn.4:17,18). Começava, então, o sistema social dominado
pelo pecado e cuja característica era o distanciamento de Deus. Caim, portanto,
é o primeiro governante do mundo que se opõe a Deus (pois era do maligno, cfr.
I Jo.3:12).
O sistema social dominado pelo
pecado tinha, também, como característica, o avanço tecnológico, artístico e
científico, como se pode
verificar da descrição bíblica da civilização caimita (Gn.4:21,22), progresso,
entretanto, que era concomitante com um intenso processo de degradação moral e
de violência (Gn.4:23,24). Simultaneamente, este sistema social rebelde
encontrou guarida até mesmo entre os que serviam a Deus (a linhagem de Sete, os
“filhos de Deus”, mencionados em Gn.6:2), corrompendo até aqueles que haviam
sido ensinados a invocar o nome do Senhor (Gn.4:26), em uma intensidade tal que
o Senhor acabou por decidir destruir toda a humanidade (Gn.6:5-7). Este
primeiro sistema social rebelde, portanto, acabou sendo totalmente destruído
por um juízo divino, a saber: o dilúvio. OBS: É interessante notar que, na
época da dispensação da consciência, temos duas pessoas chamadas “Enoque”: o
primogênito de Caim, que deu nome à primeira cidade mencionada na Bíblia e,
portanto, símbolo de todo o sistema perverso que então se criou e que chegou a
dominar o mundo e o primogênito de Jarede, cuja piedade foi tão intensa que
Deus para si o tomou (Gn.5:24). Embora o significado do nome “Enoque” seja
objeto de controvérsias, a maior parte dos estudiosos entende que seu nome
significa “ensino”, “treinado”, “iniciado”, “dedicado”. Assim, se de um lado
temos todo um sistema que foi ensinado, treinado a se revoltar contra a
soberania divina, houve um indivíduo que preferiu seguir outro caminho e se
dedicar e treinar em andar com Deus e, por isso, Deus o tomou, antes que
lançasse o juízo sobre a Terra.
Após o dilúvio, a família de Noé
multiplicou-se sobre a face da Terra (Gn.9:19). Estas novas gerações viviam
juntas, formando uma única comunidade (Gn.11:1), estando sob um governo
igualmente único. Não tardou, porém, a surgir, no cenário mundial, outro grande
imperador do mundo, a saber, o bisneto de Noé, neto de Cão e filho de Cusi,
chamado Ninrode, que a Bíblia aponta como o primeiro que “começou a ser
poderoso na terra” (Gn.10:8). Segundo a maior parte dos estudiosos, Ninrode
significa “rebelde”, ou seja, uma vez mais se levantava alguém que não aceitava
a submissão a Deus e que pretendia construir um “poder humano”, um poder
independente de Deus.
Esta comunidade única, com seu
grande líder Ninrode, com sede em Babel (que é Babilônia), pretendeu demonstrar
todo o seu poderio e independência em relação a Deus, por meio da construção de uma
torre, que alcançasse até os céus, um verdadeiro símbolo da soberba e da autossuficiência
humanas diante de Deus. Este gesto de rebeldia levaria, inevitavelmente, a uma
nova destruição da raça humana e Deus, que havia prometido não mais destruir o
mundo por um dilúvio, na Sua infinita misericórdia, ao invés de destruir o
homem, destruiu a comunidade única até então existente, mediante o juízo da
torre de Babel, que foi a confusão das línguas (Gn.11:7,8). Os gentios,
portanto, eram aqui rejeitados, espalhados pela face da Terra em razão da sua
submissão ao pecado e sua dedicação a um sistema que tencionava impor ao ser
humano uma vida de independência e rebeldia em relação a Deus.
Vimos que, a partir de então,
Deus inicia a executar o Seu projeto de constituição de uma nação dentre as
demais, a saber, Israel, pela qual propiciaria a salvação dos homens. Todavia,
entre as nações surgidas da confusão das línguas, permanecia o germe da rebelião,
o domínio do pecado. Este sistema, que as Escrituras denominam de “mundo”,
sempre esteve presente entre as gentes, entre os gentios. Embora não houvesse
nunca mais uma única comunidade, o certo é que a história gentílica é uma
sucessão de impérios e civilizações que têm como característica peculiar a
busca de um modo de vida contrário à vontade do Senhor.
Não é de se estranhar, portanto,
que, no sonho do rei Nabucodonosor, tenha sido vista uma estátua, uma grande
estátua na forma de um homem. Esta estátua representa, precisamente, este
sistema mundial gentílico, que jamais se submeteu ao Senhor e que, apesar de
ter sido poupado e permitido por Deus, jamais reconheceu a misericórdia divina
neste gesto e teima em se manter contrário à Sua vontade, espalhando a
rebeldia, a soberba e a ideia de que se pode viver independentemente da
submissão ao Senhor. Este sistema, que, como vimos, teve origem em Babilônia
sob o comando de Ninrode, estava, na época do sonho de Nabucodonosor, novamente
sediado nesta cidade e dali se espraiaria ao longo dos séculos, até que o
Senhor interviesse diretamente na história e a ele desse cabo de modo
repentino, o que foi simbolizado no sonho do rei pela pedra que foi cortada,
sem mão, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro e os esmiuçou
(Dn.2:34).
Antes, porém, que o Senhor dê
cabo deste sistema mundial gentílico, que é mais um dos necessários
acontecimentos dos últimos dias, diz a Bíblia Sagrada que se levantará o último
grande imperador do mundo, o mais terrível de todos, pois será um instrumento direto de Satanás
entre os homens, quase que uma encarnação do próprio diabo, que sintetizará
todo este ódio, revolta e indignação contra Deus. Este último líder deste
sistema, o mais tenebroso e iníquo de todos, é chamado pelo apóstolo João na
sua primeira carta de “Anticristo” (I Jo.2:18), cujo aparecimento é inevitável
e se constitui num dos sinais antes da redenção de Israel e desta Terra por
Cristo (II Ts.2:2-5).
OBS: “…O anticristo será a encarnação do que há
de pior entre as nações. Se estas são ímpias e violentas, ele será
prodigiosamente violento e desavergonhadamente ímpio. Se elas representam a
revolta, ele é o rei dos revoltados contra Deus.…” (R.N. CHAMPLIN. O Novo
Testamento interpretado, v.6, com. a Ap.13:1, p.548).
II – O ANTICRISTO E OS
ANTICRISTOS
A palavra “anticristo” aparece
apenas quatro vezes nas Escrituras, três vezes na primeira carta de João (I Jo.2:18,23 e 4:3)
e uma vez na segunda carta do mesmo apóstolo (II Jo.7), a mostrar que se trata
de uma expressão própria do “apóstolo do amor”. Entretanto, apesar desta
exiguidade dos textos, foi a expressão adotada pelos estudiosos da Escatologia
para denominar este último ditador do sistema mundial gentílico, até porque se
trata de uma expressão que sintetiza, como nenhuma outra, tudo o que representa
esta personagem. “Anticristo” significa tanto “contra Cristo” como “em lugar de
Cristo”, ou seja, este último dominador do sistema mundial gentílico será
alguém que tentará se dizer Cristo, que tentará se apresentar como o Messias, o
Ungido de Deus, como o Enviado de Deus, como o próprio Deus, ao mesmo tempo em
que procurará se voltar contra tudo o que representa o verdadeiro Deus, contra
tudo o que estiver relacionado a Jesus, o verdadeiro e único Messias.
Entretanto, é oportuno observar,
que João, ao mencionar esta personagem e a denominar de “anticristo”, fez
questão de ressaltar que haveria muitos “anticristos” (I Jo.2:18). Esta sutil
distinção é muito importante e sua desconsideração tem levado muitos, ao longo
dos séculos, a ter visões distorcidas e errôneas a respeito desta personagem.
Em primeiro lugar, é bom
observarmos que o “anticristo”, no singular, diz respeito a uma personagem
que ainda não havia aparecido nos tempos do apóstolo João, que foi o último
escritor do Novo Testamento, cujo falecimento é marcado por volta do ano 100.
Destarte, não tem qualquer fundamento a identificação do “anticristo” com o
imperador romano Nero, que foi o primeiro grande perseguidor da Igreja e que
reinou de 54 a 68, portanto falecido antes da redação desta carta de João. O
apóstolo diz que “…é já a última hora e, como ouvistes que vem o anticristo,
também agora muitos se têm feito anticristos…”(I Jo.2:18), a indicar, portanto,
que Nero poderia ter sido “um dos anticristos”, mas que não era o “anticristo”,
que ainda estava por vir.
Em segundo lugar, a colocação no
singular da expressão “anticristo”, indica que esta personagem será única, ou
seja, uma pessoa diferente das demais que surgirem antes dela. Disto temos certeza
não só por causa do número singular, que indica a quantidade um, como nos
ensinam os gramáticos, como também pela existência do artigo definido “o”, que,
além de também estar no singular, também aponta para alguém em especial, para
uma pessoa determinada, que não se confunde com as outras.
Em terceiro lugar, vemos que as
expressões “vem o anticristo” e “muitos se têm feito anticristos” revelam, de
forma clara, que o anticristo é uma pessoa, é um ser humano, não um sistema ou
uma estrutura de poder, como chegam alguns estudiosos a defender, apresentando
o que se denominou de “teorias impessoais”, ou seja, interpretações que dizem
que o anticristo será um sistema, uma forma de governo, uma estrutura de poder,
não uma pessoa em especial.
Como já vimos supra, o
sistema mundial gentílico existe desde Caim. Desde Caim, há o
“mundo”, este sistema dominado pelo pecado e que se rebela contra Deus. Este
sistema não era desconhecido do apóstolo João, que, aliás, também foi quem
cunhou a expressão “mundo” para designá-lo (I Jo.2:2,15-
17;3:1,13,17;4:1,3,5,9,14,17;5:4,5.19). João chama de “mundo” ao sistema que já
existia e que estava imerso no pecado, um sistema que não conhece a Deus, que
aborrece o crente, que está no maligno. Portanto, quando afirma que “vem o
anticristo”, jamais se referia a este sistema mundial, a que dá o nome de
“mundo”, pois este “mundo” já existia, tanto que Jesus havia vindo para
propiciação dos seus pecados (I Jo.2:2). Se diz que o anticristo ainda vem, é
porque ele é uma pessoa, não o sistema de onde ele virá, pois o sistema já
existia, embora não fosse eterno (cfr. I Jo.2:15-17).
O anticristo ainda não havia
vindo, embora já fosse a última hora, mas “…muitos se têm feito anticristos…”,
ou seja, até o aparecimento do anticristo, muitos haveriam de se fazer
anticristos, ou seja, a exemplo do que ocorreu com o Cristo, que foi
tipificado, prenunciado, figurado por algumas pessoas(José, Moisés, Josué,
Davi, entre outros) também o anticristo será figurado, tipificado,
representado, prenunciado por algumas personagens históricas, quase sempre
líderes políticos e/ou religiosos ao longo da história da humanidade, que terão
posições de mando dentro da estátua do sonho de Nabucodonosor, o sistema
mundial gentílico. Assim, Nero e outros déspotas cruéis que surgiram ao longo
da história são apenas os “anticristos”, postos no plural, figuras, tipos da
terrível personagem que ainda está por aparecer.
OBS: Assim, devemos ter muito cuidado em querer
identificar quem seja o anticristo, não caindo em especulações que a nada
levam. Muitos se levantaram ao longo da história com características próprias
do anticristo, mas o anticristo será somente aquele que se levantar com o apoio
da estrutura de poder oriunda do império romano revivido e que apresente ou irrogue
para si poderes sobrenaturais. Líderes como Nero, Napoleão ou Hitler são, sem
sombra de dúvida, personagens históricas que se constituem em tipos do
anticristo, pois, em suas biografias, encontramos muitas similaridades com a
figura da “besta”, mas não são o anticristo que se manifestará no período da
Grande Tribulação. Não façamos confusão !
III – A NATUREZA E O CARÁTER DO
ANTICRISTO
No sonho do rei Nabucodonosor,
ao descrever o sistema mundial gentílico, o texto bíblico não revela a figura
do anticristo, pois o sonho apenas se limita a mostrar que a pedra cortada sem
mão esmiuçou toda a estátua (Dn.2:34,35), tendo o profeta Daniel interpretado
que isto ocorreria quando o próprio Deus levantaria um reino nos dias dos dez
reis representados pelos dedos dos pés da estátua (Dn.2:44).
Entretanto, quando da visão dos
quatro animais, que é uma repetição do sonho do rei, o profeta Daniel teve uma
pormenorização a respeito do último império mundial. Nesta visão, ele vê um
animal espantoso e muito forte, com dentes grandes de ferro, diferente de todos
os animais anteriores. O animal tinha dez pontas e destas dez pontas subiu uma
outra ponta pequena, uma ponta que tinha olhos como olhos de homem e uma boca
que falava grandiosamente (Dn.7:8). Vemos aqui, portanto, a descrição do
anticristo como um homem dotado de visão, visão que não lhe é própria (daí
porque os olhos serem similares ao de homem, mas não serem de homem), mas que
lhe será outorgada pelo próprio Satanás, bem como com grande poder de comunicação
e de capacidade de levar após si a humanidade, num caminho que será o da
oposição a tudo o que Deus é e representa.
