COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I
INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos uma
definição de cultura; pontuaremos algumas características da cultura humana
marcada pelo pecado; estudaremos algumas considerações gerais sobre a cultura
humana à luz das Escrituras Sagradas; notaremos como o cristão deve se
relacionar com a cultura; e por fim, mostraremos o evangelho influenciando a
cultura humana.
I – DEFINIÇÃO DO TERMO CULTURA
1.1 Conceito da palavra cultura. A palavra “cultura” significa: “o conjunto de comportamentos e
ideias característicos de um povo, que se transmite de uma geração a outra e
que resulta da socialização e aculturação verificadas no decorrer de sua
história (BURNS, 1995, p. 15). Segundo o dicionarista Houaiss (2001, p. 888)
cultura é: “conjunto de padrões de comportamento, crenças, conhecimentos e
costumes que distinguem um grupo social; forma ou etapa evolutiva das tradições
e valores intelectuais, morais, espirituais de um lugar ou período específico”.
Portanto, podemos dizer que, fazem parte da cultura de um povo as seguintes
atividades e manifestações: música, teatro, rituais religiosos, língua falada e
escrita, mitos, hábitos alimentares, danças, arquitetura, invenções,
pensamentos, formas de organização social, etc. A cultura resume todos os
costumes ligados à família, à nacionalidade, ao trabalho e ao modo do ser
humano encarar a vida.
II – CARACTERÍSTICAS DA CULTURA
HUMANA MARCADA PELO PECADO
2.1 Relativista. Relativismo
é o ensino que faz a verdade depender do indivíduo ou do grupo, do tempo ou do
lugar. Ou seja, aquilo que é visto como correto para um, pode ser visto como
errado para outro (Jz 21.25; Is 5.20). A palavra de Deus no entanto, como
“regra de fé e prática” do cristão, não admite posições relativistas, no que
concerne a moral ou a ética. Nela encontramos princípios divinos que direcionam
e guiam a vida do cristão, independente de sua cultura, status ou época (Sl
119.9,11,105; Jo 17.17; 1Co 6.12; 10.23). Numa sociedade corrompida e perversa
(Fp 2.15) em que o “mundo jaz no maligno” (1Jo 5.19), não é de se estranhar que
a humanidade viva no seu dia-a-dia, “uma inversão dos valores e dos padrões
morais” (Is 5.20).
2.2 Materialista. A
cultura humana tem sido marcada pelo materialismo, onde se tira totalmente a
ideia do espiritual, tudo se limita ao físico, ao terreno, ao transitório (1Tm
6.7; Jó 1.21). Cultura que se valoriza, pelo que se tem, em detrimento da vida
espiritual e da vindoura (Lc 12.20,21). Paulo se contrapõem a esse pensamento
ao dizer: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de
todos os homens” (1Co 15.19). A cultura cristã embora não anule a realidade
física da existência com suas necessidades mais pessoais (Mt 6.31-33), enfatiza
a realidade espiritual como sendo o ideal de quem passou pelo novo nascimento (Mt
6.19,20; Cl 3.1-3). Devemos fazer a diferença em nossa cultura como nos ensina
a Bíblia (Fp 1.27 ver ainda Rm 12.2; 1Co 10.32), seguindo o exemplo dos nossos
pais: “Segundo a tradição que de nós recebeu” (2Ts 3.6).
2.3 Antropocêntrica. O
antropocentrismo tem sido outra marca da cultura atual marcada pelo pecado. É
uma Ideologia ou doutrina, de acordo com a qual o ser humano é o centro de
tudo, sendo ele rodeado por todas as outras coisas; dentro dessa perspectiva
tudo converge para o homem (Dn 4.30; Lc 12.17-19). Esta ideia porém, choca-se
frontalmente com o teocentrismo ensinado nas Escrituras, ou seja, Deus é o
centro de todas as coisas: “Porque dele, e por ele, e para ele são todas as
coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!” (Rm 11.36).
III – CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE
A CULTURA HUMANA À LUZ DAS ESCRITURAS
3.1 Quando a cultura contradiz as Escrituras, deve ser rejeitada e
combatida. Podemos ver no AT que os
costumes dos povos deveriam ser rejeitados pelos israelitas porque estavam
ligados a uma religião idólatra e cruel (Lv 18.24-29). Estes costumes incluíam
práticas que abrangiam as diversas áreas da vida como a família, a vestimenta,
a religião, a arquitetura, direito, etc (Dt 2.5). Em certas situações toda a
cultura de um povo deveria ser completamente destruída (Dt 25.17-19; 1Sm
15.2-3). Os filhos de Israel deveriam cumprir o mandamento de não cortar o
cabelo em redondo, nem danificar as extremidades da barba (Lv 19.27). É
provável que aquele costume cultural identificasse a pessoa com o paganismo e
por isso deveria ser rejeitado (Rm 12.2). É a Igreja que influencia os padrões
de vida e costumes do mundo, porque ela é “o sal da terra” e “a luz do mundo”
(Mt 5.13,14). O povo de Deus é um povo diferente no mundo, no sentido
espiritual, moral e social (1Co 10.32). A Igreja é um grupo social, dentro de
um contexto maior, chamado sociedade, repleto de padrões culturais
antibíblicos, onde quer que a Igreja se encontre e por isso precisa fazer a
diferença (1Co 6.20; Tt 2.10).
3.2 O que da cultura não contradiz as Escrituras, deve ser utilizada com
sabedoria. Apesar da cultura estar
contaminada pelo pecado, ela pode ser uma fonte da verdade, se não vier a
contradizer os princípios bíblicos. Daniel e seus amigos na corte babilônica é
um grande exemplo. Eles foram dotados por Deus com o conhecimento e
inteligência em toda literatura e sabedoria (Dn 1.17-21). Isto quer dizer que
ele tinha conteúdo cultural e sabia usar aquele conhecimento com equilíbrio e
sabedoria. Apesar deste conhecimento Daniel e seus companheiros não permitiram
que, no que a cultura babilônica feria os princípios divinos comprometessem sua
fé (Dn 1.8). Quando o costume cultural está de acordo com a verdade bíblica,
ele deve ser preservado e seguido; porém, quando contraria os princípios estabelecidos
na Palavra de Deus, deve ser rejeitado e combatido pela Igreja de Cristo (At
5.29; Fp 4.8). Logo, a cultura até certo ponto não é nociva, desde que não
venha a ferir os princípios da Palavra de Deus. Quando uma respectiva nação
praticava um costume fora da vontade de Deus, a Bíblia é bem clara: “E não
andeis nos costumes das nações que eu expulso de diante de vós, porque fizeram
todas estas coisas; portanto fui enfadado deles” (Lv 20.23 ver ainda Dt 22.5).
