quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

LIÇÃO 3: O PERIGO DAS OBRAS DA CARNE




SUBSÍDIO I

Na lição do próximo domingo estudaremos “o perigo das obras da carne”. É importante ressaltar que o vocábulo “carne”, utilizado na lição, significa a nossa natureza humana, corrompida pelo pecado. Esta natureza, corrompida pela Queda, está sempre disposta a opor-se ao nosso espírito, que pela fé em Jesus Cristo, foi transformado por Deus mediante o novo nascimento (2 Co 5.17). Se vivermos segundo os desejos da nossa carne, nossos frutos serão ruins. Logo, não poderemos agradar a Deus.
Para ajudar na reflexão a respeito do tema da lição, é importante que você leia todo o capítulo 6 do Evangelho de Lucas. O capítulo inicia com o conflito dos fariseus ao ver Jesus e seus discípulos arrancando espigas em um dia de sábado (Lc 1.1-5). Depois temos o relato da cura de um homem que tinha uma das mãos mirradas e em seguida a eleição dos doze. A partir do versículo 17, Jesus vai proferir um dos seus mais importantes sermões — o Sermão da Montanha. Este sermão é um código de ética para todos os súditos do Reino de Deus, por isso, todo crente precisa conhecer e viver os ensinos do Mestre contidos ali.
É importante ler todo o capítulo, porém vamos nos deter nos versículos 39 a 49. Os versículos escolhidos para a Leitura Bíblica em Classe. O texto bíblico começa com uma ilustração. Jesus faz duas indagações: “Pode, porventura, um cego guiar outro cego?” “Não cairão ambos na cova?” Qual era o objetivo de Jesus ao utilizar tal ilustração? O Mestre desejava ensinar aqueles que o ouvia, e a nós também, a respeito do julgar os outros. Jesus ensina que para distinguirmos entre o bem e o mal precisamos de discernimento, misericórdia e amor. Antes de olhar os erros dos outros é necessário fazer uma autoavaliação. É preciso, antes de tudo, examinar a nós mesmos e ver o mal que existe em nosso interior (v. 42). Em geral, aqueles que se deixam conduzir pela concupiscência da carne são “ligeiros” em julgar os outros e bem “vagarosos” em reconhecer os seus próprios erros e todo o mal que reside em si. Com tal ilustração, Jesus estava de modo enfático, ensinando que não devemos julgar de modo precipitado e severo o próximo. Porém, não julgar o outro antes de julgar a si mesmo, não significa que vamos concordar com as ações carnais ou comportamentos imorais daqueles que se dizem cristãos, mas que ainda estão dominados pela velha natureza.
Os verdadeiros seguidores de Jesus são reconhecidos por seus frutos. Então, ao invés de ficar pedindo somente prosperidade, vamos pedir ao Pai que nos ajude a sermos mais éticos, justos e não cruéis. Vamos rogar para que nos ensine a perdoar, e não guardar rancor ou sentimentos que nos faz adoecer (na alma e no corpo). Quando Jesus fala a respeito de “cego” (v. 39), Ele estava se referindo aos líderes religiosos, em especial os fariseus. Embora religiosos, eram cegos. Estavam sempre observando os pecados alheios, eram arrogantes e impiedosos com as pessoas, mas não enxergavam os seus próprios erros. Em geral, quando os outros erram, invocamos logo a justiça de Deus, mas quando somos nós, clamamos por misericórdia e perdão. Os líderes religiosos se encontravam cegos, por isso, não tinham condições de guiar ninguém. Precisamos, antes de tentar corrigir os outros, considerar nossos erros, falhas e pecados. Em Cristo somos uma nova criatura, por isso, não podemos viver segundo a concupiscência da carne e dos olhos. A concupscência da carne nos conduz a uma vida fora dos padrões divinos. Fica aqui um alerta: Antes de apontar e julgar os erros dos outros, olhe para dentro de você.
O Mestre deu prosseguimento ao ensino se utilizando de outra ilustração: as árvores boas e as ruins. Ele mostra que são os frutos que identificam as árvores, pois revelam sua verdadeira natureza. Então, aprendemos que se o nosso coração (caráter interior) já foi transformado pelo Espírito Santo, somente poderemos produzir bons frutos. Nossas palavras e ações são resultado de nossos pensamentos e revelam o que está no nosso interior. Muitos se dizem cristãos, mas não evidenciam, mediante suas ações, que foram transformados pelo Senhor e possuem uma nova natureza. Um coração moldado pelo Espírito Santo nos torna semelhante a Cristo.
Jesus conclui o Sermão do Monte desafiando os seus discípulos a praticarem os seus ensinos. E para que todos compreendessem tal desafio, Ele utiliza a parábola das duas casas. Aprendemos que não adianta conhecer toda a Palavra de Deus e não colocar seus ensinamentos em prática, pois, assim faziam os fariseus. Eles conheciam a lei e as Escrituras, mas não praticavam. Jesus não está falando de uma obediência “cega”, mas de uma submissão que é resultado de uma intimidade e comunhão com Ele. Quem ouve as palavras de Jesus e não as aceitas são semelhantes aqueles que constroem casas na areia, ou seja, sem uma fundação firme. Sabemos que é o alicerce que dá sustentação a construção. Se quisermos solidez, precisamos edificar sobre a rocha. Somente aqueles que estão sobre a rocha têm condições de resistir aos ataques ao seu caráter, vivendo uma vida que agrada a Deus, produzindo frutos bons. Sem intimidade e comunhão com Jesus, nos tornamos cegos e produzimos espinhos (frutos maus). Estes espinhos ferem o nosso próximo, nos faz sangrar e maculam a Igreja de Cristo.