O anticristo, como já vimos, é
um ser humano, é uma pessoa. Na visão dos quatro animais, Daniel diz que na ponta havia olhos, como
olhos de homem, a comprovar que se trata de alguém e não de reinos, estruturas
ou sistemas, como defendem alguns. Este homem, porém, será diferente de todos
os outros homens, porque será uma pessoa usada pelo inimigo como nenhuma outra
em toda a história. Como afirma o apóstolo Paulo, o anticristo operará segundo
a eficácia de Satanás, de onde virá todo o seu poder, sinais e prodígios (II
Ts.2:9). Assim, ao contrário dos outros “anticristos”, o anticristo será um
instrumento direto do adversário, alguém que será um mero instrumento da
vontade do diabo, que atuará com todo o poder do inimigo, que se manifestará
numa intensidade nunca antes vista, porque não haverá a resistência que hoje
ainda existe para tal manifestação (cfr. II Ts.2:7).
Por causa desta afirmação
bíblica, de que o anticristo estará sob a plena operação do inimigo, há
quem entenda que o anticristo não será propriamente humano, mas uma espécie de
encarnação do adversário, um ser demoníaco humanizado. Não podemos concordar
com este pensamento, uma vez que a Bíblia diz, claramente, que o anticristo é
um homem (Dn.7:8; Ap.13:18), embora saibamos que será um homem
diferente(Dn.7:24), que se entregará totalmente ao domínio de Satanás, fazendo
parte, assim, da chamada “trindade satânica”, ao lado do próprio diabo e do
falso profeta (de que falaremos no final este estudo).
Admitir que o diabo possa se
humanizar, seria admitir que teria poderes de criação, algo que as Escrituras
afirmam que é prerrogativa exclusiva de Deus (Gn.1:1, 2:1; Jó 38 e 39). A chamada
“encarnação” de Jesus é, propriamente, como bem assevera o pastor Ailton Muniz
de Carvalho, uma “autocriação”, ou seja, Deus Se fez homem, tomou a forma de
homem (Jo.1:14; Fp.2:7), porque é o Criador de todas as coisas. Os anjos,
conquanto possam se materializar e parecer homens, jamais se humanizaram, não
podem fazê-lo, o que inclui, também, os anjos caídos, entre eles o ex-querubim
ungido, que Paulo afirma que é capaz de se travestir como anjo de luz(I
Co.11:14), mas jamais virar um homem propriamente dito.
OBS: “…a Besta não será o Diabo, nem um homem
ressuscitado, mas um homem personificando o Diabo.…” (Antonio GILBERTO. Daniel
e Apocalipse: compreendendo o plano de Deus para os últimos dias, p.154).
Todavia, se não podemos admitir
interpretações que levem à conclusão de que o anticristo será o próprio diabo
encarnado, não temos razão para entender ter certo embasamento interpretações
que veem o anticristo como um homem geneticamente construído (o que explicaria
não só a sua superioridade biológica em relação aos demais homens, como também
a própria falta de afeição e de moralidade decorrentes de uma ausência de vida
familiar), bem como alguém que, desde a sua própria concepção, tenha sido
planejado e dedicado ao inimigo em cultos ocultistas e satanistas. Não há,
mesmo, razão para duvidar de que o anticristo, desde o instante de sua
concepção, seja colocado sob o direto controle do adversário para a sua tenebrosa missão. Não nos esqueçamos de que, acima de tudo,
esta personagem estará cumprindo as Escrituras e, portanto, toda a demonstração
de força e de poder que Satanás desenvolver em torno da sua vida ocorrerá não
só porque Deus o permitirá, mas, sobretudo, para que a Palavra do Senhor seja
cumprida (Jr.1:12).
Não é à toa que é denominado de “o
homem do pecado” (II Ts.2:3), pois será a personagem que mais terá pecado
sobre a face da Terra, a que terá mais íntima comunhão com o inimigo de nossas
almas em toda a história da humanidade
Além de ser um homem, vemos,
pelas Escrituras, que o anticristo será um líder político, ainda que
diferente dos que já apareceram sobre a face da Terra em virtude desta conexão
específica com o próprio Satanás. Assim, o anticristo terá, simultaneamente,
duas fontes de poder: uma advinda do sistema mundial gentílico, construído pelo
homem pecador desde o início dos tempos e que se encontra sob o domínio do
pecado; outra, advinda do próprio diabo, que dará poderes sobrenaturais a este
homem (Ap.13:2 “in fine”).
Afirmamos que o anticristo é um
líder político, porque a Bíblia, ao se referir a ele, tanto em Daniel como em
Apocalipse, descreve o seu surgimento de entre as nações que reviverão o
Império Romano. Em Dn.7:7,8, é dito que o animal espantoso e terrível tinha dez
pontas e que, “…entre elas subiu outra ponta pequena…”, ou seja, o anticristo
surgirá de entre as dez nações que estarão controlando o poder decisório da
União Europeia (ou bem pode ser que sejam dez nações que, juntamente com a
União Europeia, estarão controlando a política internacional). Seu poder, portanto,
nasce da política, tem sua base na política, é o ápice de todo o sistema que
começou a ser organizado por Caim, sob o domínio do pecado, e que tem se
perpetuado através dos séculos.
Em Ap.13:1, é dito que a besta
subiu do mar e que tinha sete cabeças e dez chifres, chifres estes que estavam
coroados (diademas são coroas) e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia. O
fato de João ter sido colocado sobre a areia do mar é uma demonstração de que o
poder teria origem terrena, e não celestial (João estava no céu, para onde fora
levado a partir do capítulo 4 de Apocalipse, cfr. Ap.4:1). A besta ter subido
do mar confirma, uma vez mais, esta origem terrena de seu poderio e, mais, a
natureza política dele, porquanto o mar representa as nações da Terra (cfr.
Dn.7:2,17). Aqui, também, a exemplo do texto de Daniel, vemos que a besta se
sobressai dentre as nações, tendo como fonte de poder dez chifres, ou seja, dez
reinos, pois são os chifres que estão coroados e não as suas cabeças. As
cabeças, em número de sete, por sua vez, com o nome de blasfêmia nelas,
confirmam que, a exemplo do que foi predito em Dn.7:24, após se consolidar no
poder, o anticristo abaterá três dos dez países que lhe entregaram o poder e
passará a ter base nestes sete países restantes que, com ele, estabelecerão os
parâmetros de seu governo, que envolvem, em primeiro plano, a instituição de
uma religião mundial, como veremos infra.
Com relação ao caráter do
anticristo, a Bíblia não nos deixa qualquer dúvida a respeito de quem ele será.
Em primeiro lugar, diz que se trata de alguém que tem olhos como os olhos de um
homem (Dn.7:8). Já falamos supra de que isto indica que o anticristo será
alguém que terá uma visão superior aos dos demais homens, terá um
discernimento muito mais aguçado, uma perspicácia muito mais intensa, uma
inteligência e capacidade mental muito maiores do que as dos demais homens,
pois operará não por si mesmo, mas usará o poder e a eficácia do astuto
tentador, que é maior do que o homem (Sl.8:5).
Em segundo lugar, a Bíblia diz
que o anticristo será alguém que tem uma boca que fala grandiosamente (Dn.7:8;
Ap.13:5). Isto nos mostra que, como todo líder político, o anticristo terá o
“dom da palavra”, ou seja, terá grande capacidade de comunicação,
principalmente de comunicação com as massas, com a população, com uma
eloquência e facilidade de convencimento incomuns. Não nos esqueçamos de que o
diabo é a “mais astuta de todas as alimárias do campo” (Gn.3:1) e que tem alto
poder de persuasão. O anticristo sobrepujará todos os líderes políticos e/ou
religiosos da história da humanidade neste item. O domínio da comunicação e a
eloquência são fundamentais para a vida dos nossos dias. “Quem não se comunica,
se trumbica”, dizia o apresentador de televisão Abelardo Barbosa, o Chacrinha,
que, com sua maneira irreverente de ser, elaborou esta sentença que é uma
realidade nua e crua dos nossos dias. O anticristo terá um enorme poder de
persuasão e convencimento e, como se isto fosse pouco, será ajudado nesta
empresa pelo falso profeta e por todas as miríades de demônios e espíritos
malignos que estarão agindo livremente naqueles dias. Técnicas de retórica e de
neurolinguística têm se desenvolvido com intensidade nos últimos anos (e,
lamentavelmente, tem sido recurso cada vez mais empregado por pregadores na
atualidade…) e serão elas amplamente dominadas pelo iníquo. Através da
comunicação, o homem torna comum o seu pensar, desenvolve a sua própria
humanidade. O anticristo, com esta capacidade, dominará a mente e a vontade de
milhões e milhões de pessoas em toda a Terra. Adolf Hitler, um dos anticristos
que tipificam o iníquo, foi quiçá um dos primeiros homens a fazer uso dos meios
de comunicação de massa e de uma política estruturada de propaganda e
divulgação de suas ideias e arrastou uma das nações mais desenvolvidas e cultas
do mundo, a Alemanha, e, com ela, o mundo todo, ao desastre do nazismo e da
Segunda Guerra Mundial. O que não fará o anticristo, que será muito mais
poderoso e eficaz que o Führer do Terceiro Reich ?
Em terceiro lugar, a Bíblia diz
que não somente o anticristo terá capacidade incomum de eloquência e persuasão,
com amplo domínio da comunicação, como também utilizará esta habilidade para
proferir palavras contra o Altíssimo (Dn.7:25), para blasfemar contra Deus, o Seu
nome e os Seus (Ap.13:6). A mensagem do anticristo outra não é senão a de
rebeldia e insubmissão a Deus e a tudo quanto Ele representa. O anticristo
será o pregador do “evangelho da rebelião”, será o principal divulgador da
mensagem contrária ao Senhor e à Sua Palavra. O anticristo trará uma mensagem
de divinização do ser humano, de total independência de Deus. Dirá que os
homens não precisam servir a Deus nem à Sua Palavra, que as Escrituras não têm
qualquer validade, que os homens são deuses, são senhores do seu próprio
destino, que as crenças advindas do Evangelho de Jesus Cristo não podem ser
seguidas e devem ser abandonadas. Dirá que o homem evoluiu e que não mais
precisa atender às exigências prescritas na Bíblia, que, certamente, será um
livro no qual não se mais crerá naqueles dias.
Ao mesmo tempo em que o
anticristo fará o povo desacreditar nas Escrituras e na crença em Deus, também,
sutilmente, apresentar-se-á como a solução dos problemas espirituais da
humanidade, mostrar-se-á como o redentor do ser humano, como o escolhido para
trazer aos homens a sua tão almejada salvação. Por isso, é ele o anticristo,
pois, simultaneamente, atacará o evangelho de Jesus, levantar-se-á contra tudo
que se relaciona a Cristo, bem como se apresentará como o seu substituto, como
o verdadeiro elo entre o homem e a sua salvação, conduzindo, assim, o povo a
adorar a si próprio e ao diabo. Nesta tarefa, a propósito, será auxiliado pelo
falso profeta, que será o verdadeiro porta-voz e o agente convencedor do povo
na adoração ao anticristo e ao diabo.
Neste ponto, observemos que
todos os movimentos religiosos da atualidade, de uma forma ou de outra,
apresentam crenças na vinda de um salvador, de alguém que proporcione a
evolução espiritual da humanidade e promova a solução para os seus problemas
espirituais. Senão vejamos:
a) judaísmo – o judaísmo,
religião dos judeus, está ainda aguardando o Messias, uma vez que rejeitam que
Jesus o seja. O retorno de Israel a Palestina foi um fator que reavivou, como
nunca, a crença messiânica entre os judeus que, a partir do final do século
XVIII, havia experimentado um certo esfriamento. O surgimento do anticristo,
certamente, fará com que muitos judeus o identifiquem como sendo o Messias, o
que permitirá, inclusive, que haja o pacto que será firmado entre o anticristo
e Israel no início do governo do anticristo (cfr. Dn.9:27). Esta aceitação,
aliás, foi predita por Jesus (Jo.5:43).
b) hinduísmo, budismo, Nova Era
– estes três movimentos religiosos creem que estamos na iminência do surgimento
de mais um “espírito iluminado”, de um “Buda”, de um “mestre ascensional”,
superior aos anteriores (identificados, quase sempre, como tendo sido os
fundadores de religiões, como Buda, Confúcio, Lao-Tsé, o próprio Jesus e
Maomé), chamado no movimento teosófico, que é o principal sistematizador das
ideias que hoje representam o movimento “Nova Era”, de “Maytreya”, que, no
“limiar da Era de Aquário”, virá para trazer evolução espiritual ao homem.
Alguns dizem que será o próprio Cristo reencarnado, enquanto outros insistem em
dizer que será um espírito mais evoluído que o de Cristo.
c) islamismo – O islamismo,
também, crê que, antes do juízo, reinará sobre os árabes o “imam Mahdi”, um
representante de Alá, que reinará por sete anos e trará prosperidade e
estenderá o Islão até os confins da terra, chamado de “o justo líder da
humanidade”. Segundo as crenças muçulmanas, que se encontram nos chamados
“Haddith”, que são ditos de Maomé reduzidos a escrito após a sua morte, este
imam será anunciado com sinais e prodígios, para que seja reconhecido pelo
povo.
d) cristianismo apóstata – Mas,
também, entre os que se dizem cristãos, há muitos que também estão aguardando a
vinda de um outro salvador. Mas, como isto seria possível, já que o cristão
deveria aguardar a vinda de Jesus? Como o próprio Jesus nos avisou, nos últimos
dias, haverá a “igreja de Laodiceia”, aquela que, embora fosse desgraçada, cega
e nua, achava-se rica e achava que de nada tinha falta (Ap.3:17). Os que não
atenderem ao convite de Cristo e não se humilharem diante do Senhor, também
serão enganados pelo anticristo, porque, na sua apostasia, buscarão alguém que
diga ser o Cristo ou que prometa levar a Cristo de um outro modo. Já não são
poucos aqueles que têm trocado Jesus pelos falsos mestres e profetas, que,
dentro de sua apostasia, conduzirão seus discípulos aos braços da besta.