IV – COMO O CRISTÃO DEVE SE
RELACIONAR COM A CULTURA
4.1 O exemplo do apóstolo Paulo. Ele também foi um cristão que entrou em contato com a cultura do
seu tempo, mas não deixou se corromper por nenhuma prática cultural. Seus
escritos revelam conhecimentos razoáveis em variadas áreas da cultura (At
17.15-34). Paulo podia levar os princípios eternos da revelação especial que
ele recebia a sua prática? Sim! Porque conhecia bem os costumes judaicos em que
ele fora criado, bem como os costumes dos povos que ele estava evangelizando
(1Co 11.1-16). Apesar deste conhecimento cultural, o apóstolo Paulo não
negociava com a cultura de sua época se esta prejudicasse a Palavra que ele
pregava. Para Paulo, o meio de salvação dos perdidos era a pregação do
evangelho. Ele rejeitou a retórica dos gregos para que a fé daqueles irmãos não
repousasse sobre a sabedoria humana, mas sobre o poder de Deus (1Co 2.1-5).
4.2 Jesus Cristo, o mais sublime de todos os exemplos. O Senhor Jesus é o maior e melhor exemplo de
alguém que não deixou ser influenciado pela cultura prevalecente de seus dias.
Ele veio ao mundo como homem (Jo 1.14; Fp 2.5-11), foi circuncidado e
apresentado no templo (Lc 2.21-38), participou das festas judaicas (Lc
2.39-43), demonstrando estar em contato com sua cultura. Porém, não se rendeu a
ela para ir de encontro aos princípios da Palavra de Deus (Mc 7.1-16). Os
cristãos devem ser agentes transformadores da sociedade. Nossa responsabilidade
de transmitir e viver adequadamente o evangelho em qualquer cultura é bíblica.
Escrevendo aos coríntios o apóstolo Paulo diz: “Portanto, quer comais quer
bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus” (1Co
10.31). Significa dizer que tudo o que fazemos na vida, até as coisas mais
instintivas, como o comer e o beber, deve ser feito com a plena conscientização
da glorificação a Deus. Não podemos, portanto, simplesmente aceitar uma cultura
como ela é sem ter a visão clara do que ela tem contrário à Palavra de Deus.
V – O EVANGELHO INFLUENCIANDO A
CULTURA HUMANA
5.1 A igreja e a pregação do Evangelho. Uma das principais atribuições da igreja é a
de influenciar a cultura e a sociedade onde ela está inserida (Mt 5.13-16; Mc
9.49; Lc 14.34-35; Mc 4.21; Lc 8.16; 1Pd 2.12). E como ela pode fazer isto?
Priorizando os princípios da Palavra de Deus, independente do modelo cultural
da sociedade. Na prática, significa combater o pecado, mesmo que este seja
visto como uma questão cultural. É ensinar sobre a fidelidade conjugal (Hb
13.4), mesmo quando a infidelidade já se tornou comum; combater a mentira e o
engano (Ef 4.25; Rm 12.17), ainda que sejam vistas como coisas normais ou
naturais; pregar contra o paganismo e a idolatria (Rm 2.22; 1Jo 5.21), mesmo
quando ela é vista como mera religiosidade, etc. Recebemos do Senhor Jesus uma
responsabilidade para produzir uma cultura debaixo do Senhorio de Cristo (2 Co
10.4,5), ou seja, promover a cosmovisão cristã em um mundo pluralista (Rm
12.1,2), onde as culturas estão afetadas em suas estruturas e práticas do
pecado, necessitando assim, que a Igreja exerça sua função profética (1Pd
2.9,10), mostrando o caminho que Deus planejou para vivermos como seres
humanos, julgando nossas vidas por essas normas. 5.2 O evangelho na cidade de
Éfeso. Esta era a capital da província romana da Ásia. A cultura era
extremamente influenciada pelo paganismo e hedonismo (busca desenfrenada pelo
prazer) ali estava o foco de adoração da deusa da fertilidade, Ártemis ou Diana
(At 19.27) que possuía um templo (At 19.28) que foi considerado uma das sete maravilhas
do mundo antigo. Historiadores calculam que a população da cidade de Éfeso no
primeiro século era cerca de 250 a 500 mil habitantes. Paulo na unção do
Espírito Santo (At 19.11,12), começou a pregar nesta cidade e o impacto do
evangelismo foi tão grande que agitou a cidade, provocando muitas conversões
até mesmo de pessoas ligadas ao ocultismo (At 19.18); de modo que Lucas relata:
“assim a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia” (At 19.19).
Durante o tempo que ali passou, Deus operou poderosamente através do apóstolo
(At 19.11), em Éfeso houve várias conversões (At 19.18,19), batismo no Espírito
Santo (At 19.6,7), curas divinas e expulsão de demônios (At 19.12), e a
propagação do evangelho (At 19.10,20,26), resultando no temor a Deus e a
glorificação do nome do Senhor Jesus (At 19.17).
5.3 O evangelho na cidade de Corinto. O apóstolo Paulo escrevendo aos coríntios deixou muito claro que a
cultura não está acima das Escrituras (1Co 10.12,23,31). Tudo o que o crente
fizer deve objetivar a glória de Deus, pois para isto é que fomos criados (Ef
1.12). A Bíblia adverte-nos: “Tende cuidado para que ninguém vos faça presa
sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas [...]” (Cl 2.8). Um dos maiores
desafios da igreja nestes últimos dias é lutar contra os enganos e os ardis do
Inimigo na nossa cultura. Os costumes e cultura nunca têm o peso de doutrina,
porém, a doutrina bíblica é que gera os bons costumes nas culturas (Dt 7.6).
Paulo ensinou que há coisas que em si mesmas não são pecado, mas são moldadoras,
dominadoras, controladoras e por isso, devem ser evitadas: “Nem todas as coisas
me convêm” (1Co 6.12a), por este motivo a recomendação bíblica: “Não me
deixarei dominar por nenhuma” (1Co 6.12b). Há coisas que em si mesmas não são
pecado, mas são embaraçosas (Hb 12.1). Há coisas que em si mesmas não são
pecado, mas dão a aparência de pecado (1Ts 5.2). Nossos usos e costumes não
devem provocar escândalos (1Pd 3.3-5).
CONCLUSÃO
Vimos que cultura é a atividade humana que intenciona o uso, o prazer e
o desenvolvimento da raça humana. A Bíblia nos fala a respeito da cultura. Ela
diz que, quando a cultura contradiz a verdade revelada, ela deve ser combatida;
ensina também que, quando um costume cultural está de acordo com os princípios
eternos, ele deve ser seguido. E, acima de tudo ela relata diversos exemplos de
pessoas que, mesmo estando inseridas em diversas culturas, elas permaneceram
fiéis a Deus
Prof. Paulo
Avelino. Disponível em: https://www.portalebd.org.br
COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Na lição de hoje,
estudaremos a cultura humana através do prisma da Bíblia Sagrada. Nosso intento
é mostrar que nenhuma cultura pode ser tida como neutra, ou inofensiva, porque
todas elas acham-se contaminadas pelo pecado de Adão.
Em seguida,
veremos que a cultura humana tornou-se o abrigo natural do homicídio, do sexo
depravado, da usura e da rebelião contra Deus. Mas a boa notícia é que o
Evangelho de Cristo pode transformar qualquer cultura.