SUGESTÃO DIDÁTICA:
Pergunte aos alunos se eles sabem relacionar todas as obras da carne descritas em Gálatas, sem olhar a Bíblia. Em seguida, oriente-os para que formem duplas e distribua folhas de papel ofício e caneta. Peça que relacionem as obras da carne sem olhar o texto bíblico. Dê um tempo para que executem a tarefa. Depois, peça que as duplas troquem os papéis e façam a correção. Coloque o gabarito no quadro. Ofereça uma fruta (bem bonita) a dupla que conseguir o maior número de acertos. Ressalte que não herdarão o Reino de Deus aqueles que vivem na prática dessas obras (Gl 5.21).
Obs: As obras da carne são: prostituição, impureza, lascívia (sensualidade exagerada), idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias (discussão, contenda), emulações (competição, disputa), iras, pelejas, dissensões, heresias, inveja, homicídios, bebedices, glutonaria (Gl 5.19-21).

Por Telma Bueno

SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Uma vida direcionada pelas obras da carne está em grave perigo, considerando que aquilo que o homem plantar isso também ceifará. Por isso, a fim de alertar àqueles que se encontram nessa situação de risco, destacaremos, na aula de hoje, a importância de investir no espírito, tendo em vista que a fraqueza da carne pode favorecer a manifestação das obras más. Mostraremos ainda que aqueles que se deixam conduzir pelos desejos desenfreados acabam trazendo sobre eles penalidades drásticas. Ao final, apontaremos as consequências para aqueles que plantam na carne, ao invés de semearem no espírito.

1. A CARNE É FRACA

Nunca é demais ressaltar que não é bíblica, muito menos judaico-cristã a dicotomia espírito-corpo, comumente defendida nos púlpitos de algumas igrejas, sob a influência helenista inserida no cristianismo por meio de Agostinho, entre outros. A interpretação de Mt. 26.41, bem como de Gl. 5.17-22, deve ser feita a partir de uma cosmovisão escriturística, desconsiderando a perspectiva platônica. Quando Jesus destaca que o espírito está pronto, mas que a carne é fraca, está enfatizando as limitações da própria condição física. Essa declaração foi feita antes dEle ser levado a julgamento, e por conseguinte, ao calvário, quando se encontrava no Getsêmane (Mt. 26.41). No contexto da passagem, aprendemos que a oração é uma necessidade que nem sempre é valorizada pelos cristãos. De vez em quando precisamos nos colocar em vigilância, e para que isso seja feito, faz-se necessário que nos coloquemos em jejum e oração. Os momentos cruciais pelos quais Jesus teria que passar o levaram a orar com intensidade. Os discípulos, por não compreenderem a situação, e por não suportarem o peso do sono, dormiram. Para vencer os dias difíceis que podem sobrevir sobre nós, precisamos ser fortes, e sempre que necessário, abrir mão da comodidade, para se dedicar a horas silenciosas na presença de Deus. É dessa maneira que seremos capazes de enfrentar as tribulações da vida presente. O corpo não é necessariamente mal, mas pode ser usado para dar vazão à natureza pecaminosa. No contexto de uma sociedade hedonista, é provável que algumas pessoas prefiram a comodidade, a uma vida de sacrifício pelo próximo. Os seguidores de Jesus demonstraram insensibilidade em relação à condição do seu Mestre. Eles foram fracos diante da necessidade do Senhor de ter alguém ao Seu lado naquele momento angustiante.

2. A VIDA CONDUZIDA PELAS OBRAS DA CARNE

É preciso ter cuidado para não se deixar conduzir pela natureza pecaminosa, e se orientar pelo comodismo tão comum na contemporaneidade. Nada há de errado em ter conforto, e mesmo em desfrutar do quinhão que o Senhor proveu. Por outro lado, os bens materiais não podem ser usados apenas para o bem-estar das pessoas, a fim de alimentar os desejos egoístas. O fundamento das obras da carne é a concupiscência – makrothumia em grego – que diz respeito aos desejos desenfreados do homem caído (Rm. 7.8). As pessoas centradas nelas mesmas são incapazes de perceberem as carências dos outros. Por essa razão, destacamos que em Gl. 5.17, as obras da carne se manifestam prioritariamente no campo dos relacionamentos interpessoais. A busca por uma vida regalada, a supervalorização do eu, o desejo pelas posses, podem levar as pessoas a se distanciarem de Deus (II Tm. 3.1-3). A natureza pecaminosa precisa ser mortificada (Cl. 3.5), bem como nossa indisposição para o  sacrifício. Deus amou o mundo de tal maneira que entregou Seu Filho Unigênito (Jo. 3.16), nós devemos também dar nossas vidas pelos irmãos (I Jo. 3.16). Quando predominam as obras da carne, em detrimento do fruto do Espírito, as pessoas se entregam devassamente à prostituição, impureza e lascívia, destruindo seus próprios corpos (I Co. 6.18); transformam a elas mesmas em deuses, se voltando à idolatria da qual devemos fugir (I Co. 10.14); e adentram ao mundo do ocultismo, que tem a ver com a feitiçaria, a fim de justificarem suas opções carnais (Ap. 21.8). A natureza que se opõe a Deus é invejosa, nunca encontra satisfação, está sempre em busca no que é do outro (I Co. 3.3). O resultado da ambição invejosa são as contendas, as pelejas que fomentam as discórdias, inclusive dentro das igrejas (II Co. 12.20). Não por acaso, algumas congregações estão tomadas pelas inimizades, partidarismos e facções. Há crentes que estão matando a fé uns dos outros, sem dar lugar ao perdão que vem de Deus (Cl. 3.12,13). Ao cristão não convém ser conduzido pelas obras da carne, e coisas semelhantes a essas, dentre as quais também podem ser incluídas bebedices e orgias, práticas comuns nos tempos de Paulo, bem como nos dias atuais.