Porventura, não estão muitos que se dizem cristãos a seguir homens ao invés de
olhar para Jesus? A confiar em visões, revelações e unções de homens do que a
seguir o que manda a Palavra do Senhor? Bastará que estes homens que estão
sendo cegamente seguidos por estes apóstatas, como se fossem João Batista,
apontem para o anticristo, para que todos estes da chamada “igreja paralela”,
como a denomina o pastor Osmar José da Silva, caiam nos braços do “filho da
perdição”, seguindo o triste caminho trilhado, nos dias do ministério de Jesus,
por Judas Iscariotes. A falsa ideia, disseminada entre muitos segmentos que se
dizem cristãos, de que Jesus só virá depois de uma era de paz, prosperidade e
devoção mundiais será uma mentira que seduzirá estes pseudo-cristãos, diante do
discurso do anticristo.
Pelo que se verifica, portanto,
todo o mundo religioso está aguardando, com ansiedade, o surgimento deste
salvador, deste homem que terá condições de resolver os problemas da
humanidade, de preencher o vazio espiritual, ético e de perspectivas que existe
no mundo de hoje, o que nos mostra que tudo está pronto para que o anticristo
seja recebido de braços abertos por aqueles que se recusam a aceitar a mensagem
da salvação em Jesus Cristo.
Em quarto lugar, a Bíblia diz
que o anticristo é a besta (Ap.13:1), palavra que corresponde ao
original grego “thérion”, que significa “fera”, “animal selvagem”. Esta
expressão mostra bem qual será o caráter do anticristo: alguém que não tem
outro instinto, outra intenção senão a de devorar, destruir e despedaçar as
suas vítimas. Com efeito, o anticristo, para aqui se utilizar de expressão de
R.N. Champlin, “…fará todos aqueles outros [homens, observação nossa] parecerem
crianças, paralelamente à sua imensa perversão moral…”(O Novo Testamento
interpretado, com. a Ap.13:1, v.6, p.548).
Não se poderia esperar de um
homem que agirá segundo o poder e eficácia de Satanás algo diverso do que faz o
diabo, cujo trabalho, disse-nos Jesus, é matar, roubar e destruir (Jo.10:10).
Por isso, aquilo que o atual líder da Igreja Romana tem identificado como sendo
uma “cultura de morte”, para denominar o modo de vida que anda sendo propagado
no mundo, principalmente no Ocidente (como a defesa do aborto, da pena de
morte, da desconsideração dos embriões humanos como pessoas, a falta de
preocupação com calamidades como as enfermidades e a fome entre os mais pobres
e humildes, entre outros comportamentos de nosso tempo), nada mais é que mais
um dos prismas da atuação do chamado “espírito do anticristo”.
O anticristo é chamado de besta,
isto é, de fera, porque não terá dó nem piedade de quem quer que seja. As Escrituras já afirmam que,
tendo sido apoiado por um conjunto de dez nações para subir ao poder, logo se
encarregará de abater a três delas (Dn.7:24). Sendo o mais exímio líder
político de todos os tempos, o anticristo exercerá o poder na sua forma mais
nua e crua, sem qualquer traço de moralidade ou de ética. Como odeia tudo que
se relaciona com Deus, será um implacável e sanguinário perseguidor dos santos
naquele dia (isto é, dos que se converterem a Cristo durante a Grande
Tribulação), bem como de Israel, que é propriedade peculiar de Deus
(Ex.19:5,6). Fará, por isso, guerra aos santos e os vencerá e destruirá
(Dn.7:25; Ap.13:7). Sua crueldade não encontrará similar em toda a história da
humanidade e, observemos, a história traz-nos retratos de grandes carnificinas,
como as dos milhares de mortos durante as dez perseguições romanas contra os
cristãos, dos milhares de mortos durante a Inquisição na Idade Média, dos
sucessivos martírios em massa de judeus na Europa nas Idades Média e Moderna,
do holocausto de seis milhões de judeus na Segunda Guerra Mundial pelos nazistas,
dos mais de trinta milhões de mortos por Stálin na União Soviética, mas, pasmem
todos, nada disto se compara ao banho de sangue que está preparado para ocorrer
durante o governo da Besta. A crueldade é uma marca tão proeminente do seu governo
que as Escrituras costumam identificar o anticristo com o nome de Besta, não
cessando de lembrar que vem de um império cuja característica principal é o de
devorar e partir em pedaços as presas (Dn.7:23).
OBS: Certos estudiosos das Escrituras não cessam
de afirmar que, entre os satanistas, existe a crença de que, durante o governo
do anticristo, será necessário um contínuo sacrifício ao diabo, que será
representado, precisamente, pelas vidas humanas que serão ceifadas por ordem do
governo satânico: “…Os satanistas compreendem que a Nova Ordem Mundial do
Anticristo não poderá ser estabelecida sem que uma quantidade enorme de sangue
humano seja derramada. Qualquer morte que tenha sido planejada pode ser contada
como um sacrifício para esse propósito: guerras, abortos, infanticídios,
eutanásia, e, eventualmente, o martírio.…” (O Papa João Paulo II usa outro
símbolo satânico da magia negra do anticristo durante a sua viagem a Israel.
http://www.espada.eti.br/n1360.asp Acesso em 6 out.2004).
Ainda falando sobre a
consideração do anticristo como sendo a besta, é importante observar que, ao
contrário de Daniel, que não minudenciou as características do animal terrível
e espantoso e terrível, que representava o império romano e de onde saía a
ponta pequena, que era o anticristo (Dn.7:7), João descreveu como era a besta,
a saber, “…semelhante ao leopardo, e os seus pés como os de urso, e a sua boca
como a de leão…”(Ap.13:2). Por esta descrição, de pronto, vemos que o
anticristo terá as características dos impérios mundiais que antecederam o
império romano, pois os animais vistos por João correspondem aos três animais
da visão de Daniel, ainda que mencionados em ordem inversa ao da visão do
profeta estadista.
Esta caracterização da besta
como uma reunião dos três animais primeiramente vistos por Daniel permite-nos
concluir, sem sombra de dúvida, que o anticristo é o suprassumo do sistema
mundial gentílico, o ápice da rebeldia contra Deus, o auge da apostasia e do
pecado. Também nos mostra que o anticristo, para cumprir a sua missão satânica,
se valerá de tudo aquilo que, ao longo dos séculos, foi sendo criado e
acumulado pelo chamado “espírito do anticristo”, tudo aquilo que foi longamente
planejado e preparado pelo diabo para tentar se opor ao plano divino da salvação.
O fato de os animais serem
mencionados em ordem inversa ao da visão de Daniel é explicado pela
circunstância de que ao profeta foi apresentado o cenário sob o aspecto
cronológico, enquanto que ao apóstolo, foi apresentado o cenário sob o aspecto
hereditário, ou seja, a partir da proximidade das influências vividas pelo
último império. Assim, o governo do anticristo desfrutará de heranças que lhe
vieram, de imediato, do Império Grego (filosofia, cultura humanística em
geral), do Império Medo-Persa (administração, certa influência religiosa do
zoroastrismo, com seu dualismo e a deificação do mal, muito apropriado à
doutrina a ser defendida pelo anticristo) e do Império Babilônico (a
religiosidade pagã, a rebeldia contra Deus e a deificação do homem).
Em quinto lugar, o anticristo
é chamado de “o homem do pecado” (II Ts.2:3). Outra característica do
anticristo será a de que ele será um pecador e, mais do que isto, alguém que
levará às últimas consequências a defesa da natureza pecaminosa do homem. Ao
contrário de Jesus, cuja mensagem sempre foi a de exaltação do homem mediante a
sua submissão a Deus, por intermédio da obediência (Fp.2:5-9), o anticristo
defenderá exatamente o contrário, será o exemplo do “super-homem”, do “homem
que se exalta a si próprio”, que declara total independência diante de Deus,
que se afirma ser deus e como tal quererá ser considerado. O anticristo é a
própria encarnação do protótipo do homem autossuficiente, soberbo e rebelde
contra Deus, aquele que defenderá a ideia de que o “homem é a medida de todas
as coisas”, de que o homem é livre para fazer o bem ou o mal. Seu aparente
sucesso e êxito neste “pensamento evoluído” fará milhões e milhões de pessoas a
adorá-lo na esperança de também alcançar este “nível espiritual” de autossuficiência
e poder.
OBS: No século XIX, surgiu na Alemanha o
filósofo Friedrich Nietzsche, que ficou célebre pela sua frase: “Deus morreu”.
Nietzsche, que influenciou muito o pensamento do século XX, em especial aqueles
que se levantaram contra o cristianismo, na sua obra “O anticristo” (veja o
sugestivo nome de sua obra…) defendeu que o cristianismo criava um homem
doente, um homem enfermo e que já era hora de se levantar o ser humano, o que
somente seria possível se fosse destruído o cristianismo e a Igreja. Nietszche
dizia que o que os cristãos consideravam pecado era a própria natureza humana e
que esta “natureza humana” deveria ser novamente buscada. É exatamente isto que
o anticristo fará durante seu governo.
Em sexto lugar, o anticristo é
chamado de “o filho da perdição” (II Ts.2:3). Esta característica do anticristo
faz-nos lembrar do discípulo traidor de Jesus, Judas Iscariotes, que também é
assim chamado na Bíblia Sagrada (Jo.17:12). Por causa disso, há alguns que
entendem que o anticristo será alguém que apostatará da fé, ou seja, que tenha
servido a Jesus em algum tempo de sua vida e, posteriormente, a exemplo de
Judas Iscariotes, venha a trair a Jesus. No entanto, mais do que uma comparação
a Judas, o título dado pelas Escrituras, reforça o título que vem imediatamente
antes, ou seja, “homem do pecado”. Como “filho da perdição”, o anticristo
estará a serviço do diabo, será o “filho da trindade satânica”, estará
incumbido de fazer uma missão designada pelo próprio Satanás, que é a de
promover a morte, a destruição e de impedir a salvação da humanidade. O
anticristo estará exclusivamente a serviço do diabo, não tendo qualquer
preocupação ou interesse em fazer bem ao homem. Como filho da perdição, no
discurso eloquente de exaltação do homem, no humanismo de suas pregações,
estará escondido o propósito de destruição e de extermínio da raça humana. Ele
não é o “filho do homem”, mas, bem ao contrário, o “filho da perdição”, aquele
que se vendeu ao diabo em troca de poder e glória passageiros. Executará com
tanta dedicação e obediência seu malévolo trabalho que chegará antes que seu
mentor ao destino reservado a Satanás, pois, ao lado do falso profeta, terá a
honra de inaugurar o lago de fogo e enxofre (Ap.19:20 “in fine”).
Em sétimo lugar, o anticristo
é denominado de “o iníquo” (II Ts.2:8). Uma das principais características
do anticristo será a injustiça, a iniquidade. O governo do anticristo
estabelecer-se-á sob a promessa de paz e segurança sobre todos os povos da
Terra, mas somente virá destruição e horror. O anticristo não saberá o que é
moralidade nem ética. Descumprirá acordos estabelecidos (primeiramente, abaterá
três das dez nações que o apoiaram, posteriormente quebrará o pacto
estabelecido com Israel e, segundo alguns intérpretes, travará guerras com
nações que chegarão a apoiá-lo, pois as lutas narradas nos capítulos 10 e 11 de
Daniel não teriam sido, segundo estes estudiosos, completa e totalmente
cumpridas no período interbíblico, mas também revelariam conflitos do período
da Grande Tribulação), não respeitará quaisquer dos valores preconizados pelos
direitos humanos ou pelo direito internacional, impondo-se única e
exclusivamente pela força de seu poder. Neste ponto, aliás, temos visto, ao
longo da história, que, no cenário político internacional, a lei sempre tem
sido a força e que o direito internacional, tão penosamente construído, não tem
qualquer validade ou peso, como vimos, recentemente, no episódio da guerra do
Iraque… Como já dizia o primeiro-ministro britânico (por sinal, de origem judaica)
Benjamim Disraeli (1804-1881): “A Inglaterra não tem amigos, tem interesses.”
IV – A IDENTIDADE DO ANTICRISTO
Talvez não exista texto mais instigante para
os estudiosos das Escrituras do que Ap.13:18: “Aqui não há sabedoria. Aquele
que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem,
e o seu número é seiscentos e sessenta e seis”. Em torno deste texto, que
muitos têm considerado uma verdadeira “charada bíblica”, muitos têm, ao longo
dos séculos, procurado descobrir quem é o anticristo. Esta busca pela
identificação do anticristo, porém, quer-nos parecer que é uma daquelas
atitudes que não deve haver entre os que estudam as Escrituras, mormente a
doutrina das últimas coisas.
O objetivo do estudo da
escatologia não é a satisfação da curiosidade humana, mas as profecias bíblicas
têm alvos muito mais altos e excelentes, relativos à manutenção de um padrão de
vigilância para os servos do Senhor, bem assim para nosso entendimento do
controle de Deus sobre a história. Assim é que, quando indagado sobre o fim do
mundo, Sua vinda e a destruição do templo de Jerusalém, Jesus, que havia
provocado os discípulos com a Sua profecia a respeito do templo, prontamente
respondeu aos reclamos dos apóstolos com o Seu mais longo sermão, o sermão
profético (Mt.24 e 25), enquanto que, no mesmo monte das Oliveiras, pouco antes
de ascender aos céus, quando interpelado sobre a restauração do reino a Israel,
por ser isto mera demonstração de curiosidade dos discípulos, a esta indagação
não ofereceu qualquer resposta (At.1:6,7). Destarte, este deve ser o nosso
norte quando indagarmos a respeito da doutrina das últimas coisas: estamos
apenas querendo satisfazer uma curiosidade ou, ao contrário, querermos ter
consciência e noção daquilo que o Senhor já nos revelou na Sua Palavra?