Quanto a nós,
Igreja de Cristo, não nos conformemos com este mundo que jaz no Maligno, como
fez Israel e Judá. Por aceitar todas as impurezas das culturas vizinhas e
longínquas, ambos os reinos foram destruídos. Mantenhamos nossas propriedades
como povo de Deus. Os irmãos de Tessalônica são um exemplo para todos nós por
terem colocado em prática a sua fé no Senhor, testemunhando de Cristo em
diversos lugares. [Lições
Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2020. Lição 10, 8 Março, 2020]
“Os cristãos vivem
grandes desafios todos os dias e, um deles, sem dúvidas, é a sua relação com a
cultura onde estão inseridos. A cultura sempre foi, e sempre lhes será, um
grande desafio. Ao enfrentá-lo, algumas opções lhes são apresentadas:
Amoldar-se a ela, rejeitá-la completamente, ou tentar viver de maneira a lhe
trazer redenção. O Brasil é um país de rica e diversificada cultura. A miscigenação
do povo brasileiro é algo que não se repete em outros povos com tamanha
intensidade e evidência. O resultado disso é uma cultura eclética que traz
consigo traços dos mais diversos povos que construíram a população – europeus,
africanos e os nativos indígenas. Segundo o Dr. Augustus Nicodemus, toda
cultura é “uma mistura de coisas boas decorrentes da imagem de Deus no ser
humano e da graça comum, e coisas pecaminosas resultantes da depravação e
corrupção do coração humano. Toda cultura, portanto, por mais civilizada que
seja, traz valores pecaminosos, crenças equivocadas, práticas iníquas que se
refletem na arte, música, literatura, cinema, religiões, costumes e tudo mais
que a compõe”. Por causa dessas questões, os cristãos que levam a Bíblia a sério
costumam ter uma atitude, no mínimo, cautelosa em relação à cultura, exatamente
por perceberem nela traços da corrupção humana. Contudo, é bom ressaltar que,
nem tudo que envolve a cultura é pecaminoso e mal. O homem, como expressão da
imagem de Deus, foi dotado de criatividade para exercer o domínio sobre a
criação e ser uma bênção na edificação de uma sociedade segundo a vontade de
Deus (Gn 1.26-30; 2.1-15). Este “mandato cultural”, bem como suas
prerrogativas, foi determinado a todos os homens, independente de sua fé.
Chama-se esta bênção de “graça comum”, uma vez que ela age tanto em cristãos
quanto em não cristãos. Os servos de Deus precisam ter discernimento para
julgar a cultura e, biblicamente, refletir sobre tudo o que a envolve a fim de
não praticar ou apoiar aquilo que, pode ser bom e bonito aos olhos humanos,
porém, reprovado diante do Senhor. As advertências bíblicas atestam que, a
liberdade que o cristão tem no Senhor, não deve ser usada para justificar
quaisquer práticas pecaminosas (Gl 5.13) e, a despeito de tudo ser lícito, nem
tudo lhe convêm fazer (1Co 6.12)” (ultimato).
I. O QUE É A CULTURA
De acordo com a
Bíblia Sagrada, o ser humano foi criado para fazer e produzir cultura, a partir
da criação divina. Neste tópico, veremos, ainda, a cultura dos gentios e a
cultura do povo de Deus.
1. Definição de
cultura. No princípio, a cultura
tinha a ver apenas com o cultivo da terra, visando a produção de alimentos (Gn
4.2). Depois, passou a ser considerada como a soma de todas as realizações
humanas: espirituais, intelectuais, materiais etc. Semelhante tarefa foi considerada
enfadonha por Salomão (Ec 1.1-13).
A cultura pode ser
definida também pela maneira como uma nação encara as demandas e reivindicações
divinas (Lv 20.23). [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2020. Lição 10, 8 Março, 2020]
Segundo o Dicionário
online Michaelis,
Cultura é o conjunto de conhecimentos adquiridos, como experiências e
instrução, que levam ao desenvolvimento intelectual e ao aprimoramento
espiritual; instrução, sabedoria. Somente no sentido agrícola o termo toma a
forma como o comentarista inicia o subtópico: “, a cultura tinha a ver
apenas com o cultivo da terra, visando a produção de alimentos (Gn 4.2)”, o
que não se aplica à Cultura como definida pela antropologia, que é a proposta
da lição: “Conjunto de conhecimentos, costumes, crenças, padrões de
comportamento, adquiridos e transmitidos socialmente, que caracterizam um grupo
social.”
“Cultura significa
todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a
moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano não
somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade da qual é
membro. Cultura também é definida em ciências sociais como um conjunto
de ideias, comportamentos, símbolos e práticas sociais, aprendidos de
geração em geração através da vida em sociedade”[1]
“O termo cultura,
que provém do latim cultus, faz referência à ação de cultivar o espírito humano
e as faculdades intelectuais do homem. A sua definição foi evoluindo ao longo
dos anos: desde a época do Iluminismo, a cultura passou a ser associada à
civilização e ao progresso. Em geral, a cultura é uma espécie de tecido social
que abarca as diversas formas e expressões de uma determinada sociedade. Como
tal, os costumes, as práticas, as maneiras de ser, os rituais, a indumentária
(forma de se vestir) e as normas de comportamento são aspectos incluídos na
cultura”
Também, não se aplica
ao proposto na lição o texto de Provérbios 1.13, onde Salomão fala da
sabedoria. O uso que Salomão faz desse termo, de uma maneira tipicamente
hebraica, e mais prático do que filosófico, e suas implicações vão muito além
do simples conhecimento. O termo carrega noções de capacitação para o
comportamento adequado, sucesso, bom senso e perspicácia. A busca do homem pelo
conhecimento as vezes é difícil e de enfadonho trabalho mesmo
quando dada por Deus. O texto não se refere à busca de cultura ou fazer cultura
como enfadonha, como se sugere no comentário.
2. A cultura dos
gentios. Por haverem perdido o
verdadeiro conhecimento de Deus, que lhes havia transmitido o patriarca Noé,
logo após o Dilúvio, os seres humanos passaram a adorar a criatura em lugar do
Criador (Rm 1.18-25). E, a partir daí, puseram-se a imaginar coisas vãs e soberbas
(Gn 11.6; Sl 2.1).
Hoje, a
antropologia cultural vê, como meros fenômenos sociológicos e culturais, a
prostituição, o homicídio, a corrupção e até mesmo o infanticídio (2Rs 23.7; Lv
20.1-5; Ed 9.11). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2020.
Lição 10, 8 Março, 2020]
A Antropologia Cultural
é um dos quatro grandes ramos da Antropologia Geral e estuda a diversidade
cultural humana, tanto de grupos contemporâneos, como extintos. Ocupa-se do
estudo da identificação das formas como os diferentes grupos habitam,
alimentam-se, vestem-se, como estes organizam suas relações sociais, suas
manifestações religiosas e como compreendem o significado dos seus símbolos.