3. O QUE O HOMEM PLANTAR ISSO TAMBÉM CEIFARÁ

Aqueles que semeiam na carne pagam um preço elevando, isso porque o salário do pecado é a morte (Rm. 6.23). Mas é necessário atentar para a orientação bíblica de que Deus não é um estraga-prazeres, que se opõe aos nossos desejos. Na verdade, fomos criados por Deus para ter prazer, contanto que esses sejam desfrutados conforme sua orientação moderadora. A queda acabou por lançar o ser humano para a dispersão, a se portar de maneira desequilibrada. Os extremos se tornaram opções mais viáveis para os descendentes de Adão e Eva. A vontade de Deus é sempre boa, agradável e perfeita (Rm. 12.1,2) e para que não sejamos destruídos com o mundo (I Co. 11.32). A entrega dissoluta ao pecado destrói o objetivo de Deus em nossas vidas para o qual fomos criados. J. R. R. Tolkien e C. S. Lewis, em suas alegorias fantásticas, demonstraram o que acontece com o ser humano quando esse pauta sua vida pelo pecado. Paulo é enfático ao declarar aos Gálatas: “pois o que o homem semear isso também ceifará” (Gl. 6.7). Há pessoas que estão destruindo seus corpos por causa dos vícios aos quais se devotaram. Alguns que querem ter cada vez mais dinheiro, e estão adoecendo e morrendo mais cedo do que deveriam (I Tm. 6.6-10). A prosperidade material se tornou o deus deste século, e o consumismo em uma espécie de religião. Os shopping centers são verdadeiros templos, nos quais as pessoas se dobram diante do deus-mamom (Mt. 6.24). A morte física iminente pode conduzir as pessoas à morte eterna, que se concretiza na condição de morte espiritual (Rm. 3.23; Hb. 9.27). Cristo é a Vida, somente nEle encontramos plena satisfação, e amando-O somos libertos do poder destruidor das obras da carne (Jo. 8.36). O convite dEle é para que abracemos seu jugo suave, e aprendamos que somente Ele pode nos trazer alivio real (Mt. 11.28).

CONCLUSÃO

Semear na carne é uma opção natural para o ser humano caído, tendo em vista que a propensão adâmica é para a desobediência. A menos que aconteça uma intervenção espiritual, estamos todos fadados a ir após nós mesmos. E quando nos entregamos aos desejos desenfreados, o resultado será a morte física, espiritual e eterna. Antes que seja tarde é preciso dar o brado de Paulo: “Miserável homem que sou” (Rm. 7.24), para receber o livramento de Deus, e reconhecer que “somos mais do que vencedores”, pelo Espírito Santo (Rm. 8.37-39)

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

A lição deste domingo é um alerta para os que querem agradar a Deus e ter uma vida frutífera. Estudaremos o perigo das obras da carne. Precisamos ter cuidado, pois dentro de todo crente habita duas naturezas: a natureza adâmica, a qual foi corrompida na Queda, e a nova natureza, que é resultado da regeneração, do novo nascimento (Jo 3.3). Veremos que a natureza adâmica, se não for controlada pelo Espírito, produz frutos que levam o crente à morte espiritual. [Comentário: Já estudamos nas duas primeiras lições que a velha natureza decaída precisa ser mortificada pelo Espírito para que não venhamos a cair em péssimas ações e abominações. Se vivemos vigiando e vivemos constantemente cheios do Espírito Santo (Ef 5.18) então somos mais do que vencedores. Quem semeia na carne, ou seja, vive segundo a velha natureza, da carne ceifará corrupção (Gl 6.8). Só há um viver que agrada a Deus - viver no Espírito. Isso significa vitória sempre sobre o pecado e seus domínios maléficos. A concupiscência é como a lascívia que leva a pecar, desenvolvida na queda do homem no Éden. Ela é pecaminosa em si, e revela a corrupção de toda a natureza do homem e o pecado que está nele. Não só as ações voluntárias são pecado, mas os pensamentos intencionais (Gn 6.5; Mt 5.28). Paulo fala disto em Romanos 7 quando reconhece sua própria fraqueza e tendência a pecar. A concupiscência só pode ser vencida através do reconhecimento de que a natureza caída em nós está julgada (Rm 8.3); e então devemos passar a andar no Espírito, e deixar que Ele mantenha a lei de Deus em nós (Rm 8.4). Isto significa ter uma vida cheia do Espírito.] Dito isto, vamos pensar maduramente a fé cristã?