Parece-nos que a Bíblia Sagrada
está interessada em que saibamos que o anticristo virá, que será o pior de
todos os governantes que já houve sobre a face da Terra e que os santos que
viverem sob seu governo fatalmente perecerão, pois será permitido que sejam
vencidos por ele. Quanto a saber quem é o anticristo, é algo que as Escrituras
não estão muito interessadas em declarar, limitando-se a dizer que será um
homem e um homem que, como nunca, exaltará a figura do homem. O número da
besta, o famoso 666, nada mais é que a demonstração desta exaltação do homem
diante de Deus. Seis é o número do homem, como permite inferir o próprio texto
de Ap.13:18 e o anticristo será o clímax, o ápice deste sistema mundial
gentílico, que prega e vive uma rebeldia contra Deus.
Muitos têm, porém, sido
identificados como tendo sido o anticristo ao longo dos séculos. Falaremos,
muito rapidamente e sem profundidade, sobre algumas das ideias a este respeito,
mais a título de informação, até porque são muitos os que se embaraçam nesta
busca pela identificação do anticristo, devendo, pois, os ensinadores da
Palavra de Deus na igreja ter algum respaldo para desembaraçar os que se
envolvem nestas vãs contendas e genealogias (cfr. I Tm.1:4).
Alguns identificam Nero como
sendo o anticristo. Para tanto, buscam demonstrar a alegação seja pela soma dos
algarismos romanos do nome do imperador, seja pelo fato de ter sido o primeiro
grande perseguidor dos cristãos. Há, ainda, quem alegue que o anticristo será uma
reencarnação de Nero, como se reencarnação existisse… Todavia, Nero só pode ser
considerado como sendo daqueles “…muitos que se têm feito anticristos…” (cfr. I
Jo.2:18), pois, quando João escreveu sua primeira carta, Nero, certamente, já
não mais vivia. Assim, se o apóstolo dizia que o anticristo ainda viria, Nero,
com certeza, não era o anticristo.
Alguns identificam o anticristo
como sendo um Papa que surgirá por ocasião do arrebatamento da Igreja. Para
tanto, buscam demonstrá-lo pelo fato de o Papa se intitular o “Vigário de
Cristo”, a “Cabeça Visível da Igreja”, sendo, portanto, alguém que usurpou o
lugar que é de Jesus, sendo, pois, alguém que está “em lugar de Cristo” e cujos
dogmas e mandamentos, ao longo dos séculos, contraria a Palavra de Deus, sendo,
pois, alguém que é “contra Cristo”, pois se volta contra a Palavra, que é
Cristo. Além disto, em sua coroa, o Papa ostentaria a expressão latina
“VICARIVS FILII DEI”, que significa, “em lugar do Filho de Deus”, cuja soma dos
algarismos romanos dá 666 (V-5, I-1, C-100, I-1, V-5, I-1, L-50, I-1, I-1,
D-500, I-1, ou seja, 5+1+100+1+5+1+50+1+1+500+1= 666). Esta interpretação, como
não poderia deixar de ser, alcançou grande aceitação durante a Reforma
Protestante e grandes comentadores das Escrituras desta época ou logo após,
como Adam Clarke, não têm dúvidas de dizer que o Papa é o Anticristo.
No entanto, se bem verificarmos
os textos bíblicos, podemos afirmar que o Anticristo não será o Papa. Quando
muito, o Papa será o Falso Profeta (e olha lá, como veremos infra). A Bíblia
diz que o anticristo surgirá de uma aliança política, com base em dez nações, o
império romano revivido. Ora, só o fato de o império romano ter se
estabelecido, através da União Europeia, sem que, para tanto, fosse importante
a figura do Papado, já é um fator que descarta esta hipótese. O Papa, hoje, tem
uma função política importante, mas que nem de perto se equivale ao que havia
na Idade Média. Tudo nos mostra que o Papado serviu de repositório do poder
político na Europa até o surgimento dos Estados Nacionais e, a partir de então,
seu poderio político declinou consideravelmente, sendo, aliás, evidente, na
atualidade, como o Papado está sendo como que engolido pelo sistema globalista.
OBS: Como se não bastasse isso, o pastor e grande
escritor evangélico Abraão de Almeida, aponta várias razões para que o Papa não
seja o Anticristo, em síntese que vale a pena transcrever: “…1. Não há como
justificar o reinado do Papa sobre ‘todos os que habitam sobre a Terra’
(Ap.13.8) e durante tantos séculos, pois a Bíblia afirma que a Besta reinará
pouco tempo:Ap.17.10(…)2. O Império Romano (do Ocidente) não se dividiu em
apenas dez reinos, após o ano 476, mas em dezenas de reinos. Algumas listas
chegam a relacionar 65 reinos diferentes, resultantes das invasões bárbaras do
lado ocidental do império.(…)3. Na interpretação da profecia de Daniel,
capítulos 2 e 7, não se pode ignorar que o Império Romano se dividia em
Oriental e Ocidental, e que a perna esquerda da estátua corresponde justamente
ao Oriente, mais precisamente à Grécia. Esta perna esquerda só caiu em poder
dos turcos em 1453, para recuperar a sua independência em 1821. A Grécia não
poderá estar ausente dos dedos, pois ela é o ‘metal’ referido em Dn.7.19 [e a
Igreja Grega não reconhece o Papa desde 1054, com o Cisma do Oriente,
observação nossa].(…)5.O tempo do governo da Besta é ainda futuro(…)nunca, em
toda a história da Igreja, cumpriram-se as profecias de Dn.9.24 e 27(…)”
(Abraão de ALMEIDA. Deus revela o futuro, p.50-1).
Outros têm identificado o
anticristo com o Presidente dos Estados Unidos da América, sendo esta, aliás, a
linha preferida de pensamento do movimento adventista. Dizem que os Estados
Unidos, como superpotência mundial, trarão ao mundo o líder mundial que
conseguirá resolver o conflito do Oriente Médio e que comandará toda a economia
e política internacionais. Esta linha de pensamento encontrou enorme guarida
notadamente após 1989, quando a União Soviética sucumbiu e os Estados Unidos
passaram a ser a única superpotência mundial. Naquela ocasião, o então
presidente norte-americano George Bush (pai do atual presidente, George Walker
Bush), afirmou que se estava ingressando numa “nova ordem mundial” e o
historiador Francis Fukuyama escreveu o livro “O fim da história”, dizendo que
havia triunfado o sistema capitalista e democrático defendido pelos Estados
Unidos desde o final da Segunda Guerra Mundial. Para aumentar ainda mais a
“força” deste pensamento, os norte-americanos conseguiram reunir todos os
países do mundo contra o Iraque, na chamada Guerra do Golfo Pérsico,
cristalizando sua supremacia política, econômica e militar.
No entanto, de lá para cá, os
Estados Unidos iniciaram um processo claro de decadência tanto econômica quanto
política e militar e os norte-americanos hoje, embora sejam ainda a principal
potência mundial, demonstram estar dando sinais cada vez mais evidentes de
fraqueza e de necessidade de se unir e tolerar os interesses seja da China,
seja da União Europeia e, até mesmo, da Rússia.
Não temos como deixar de
observar que não há como entender que, no atual processo político, dez nações
europeias venham a se aliar aos Estados Unidos da América e a conceder-lhe um
poder, quando tudo caminha para o contrário, desde o início dos atentados
terroristas de 11 de setembro de 2001. O anticristo não parece ser alguém que
morará na Casa Branca, mas um legítimo sucessor dos Césares que habitavam em
Roma, onde foi criada a União Europeia e assinada a sua Constituição.
Entendemos que não dá para
identificar quem será o anticristo, que cargos ocupará antes de ser consagrado
como novo líder mundial, com o decisivo apoio da União Europeia e da China (que
será grande aliado dele, pelo que se verifica de Ap.16:12, sendo “os reis do
oriente”), mas de uma coisa temos de ter certeza: será alguém que se
manifestará num instante em que o Espírito Santo deixar de operar como tem
operado até aqui(II Ts.2:7,8), ou seja, ao término da dispensação da graça, o
que significa afirmar que a Igreja poderá até conhecer quem este homem será,
mas não passará um minuto sequer sob o seu tacão.
V – A MISSÃO DO ANTICRISTO
Sendo a própria contrafação de Jesus, ou seja,
a Sua própria negação, o Anticristo será preparado por Satanás, assim
como Deus preparou Jesus, para uma missão a ser realizada na face da Terra.
Entretanto, enquanto a missão de Jesus era “buscar e salvar o que se havia
perdido” (Lc.21:27), o Anticristo tem como missão exatamente o contrário: matar
e destruir a humanidade, bem como roubar a sua chance de salvação.
Diz-nos o apóstolo Paulo que o
anticristo se oporá a tudo quanto se chama Deus ou se adora (II Ts.2:4). Ora,
como seu trabalho é matar e destruir os homens, para que isto seja possível,
será preciso, em primeiro lugar, destruir a fonte de vida da humanidade, que outra
não é senão o Senhor Jesus (Jo.10:10). Assim, a primeira tarefa do Anticristo
será destruir todos aqueles que adoram a Deus, todos aqueles que crerem em Deus
no período de seu governo.
Por isso, o profeta Daniel
afirma que, além de proferir palavras contra o Altíssimo, o anticristo
destruirá os santos do Altíssimo (Dn.7:25), bem como João afirma que fará
guerra aos santos (Ap.13:7). Seu primeiro trabalho, portanto, será o de
perseguição contra aqueles que crerem em Jesus naqueles dias. Mas haverá quem
creia em Jesus naqueles dias, uma vez que a Igreja terá sido arrebatada antes
que o anticristo governe a Terra ? Sim, a Bíblia, não só nesta passagem, mas em
outros textos, permite-nos afirmar, com clareza, que haverá quem creia em
Cristo durante a Grande Tribulação, tanto judeus quanto gentios. Não será,
entretanto, algo fácil e amplo, como temos hoje na nossa atual dispensação. Bem
ao contrário, a operação do Espírito Santo será extremamente limitada (como
teremos ocasião de estudar na lição sobre a Grande Tribulação) e, como se não
bastasse, a salvação não dependerá apenas da fé, mas a fé deverá ser
acompanhada pelo martírio, pois, nesta época, como nos afirma claramente o
texto sagrado (Ap.13:10), a morte do crente será uma condição necessária para a
salvação, porquanto será permitido que o anticristo vença os santos deste
período (Ap.13:6), que outra coisa não é senão a sua destruição (Dn.7:25).
A perseguição nos dias do
anticristo será a pior que já houve em todos os tempos da história
(cfr.Dn.12:1; Mt.24:21,22). Além de dispor de uma tecnologia que nunca houve
igual, o que permitirá um absoluto controle sobre toda a população, o que
inclui até o controle de todas as relações econômicas (como veremos infra), o
Anticristo terá a seu favor, ainda, a fidelidade de amplos setores da
população, bem como toda uma gama de poderes sobrenaturais que lhe serão dados
pelo próprio diabo que, aliás, terá sido precipitado sobre a face da Terra
(Ap.12:9,10), juntamente com seus anjos, o que caracteriza este período como de
uma opressão demoníaca que nunca houve semelhante em toda a história humana.
Tudo isto estará a serviço do anticristo para a destruição e morte dos santos
daquele período e, segundo as Escrituras, será permitido que os santos sejam
derrotados. Assim, não nos iludamos com o fato de que haverá salvação na Grande
Tribulação, pois, se, ante a operação plena, ampla e livre do Espírito Santo,
como a que se dá nos nossos dias, onde o espírito do anticristo não tem
condições de manifestar o homem do pecado, porque há um que ainda resiste (que
é o Espírito Santo) e onde a vitória sobre o mundo é garantida ao crente
(Rm.8:37; I Co.15:57;I Jo.5:4), alguém não consegue ser fiel a Deus, como
poderá sê-lo diante de circunstâncias totalmente adversas ?
OBS: Recentemente, ao vermos o desempenho das
seleções brasileiras de futebol de cinco (modalidade futebolística para
deficientes visuais) e de futebol de sete (modalidade futebolística para
deficientes com paralisia cerebral) nos Jogos Paraolímpicos de Atenas, chegamos
à conclusão de que, se uma pessoa perfeita não joga bem futebol, como poderia
jogar bem com os olhos vendados ou com dificuldades de locomoção em virtude de
paralisia cerebral ? Assim, também, quem não consegue ser fiel na dispensação
da graça, não o conseguirá ser na Grande Tribulação.
Além de perseguir os santos, o
Anticristo terá o papel de criar uma nova religião. O iníquo, diz-nos o
profeta Daniel, proferirá palavras contra o Altíssimo e cuidará mudar os tempos
e a lei (Dn.7:25). Já o apóstolo João afirma que o anticristo proferirá
blasfêmias contra Deus, contra o Seu nome, o Seu tabernáculo e os que habitam
no céu. Destarte, a exemplo de Jesus, o Anticristo também apresentará a sua
doutrina ao povo, mas, enquanto o Senhor veio cumprir a lei dada a Moisés por
Deus (Mt.5:17) e vinha em nome do Senhor, ou seja, sob a autoridade divina
(Jo.12:13), o Anticristo virá em seu próprio nome (Jo.5:43), recusando toda e
qualquer autoridade de Deus e desafiará o próprio Deus, trazendo uma nova lei e
uma nova maneira de se ver o mundo, pois, como ensinam os sociólogos, a
religião é um modo global de explicação da realidade por parte do homem.