Depois da queda e
expulsão do Édem, tudo o que o homem cria está manchado pelo pecado. Não foi
após Noé, mas com o primeiro casal, toda ação humana está manchada. Assim
sendo, inclusive as ciências sociais como esta analisa a dicotomia humana sob
uma ótica deturpada pelo estado de pecado. A afirmativa do comentarista “a
antropologia cultural vê, como meros fenômenos sociológicos e culturais, a
prostituição, o homicídio, a corrupção e até mesmo o infanticídio” carece
de mais pesquisa, até onde cheguei, não encontrei nenhum artigo que dissesse o
mesmo.
“Imagine que você
está em uma sala de concerto, apreciando uma linda orquestra interpretando a
majestosa obra de J.S. Bach, Concerto de Brandemburgo No. 1, em F maior. Duas
trompas, três oboés, um fagote, três violinos, uma viola, um violoncelo e um
cravo. Todos esses instrumentos soam a boa música barroca que transcende o
ambiente. De repente, surgem, no palco, alguns indivíduos que desafinam todas
as cordas, e obstruem todos os instrumentos de sopro. Uma grande catástrofe
dissonante e desafinada atinge os ouvidos da plateia, que não suporta o som
desarmônico. No entanto, você está ouvindo, mesmo de maneira
desconfortável, os instrumentos com seus timbres – violino com som
de violino, oboé com som de oboé. Assim é a boa criação que Deus fez – como uma
bela orquestra onde os instrumentos afinados desempenham a boa melodia,
harmonizando-se com o conjunto e revelando a mais bela obra musical jamais
vista. O pecado, no entanto, entrou no palco da criação e direcionou-a para um
fim que não se harmoniza e não se adequa com o bom propósito de Deus. Mas, em
sua natureza intrínseca, e de acordo com os desígnios de Deus para com a
criação, os relacionamentos, a criatividade, a natureza, o conhecimento, são
como os instrumentos da orquestra que desempenham sua função, mesmo eu
desafinado, ou melhor, mesmo que afetado pelo pecado. [...]As cidades, na
Bíblia, como Babel, Sodoma e Gomorra, Egito, Canaã, Babilônia e Roma – foram
cidades que apresentaram a máxima expressão de perversidade humana
(GOLDSWORTHY, 2018). Os descendentes de Caim e as pessoas de Babel, por
exemplo, desenvolveram o mandato cultural: domesticação de animais, música,
engenharia, tecnologia e arte. Mas, no meio desse desenvolvimento, os efeitos
parasitários do pecado como a violência, o orgulho e a autonomia de Deus,
acarretou juízo Todo o desenvolvimento cultural, para não entrar em colapso e
caos, é sustentado pela graça comum de Deus – essa graça é a “dádiva da
preservação da raça durante um tempo, mas não é a graça que age para redimir um
povo e lhe restaurar a amizade com Deus” (GOLDSWORTHY, 2018).”3
3. A cultura do
povo de Deus. A visão do povo de Deus,
quanto à cultura, tem como fundamento a Bíblia Sagrada, a inspirada, inerrante
e completa Palavra de Deus (2Tm 3.16,17). Por essa razão, tudo quanto fazemos
tem como base esta proposição: a Terra é do Senhor (Sl 24.1). Haja vista os
filhos de Israel. Eles consagravam ao Senhor até mesmo suas colheitas (Lv
23.10).
Portanto, tudo
quanto fizermos tem de ser aferido por este mandamento apostólico: “Portanto,
quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a
glória de Deus” (1Co 10.31). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2020. Lição 10, 8
Março, 2020]
A cultura do povo do
Antigo Testamento, assim como o gentio, estava manchada pelo pecado, corrompida
porque era produzida por um coração que não estava inteiramente reto diante de
Deus. O mesmo é verdadeiro na Nova Aliança, não esqueçamos disso. No entanto, o
nascido de Deus procura colocar em prática 1Co 10.31, procurando em sua liberdade
crista, bem como o comportamento mais comum, e ser conduzido de maneira a
honrar a Deus (Ez 36.23).
Por muito tempo foi
ensinado em nosso meio uma espécie de dicotomia de mundo, onde dividia-se o
mesmo em “sagrado” e “secular” ou “mundano”, como a política,
a arte, o esporte, o entretenimento, o conhecimento secular etc. Essa dicotomia
é uma “tendência gnóstica profundamente arraigada de depreciar um domínio da
criação (sociedade e cultura) com relação a outro” (WOLTERS, 2006, p. 74).
Para o cristão, só há o sagrado, tudo pertence ao Senhor – “Porque dele, e
por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória
eternamente. Amém!” (Rm 11.36). Deus e a fonte, o sustentador e o justo fim
de tudo o que existe. Assim, é bom ressaltar que, nem tudo que envolve a
cultura é pecaminoso e mal, sendo possível ao cristão apreciar o que é
produzido culturalmente, desde que estas, logicamente, não firam o princípio
bíblico.
“De maneira geral, a
cultura se define como “o conjunto de valores, crenças e práticas de uma
sociedade em particular, que inclui artes, religião, ética, costumes, maneira
de ser, divertir-se, organizar-se, etc”. Toda esta mescla de ingredientes
constitui a beleza da cultura, mas também a torna potencialmente perigosa,
especialmente no tocante ao relacionamento do cristão com a mesma. Por quê?
Porque não existe cultura neutra, pura ou inocente. Toda expressão cultural
traz consigo o reflexo da situação moral e espiritual de todos que a compõem.
Segundo o Dr. Augustus Nicodemus, toda cultura é “uma mistura de coisas boas
decorrentes da imagem de Deus no ser humano e da graça comum, e coisas
pecaminosas resultantes da depravação e corrupção do coração humano. Toda
cultura, portanto, por mais civilizada que seja, traz valores pecaminosos,
crenças equivocadas, práticas iníquas que se refletem na arte, música,
literatura, cinema, religiões, costumes e tudo mais que a compõe”. Por causa
dessas questões, os cristãos que levam a Bíblia a sério costumam ter uma
atitude, no mínimo, cautelosa em relação à cultura, exatamente por perceberem
nela traços da corrupção humana. Contudo, é bom ressaltar que, nem tudo que
envolve a cultura é pecaminoso e mal. O homem, como expressão da imagem de
Deus, foi dotado de criatividade para exercer o domínio sobre a criação e ser
uma bênção na edificação de uma sociedade segundo a vontade de Deus (Gn
1.26-30; 2.1-15). Este “mandato cultural”, bem como suas prerrogativas, foi
determinado a todos os homens, independente de sua fé. Chama-se esta bênção de
“graça comum”, uma vez que ela age tanto em cristãos quanto em não cristãos. Os
servos de Deus precisam ter discernimento para julgar a cultura e,
biblicamente, refletir sobre tudo o que a envolve a fim de não praticar ou
apoiar aquilo que, pode ser bom e bonito aos olhos humanos, porém, reprovado
diante do Senhor. As advertências bíblicas atestam que, a liberdade que o
cristão tem no Senhor, não deve ser usada para justificar quaisquer práticas
pecaminosas (Gl 5.13) e, a despeito de tudo ser lícito, nem tudo lhe convêm
fazer (1Co 6.12).” 4
Como escreve Michael
Horton, em “O Cristão e a Cultura”, publicado pela Cultura Cristã: “Para
iniciar, quero definir alguns termos, Primeiro, estarei usando o termo
“cultura” no seu senso mais amplo, referindo-me tanto à cultura popular
(esportes, política, ensino público, música popular e diversões, etc. e a alta
cultura ( horticultura, academicismo, música clássica, ópera, literatura,
ciências, etc.). Uma definição útil e abrangente de “cultura” para nossa
discussão pode ser “a atividade humana que intenciona o uso, prazer e
enriquecimento da sociedade”. Segundo, por “igreja” estou dizendo a igreja
institucional, -- “onde a Palavra de Deus é pregada e os sacramentos são
administrados corretamente”, como diziam os reformadores. Quando, por exemplo,
se diz que a igreja não deve confundir sua missão com as esferas da política,
arte, ciência, etc., não se está sugerindo que os cristãos como
indivíduos devessem abandonar esses campos (muito pelo contrário), mas que a
igreja como instituição deve observar a sua missão divinamente ordenada.