I. A VIDA CONDUZIDA PELA CONCUPISCÊNCIA DA CARNE

1. A concupiscência da carne. Você sabe o significado da palavra concupiscência? Segundo o Dicionário Wycliffe, este é um “termo usado teologicamente para expressar os desejos malignos e lascivos que assediam os homens caídos” (Rm 7.8). A velha natureza, se não for controlada pelo Espírito, leva-nos a cometer as piores ações e abominações. Por isso, precisamos vigiar e viver constantemente cheios do Espírito Santo (Ef 5.18). Paulo advertiu a Igreja, explicando que, quem semeia na carne, ou seja, vive segundo a velha natureza, da carne ceifará corrupção (Gl 6.8). Nossos desejos e vontades devem ser controlados pelo Espírito Santo, pois os desejos da velha natureza são impuros e nos conduzem para a morte espiritual. [Comentário:Concupiscência (Dicionário Teológico) [Do lat. concupiscentia] Apetite carnal exagerado e insaciável. Como a concupiscência advém da cobiça, o Decálogo encerra-se justamente com uma advertência contra o desejo de se possuir o que não se tem direito (Ex 20.1-17). Embora associada à sexualidade, a concupiscência tem o cerne no orgulho e na altivez do espírito. Pois delicia-se em quebrantar as ordenanças divinas quanto à satisfação dos instintos básicos: fome, sexo, segurança etc. A concupiscência é condenada energicamente pela Bíblia (1Jo 2.15-17). É tida como algo efêmero, passageiro e tremendamente prejudicial à vida piedosa. Agora veja Fp 1.23,24, onde ‘concupiscência’, no original grego, é ‘epithumia’ podendo ter um sentido positivo ou um sentido negativo, indicando um desejo intenso e bom. (Fil. 1:23,24). Tiago declara que ela é a raiz do pecado (Tg 1.14,15), que por sua vez leva à morte (Rm 1.24-32). Tiago também usa um outro termo em 4.1,3, ‘hedone’, para explicar que as discussões e conflitos entre os crentes resultam da luxúria e dos prazeres que combatem nos próprios membros de seus corpos. A palavra também ocorre como ‘deleites da vida’ em Lucas 8.14 e como ‘escravos de toda sorte de paixões [epithumiais] e prazeres’ ou ‘servindo a várias concupiscências [epithumiais] e deleites’ em Tito 3.3. O crente é nova criatura e não pode ceder aos apetites da carne, mas refreá-los e vencermos pela ajuda do Espírito Santo em nós. Quando chega o pensamento, a intenção, ai já começa a batalha.]

2. A vida guiada pela concupiscência da carne. Quem controla seus desejos? Temos anseios, mas estes precisam ser controlados por Deus. Devemos submeter nossos pensamentos e desejos ao controle divino. O crente que não tem uma mente conduzida pelo Espírito Santo torna-se uma pessoa sem controle, sem qualquer deferência. A Palavra de Deus nos ensina que precisamos mortificar nossa natureza (Cl 3.5). Mortificar é permitir que Deus controle nossos pensamentos, vontades e ações. Vivemos em uma sociedade hedonista, onde a busca pelo prazer tem feito com que muitos sejam dominados por desejos malignos, praticando, sem qualquer pudor, toda a sorte de impureza, e tudo em nome do prazer e da liberdade. Diante desse triste quadro, a Igreja não pode se calar, mas deve expressar suas virtudes anunciando a mensagem da salvação. [Comentário: Somos salvos pela graça, por meio da fé (Ef 2.8). Isto pode parecer, à princípio, que a nossa salvação independe do nosso comportamento. No entanto, quando Deus salvou o homem, o fez com o propósito de, não somente livra-lo da condenação eterna, mas também, de resgatá-lo do pecado e apresentá-lo apto para o seu serviço e para adoração. Talvez por causa deste pensamento na igreja romana é que Paulo argumentou: “... Permaneceremos no pecado, para que a graça seja mais abundante?” (Rm 6.1). E respondeu em seguida: “De modo nenhum! Nós que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?” (Rm 6.2). Vejamos, então, a necessidade da mortificação:
1. Porque a natureza dos nossos membros sobre a terra, contrapõe a nova natureza celestial - “Mortificai, pois, os vossos membros que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, o apetite desordenado, a vil concupiscência e a avareza, que é idolatria” (v. 5) - O pecado de natureza sexual é: Prostituição – “porneia”, que envolve todos os tipos de comportamentos sexuais ilícitos, incluindo desvios e aberrações (Rm 1.24-27). A impureza se refere à intenção imoral. A paixão revela sensualidade, luxúria e lascívia. A concupiscência é o desejo por algo proibido, mas que se persegue para satisfação de desejos carnais impetuosos. Por último, a avareza que é idolatria. Estas práticas se opõem às práticas do novo homem: “E vos revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade” (Ef 4.24).
2. Porque vivendo segundo a carne nos tornamos alvo da ira divina - “pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência” (v. 6) – A Palavra do Senhor nos adverte: Aquele que anda nos desejos da carne satisfazendo a sua vontade, atrai para si a ira de Deus. Antes de conhecermos a Deus e de sermos salvos, praticávamos todos os desejos ilícitos da carne, por isto, “éramos por natureza filhos da ira” (Ef 2.3). Podemos definir o que queremos para a nossa vida. Podemos ser filhos de Deus ou “filhos da ira”. Dependendo das nossas práticas diárias.
3. Porque viver segundo a carne é próprio de quem nunca nasceu de novo - “nas quais também, em outro tempo, andastes, quando vivíeis nelas” (v. 7) – O pecado é coisa do passado (Rm 6.20,21); corresponde a um estado de ignorância (1Pe 1.14); indica a posição de escravos do pecado (Jo 8.34); revela a condição de pecadores inimigos de Deus (Rm 5.10). No entanto, hoje conhecemos ao Senhor e a sua Palavra, portanto, não justifica mais estas práticas. “Mortificai, pois, os vossos membros que estão sobre a terra”.http://www.ibvir.com.br/sermoes_a/mortificando_a_carne.htm]