A mudança dos tempos mencionada
pelo profeta Daniel tem sido interpretada por alguns como sendo uma mudança do
calendário por parte do anticristo. Como todos sabemos, o calendário
predominante no mundo é o chamado calendário gregoriano, criado pelo papa
Gregório XIII, que alterou o calendário juliano, que havia sido estabelecido
pelo ditador vitalício romano Júlio César. O calendário gregoriano é cristão,
porque fixa o ano do nascimento de Jesus como sendo o ano 1 da chamada Era
Cristã. O Anticristo, na sua luta contra tudo o que representa ou possa lembrar
o Senhor Jesus, deverá alterar o calendário, estabelecendo outra data como
marco do calendário, a exemplo do que ocorre com os outros calendários
utilizados no mundo, como o calendário islâmico ou o calendário judaico. Este
fato ocorreu quando da Revolução Francesa, em 1789, quando os revolucionários,
no seu afã de desvincular o Estado da Igreja Católica, criaram um novo
calendário e uma nova contagem dos anos a partir da Revolução.
A mudança dos tempos não será,
porém, uma simples mudança de calendário, mas uma total manipulação da história
e de sua divulgação, a exemplo do que ocorreu nos regimes ditatoriais, o que
será extremamente amplificado pelo total controle dos meios de comunicação que
terá o anticristo no controle do governo mundial. Como afirmam as Escrituras, o
anticristo sempre operará com sinais e prodígios de mentira (II Ts.2:9), de
modo que não será nenhuma surpresa a supressão ou distorção de fatos históricos
a fim de denegrir a imagem de Cristo, dos cristãos, de Israel e de tudo que se
relaciona com Deus. O anticristo agirá segundo o poder de Satanás, que é o pai
da mentira (Jo.8:44) e, portanto, a mentira será algo corriqueiro e comum no
seu proceder. Aliás, desde os tempos de Adolf Hitler e seu famigerado ministro
da Propaganda, Josef Goebbels, que se diz que, em política, uma mentira dita
muitas vezes acaba se tornando verdade…
Outra missão de que o anticristo
se incumbirá no seu governo será a de destruir Israel. O anticristo, no início de seu
governo, será reconhecido por muitos judeus como sendo o Messias (Jo.5:43),
pois conseguirá que se termine o conflito no Oriente Médio, além de permitir
que Israel reconstrua ou mantenha reconstruído o seu templo em Jerusalém.
Haverá, como dizem as Escrituras, um pacto entre o anticristo e os judeus
(Dn.9:27), com duração de sete anos. Todavia, no meio do período, os judeus
tomarão consciência de que foram enganados, pois o anticristo irá quebrar o
pacto e exigir ser adorado no templo reconstruído, como um verdadeiro deus, o
que não será admitido por Israel e, em razão desta oposição, o anticristo, após
conseguir ser adorado como deus no templo reconstruído, determinará a
destruição completa de Israel, com o início da pior perseguição que os judeus
já tiveram em toda a sua história. Os judeus somente não serão destruídos
totalmente porque o próprio Jesus voltará pessoalmente para livrar Israel
(Is.11:4; II Ts.2:8; Ap.19:15,20,21). Como Israel é propriedade peculiar de
Deus (Ex.19:5,6), o Anticristo será encarregado de destruí-lo totalmente, mas
também não o conseguirá, porque há promessa de Deus que o remanescente será
salvo (Rm.11:26).
O Anticristo, também, estabelecerá
um sistema econômico mundial, completando a integração e globalização que já vemos nos
nossos dias. O apóstolo João diz que o anticristo imporá um sistema de
transações comerciais em todo o mundo que dispensará a moeda tal qual a
conhecemos, pois, para que se compre e venda será necessário ter um sinal na
sua mão direita ou nas suas testas (Ap.13:16). O governo, então, terá, a
exemplo do que ocorria nos regimes comunistas, pleno controle de todas as
transações comerciais que se realizarem. Cada vez mais pessoas, em todo o
mundo, vêm defendendo um controle sobre as operações financeiras e comerciais
realizadas, a fim de evitar operações ilegais, como o tráfico de drogas,
tráfico de armas, terrorismo, lavagem de dinheiro, corrupção governamental. No tempo
do anticristo, isto será uma realidade.
Este controle do sistema
econômico, que permitirá um planejamento econômico internacional e uma
integração entre todas as nações do mundo, numa espécie de mercado comum
internacional (que é o grande sonho da recém-criada Organização Mundial do
Comércio), todavia, trará um efeito colateral dos mais desagradáveis: a perda
da liberdade individual. Aliás, o desenvolvimento acelerado da tecnologia,
principalmente da telemática, tem gerado uma drástica redução das liberdades
individuais. Os Estados Unidos da América, que são considerados como sendo o
país da máxima democracia, desde os atentados terroristas de 11 de setembro de
2001, nunca estabeleceram tanto controle sobre os cidadãos como agora. Nos
Estados Unidos, atualmente, alguém pode ser controlado em todos os seus passos,
em todas as suas atividades, sem que sequer saiba que está sendo monitorado,
pois lei aprovada pelo Congresso americano permite que, sem que seja instaurado
qualquer procedimento, qualquer agência governamental de segurança possa exigir
informações sobre qualquer cidadão, que não poderá saber que está sendo
monitorado. Na União Europeia, onde as medidas adotadas nos Estados Unidos
foram consideradas excessivas, após os atentados terroristas de Madrid em março
de 2004, já foram tomadas medidas semelhantes. A partir deste controle das
liberdades individuais, teremos plenas condições de ver cumpridas as palavras
do texto bíblico, no sentido de que ninguém que se recuse a receber o sinal da
besta possa viver em sociedade, pois, sem poder comprar ou vender, será,
evidentemente, excluído da sociedade.
Vemos, assim, amados irmãos,
como será extremamente difícil a vida de quem quiser ser fiel a Deus neste
período. Não poderá comprar ou vender, o que significa afirmar, dentro de um
sistema econômico globalizado, que não poderá sequer adquirir alimentos para
sobreviver. Sem ter o sinal da besta, estará excluído de toda a vida social, o
que hoje entendemos pelo fato da informatização crescente de todas as nossas
atividades. Por sua recusa a receber o sinal da besta, será facilmente
identificado como alguém que não aceita o governo do Anticristo e, certamente,
logo será delatado pelos partidários do governo e sofrerá todas as torturas e
sofrimentos dos perseguidos políticos. Quem quiser ser fiel até o fim, acabará
sendo morto, pois a condição que a Bíblia coloca para que alguém alcance a
salvação será a de jamais aceitar o sinal da besta, pois, quem o fizer, estará
irremediavelmente perdido (cfr. Ap.14:9-11).
Este sistema econômico será, sem
sombra de dúvida, o sistema capitalista, um capitalismo que estará
sensivelmente melhorado em suas distorções, já que haverá um controle central
de movimentação de capitais e uma sensível redução dos custos e dos imprevistos
que, hoje em dia, caracterizam a economia mundial. Como todo sistema
capitalista, teremos uma inevitável acumulação de riquezas nas mãos de uns
poucos, dos grandes empresários, dos potentados econômico-financeiros, os
mercadores mencionados no capítulo 18 do Apocalipse, que lamentarão a queda do
sistema, precisamente porque “…se enriqueceram com a abundância de suas
delícias.”(Ap.18:3). Estes mercadores, diz o texto sagrado, “…choram e lamentam
(…) porque ninguém mais compra as suas mercadorias.” (Ap.18:11). Neste sistema
econômico, o máximo lucro será a única tônica, não havendo qualquer respeito
seja pela dignidade, seja pela própria figura do ser humano, que estarão
reduzidos a simples mercadorias (Ap.18:13 “in fine”). Nos nossos dias,
notadamente aqui no Ocidente, já temos sentido o impacto da chamada
“globalização” e a crescente mercantilização de todos os relacionamentos
humanos (nem as igrejas escapam…). O Anticristo cristalizará este estado de
coisas, que não encontrará sequer oposição, ante o cruel e rígido controle das
consciências que se exercerá neste iníquo governo.
O Anticristo estabelecerá uma
“nova ordem mundial”, pois, ante a
unificação da economia a partir do controle que terá sobre a superpotência da
época, que é o império romano revivido, com governos próprios mas dependentes
do Anticristo (ou seja, uma confederação, que outra não é senão a União
Europeia), o Anticristo construirá uma forte aliança de nações que estarão sob
sua liderança e influência. Fazendo uso de organismos internacionais, sobre os
quais terá pleno controle, o anticristo fará com que cada pedaço deste planeta
esteja sob seu domínio, direto ou indireto. Teremos, então, um controle total
do mundo nas mãos do Anticristo, que terá o poder militar, o poder político, o
poder econômico e o poder religioso em suas mãos.
Outra missão do Anticristo será
a de realizar sinais e prodígios de mentira, com toda a eficácia de Satanás. Ao contrário dos outros
líderes políticos que surgiram ao longo da história, o Anticristo se apresentará
com poderes sobrenaturais. Entendem alguns que seu primeiro sinal será uma
suposta ressurreição (no que o fará mais semelhante ainda a Jesus Cristo),
assim interpretando a passagem de Ap.13:3. Ferida de morte, a besta, à vista de
toda a humanidade (algo que era impensável durante boa parte de nossa
dispensação, mas que o desenvolvimento tecnológico torna hoje plenamente
possível), parecerá que o Anticristo terá ressuscitado, o que, sem dúvida,
trará enorme temor a todos os povos. Como se não bastasse este sinal, a Bíblia
diz que o Anticristo fará maravilhas, demonstrará poderes sobrenaturais, que
confirmarão a sua alegação de deidade e que levarão milhões a adorá-lo. Este
poder será, inclusive, exercido também pela outra besta, o Falso Profeta, que dirá
o estar exercendo em nome do Anticristo e chegará, mesmo, a fazer fogo descer
do céu em nome do Anticristo (cfr. Ap.13:13), o que nos leva a lembrar do
episódio do monte Carmelo, quando o profeta Elias orou pedindo a Deus que
fizesse cair fogo do céu, o que foi suficiente para que o povo, que até então
seguia a Baal, mudasse de parecer e concordasse em entregar todos os 400
profetas de Asera e 450 profetas de Baal para que Elias os matasse (cfr. I
Rs.18:36-40). De igual modo, o povo daqueles dias, ao ver o sinal do Falso
Profeta, adorarão o Anticristo sem pestanejar, considerando-o como um deus.
O Anticristo, além de ser
adorado, promoverá também a adoração ao diabo, que ocupará o lugar de Deus no seu sistema religioso. O
Anticristo virá em seu próprio nome, mas, como é tributário de todo o poder,
sinais e prodígios, que lhe serão entregues pelo próprio diabo (Ap.13:2).
Assim, além de se fazer adorar como deus, contribuirá enormemente para que o
diabo também seja adorado, fazendo mesmo com que o nome de Deus seja
substituído pelo diabo. O diabo, então, executará, através do Anticristo, o que
sempre quis, qual seja, o de levar toda a humanidade a adorá-lo em lugar do
Senhor. O satanismo, pois, será uma prática estimulada e incentivada na falsa
religião que será promovida pelo Anticristo. O “espírito do anticristo” tem
trabalhado intensamente nos nossos dias, tanto que o satanismo tem sido, de
longe, o culto que mais tem crescido, sob as mais diversas variantes, nas
últimas décadas.
OBS: “…A geração da era chip e dos vídeos games
têm se mostrado a geração mais violenta de todos os tempos. Porque, em cada
aparentemente inofensiva fita de game, estão milhões e milhões de dólares de
investimento satânico com o objetivo de apenas destruir as mentes de nossos filhos
dentro de nossos próprios lares. Além de uma escola de violência explícita,
está uma escola implícita de pornografia. Lesbianismo e homossexualidade, ainda
que você não veja, o que é até natural: as mensagens satânicas são
subliminares, só as crianças entenderão. Infelizmente, uma coisa é certa: o
satanismo está controlando a mente de nossas crianças através das mensagens
ocultas transmitidas pelos jogos de game e computador aparentemente inocentes.
O diabo não está brincando, ele que sabe que seu tempo está chegando ao fim e
precisa destruir as crianças o quanto mais rápido possível, porque sabe que
eles serão os jovens dos últimos dias. (…) A Disneylândia é a maior indústria
do satanismo do mundo, lá tudo é sacrificado a Lúcifer. Seus executivos
trabalham 24 horas por dia com o intuito de satanizar o mundo. Esta é uma das
formas que o filho da perdição tem para alistar o seu exército com milhões e
milhões de fiéis.…” (Ailton Muniz de CARVALHO. O Messias está voltando. 2.ed.,
p.172-3).
“…Mas o Satanismo não tem como objetivo
primário destruir a Igreja, mas, sim, preparar o reino do Anticristo e criar as
bases para a sua ação. Mas o grupo evangélico, constituído de cristãos
verdadeiros, com discernimento e percepção do mundo espiritual, são aqueles que
são um obstáculo em seu caminho. Eles farão de tudo para se desvencilhar dos
verdadeiros cristãos, de forma a cumprir os seus objetivos, e isso através da
técnica de neutralização, tornando-os inoperantes, sem expressão, sem
autoridade e sem poder. Muitos são os líderes evangélicos que já sucumbiram
diante das estratégias, da tentação da carne, do vil metal e do poder. O pecado
mais comum que eles têm usado tem sido a prostituição, o adultério e a conduta
sexual ilícita. Outros forma comprados por dinheiro oferecido por satanistas,
por satanistas que, ao mesmo tempo, são políticos inescrupulosos, tendo como
objetivo final destruir ministérios evangélicos sérios e de grande alcance.
Ainda outros líderes cristãos foram enfeitiçados pela fascinação e pela sedução
do poder e trocaram a fidelidade, a transparência, a honestidade e a verdade
por um conjunto de mentiras.…” (Neuza ITIOKA. A noiva restaurada, p.144-5).