Essa igreja institucional deve ser entendida como expressão visível do corpo
universal de Cristo através de todos os séculos e em todo lugar. A igreja
institucional recebeu a comissão única de pregar a Palavra e fazer discípulos,
Meu emprego da palavra “igreja”, portanto, não é apenas uma referência ao corpo
coletivo de cristãos individuais, mas ao organismo vivo fundado por Cristo, ao
qual foi confiado o seu próprio ministério pessoal.”
SUBSÍDIO
DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Inicie a aula de hoje fazendo a seguinte
pergunta: O que é cultura? Deixe que seus alunos respondam livremente. Após a
escuta atenta, passe a responde-los conforme a exposição deste tópico. A fim de
enriquecer a sua explicação sobre a definição de cultura, leve em conta o
seguinte fragmento textual: “‘Cultura’, derivado do latim cultura,
refere-se aos costumes e produtos sociais inventados pelos seres humanos e
refletindo suas crenças e valores. Segundo é interpretada nos dias de hoje, a
cultura é caracterizada pelas artes, hábitos e comportamentos de um grupo
social” (PALMER, Michael (Ed.). Panorama do Pensamento Cristão. Rio de
Janeiro: editora CPAD, p.393).
II. UMA CULTURA DOMINADA PELA INIQUIDADE
O homem foi posto
no Éden, para lavrar a terra e fazer cultura, a partir da criação divina (Gn 1.26; 2.5). Mas, devido ao pecado, toda a cultura humana
pôs-se contra Deus.
1. A cultura original. Se a Terra é do Senhor, todos deveriam saber que, neste mundo, não
passamos de servos de Deus (Sl 24.1). Logo, tudo quanto produzimos deveria ser
um reflexo da glória do Criador.
Se não tivéssemos caído em
pecado, nossa cultura seria uma extensão da divina. Mas, por causa da Queda, a
humanidade passou a trabalhar contra Deus (Ec 7.29). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2020.
Lição 10, 8 Março, 2020]
A aquisição empírica da
sabedoria, que é o homem buscando a justiça pelos seus próprios meios, falha. O
homem só consegue ser reto mediante a ação de Deus. Todo intento do coração
reflete as maquinações de todos os seres humanos desde Adão e Eva.
O Salmo 24 enaltece a soberania
divina, seu senhorio sobre as coisas criadas. A afirmação de que Deus é
absolutamente soberano na criação, na providência e na salvação é básica à
crença bíblica e ao louvor bíblico. A visão de Deus reinando de seu trono é
repetida muitas vezes (1Rs 22.19; Is 6.1; Ez 1.26; Dn 7.9; Ap 4.2; conforme Sl
11.4; 45.6; 47.8-9; Hb 12.2; Ap 3.21). O salmo inteiro expressa alegria,
esperança e confiança no Todo-Poderoso.
“todos deveriam saber que, neste
mundo, não passamos de servos de Deus” – à luz desta afirmativa do comentarista
resta a pergunta: “E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como
ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados?”
(Rm 10.14,17).
2. A cultura do homicídio. Como resultado da apostasia de Adão, o homicídio é rapidamente
incorporado à cultura humana. Haja vista que Lameque, para celebrar a
morte de dois homens, escreveu um poema (Gn 4.23).
Os heróis daquele tempo eram os
vilões que se davam à opressão e à matança (Gn 6.4,11). Hoje, vemos aqueles
dias replicarem-se em todos os segmentos sociais; a cultura da morte não mudou.
O que dizer do aborto, da eutanásia e da cruel indiferença ao próximo?. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º
Trimestre 2020. Lição 10, 8 Março, 2020]
Lameque matou uma pessoa em
legítima defesa. Ele disse às suas esposas que não precisavam ter medo de serem
alvos de algum mal resultante da morte que ele havia provocado porque, se
alguém tentasse retaliar, Lameque retaliaria e mataria o agressor. Ele achava
que, se Deus havia prometido vingar-se sete vezes de alguém que matasse Caim,
Deus se vingaria setenta vezes sete de quem atacasse Lamaque. A descendência de
Satanás, os decaídos rejeitadores de Deus, enganadores e destrutivos, tinham
dominado o mundo, corrompendo-o e enchendo-o de violência (Gn 6.11).
3. A cultura do erotismo. O erotismo também impregnou rapidamente a cultura humana; o
casamento foi logo banalizado (Mt 24.37-39). A fraqueza moral, iniciada pelo
homicida Lameque, fez-se cultura (Gn 4.23). A promiscuidade precisou apenas de
um exemplo, a fim de espalhar-se. Que Deus tenha misericórdia de nossa geração.
[Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 1º Trimestre 2020. Lição 10, 8 Março, 2020]
Em Gn 4.19 Lameque toma duas
esposas. Não é dada a razão por que Lameque tomou duas esposas, tornando-se o
primeiro exemplo de bigamia. Por causa da sua violação da lei do casamento,
Lameque conduziu sua descendência em rebelião aberta contra Deus. Lembremos que
esta era a descendência de Caim, homens decaídos e corruptos.
4. A cultura do consumo
irrefreado. A cultura do mundo pré-diluviano, quanto ao
consumo desenfreado, em nada diferia da nossa. Naquele tempo, as pessoas, já
tomadas pela apostasia, não faziam outra coisa senão comer e beber (Mt
24.37,38). Hoje, gasta-se exageradamente naquilo que não satisfaz; é o consumo
pelo consumo (Is 55.2). Eis o resultado de toda essa gastança: famílias
endividadas e muita gente à beira da miséria. Sejamos próvidos e não pródigos. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º
Trimestre 2020. Lição 10, 8 Março, 2020]
Apostasia se refere à pessoa que
renuncia ou renega uma crença ou religião da qual fazia parte, a descendência
ímpia de Caim não negou uma fé, eles estavam já totalmente apartados de Deus.