3. A vida conduzida pela concupiscência dos olhos. Longe de Deus e sem o controle do Espírito Santo, o homem manifesta seus desejos mais perversos, trazendo sérios prejuízos para os relacionamentos na Igreja e fora dela. Quando o homem se torna insensível à voz de Deus e ao Espírito, sendo governado apenas por seus instintos, torna-se semelhante aos animais. Uma vida conduzida pela velha natureza leva as pessoas a olharem apenas para os prazeres momentâneos que o mundo oferece, não atentando para o que é eterno. Davi viu e desejou a mulher de Urias, e o seu desejo descontrolado o levou a cometer um adultério e um homicídio (2Sm 11.1-4). Ele não atentou para as consequências dos seus atos. O crente não pode se deixar seduzir pelos prazeres deste mundo (1Jo 2.15-17). [Comentário: Concupiscência dos olhos é desejo intenso de aquisição de bens materiais, de desfrutar do gozo material. É o desejo de possuir, desejo de adquirir coisas, de acumular. Surge mediante a contemplação das vantagens terrenas, como riquezas, famas e prazeres. O indivíduo corre desenfreadamente atrás daquilo que ele não trouxe para este mundo (1Tm 6. 7). Este desejo é também conhecido como "avareza". O avarento se apega demasiadamente às coisas materiais, esquecendo-se de Deus. Seus olhos não vêem o vertical, de onde vem sua redenção; somente vêem o horizontal, o mundo e as coisas que nele há. O primeiro grande mandamento é "Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração..." (Mc 12.30). Quem deseja possuir, adquirir desta forma os bens desta vida está incapacitado de amar a Deus. Os seus olhos estão saturados, voltados tão somente para os elementos materiais, a riqueza, a economia, de tal forma que não conseguem mais ver Deus em seu caminho (1Tm 6.10)http://www.iprb.org.br/artigos/textos/art01_50/art47.htm. O desejo entra pelos olhos, pela cobiça, pelo desejo de possuir o que se vê e se acha belo ou prazeroso. Sem manter sua comunhão com Deus, o ser humano dá asas a seus sentimentos mais perversos e os permite em sua mente até que os liberta da prisão em que estavam depois de se converter. Um crente que não vive sendo controlado pelo Espírito Santo e sim por seus instintos, torna-se semelhante aos animais. Não existe nele mais o desejo pelas coisas de cima e agora só anseia pelas temporais, humanas e diabólicas. Davi viu e desejou a mulher de Urias, e o seu desejo descontrolado o levou a cometer um adultério e um homicídio (2Sm 11.1-4). Sansão antes de se tornar cego dos olhos naturais já estava cego espiritualmente. Brincou com Satanás e o resultado foi funesto http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao3-ocfe-1tr17-o-perigo-das-obras-da-carne.htm.]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“Algumas pessoas pensam que o mundanismo está limitado ao comportamento exterior — as pessoas com quem nos associamos, os lugares que frequentamos, as atividades que apreciamos. O mundanismo é também interior, porque começa no coração, e é caracterizado por três atitudes: (1) a cobiça pelo prazer físico — a preocupação com a satisfação dos desejos físicos; (2) a cobiça por tudo o que vemos — almejar e acumular coisas, curvando-se ao deus do materialismo; e (3) o orgulho das nossas posses — obsessão pela condição, posição ou por ser importante. Quando a serpente tentou Eva (Gn 3.6), tentou-a nestes aspectos. Semelhantemente, quando o Diabo tentou Jesus no deserto, estas foram as três áreas de ataque (ver Mt 4.1-11).
Em contraste, Deus estima o autocontrole, um espírito de generosidade, e o compromisso de servir com humildade. É possível dar a impressão de evitar os prazeres mundanos e ao mesmo tempo abrigar atitudes mundanas no coração. É também possível, como Jesus, amar os pecadores e dedicar-lhe tempo, enquanto mantemos um forte compromisso com os valores do Reino de Deus. Quais são os valores mais importantes para você? Suas ações refletem os valores de Deus ou os valores do mundo?” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RJ: CPAD, 2003, p.1783-84). 

II. A DEGRADAÇÃO DO CARÁTER CRISTÃO

1. O caráter. No grego, caráter é charaktēr e significa “estampa”, “impressão” e “marca”. Contudo, é importante ressaltar que esta palavra tem diferentes significados em distintas ciências, como a sociologia e a psicologia. Segundo o Dicionário Houaiss é “um conjunto de traços psicológicos e, ou morais, que caracterizam um indivíduo”. O caráter não é inato e pode ser mudado. [Comentário: "O caráter é como uma árvore e a reputação como sua sombra. A sombra é o que nós pensamos dela; a árvore é a coisa real." (Abraham Lincoln). Caráter é a soma de nossos hábitos, virtudes e vícios. A Wikipédia define assim: “Caráter é um termo usado em psicologia como sinônimo de personalidade. Em linguagem comum o termo descreve os traços morais da personalidade. Muitas pessoas associam o caráter a uma característica relacionada à Genética, o que não ocorre. O caráter de uma pessoa é algo independente de sua referência genética. É o termo que designa o aspecto da personalidade responsável pela forma habitual e constante de agir peculiar a cada indivíduo; esta qualidade é inerente somente a uma pessoa, pois é o conjunto dos traços particulares, o modo de ser desta; sua índole, sua natureza e temperamento. O conjunto das qualidades, boas ou más, de um indivíduo lhe determinam a conduta e a concepção moral; seu gênio, humor, temperamento; este sendo resultado de progressiva adaptação constitucional do sujeito às condições ambientais, familiares, pedagógicas e sociaishttps://pt.wikipedia.org/wiki/Car%C3%A1ter. “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procede às saídas da vida” (Pv 4.23).]