A missão do Anticristo, por fim,
será aumentar, multiplicar o pecado do mundo. Enquanto Jesus veio tirar o pecado do mundo (Jo.1:29), o
Anticristo, o “homem do pecado”, “o iníquo”, será o grande incentivador,
estimulador e promotor do pecado em todo o mundo. Arrastará atrás de si
multidões imensas para a prática de todas as transgressões que puderem ser imaginadas.
Levará os homens para a idolatria, pois quererá e conseguirá ser adorado por
eles. Levará o povo à avareza, porquanto incentivará a acumulação de riquezas e
a total desconsideração dos seres humanos, que serão tratados como simples
mercadorias, sem qualquer dignidade. Levará o povo à prostituição e a toda
espécie de impureza e perversão sexuais, pois estabelecerá uma nova ética e
moral, que entenderá como preconceituosa e totalmente errada a moral
estabelecida pelas Escrituras. O aumento do pecado será tanto que, passados
três anos e meio de seu governo, será atingida a medida da paciência de Deus e,
a partir de então, serão mandados os juízos da ira de Deus sobre a Besta e seus
seguidores (Ap.15:6-11;18:1-8).
VI – A DOUTRINA DO ANTICRISTO
A exemplo do que ocorreu com
Jesus que, no início de Seu ministério, apresentou Sua doutrina ao povo no
sermão do monte, o anticristo apresentará os seus ensinamentos
corriqueiramente, rotineiramente, pois, como já vimos, o poder de comunicação
será uma das principais características suas (Dn.7:25; Ap.13:5).
Enquanto Jesus apresentou, no
limiar de seu discurso, Seu propósito de nada mudar da lei, mas sim cumpri-la
(Mt.5:17), o anticristo trará como tônica de sua doutrina a mudança da lei
(Dn.7:25). A lei aqui nada mais é que a Palavra de Deus (Sl.1:2; Sl.119:18;
Is.8:20). O anticristo, portanto, terá como ponto doutrinário o abandono da
Palavra de Deus, a mudança de tudo aquilo que é ensinado e prescrito na Bíblia
Sagrada. O anticristo transformará em discurso oficial, em prática dominante
tudo aquilo que contrariar o que ensina a Bíblia Sagrada. Será a prevalência de
todas as condutas que já têm sido acatadas e toleradas nos nossos dias.
A doutrina do anticristo terá
como tônica não o amor, mas a força, o poder. O anticristo mostrará a sua suposta deidade através de
poder, sinais e prodígios de mentira. Assim, sua doutrina enfatizará a ideia de
que o que é divino, é sobrenatural, que o que demonstra poder é o que está
certo. Desta forma, a exemplo do que muitos já entendem, erroneamente, a
correção e a santidade serão identificados pelos resultados, pela aparência.
Enquanto Jesus ensina que devemos observar os frutos para descobrir o que há no
interior das pessoas, o anticristo defenderá a ideia de que a espiritualidade é
uma espiritualidade de resultados, ou seja, de que devemos julgar pela
aparência, pelos sinais, pelos prodígios, pelas maravilhas. Assim agindo e
ensinando, o anticristo, que, assim como o falso profeta, fará maravilhas e
sinais diante de todos os homens, conquistarão a esmagadora maioria dos homens,
que passarão a adorar o anticristo em função dos sinais e maravilhas
realizados.
A doutrina do anticristo
promoverá a idolatria e a sensualidade. As práticas idolátricas dos pagãos serão restabelecidas. O
anticristo será adorado, mas, a exemplo do que ocorria na Roma antiga, não será
proibida a adoração a outros deuses e a outras divindades, nem muito menos
cerceada qualquer prática ocultista, que, ao revés, será incentivada, pois,
como sabemos, a missão do anticristo é substituir o Senhor pelo diabo como
objeto de adoração. Nesta recuperação de práticas pagãs, certamente ressurgirá
a prostituição cultual e todas as práticas sexuais que acompanhavam os rituais
dos antigos deuses da fertilidade, o que será considerado natural, já que,
naqueles dias, a doutrina do anticristo defenderá a libertinagem sexual e a
promiscuidade, vez que a moral das Escrituras Sagradas será considerada
ultrapassada e negadora da própria humanidade.
A doutrina do anticristo
defenderá que o homem é o centro do universo, que todos os homens são pequenos deuses e têm condição de
evoluir, a partir do instante em que seguem os exemplos dos “espíritos
iluminados”, dos “espíritos mais adiantados”. Esta ideia, que hoje é propagandeada
pela Nova Era, é o cerne, a essência da doutrina do anticristo. Este
“humanismo” nada mais é que o desejo que o diabo já incutiu na mente do
primeiro casal(Gn.3:4,5): a falsa proposta de o homem ser igual a Deus e, nesta
busca, tornar-se escravo do diabo. O anticristo defenderá esta ideia, pois,
diz-nos a Bíblia, levantar-se-á contra tudo o que se refere a Deus (II Ts.2:4).
A ideia de que o homem é um pequeno deus, de que ele é quem deve determinar o
que é certo ou errado, de que o Deus judaico-cristão não existe ou é mau e de
que o diabo não é mau e está pronto a ajudar o homem a evoluir serão
ensinamentos diabólicos que, já existentes nos nossos dias, alcançarão
autoridade e capacidade de convencimento durante a Grande Tribulação. O
anticristo apresentar-se-á aos homens como o exemplo vivo de que vale a pena
crer nesta doutrina, de que isto realmente dá certo e os homens serão por ele
enganados e levados por ele à perdição eterna.
A doutrina do anticristo,
também, promoverá a ganância e o amor às coisas materiais. A prosperidade, o sucesso
econômico-financeiro serão tidos como demonstração de evolução espiritual, como
resultado de uma vida correta no caminho da evolução. Ademais, em virtude do
absoluto controle exercido sobre os homens pelo anticristo, a adoração à besta
será um pré-requisito para o sucesso, para o êxito na vida secular. Muitos
buscarão o enriquecimento, até porque, num ambiente idólatra, a avareza, que
nada mais é do que idolatria, prolifera naturalmente. O materialismo dos nossos
dias (inclusive dentro das igrejas evangélicas, sob a capa de “teologia da
prosperidade”) é uma preparação para o advento desta doutrina.
Outro aspecto da doutrina do
anticristo será o antissemitismo. O anticristo, a princípio, apresentar-se-á aos judeus como
o messias e, para tanto, tomará todo o cuidado, devidamente orientado pelo
falso profeta, para que seu perfil, ideias e vida sejam compatíveis com os
quadros e perfis que os judeus, em sua tradição, vêm moldando para o Messias ao
longo dos séculos. Quando, porém, recusarem os judeus em adorá-lo, o anticristo
convencerá todo o mundo de que Israel deve ser destruído. Para tanto,
apresentará uma doutrina antissemita, que será a síntese melhorada de todas as
ideias satânicas contra o povo escolhido de Deus que se têm levantado ao longo
dos séculos. A ideia de que Israel representa o motivo do atraso do
desenvolvimento do mundo e é o responsável pelas guerras e pelos sofrimentos
vividos pela humanidade serão a tônica pela qual o anticristo conseguirá congregar
todas as nações contra Israel na batalha do Armagedom.
VII – O ANTICRISTO NO TEMPLO DE
DEUS
Como já tivemos ocasião de dizer
neste estudo, o anticristo conquistará o apoio de Israel no início de seu
governo. Dois fatores serão decisivos para que seja assinado este tratado: a
existência de um plano de paz que garantirá a existência de Israel como nação
independente na Palestina e a permissão para a construção ou manutenção do
templo de Jerusalém.
Como se não bastasse isso, o
anticristo, como também já falamos no item anterior, embora vindo em seu
próprio nome, será aceito pelos judeus como sendo o Messias que eles tanto
aguardam, porquanto terá características e um perfil que se compatibilizará com
todas as tradições existentes entre os judeus e que se desenvolveram ao longo
dos séculos. Lembramos que os judeus, como diz o apóstolo Paulo, têm um
verdadeiro véu sobre os seus corações e estão cegos, não conseguindo enxergar
que o Messias já veio e que é Jesus Cristo (II Co.3:15,16). Em virtude disto,
serão facilmente enganados pelo diabo, uma vez que, por terem rejeitado Cristo,
elaboraram para si doutrinas e ideias de como será o Messias, pensamentos e
ideias que, por terem origem humana (quiçá até diabólica), serão facilmente
fonte de engano.
Entretanto, como sabemos, o
objetivo do diabo outro não é senão destruir Israel, que, por ser propriedade
peculiar de Deus, é alvo preferencial do ódio de Satanás, que, aliás, odeia
sobretudo o ser humano. Assim, após ter enganado Israel, após três anos e meio,
o anticristo quererá ser adorado como deus no templo de Jerusalém. Os judeus,
zelosos monoteístas, não concordarão com esta prática e verão nesta pretensão
do anticristo que foram enganados e que não é o anticristo o Messias. Apesar da
oposição dos judeus, o fato é que o anticristo entrará no templo de Jerusalém e
ali será adorado como um deus, sentando no local mais sagrado do templo
(provavelmente o santo dos santos) para ser adorado, sendo, também colocada uma
imagem do anticristo (talvez a imagem que supostamente recebeu vida por
intermédio do falso profeta – Ap.13:15) para que passasse a ser ali adorada por
todos que frequentassem o templo. A este episódio é que Jesus denomina de “a
abominação da desolação” (Mt.24:15), que será a concretização da profecia de
Daniel (Dn.11:31) que só parcialmente foi cumprida no reinado de Antíoco
Epifânio, quando, efetivamente, o templo de Jerusalém foi profanado, sendo
colocada uma imagem de Zeus Olímpico para ser adorada no lugar santo.
Entretanto, naquela oportunidade, Antíoco Epifânio não se fez adorar, de modo
que tudo não passou de um tipo, de uma figura do que ainda estava por vir,
tanto que, mais de 100 anos depois, Jesus identificou esta profecia como algo
ainda futuro. Também esta “abominação” não pode ser considerada como tendo sido
a apresentação de estandartes com a figura de Tito por soldados romanos quando
da destruição do templo de Jerusalém no ano 70, porquanto, na profecia das
setenta semanas, é claro que a cessação do sacrifício se fará depois da
destruição do templo, ou seja, em outro templo que não o que foi destruído
(Dn.9:27).
O anticristo, como vemos, na
verdade se apossará do templo de Jerusalém e o transformará em um local de
culto à sua pessoa. Entrará no
templo, será adorado como um deus, sentar-se-á num trono para ser adorado e,
depois, ali deixará a sua imagem, que será continuamente adorada a partir de
então. Jerusalém transformar-se-á num centro de adoração do anticristo e, com
este gesto, o anticristo quererá ter destruído a religião judaica,
assimilando-a à religião mundial por ele criada. Este gesto será, sem dúvida,
uma demonstração de vitória desta religião mundial, porquanto Jerusalém é uma
cidade considerada sagrada pelas três maiores religiões monoteístas do mundo
(judaísmo, cristianismo e islamismo).
Como consequência deste gesto,
os sacrifícios que tinham sido retomados pelos judeus no templo serão
interrompidos (Dn.9:27) e, uma vez mais, os judeus ficarão privados de sua vida
religiosa completa. Será, então, o instante em que se iniciará a violenta
perseguição do anticristo contra os judeus e o desejo de sua completa
destruição da face da Terra. Mas será mesmo em Jerusalém, quando Israel estiver
a ponto de ser totalmente dizimado, que o Senhor Jesus voltará triunfantemente,
para libertar Israel e estabelecer o milênio, mostrando cabalmente que este
“homem do pecado” se arruinará a tal ponto que será o primeiro ser humano a ser
lançado, juntamente com o falso profeta, ainda vivo no lago de fogo e enxofre
(Ap.19:20). Este ó triste fim de quem se fez o exemplo de tantos quantos se
rebelam contra Deus. Que o Senhor nos guarde!
“…A fera do mal vai chegar, em
breve aderida será, mas nós aguardamos novo céu e uma nova terra, em breve com
Jesus deixaremos a terra. A Igreja sobre o mal triunfará.” (SILVÉRIO, João
Batista. O milênio. Faixa 1. Grupo Shalom Especial 15 anos. CD. GSCD 1.005)
Colaboração para o Portal Escola Dominical – Ev. Caramuru Afonso Francisco
Ev. Caramuru
Afonso Francisco. Disponível em: https://www.portalebd.org.br
COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
Nesta lição,
trataremos de como nos últimos dias, um homem será usado por Satanás para
afrontar a Deus e perseguir Israel — o Anticristo. Conhecido também como o
Homem do Pecado, esse personagem maligno aparece, na Bíblia Sagrada, como o
representante mais autorizado de Satanás. Não podemos ignorá-lo; temos de
conhecer o seu caráter, missão e destino final.
Que este estudo
nos ajude a precaver-nos contra o espírito do Anticristo, que já opera no mundo
(1Jo 4.1-3). Estejamos alertas. Mas não percamos o ânimo, pois o que está
conosco, e em nós, é infinitamente mais poderoso. Aleluia!. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º
Trimestre 2020. Lição 11, 15 Março, 2020]
Embora possa parecer,
esta lição não trata de escatologia; ela dá prosseguimento ao tema proposto e
tratado já nas lições anteriores e deve ser encarada assim, embora, os tópicos
claramente falem escatologicamente. A atenção, então, deve ser dada ao mal que
impera no homem. Por tanto, neste plano de aula, embora comente alguns traços
da personagem dominada por Satanás que há de surgir no período da Grande
Tribulação, o enfoque se manterá na depravação do homem e sua propensão ao mal.
A Bíblia fala sobre o “espírito do anticristo” (1Jo 4.2-3). Esse espírito atua
na vida de muitas pessoas que ensinam falsas doutrinas, negando que Jesus é a
encarnação de Deus e que veio salvar o mundo. Esse espírito tem agido desde o
início da igreja, procurando enganar a muitos, até dentro da igreja.