Em Mt 24.37 “assim como foi nos dias de Noé”, a ênfase de Jesus não é tanto na
extrema impiedade dos dias de Noé (Gn 6.5), mas na preocupação das pessoas com
os assuntos corriqueiros do dia a dia ("comiam e bebiam, casavam e
davam-se em casamento"; v. 38), quando o castigo sobreveio repentinamente.
A passagem não fala de consumismo mas de uma atitude relapsa para com as
advertência do pregador Noé. Eles haviam recebido advertências, na forma da
pregação de Noé (2Pe 2.5) e mediante a arca em si, que era um testemunho do
castigo que estava próximo. Mas eles não se preocupavam com tais assuntos e,
portanto, foram destruídos inesperadamente no meio de suas próprias atividades
diárias.
De fato, a cultura consumista
hoje está em voga. “As pessoas sempre gostaram de adquirir bens e sempre houve
uma tendência de se viver para o mundo material em vez de se viver para Deus.
Se temos “bens” suficientes, nos sentimos seguros e até autossuficientes.
Todavia nem mesmo o rico insensato na parábola de Jesus em Lucas 12 teve a
infinidade de opções com a qual nos deparamos em nossa sociedade sobre onde
podemos gastar o nosso dinheiro.”
SUBSÍDIO
BÍBLICO-TEOLÓGICO
“Cultura Popular e
Igreja
George Lucas, diretor
do filme Guerras nas Estrelas e, por conseguinte, moderno fabricante de mitos,
declara que o cinema e a televisão suplantaram a igreja como grandes
comunicadores de valores e crenças. [...] A possibilidade de que a mídia
substitua o papel historicamente vital desempenhado pela igreja na formação dos
valores de uma comunidade é desconcertante, mas compreensível. Para muitos, o
cinema se tornou uma igreja virtual. Mesmo dentro de nossa casa, verificamos
que as devoções familiares são suplantadas pelos deuses eletrônicos. A
televisão pode funcionar como santuário privado ao deus das imagens – um deus
do lar grego ou olímpico da ESPN, um Buda pessoal da Televisão Pública ou um deus
dionísio da TV a cabo. Cada um oferece sua própria visão da vida boa. E
frequentemente jazemos prostrados diante de nosso deus, ficando preguiçosos e
indolentes” (PALMER, Michael (Ed.). Panorama do Pensamento Cristão. Rio
de Janeiro: editora CPAD, p.394).
III. O EVANGELHO TRANSFORMA A CULTURA
Agora, precisamos
responder a esta pergunta: “É possível transformar uma cultura dominada pela
iniquidade?”.
1. Jesus nasceu
num contexto cultural. Nenhum homem
é capaz de viver à parte de uma cultura; somos seres culturais. Aliás, o
próprio Filho de Deus, quando de sua encarnação, foi acolhido numa sociedade
dominada por três grandes culturas — a judaica, a grega e a romana (Jo 19.20).
Todavia, a sua mensagem transformou milhões de pessoas oriundas de todas as
culturas do mundo, conduzindo-as a viver num só corpo (Rm 10.12). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º
Trimestre 2020. Lição 10, 8 Março, 2020]
Transcrevo a seguir,
parte do artigo “Encontros do Evangelho com a cultura nos ministérios de
Jesus, da igreja primitiva e de Paulo | Por Marcos Orison Nunes de
Almeida”, disponível em Práxis Missional:
“Jesus não somente esvazia-se da condição divina, mas assume a forma cultural
de um judeu da época. Alguns poderiam até pensar que dada a eleição de Israel
por Deus e aliança histórica com esse povo, essa seria a cultura do próprio
Deus. Esse equívoco, inocente e exclusivista, significa o mesmo que desprezar a
posição de Deus como criador e senhor de todos os povos e culturas. Sabemos que
a esperança e promessa messiânica eram provenientes da aliança com o povo de
Israel e sua revelação escriturística, mas a divindade não está restrita a
qualquer cultura, e ao assumir a cultura judaica ela o faz com a intenção de
continuar o seu processo comunicativo de proclamação do Evangelho.
2. Encontros no
ministério de Jesus - Partindo, então, do pressuposto de que Jesus assume a
cultura judaica para se comunicar primeiro com os judeus e imediatamente depois
com aqueles com quem convivia naquele contexto, analisaremos algumas passagens
interessantes, que relatam encontros de Jesus com pessoas, em que ocorre a
interação entre o Evangelho e aspectos daquela cultura.
Nos relatos dos
evangelhos podemos perceber que Jesus é plenamente judeu no que concerne às
situações mais comuns e gerais da cultura. Nascido em uma família da tribo de
Judá, na cidade de Belém, desenvolveu a sua infância e adolescência em Nazaré
da Galileia como filho de um carpinteiro. Foi circuncidado, consagrado como
primogênito no templo de Jerusalém e novamente levado ao templo aos doze anos,
na transição para a adolescência. Induzimos que ele falava, se vestia, se
comportava e agia conforme qualquer judeu galileu
Uma forma bastante
significativa de percebermos sua integração na cultura é no comparecimento às
festas tradicionais do povo. Vale ressaltar que as festas, ao mesmo tempo em
que tinham origem e componente religiosos, extrapolavam o ambiente da religião
tornando-se uma expressão da cultura popular ao incluir a peregrinação para
Jerusalém, a ocupação dos espaços públicos, o uso de músicas, danças, comidas,
etc. Os evangelhos comentam a participação de Jesus, ao longo dos seus anos de
ministério, nessas festas (João 2:23; 4:45; 5:1; 10:22; 11:55; 13:1).
Provavelmente, ele não participava apenas das festas de fundo religioso, mas
também das festividades menores, típicas de qualquer cultura, além de refeições
especiais, como convidado. Essa característica da vida de Jesus era tão
marcante que ele diz ter sido estereotipado como “comilão e beberrão” (Lucas
7:34). O bom exemplo dessa integração plena na cultura talvez seja o relato do
início de seu ministério ocorrido no casamento de Caná, registrado no capítulo
2 do livro de João. Essa rica passagem indica que a família de Jesus foi
convidada para o casamento e que eles não apenas foram, mas, principalmente,
impediram que a família do noivo fosse envergonhada diante dos convidados pela
falta de vinho na festa. Toda a significância desse milagre, quase sem
importância, parece voltar-se para uma questão cultural. Naquela cultura, havia
grande expectativa sobre o anfitrião para que servisse da melhor forma
possível, e com abundância, aos seus hóspedes.