2. O caráter moldado pelo Espírito. Quando aceitamos Jesus e experimentamos o novo nascimento, nosso caráter passa por uma transformação. O Espírito Santo trabalha em nós a fim de que sejamos semelhantes a Jesus. Mas para que essa transformação aconteça precisamos nos submeter inteiramente a Deus. Se quisermos uma vida espiritual frutífera, precisamos dar oportunidade ao Espírito Santo para que Ele trabalhe em nossas vidas produzindo o fruto do Espírito (Gl 5. 22). Não adianta apenas dizer que é crente, é preciso evidenciar o nosso caráter cristão mediante as nossas ações (Mt 5.16). Muitos se dizem crentes, mas suas ações demonstram que nunca tiveram um encontro real com o Salvador. Muitos estão na igreja, mas ainda não foram realmente transformados por Jesus, pois quem está em Cristo é uma nova criatura e como tal procura andar em novidade de vida, pois já se despiu do velho homem, da natureza adâmica (2Co 5.17). Crentes que vivem causando escândalos, divisões, rebeldias, jamais experimentaram o novo nascimento. [Comentário: Ao aceitar a Cristo como Salvador e Senhor, o ser humano passa a ser uma nova criatura, o apostolo Pedro negou a Jesus pela sua inconstância, mas como pode um sanguíneo como ele se tronar constante? Pedro se tornou corajoso e cheio de fé, dormia em uma prisão sabendo que seria morto, somente Deus pode mudar uma pessoa com temperamento impulsivo dando lhe calma, um homem controlado (At 4.19,20), estranho num sanguíneo. Contudo vemos um Pedro humilde, amoroso e com maturidade. Ao ver o apostolo Paulo falando em paz, mansidão, amabilidade ou bondade, da para imaginar um colérico, cabeça dura, obstinado, falar em bondade ou agradecendo seus cooperadores pelos serviços prestados? Um melancólico a busca de perfeição que nunca se contenta com nada? Geralmente eles desistem quando não conseguem e Moisés faz exatamente o contrario? O fleumático Abraão ser considerado o pai na fé, quando na verdade eles já se parecem crentes? O Espírito Santo com seu poder transformador transforma o caráter doentio, a insensibilidade moral no que concerne aos princípios e valores morais, onde até alguns denominados evangélicos estão corrompidos em suas naturezas e consciências cauterizadas entristecendo a Deus o Criador. Observemos os limites da Palavra de Deus e vivamos de modo digno da fé que professamos. Sem que a permissividade, a mentira, a malicia, a concupiscências, a cobiça, a ambição e outras coisa semelhantes encontrem em nós guarida. Que sejamos transformados e consigamos viver a nova vida em Cristo. (1Co 5.17)]

3. Ataques ao seu caráter. Em sua vida cristã, você terá que lutar com três inimigos que farão de tudo para macular o seu caráter: a carne, o Diabo e o mundo. Muitos acabam sendo vencidos por eles. Para enfrentar e vencer esses inimigos é preciso ter uma vida de comunhão com o Pai. É necessário orar, ler a Palavra de Deus e jejuar. Sem a leitura da Bíblia, a oração e o jejum não conseguiremos vencer e ter uma vida frutífera. [Comentário: O crente sofrerá tentações, é certo, mas poderá impedir que o pecado obtenha sua vitória (Gn 4.7). As obras pecaminosas não se manifestarão e nem se completarão no crente. Ele sempre encontrará forças para derrotar e frustrar a tentação, não chegando a ceder à mesma, praticando atos pecaminosos. Podemos identificar três inimigos básicos de todo cristão genuíno:
1. O Mundo: Devemos entender por mundo todo o sistema contrário à mensagem do Evangelho que impera na sociedade, com todos os falsos conceitos que ele possui e com todas as práticas que desagradam a Deus. Devemos ter amor na pregação do Evangelho crendo no resgate de pessoas que são prisioneiras deste sistema maligno, mas não podemos amar as coisas que são do mundo, ou seja, suas falsificações, práticas pecaminosas e ideais anticristãos. O mundo jaz no maligno, as pessoas estão cegas em seu entendimento pelo deus deste século e satanás usa este sistema maligno de todas as maneiras para impedir o avanço do Evangelho e a salvação das almas, não podemos nos constituir amigos deste mundo em seus ideais e práticas, antes devemos proclamar o desejo de Deus segundo o Evangelho (1Jo 5.19; 2Co 4.4; Tg 4.4; 2Co 10.3-5). Devemos nos defender das ofensivas deste sistema corrompido segundo a armadura espiritual que Deus tem nos dado (Ef 6.13-18), não ignorando os ardis do inimigo (2Co 2.11), vivendo com sobriedade e vigilância (1Pd 5.8), e claro, combatendo com a fé que nos foi dada, sendo esta a vitória que vence o mundo (1J0 5.4-5).
2. A Carne: Por carne devemos compreender o princípio pecaminoso que está dentro de todo homem, a carne é representação da natureza pecaminosa, a corrupção original pela qual todos ficamos indispostos para as coisas que são de Deus transgredindo Sua Lei (Rm 3.9-18, 23), estes impulsos pecaminosos são identificados pelas obras más dos homens (Gl 5.16-21) e só podem ser controlados pela inteira dependência do Espírito de Deus que em sua obra regeneradora produz transformação espiritual no crente (Gl 5.22-25). Sobre isto declara a Confissão de Fé de Westminster: Esta corrupção da natureza persiste, durante esta vida, naqueles que são regenerados; e, embora seja ela perdoada e mortificada por Cristo, todavia tanto ela, como os seus impulsos, são real e propriamente pecado. Rm 7.14,17,18,21-23; Tg 3-2; 1Jo 1.8-10; Pv 20.9; Ec 7-20; Gl 5.17. Sendo assim, nossa luta contra a carne deve ser constante.
3. O Diabo: Este ser maligno se opõe a Deus e a Seus servos, se valendo de enganações e sutis ciladas contra o crente, é persistente em procurar um momento oportuno para tentar tragar os escolhidos e tem poder, embora limitado, que jamais devemos subestimar (2Co 1.22; Ef 2.11; 1Pd 5.8; Ef 6.12; 1Jo 4.4; Jd 9). Porém não devemos temer as forças espirituais do mal, afinal Jesus Cristo venceu todos os principados e potestades na cruz do Calvário, expondo-os publicamente, triunfando deles e decretando nossa absolvição de todo escrito de dívida (Cl 2.12-15). Cristo é quem esmagará debaixo dos nossos pés a satanás! (Rm 16.20) http://ministeriobbereia.blogspot.com.br/2011/03/os-inimigos-do-crente-em-jesus-cristo.html.]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“É o Espírito Santo que produz o fruto espiritual em nós quando nos rendemos sem reservas a Ele. Isso abrange nosso espírito, alma e corpo e todas as faculdades que os constitui. O crente que quiser mandar na sua vida e fazer a sua vontade para agradar a si próprio pode continuar como cristão, mas nunca será vitorioso no seu viver em geral, e nem terá jamais o testemunho do Espírito na sua consciência cristã de que está em tudo agradando a Cristo e fazendo o seu querer. O fruto do Espírito é o caráter de Cristo produzido em nós para que em nosso viver o demonstremos ao mundo. Caráter este sem jaça, como revelado nos tipos, símbolos, figuras e nas inúmeras profecias messiânicas do Antigo Testamento, e nas diversas passagens do Novo Testamento que tratam do assunto, a começar pelos Evangelhos” (GILBERTO, Antonio. O Fruto do Espírito: A plenitude de Cristo na vida do crente. 2ª Edição. RJ: CPAD, 2004, pp.15-16).