I. O HOMEM DO PECADO
Neste tópico,
enfocaremos a origem, os títulos e a natureza do Homem do Pecado.
1. Origem do Homem
do Pecado. Caim e Lameque,
prefigurando o Anticristo, opuseram-se sistematicamente a Deus (Gn 4.1-10,
23,24). Ambos agiram como o Homem do Pecado, que há de aparecer tão logo a
Igreja seja arrebatada (2Ts 2.6,7). Nesse mesmo grupo, nomearemos o Faraó do
Êxodo, o perverso Amã e o sanguinário Herodes (Êx 1.8-16; Et 3.1-6; Mt 2.13).
Desde os tempos
bíblicos, muitos fizeram-se anticristos e dispuseram-se a perseguir a Israel e
a Igreja do Cordeiro. Destes, citaremos apenas alguns — Nero, Hitler e Stalin —
pois a lista é longa e enojadiça. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos,
1º Trimestre 2020. Lição 11, 15 Março, 2020]
Qual seria a origem do
Homem do Pecado, aquele identificado por Paulo em 2Ts 2.3? O homem do pecado, o
filho da perdição, que o apóstolo Paulo se referiu, é “o príncipe que há de
vir”, e que até hoje ainda não veio! Então, nenhum destes citados se enquadram
na personagem predita, embora suas vidas o prefigurem perfeitamente. Paulo
identifica essa personagem chamando-o de "homem da iniquidade."
Alguns textos usam "homem transgressor", mas não há diferença real em
significado, posto ser iniquidade igual a transgressão (1Jo 3.4). Esse é o
chamado "príncipe que há de vir" (Dn 9.26) e o "pequeno chifre”
(Dn 7.8), a quem João chama de "besta" (Ap 13.2-10,18), mais
conhecido como o Anticristo. O contexto e a linguagem identificam, claramente,
uma pessoa real no tempo vindouro que, na verdade, executara as coisas
profetizadas a respeito dela nas Escrituras. Ele também é chamado de "o
filho da perdição" ou destruição, termo usado para se referir a Judas
Iscariotes (Jo 17.12). Sendo assim, será quase que natural o surgimento dessa
personagem, por que o meio de onde ele sairá – o sistema mundano, está
corrompido pelo pecado e seus seguidores não poderão enxergar sua verdadeira
face, por que estará cegados pela ação de Satanás, em um nível ainda maior do
que podemos constatar hoje.
2. Títulos do
Homem do Pecado. O título
principal deste personagem é “Anticristo” (1Jo 2.18). O apóstolo João, sempre
atento aos sinais dos tempos, soube como desmascarar os antecessores do Homem
do Pecado; em seus dias, já não eram poucos.
No Apocalipse, o
Homem do Pecado é descrito como a besta que sobe da terra (Ap 13.1). Se
retroagirmos a Daniel, constataremos que o Anticristo é apresentado como o
príncipe que há de vir (Dn 9.26). O Senhor Jesus, por sua vez, mostra-o como
aquele que, desprezando o Pai e o Filho, aparece mentindo e enganando os
incautos (Jo 5.43). [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2020. Lição 11, 15 Março, 2020]
A primeira ocorrência
do termo anticristo é em 2Ts 2.18. Seu uso é encontrado
somente nas epistolas de João. Aqui, e um nome próprio e refere-se ao
governante mundial que virá no fim, revestido pelo poder de Satanás, e que
tentará ocupar o lugar do verdadeiro Cristo e se opor a ele (Dn 8.9-11;
11.31-38; 12.11; Mt 24,15; 2Ts 2 ,1-1 2; Ap 13.1-5; 19.20). Ao longo da
história muitos anticristos tem surgido, e o termo é usado
para identificar e caracterizar os falsos mestres que estavam perturbando as
congregações de João porque suas falsas doutrinas distorciam a verdade e se
opunham a Cristo (Mt 24.24; Mc 13.22; At 20.28-30). O termo, portanto,
refere-se a um princípio do mal encarnado nos homens que são hostis para com
Deus e se opõem a ele (2Co 10.4-5). Em Apocalipse 13.1 João descreve outra
personagem, uma besta, literalmente, "um monstro", que
descreve um animal cruel e matador. No presente contexto, o termo representa
tanto uma pessoa, o anticristo, bem como seu sistema, o mundo. O último império
satânico mundial será inseparável do homem possesso de demônio que o conduz.
Ele também e descrito em Daniel 7.8,21-26; 8.23-25; 9.24-27; 11.36-45.
3. A natureza do
Homem do Pecado. O Homem do
Pecado será de tal forma usado por Satanás, que chegará a ser confundido com
este (2Ts 2.9). Ele aparecerá como uma espécie de “ungido” do Diabo. E, na
força do Maligno, realizará grandes sinais e prodígios, induzindo a humanidade
a recepcioná-lo como se fosse o próprio Deus (2Ts 2.4). Os que não tomarem
parte no arrebatamento da Igreja serão obrigados a prestar-lhe honras e
adoração (Ap 13.4). Nele, a possessão satânica será plena. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º
Trimestre 2020. Lição 11, 15 Março, 2020]
A "apostasia"
e a abominação da desolação que ocorrerá durante a tribulação, mencionada em
Daniel 9.27; 11.31 e Mt 24.15. Esse homem do pecado não é Satanás, embora
seja ele a força por trás dele e ele tem motivos semelhantes aos desejos do
diabo (Is 14.13-14). Paulo está se referindo ao ato genuíno da apostasia final
que revelará o último anticristo e estabelecerá o curso dos acontecimentos que
prenunciarão o Dia do Senhor. Aparentemente, ele será visto como um
incentivador da religião, de modo que Deus e Cristo não aparecem como seus
inimigos até a apostasia. Ele exalta a si mesmo e se opõe a Deus ao entrar no
templo, o lugar de adoração a Deus, declarando ser ele mesmo Deus e exigindo a
adoração do mundo. Com essa atitude satânica de autoendeusamento, ele comete a
grande apostasia em oposição a Deus. Nos primeiros três anos e meio da
tribulação, ele manterá relacionamento com Israel, mas colocará um fim nele (Dn
9.27), e nos últimos três anos e meio, haverá grande tribulação sob o seu
reinado (Dn 7.25; 11.36-39; Mt 24.15-21; Ap 13.1-8), que culminará no Dia do
Senhor.
Ele realizará atos
poderosos que apontarão para si mesmo como tendo recebido poder sobrenatural.
Toda a sua atuação será enganosa, seduzindo o mundo a adorá-lo e ser condenado.
Sua influência é limitada a enganar os não salvos que acreditarão em suas
mentiras (Mt 24.24; Jo 8.41-44). Eles perecem no engano por causa da cegueira
imposta por Satanás quanto a verdade do evangelho da salvação (Jo 3.19-20; 2Co
4.4). As pessoas que preferem amar o pecado e a mentira ao invés da verdade do
evangelho receberão a paga severa e divina, como todos os pecadores. O próprio
Deus mandará o juízo que assegura o destino deles em forma de influência
enganosa, de modo que eles continuarão a acreditar no que é falso, eles aceitam
o mau como bom, e a mentira como a verdade. Portanto, Deus utiliza Satanás e o
Anticristo como seus instrumentos de juízo (1Rs 22.19-23).
SUBSÍDIO
DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
“Inicie a aula desta semana desafiando
os alunos a identificarem a origem do Anticristo, os títulos que a Bíblia lhe
dá e sua natureza. Esse momento é importante para verificar a perspectiva dos
alunos quanto a este personagem tão enigmático da Bíblia. Após observar as reações
deles quanto a identificação do Anticristo, exponha integralmente este tópico,
alertando-os de que não cabe a nós cunhar a identidade do Anticristo em pessoas
históricas. Infelizmente, crentes sinceros já cometeram equívocos em identificarem
o Anticristo com líderes políticos e religiosos do passado e do presente. Fazer
esses tipos de acusações depõe contra a seriedade do assunto bíblico. O
Anticristo será um ser histórico, e literal, mas a nós não cabe o anseio de identificá-lo.
Afinal de contas, a nossa esperança é não vê-lo, mas ver a Cristo por ocasião
do arrebatamento da Igreja.
II. A O MISSÃO DO HOMEM DO PECADO
A missão do Homem
do Pecado será quádrupla: opor-se metodicamente a Deus, a Israel, a Cristo e à
Igreja.
1. Opor-se a Deus. Satanás não ignora este fato: jamais logrará derrotar
a Deus (Jó 42.2). Por essa razão, volta-se contra todas as obras divinas. Ele
tenta impedir, prioritariamente, o Evangelho de Cristo de alcançar os confins
do mundo, para que o Reino dos Céus jamais se instale na Terra. Ferozmente,
opõe-se a Deus, aos santos anjos, à Igreja, a Israel e aos redimidos do
Cordeiro (Dn 10.13-21; 1Ts 2.18; Ap 12.10,11,13-17).
Mantenhamo-nos
vigilantes. Oremos e Vigiemos. De nosso Deus temos a promessa: “E o Deus de paz
esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor Jesus
Cristo seja convosco. Amém!” (Rm 16.20). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2020.
Lição 11, 15 Março, 2020]
O propósito do
Anticristo: “O que levaria alguém a empreender tal arrogância enganosa? Por que
tal esforço num reino simulado? Por que alguém com este tipo de soberania
mundial sequer desejaria que seu reino fosse identificado com o de Cristo,
rotulado com o nome de Deus? Fazer estas perguntas é respondê-las. O propósito
do Anticristo é destruir os santos, os eleitos de Deus. E aqui chegamos ao
cerne do assunto. O homem Anticristo, habitado pelo espírito de Satanás,
opõe-se a Deus e a Jesus, o seu Cristo. Com um ódio que podemos retroceder até
a queda dos anjos antes de Gênesis 3, ele despreza Deus e a causa de Deus em
Jesus. Mas ele não pode tocar Deus, pois Deus o expulsou do céu, de acordo com
Apocalipse 12; e ele não pode tocar o Cristo de Deus, pois Jesus foi levado ao
céu. Assim, a única coisa que resta para ele fazer é soprar seu fogo sobre a
semente da mulher, a Igreja de Cristo. Apocalipse 12 descreve esta igreja como
o resto da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o
testemunho de Jesus Cristo. Em Mateus 24 eles são descritos como os escolhidos
de Deus. O diabo sabe que atacar a Igreja é atacar Jesus, o Cristo; e causar
danos ao corpo de Cristo é infligir danos sobre Cristo. Ele também sabe que,
porque os membros da igreja são os escolhidos de Deus, eternamente amados por
Deus (Deuteronômio 7:6-8), destruí-los é equivalente a derrotar Deus. Assim, os
objetos de sua fúria são os amados por Deus. Seu império mundial será mais uma
tentativa de ver concretizado seu sonho milenar de derrotar a Deus e o
propósito de Deus na Semente da mulher do que um inchar do seu ego. Em sua
mente, a promessa de Deus de que a cabeça da Serpente será esmagada nunca deve
ser cumprida. Ele deve ter a vitória e derrotar Deus. Derrotar o povo de Deus é
derrotar o próprio Deus. Ele deseja ter você, que guarda os mandamentos de Deus
e tem o testemunho de Jesus Cristo o eleito de Deus. E se isto é verdade, você
deve saber como ele trabalha. Você deve entender seus métodos”. (https://www.passeidireto.com/arquivo/39134624/o-anticristo-rev-barry-gritters/4.)
2. Opor-se a
Israel. Através de seus
anticristos, o Diabo vem reunindo todos os esforços para destruir Israel quer
física quer espiritualmente (Êx 1.8-22; Ap 2.14). O que dizer da destruição em
massa dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial? Nesse período, mais de seis
milhões de pessoas foram brutal e covardemente assassinadas.
Na Grande
Tribulação, o Homem do Pecado perseguirá implacavelmente os judeus, para
aniquilá-los de uma vez por todas (Ap 12.17). Mas, quando Jesus Cristo retornar
em glória, todo o Israel será salvo (Rm 11.26). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2020.
Lição 11, 15 Março, 2020]
Com esse espírito do
Anticristo, em oposição a Israel – como povo escolhido de quem viria o Messias,
houve uma rainha em Judá que por pouco, não impediu o surgimento do Messias,
Atália, a filha de Acabe com Jezabel. Casou com Jeorão, rei de Judá, ela
tornou-se regente do reino de Judá durante seis anos, sucedendo após a morte de
seu filho, Acazias. Promoveu o culto de Baal, da mesma forma que Jezabel, sua
mãe, havia feito anteriormente no Reino do Norte. Num ato de vingança contra a
execução de toda a Casa Real de Acabe, Atália mandou assassinar todos os
membros da Casa Real de Davi e assumiu o trono de Judá; seu intento de eliminar
a descendência de Davi foi frustrada por Jeoseba, que escondeu o herdeiro do
trono Joás, filho de Acazias, que tinha um ano de idade. Ele foi criado em
segredo no Templo de Jerusalém pelo Sumo Sacerdote Joiada e por sua mulher.
Nesse sentido, ainda,
aconteceram diversas diásporas, (heb tefutzah, "dispersado", ou גלות
galut "exílio"), as diversas expulsões forçadas dos judeus pelo
mundo, a começar pela queda de Jerusalém em 70 d.C., culminando com o
extermínio em massa promovido pelos alemães na 2ª Grande Guerra. Ainda hoje,
muitas nações se levantam contra Israel com planos de extinguir o povo judeu,
como os extremistas do Irã que sonham em varrer Israel do mapa.