Explorando um pouco
mais esse hábito de Jesus de participar de refeições, temos o relato do
encontro que ele teve com o chefe dos cobradores de impostos chamado Zaqueu
(Lucas 19:1-10). O protocolo da cultura judaica pressupunha que um mestre, como
Jesus, sendo uma pessoa temente a Deus e modelo para seus discípulos, não se
sentasse à mesa com um cobrador de impostos. Sentar-se à mesa com alguém,
naquela cultura, significava compartilhar a comida e a casa, um sinal de
aproximação, aceitação e comunhão entre o anfitrião e o convidado. O cobrador
de impostos, ou publicano, era considerado um pecador e traidor por representar
a opressão romana sobre o povo judeu e por ser corrupto. Já um mestre judeu era
uma pessoa destacada socialmente por seu conhecimento e capacidade de atrair e
ensinar pessoas. Esperava-se dos mestres um comportamento exemplar e conforme a
moral da cultura judaica. O comportamento de Jesus, no entanto, é contrário ao
estipulado pela convenção cultural.
Antes de tentarmos
concluir qual o critério adotado por Jesus para que em determinadas situações
ele se adaptasse plenamente à cultura e em outras ele a confrontasse, vejamos
outros encontros interessantes ocorridos em sua caminhada ministerial. João
4:1-30 narra o encontro de Jesus com uma mulher samaritana com muitas nuances e
temas transversais. Particularmente, gostaria de atentar para pelo menos dois
padrões culturais confrontados por Jesus nesse episódio. O primeiro padrão
consistia no costume de não ser considerado de bom grado homens conversarem com
mulheres desconhecidas em ambientes públicos (João 4:27). Uma abordagem furtiva
poderia ser interpretada como assédio ou coisa pior.
O segundo padrão
cultural, para os judeus, era o de não se relacionar com os samaritanos,
considerados como impuros. A condição cultural era tão séria que em uma viagem,
como a que Jesus estava fazendo, conforme narrado no texto, entre a região da
Judéia e da Galileia, embora o caminho mais curto fosse cruzando o território
de Samaria, os judeus preferiam contorná-lo (João 4:9). Jesus, no entanto,
quebra esses dois protocolos culturais tanto passando por Samaria quanto
conversando com uma mulher daquela região junto ao poço público ao meio-dia.
- Ainda outra situação
de confronto cultural se deu no encontro de Jesus com as crianças. Naquele
contexto, as crianças eram desprezadas e alijadas da maioria das situações e
ambientes da sociedade, principalmente dos espaços públicos ou dos que
envolviam autoridades, pessoas de destaque e atividades de adultos. Na passagem
de Lucas 18:15-17, vemos pessoas, talvez mães, tentando levar suas crianças
para serem tocadas ou abençoadas por Jesus. Não sabemos se a intenção era a
expectativa de cura de alguma enfermidade ou a simples bendição vinda do
mestre, mas o fato é que como a situação feria o padrão cultural, os discípulos
tentavam rechaçar as crianças. Jesus, então, não apenas repreende essa atitude
dos discípulos como acolhe as crianças e as usa como referência metafórica no
seu ensino.
Procurando encontrar
algum princípio conclusivo que governa a atitude de Jesus ora integrando-se à
cultura, ora contrapondo-se a ela, podemos afirmar que toda vez que uma prática
cultural se interpõe ao acesso de Jesus às pessoas, ele se permite romper com o
padrão visando o bem maior que é a comunicação do seu Evangelho. Nos casos em
que as práticas culturais não passam de atividades cotidianas, que não ferem
qualquer valor do Evangelho, Jesus se adapta plenamente a elas. O que percebemos
é que, para Jesus, tudo aquilo que culturalmente estabelece uma barreira para o
seu relacionamento com as pessoas passa a ser reorientado, para não dizer
confrontado, mesmo que como consequência ele esteja passivo de receber algum
tipo de censura.”
2. O Evangelho
transforma a cultura. Conquanto
não nos seja possível converter toda uma sociedade, podemos influenciá-la com a
mensagem do Evangelho. Haja vista o que aconteceu em Éfeso, durante a terceira
viagem missionária de Paulo, quando praticantes de artes mágicas queimaram seus
livros em público (At 19.19).
Se quisermos, de
fato, transformar o nosso país, devemos evangelizá-lo de acordo com o modelo de
Atos dos Apóstolos (At 1.8). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2020. Lição 10, 8
Março, 2020]
Lemos em Romanos 12.2 a
evocação de Paulo: “E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela
renovação da vossa mente”. "Conformeis" diz respeito a assumir uma
expressão exterior que não reflete o que realmente há no interior, um tipo de
embuste ou representação. A forma da palavra sugere que os leitores de Paulo já
estavam permitindo que isso acontecesse e deveriam parar. Nesta passagem ‘este
século’ é melhor traduzido por "geração", referindo-se ao sistema de
crenças, valores, ou ao espírito da época — cultura. Esse resumo do pensamento
contemporâneo e de seus valores forma a atmosfera moral do nosso mundo, e é
sempre dominado por Satanás (2Co 4.4). A ordem é ‘transformai-vos’. A palavra
grega da qual deriva a palavra "metamorfose", indica uma mudança na
aparência externa. Mateus usa a mesma palavra para descrever a transfiguração
(Mt 17.2). Assim como Cristo exibiu, de maneira breve e limitada, a sua
natureza interior divina e a sua glória na transfiguração, os cristãos devem
manifestar, exteriormente, a sua natureza interior redimida, não uma vez, mas
diariamente (2Co 3.18; Ef 5.18). A renovação da mente exigida nessa metamorfose
ocorre somente à medida que o Espírito Santo transforma os nossos pensamentos
por meio do estudo perseverante da Escritura e da meditação nela (Sl 119.11;
cf. Cl 1.28; 3.10,16; Fp 4.8). Influenciar uma cultura de modo a transformá-la
exige santidade em tudo, mesmo que isso nos traga prejuízo e perseguição
ferrenha!
“O cristão como agente
transformador da cultura - A cultura deve ser levada cativa ao senhorio de
Cristo. Sem desconsiderar a queda e o pecado, mas enfatizando que, no
princípio, a criação era boa, os que estão nesse grupo enfatizam que um dos
objetivos da redenção é transformar a cultura. Sendo assim, por mais iníquas
que sejam certas instituições, elas não estão fora do alcance da soberania de
Deus. Ou seja, mesmo sabendo da queda, o cristão não abandona a cultura (o
cristão contra a cultura), mas busca redimi-la, levá-la aos pés de Cristo. Agostinho
(354-430), João Calvino (1509-1564), John Wesley (1703-1791) e Abraham Kuyper
(1837-1920) são alguns dos que entenderam que os cristãos são agentes de
transformação da cultura, posição que é exposta nesta obra de Niebuhr. Em
Apocalipse, vemos que Deus redime tanto a pessoa, como a diversidade cultural.