III. UMA VIDA QUE NÃO AGRADA A DEUS

1. Viver segundo a carne. Se o crente vive dominado pelos desejos carnais, ele não pode agradar a Deus (Rm 8.8). Fomos criados para glorificar a Deus e produzir o fruto do Espírito. Viver segundo a carne causa males e danos à nossa vida e para o nosso próximo. Paulo exorta os crentes da igreja de Corinto para que vivam no Espírito, pois alguns estavam vivendo segundo a carne, de modo que suas ações eram evidentes: inveja, contendas e dissensões (1Co 3.3). Paulo deixa claro que os que assim estavam vivendo não poderiam agradar a Deus e ter uma vida de comunhão no Espírito Santo. [Comentário:Viver na carne: viver segundo a natureza físico-material a fim de satisfazer os impulsos que parecem ao próprio ser humano. A dualidade do bem e do mal, nas regiões celestiais, no mundo, nas dimensões espirituais e até mesmo em cada ser humano é uma grande realidade. Para obtermos a vitória devemos estar em contato com o Espírito do Deus vivo, sendo esse o único meio de obter a santidade nessa luta. E devemos ainda lançar mão de vários outros meios como o: "Estudo das Escrituras, a oração e a meditação, mas tais coisas desacompanhadas do poder pessoal do Espírito Santo, nunca conseguirão propiciar-nos a vitória sobre o pecado". As obras da carne são claramente definidas, sendo tão bem conhecidas como são os diversos aspectos do fruto do Espírito. Sendo esse o caso, todos deveriam facilmente tomar consciência do que deve ser evitado e do que deve ser cultivado. Não é mister nenhuma pesquisa elaborada para que fique demonstrado o que significa cumprir as concupiscências da carne http://solascriptura-tt.org/VidaDosCrentes/ComDeus/ObrasCarneFrutoEspirito-IBR-StaCatarina.htm.]