As Escrituras afirmam
que Satanás voltará a sua frustrada fúria contra cada seguidor do Cordeiro que
encontrar – judeus ou gentios, contra qualquer que guardar os mandamentos de
Deus e o testemunho de Jesus, ou seja a verdade revelada de Deus e de Cristo.
3. Opor-se a Jesus
Cristo. No que concerne ao Filho
de Deus, a missão do Homem do Pecado é dupla: opor-se a Cristo, e colocar-se no
lugar de Cristo, como se ele (o Anticristo) fosse o verdadeiro messias e
salvador do mundo (Mt 24.5,23,24). Leia com atenção Ap 13.
No início, tentou
matar fisicamente o Filho de Deus (Mt 2.13). Depois, procurou enredá-lo na
tentação do deserto (Mt 4.1). E, finalmente, reuniu todos os seus recursos
“teológicos” para destruir a genuína cristologia – o estudo da vida e da obra
de Cristo (1Jo 4.2,3).
O Homem do Pecado
nega tanto a humanidade como a divindade de Nosso Senhor. Quanto a nós,
professaremos audaciosamente que Jesus Cristo é Verdadeiro Homem e Verdadeiro
Deus. Aleluia!. [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2020. Lição 11, 15 Março, 2020]
“O anticristo é quem
nega que Jesus é o Cristo, a encarnação de Deus na terra (1 João 2:22-23). Essa
pessoa recusa aceitar a verdadeira identidade de Jesus: Deus feito homem. Um
anticristo poderá acreditar que Jesus é Deus mas nunca veio como um homem verdadeiro;
ou poderá dizer que Jesus era apenas um homem, não Deus; ou poderá nem
acreditar que Jesus existiu! O anticristo espalha mentiras sobre Cristo. Todo
crente deve tomar cuidado contra ensinamentos de anticristos. É muito
importante conhecer a verdade da Bíblia, para não ser enganado. Jesus é Deus.
Ele veio como um homem para salvar o mundo do pecado. Ele pode salvar você.
Todo que nega isso é o anticristo (2 João 1:7).” (https://www.respostas.com.br/quem-e-o-anticristo/).
Note que o anticristo ataca a doutrina, o verdadeiro ensino! Nestes dias, temos
visto muitos pseudo-pregadores ensinando heresias e sendo seguidos e aplaudidos
por uma multidão, em sua maioria jovens. Urge estudarmos de forma acurada as
Escrituras, guardá-la no coração, até mesmo decorando seu texto, para que esse
homem da iniquidade não nos arranque aquilo que temos por mais precioso – a
Palavra de Deus!
João nos oferece uma
fórmula pela qual reconheceremos quem se coloca no papel de Homem do Pecado: “Nisto
reconheceis o Espírito de Deus” (1Jo 4.2). O modo de avaliar se
o propagador da mensagem é um espírito demoníaco ou o Espírito Santo, é se seu
ensino considera a divindade e a humanidade - Jesus Cristo veio em
carne. Essa é a primeira prova de um verdadeiro mestre: ele reconhece
e proclama que Jesus é o Deus encarnado que se fez homem! Os falsos mestres que
negavam a verdadeira natureza do Filho devem ser identificados com os
anticristos. O mesmo engano demoníaco que entrara em ação para gerar o último
líder mundial que governará como o falso Cristo está sempre procurando
distorcer a verdadeira natureza de Jesus Cristo, corrompendo o evangelho. O último
anticristo não será algo novo, mas a personificação máxima dc todos os
espíritos dc anticristo que corromperam a verdade e propagaram mentiras satânicas
desde o princípio, Isso e semelhante a passagem de 2Ts 2.3-8, na qual o homem
da iniquidade (o Anticristo) ainda está para ser revelado, mas o mistério da
iniquidade está sempre em ação.
4. Opor-se à
Igreja. O Homem do Pecado opõe-se
impiedosamente aos discípulos de Jesus Cristo (Jo 15.18,19). Ele sabe como usar
o sistema mundano contra a Igreja. Mas, consolemo-nos, pois o que está em nós é
mais poderoso que o Maligno (1Jo 4.4). Não temamos, pois, o que nos pode matar
o corpo, mas nada pode fazer quanto à nossa alma (Mt 10.28). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º
Trimestre 2020. Lição 11, 15 Março, 2020]
A perseguição não
acontece somente na forma de morte e encarceramento ou proibição de manifestar
a fé publicamente. Ela também acontece de dentro para fora, e esta é a forma
mais destruidora, porque alcança as mentes desprovidas do conhecimento bíblico.
Os cristãos precisam estar cientes e alertas quanto aos falsos ensinos, mas não
temer, uma vez que aqueles que tiveram a experiência do novo nascimento e é
habitado pelo Espírito Santo dispõem de um mecanismo de proteção contra o falso
ensino. O Espírito Santo conduz a doutrina para que os cristãos genuínos
evidenciem que a salvação de fato ocorreu (Rm 8.17). Os verdadeiros cristãos
nada tem a temer, pois as hostes de Satanás com suas perversões não podem
arrancá-los da mão do Senhor. A proteção contra o erro e a vitória
sobre ele são garantidas pela sã doutrina e pela morada do Espírito Santo que
ilumina a mente. O AT e o NT são os únicos parâmetros pelos quais todo ensino
deve ser testado. Em contrapartida, os mestres inspirados por demônios rejeitam
o ensino da Palavra de Deus ou acrescentam elementos a ela (2Co 4.2: Ap
22.18-19).
SUBSÍDIO
TEOLÓGICO
“O apóstolo Paulo tinha de lidar com falsos
mestres que diziam que o Dia do Senhor já tinha chegado (2 Ts 2.2 - NVI). Os
tessalonicenses tornaram-se inquietos e alarmados porque esses mestres, segundo
parece, negavam a volta literal do Senhor e ‘nossa reunião com ele’ no arrebatamento
(2.1). Obviamente, já não se encorajavam uns aos outros de maneira que Paulo
lhe ordenara (1 Ts 4.18; 5.11). Por isso, Paulo explicou que aquele dia não
viria ‘sem que antes venha a apostasia e se manifeste o homem do pecado, o
filho da perdição’ (2 Ts 2.3). Isto é: essa apostasia e a revelação do Anticristo
seriam as primeiras coisas a acontecerem
no Dia do Senhor. Assim não aconteceria enquanto ‘o mistério da injustiça’
estivesse refreado (2 Ts 2.7). Posto que tais coisas ainda não era chegado, e
ainda podiam eles encorajar-se uns aos outros com a esperança certa de serem
arrebatados para encontrar-se com o Senhor nos ares” (HORTON, Stanley
(Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de
Janeiro: CPAD, p.636).
III. A DESTRUIÇÃO DO HOMEM DO PECADO
Vejamos, agora, a
ascensão, o auge e a ruína do Homem do Pecado. Ao contrário do Reino de Jesus
Cristo, o império de Satanás não é eterno, mas temporal e efêmero.
1. A ascensão de
seu império. Tão logo a Igreja seja
arrebatada, Deus permitirá que Satanás, através de seus dois escolhidos – a
Besta e o Falso Profeta –, reine absolutamente por três anos e meio (Ap 13.5).
O primeiro será um agente político, e o segundo um delegado religioso. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º
Trimestre 2020. Lição 11, 15 Março, 2020]
Deus soberano
estabelecerá os limites nos quais o anticristo terá permissão para falar e
agir. Deus permitirá que ele expresse suas blasfêmias, para levar a fúria de
Satanás ao auge na terra durante três anos e meio (Ap 13.5; 11.2-3;
12.6,13-14). Os três anos e meio finais — 1.260 dias — do "tempo de
angústia para Jacó" (Jr 30.7) e da 70ª semana de Daniel (Dn 9.24-27),
conhecidos como a grande tribulação, quando de fato o iníquo se revelará, o
abominável da desolação (Mt 24.15).
2. O auge de seu
império. O Homem do Pecado, no auge
de seu poder, dominará tanto a economia quanto a religiosidade humana,
agrupando todas as coisas sob o seu comando (Ap 13.7,8,16-18). O seu governo, a
princípio, será aceito por todos sem qualquer contestação (Ap 13.4). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º
Trimestre 2020. Lição 11, 15 Março, 2020]
O anticristo será
primariamente um líder político e militar, mas o falso profeta será um líder
religioso. Política e religião se unirão numa religião universal de adoração ao
anticristo (veja 17.1-9,15-17). Pessoas no mundo inteiro ficarão abismadas e
fascinadas quando o anticristo reinar e pacificar e inclusive, promover coisas
prodigiosas como parecer ter ressuscitado dos mortos. Seus poderes
carismáticos, brilhantes e atrativos, porém ilusórios, instigarão o mundo a
segui-lo sem questionar (Ap 13.14; 2Ts 2.8-12). O anticristo terá
permissão para massacrar aqueles que são filhos de Deus (cf. 6.9-11; 11.7;
12.17; 17.6; Dn 7.23-25; 8.25; 9.27; 11.38; 12.10; Mt 24.16-22). O
anticristo jamais pode tirar a salvação dos eleitos. O eterno registro dos
eleitos jamais será alterado, nem os salvos adorarão o anticristo no dia dele.
3. A ruína de seu
império. Passados os três primeiros
anos e meio de seu governo, o Anticristo começará a experimentar a ira do
Cordeiro de Deus. Sua ruína ocorrerá no auge de sua administração (1Ts 5.3). E,
depois que todas as pragas se abaterem sobre o seu reino, será ele, juntamente
com o Falso Profeta, lançado no lago de fogo, para onde será jogado também,
após o Milênio, o arqui-inimigo de Deus — Satanás (Ap 19.20; 20.10). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º
Trimestre 2020. Lição 11, 15 Março, 2020]
O cenário é o
Armagedom... a besta foi aprisionada... num instante, os exércitos do mundo
ficam sem líderes. A besta é o anticristo; o falso profeta é sua coorte
religiosa, são lançados vivos os corpos da besta e do falso profeta serão
transformados e serão banidos diretamente para o lago de fogo (Dn 7.11) – os
primeiros de incontáveis milhões de pessoas não regeneradas (Ap 20.15) e anjos
caídos (Mt 25.41) a chegarem a esse terrível lugar. O fato desses dois ainda
aparecerem lá mil anos mais tarde (Ap 20.10) refuta a falsa doutrina da
aniquilação defendida pelos Adventistas (Ap 14.11; Is 66.24; Mt 25.4 1; M c
9.48; Lc 3.17; 2Ts 1.9). É interessante notar que o inferno será inaugurado
nesse momento, o lago de fogo e enxofre, lugar de punição eterna de todos os
rebeldes impenitentes, angélicos ou humanos (Ap 20.10,15). Notemos, ainda, o
interessante fato de que o Novo Testamento fala mais de Inferno do que de céu;
a punição eterna é recorrente e nos alerta da severidade e seriedade que o
assunto requer, da urgência e comprometimento de todos nós em anunciar o
Evangelho e assim alcançar alguns para o Reino Eterno.
SUBSÍDIO
TEOLÓGICO
“Esse número é identificado como 666 [o nome da besta, ou o número do seu
nome], número este que tem dado origem a muitos tipos de especulação, mas ‘é
número de homem [de um ser humano]’, de modo que, dalguma maneira, é identificado
com o fato de que o Anticristo alega ser Deus mas é realmente mero homem. Por
esses meios, ele conseguirá o controle econômico e se tornará ditador do mundo inteiro.
Mas não conseguirá impedir a queda do sistema mundial babilônico e o total colapso
econômico do mundo (Ap 18.1-24). E depois, no fim da Grande Tribulação,
comandará exércitos de muitas nações arregimentados por Satanás, em Armagedom.
É então que Jesus o ‘desfará pelo assopro de sua boca e o aniquilará pelo
esplendor de sua vinda’ (2 Ts 2.8). Esse acontecimento é retratado
poderosamente em Daniel 2.34,35,44,45 e Apocalipse 19.11-21. Seu destino final
será ‘no ardente lago de fogo e de enxofre’ (Ap 19.20)” (HORTON, Stanley
(Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de
Janeiro: CPAD, p.637).
CONCLUSÃO
O Homem do Pecado será o ser humano mais iníquo, mau e
blasfemo de todos os tempos. Em termos de maldade, quer essencial, quer formal,
será ele superado apenas por Satanás. Aparelhado pelo Diabo, há de se levantar
contra a criação e contra o próprio Criador.
No entanto, ele não irá adiante, pois o Senhor Jesus Cristo
o destruirá com o sopro de sua boca (2 Ts 2.8). Ninguém pode resistir ao
Cordeiro
de Deus, porque Ele é o Leão da Tribo de Judá –
o Rei dos reis e Senhor dos Senhores. Glória a Jesus! [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º
Trimestre 2020. Lição 11, 15 Março, 2020]
Imaginemos o que será a
reunião da maldade de todos os nomes da maldade conhecidos em um só homem...
esse é o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e
aniquilará pelo esplendor da sua vinda (2Ts 2.8).
No momento divinamente
estabelecido, em meio a tribulação, quando Deus afastar a restrição divina,
Satanás, quem tem favorecido o espírito da iniquidade, tem, finalmente, a
permissão para realizar o seu desejo de imitar a Deus, habitando o homem que
fará a sua vontade como Jesus fez a de Deus. Isso também se encaixa no plano de
Deus quanto a consumação do mal e o juízo do Dia do Senhor. A sentença de morte
deste homem possuído por Satanás já está decretada e ocorrerá pelas mãos de
Deus (Dn 7.26; Ap 17.11) e esse homem e seu companheiro, o falso profeta, serão
lançados vivos no lago de fogo e enxofre, onde ele estará separado de Deus para
sempre (Ap 19.20; 20.10).
Francisco Barbosa
Disponível no blog:
auxilioebd.blogspot.com.br
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