Nesta posição, não há divisão entre o sagrado e o profano – essa é uma
dicotomia católica (a divisão sagrado/profano afirma que na igreja fazemos
atividades sagradas e, no mundo, atividades profanas; ou seja, rezar, ser padre
é algo sagrado, mas construir um prédio e ser um engenheiro são coisas
profanas). A divisão bíblica é entre o que é santo e está em pecado; e que está
em pecado deve ser santificado”
3. Os crentes
de Corinto, um exemplo da influência do Evangelho. Corinto era uma das cidades mais promíscuas no
período do Novo Testamento. Não obstante, Paulo, ao levar-lhe o Evangelho,
resgatou preciosas almas aprisionadas a um contexto moralmente doentio (1Co
6.9-11).
Apesar de seus
graves problemas, a igreja coríntia detinha todos os dons espirituais (1Co
1.7). O mais importante, porém, é que os seus membros, dantes escravizados por
Satanás, eram agora chamados de santos em Jesus Cristo (1Co 1.1,2). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º
Trimestre 2020. Lição 10, 8 Março, 2020]
Até mesmo pelos padrões
pagãos de sua própria cultura, a cidade de Corinto tornou-se tão corrupta
moralmente que o seu próprio nome virou sinônimo de depravação;
"corintianizar" representava imoralidade flagrante e libertinagem
acompanhada de embriaguez. Em 1Co 6.9-10, Paulo lista alguns dos pecados
específicos pelos quais a cidade era conhecida e que, anteriormente, tinham
caracterizado muitos cristãos dessa igreja. Tragicamente, alguns dos piores
pecados ainda eram encontrados entre alguns membros da igreja. Um desses
pecados, o incesto, era condenado até mesmo pela maioria dos gentios pagãos
(1Co 5.1).
Incapaz de romper
totalmente com a cultura da qual vinha, a Igreja de Corinto não cumpriu seu
papel de agente transformador. Com seu espírito faccioso e divisionista, a
despeito de sua pretensa espiritualidade, ficou na história como um alerta às
igrejas cristãs de todo o mundo, registrado na carta que Paulo lhes escreveu.
Antes, o apóstolo mostrou que a causa de existirem divisões na igreja de
Corinto era o mundanismo – eles continuavam a prezar a sabedoria humana. Agora,
ele aponta a carnalidade como a razão de criarem partidos.
O problema mais sério
da igreja de Corinto era o mundanismo, uma relutância em se separar da cultura
que os rodeava. A maioria dos cristãos não conseguia deixar, de maneira
consistente, sua conduta antiga, egoísta, imoral e pagã. A carta que Paulo
escreveu visava corrigir esses desvios. Foi necessário que Paulo escrevesse a
eles para corrigir isso, bem como ordenar aos cristãos fiéis que não somente
rompessem a comunhão com os membros desobedientes e não arrependidos, como
também os expulsassem da igreja (5.9-13). Sinceramente, não creio que esta
igreja sirva como exemplo da influência do Evangelho.
SUBSÍDIO
BÍBLICO-TEOLÓGICO
”Os cristãos são
chamados filhos da luz, mesmo quando buscamos introduzir luz num mundo de
trevas lúgubres e fomentar os resultados da luz. Paulo era adepto de achar aberturas
para o Evangelho na cultura popular de sua época. Sua estratégia comunicativa
de ser ‘tudo para todos’ foi posta em prática no Areópago, onde uma obsessão
grega, a adoração a um deus desconhecido, tornou-se oportunidade notável.
Citando os poetas gregos e referindo-se a peças teatrais, corridas e lutas de
boxe gregas, Paulo tomou a cultura ateniense como ponto de partida para
introduzir a luz do Evangelho. Em vez de separar-se da cultura deles ou de
consumi-la sem criticá-la, Paulo a explorou e encontrou meios de adaptá-la aos
seus próprios propósitos. Deste modo, ele redimiu e transformou a cultura
popular de seu tempo” (PALMER, Michael (Ed.).
Panorama do Pensamento Cristão. Rio de Janeiro: editora CPAD, p. 407).
CONCLUSÃO
A cultura atual em
nada difere da pré-diluviana. No entanto, podemos influenciá-la através da
pregação do Evangelho de Cristo. Se levarmos a sério a promessa de Atos 1.8,
viremos não apenas a influenciá-la, mas igualmente transformá-la. Afinal, somos
o sal da terra e a luz do mundo. Somente a Igreja de Cristo reúne essas
propriedades tão raras para abalar as estruturas deste mundo que jaz no
Maligno.
Sejamos santos.
Evangelizemos e façamos missões! É a ordem de Cristo. Nós podemos transformar a
cultura da sociedade atual, como fez o apóstolo Paulo em Tessalônica. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º
Trimestre 2020. Lição 10, 8 Março, 2020]
O evangelho é uma
mensagem sobre reconciliação e identificação. Deus se identificou com os seres
humanos, se tornando ser humano em Jesus Cristo, e em Jesus Cristo
reconciliou-nos consigo mesmo. Obviamente, portanto, o evangelho só pode ser
comunicado de maneiras que comuniquem reconciliação e identificação.
“Quando lemos sobre os
primórdios da história do cristianismo, vemos que a grande força dos
convertidos daqueles dias estava em viver de uma forma diferente – tratando o
“inferior” com respeito, amando o próximo, ajudando o necessitado, vivendo em
unidade apesar das diferenças – e que este “novo” estilo, bem diferente dos valores
comumente aceitos pela população do Império Romano, era um grande aliado na
pregação do evangelho da salvação em Jesus Cristo. A chamada Igreja Primitiva
era pacífica, mas de modo algum passiva diante dos desafios da cultura romana,
o que também aconteceu ao longo da história, de forma mais intensa ou mais
frouxa, dependendo da época, mas sempre tendo na comunidade genuinamente
cristã, uma contracultura transformadora (por genuína, digo aqueles que
realmente seguiam o ensino de Cristo, e não os que carregavam apenas o título).
Hoje, cabe a nós formular (e responder) algumas perguntas para nossa geração de
cristãos: – Quais são os aspectos da nossa cultura que precisam ser
confrontados? – Quais são os aspectos da nossa vida que já cederam a esta cultura
anticristã e que precisamos mudar urgentemente? Viver a contracultura do
evangelho de Jesus mergulhados numa cultura que se afasta cada vez mais do
padrão cristão é um grande desafio, mas nunca foi diferente. O autor de Hebreus
fala de “homens dos quais o mundo não era digno” (Hb 11:38), porque optaram por
viver o evangelho até as últimas consequências, com a certeza de que algo muito
superior tinham ao seu alcance.” 9
“Irmãos, sede meus
imitadores, e atentai para aqueles que andam conforme o exemplo que tendes em
nós; porque muitos há, dos quais repetidas vezes vos disse, e agora vos digo
até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo; cujo fim é a perdição; cujo
deus é o ventre; e cuja glória assenta no que é vergonhoso; os quais só cuidam
das coisas terrenas. Mas a nossa pátria está nos céus, donde também aguardamos
um Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o corpo da nossa
humilhação, para ser conforme ao corpo da sua glória, segundo o seu eficaz
poder de até sujeitar a si todas as coisas.” (Fp 3.17-21).
Francisco Barbosa
Disponível no blog:
auxilioebd.blogspot.com.br
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