2. Vivendo como espinheiro. Sabemos que a árvore é identificada não por suas flores ou folhas, mas por seus frutos. Jamais vamos colher laranja de uma macieira, pois cada árvore produz o seu fruto segundo sua espécie (Gn 1.11). Logo, é impossível um cristão dominado pelo Espírito Santo produzir as obras da carne. O homem bom tira de seu íntimo, do seu coração transformado, coisas boas, mas o homem mau tira do seu mau coração pelejas, dissensões, prostituição, iras, etc. (Mt 7.18-22). Jotão apresenta algumas árvores em uma parábola para o seu povo (Jz 9.7-21). As árvores representam o povo de Siquém que desejavam um rei. Essas árvores eram boas: uma produzia azeite que era utilizado na unção dos sacerdotes e iluminação; outra produzia figos que alimentava o povo; a videira produzia vinho, que era usado nos sacrifícios de libações. Porém o espinheiro, arbusto inútil, representava Abimeleque. Muitos atualmente estão como Abimeleque, não produzem nada de útil para Deus ou para o próximo e ainda ferem as pessoas com seus espinhos. Quem vive segundo a carne se torna um espinheiro, inútil para Deus e para a Igreja. [Comentário: Viver no Espírito: viver segundo a natureza físico/espiritual, orientado pelo Espírito Santo, a fim de satisfazer a vontade de Deus. O cristão já vive no Espírito e, portanto, deve andar no Espírito. Abimeleque era um homem sem piedade alguma, o que fica claro pela forma como obteve o seu reinado: assassinato, conspiração e usurpação. Filho ilegítimo de Gideão, sua mãe era uma concubina de Siquém, lugar que se tornara um centro do culto de Baal, Quando Jotão soube da proclamação, colocou-se no alto do monte Gerizim, e, tendo chamado a atenção de todos os habitantes de Siquém, proferiu sua parábola (vv. 8-15). A parábola de Jotão fala de diferentes árvores que buscam para si um rei. As árvores consultadas quanto à possibilidade de se tornarem reis foram: a Oliveira (v. 8), A Figueira (v. 10), a Videira (v. 12), e por último, o Espinheiro (v. 14). Nas árvores desejosas de um rei “temos a representação figurada do povo de Siquém, que estava descontente com o governo de Deus e ansiava por um líder nominal e visível, como tinham as nações pagãs vizinhas”. Claramente, Abimeleque é representado na parábola pelo Espinheiro. Quando procuradas, a Oliveira, A Figueira e a Videira recusaram a proclamação como reis, em função do serviço que prestavam a Deus e aos homens (vv. 9,11,13). Matthew Henry diz o seguinte: “Elas [a oliveira, a figueira e a videira] o recusaram, preferindo servir a governar, fazer o bem a controlar”. É deveras interessante o fato de que, as três árvores se recusam a “pairar sobre as árvores”. Elas foram convidadas a reinar, não obstante se recusaram a pairar. O que isso significa? O verbo hebraico nûa´ tem como ideia básica “a de um movimento repetitivo de um lado para outro”. No caso, a ideia do verbo nuâ´ na resposta dada pelas três árvores frutíferas é que elas não estavam dispostas a deixarem suas ocupações úteis e seu serviço a Deus e aos homens para ficarem perambulando “de um lado para outro entre as árvores na condição de governante”. Carl Edward Armerding afirma o mesmo: “Qualquer árvore com uma função útil na natureza estaria ocupada demais para dominar sobre as árvores. Somente o espinheiro, uma moita notória por espalhar fogo pelo solo do deserto, tem audácia de aceitar o convite”. A utilidade do serviço das três árvores frutíferas consistia no fato, de que “azeite, figos e vinho eram os produtos mais valiosos da terra de Canaã, ao passo que o espinheiro não era bom para nada, mas para queimar”. As três árvores frutíferas representam, no contexto, a Gideão e aos outros juízes, “que tinham recusado aceitar o estado e poder de rei”. Diferentemente das outras três árvores, o espinheiro não tinha nada de produtivo ou de valor a oferecer. Era uma planta absolutamente improdutiva, sendo, na verdade, um arbusto, e não uma árvore. Nem mesmo sombra e abrigo eram proporcionados por esse arbusto. É mister recordar que, a maldição imprecada pelo Senhor em Gênesis 3.18 envolvia a produção de plantas infrutíferas e espinhosas, como cardos e abrolhos: “O espinheiro teve sua origem por meio de uma maldição e acabará no fogo”. Cundall salienta que, o espinheiro se constituía em uma séria ameaça aos donos de lavouras, pois “no calor do verão, quando fagulhas incrementadas pelo vento podiam produzir incêndios de velocidade incrível, alimentados pelos excelentes combustíveis, os espinheiros secos”.http://www.cristaoreformado.com/2010/10/parabola-de-jotao.html. O espinheiro representa a pessoa ignominiosa de Abimeleque. Assim como aquele espinheiro, Abimeleque não tinha a mínima condição de prover qualquer benefício para os habitantes de Siquém. Ele não tinha capacidade de oferecer verdadeira segurança aos homens de Siquém. Inerente a Abimeleque era apenas a sua capacidade de oferecer dor, sofrimento e destruição.]

3. Uma vida infrutífera. Certa vez, Jesus contou uma parábola a respeito de uma árvore estéril, uma figueira (Lc 13.6-9). A figueira sem frutos refere-se primeiramente a Israel, porém ela também pode ser aplicada aos crentes que professam a Jesus e, no entanto, insistem em viver uma vida carnal, pecaminosa. Na parábola, o agricultor investe na figueira, adubando, regando, podando, ou seja, dando todas as condições para que produza fruto. Mas caso ela não viesse a frutificar seria cortada. Deus está investindo em sua vida e dando todas as condições para que você produza bons frutos, aproveite a oportunidade. [Comentário: Os Pais da Igreja interpretaram a figueira estéril como um símbolo do judaísmo. Cristo procurou fruto nela — na Sinagoga — e não o encontrou. Daí ele amaldiçoou-a. Jesus havia contado essa parábola para criticar os líderes religiosos de sua época que não estavam produzindo frutos de um caráter realmente convertido ao Senhor Deus. A este Jesus assevera que: caso não produzissem frutos seriam arrancados em breve. A maneira como a parábola da vinha é usada em Isaías 5.1-7 e também por Jesus em Lucas 20.9-16 nos indica que a parábola da figueira estéril se referia especificamente à crise da liderança infrutífera dos mestres da Lei e dos chefes dos sacerdotes (veja Lc 20.19) e não mais aos judeus de modo geral. No artigo ‘Volte para Deus’ disponível no site Ultimato, afirma-se: “no original aramaico evidentemente há uma trocadilho entre a palavra “arrancá-la” (fsūqīh) e “perdoá-la” (shbūqīh). Assim, o empregado roga para o “perdão” da figueira e não que seja “arrancada”. Também, o empregado não define este prazo especificamente como sendo de “o ano que vem” (v.9, NTLH), mas deixa o período indefinido como “por um tempo” ou “para o futuro” (exatamente como a mesma frase em 1Tm 6.19).A ênfase claramente na misericórdia de Deus e não no seu juízo. Finalmente, uma condição é colocada. Depois de dois atos de tentativa de redenção (afofar a terra e pôr bastante adubo), se ainda não há fruto, a ordem é de “cortar” a figueira (literalmente “arrancá-la do solo). Ou seja, o juiz há de vir. Não há como adiá-lo indefinidamente. Um dia virá. E o juiz vai procurar fruto.”http://ultimato.com.br/sites/timcarriker/2013/01/10/volte-para-deus/.]

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

“Era um costume na Palestina antiga, assim como hoje, plantar figueiras e outras árvores nas vinhas. Era um meio de utilizar cada pedaço disponível de boa terra. A figueira aqui, como em todo o simbolismo bíblico, refere-se a Israel. [...] E foi procurar nela fruto, não o achando. Embora a figueira estivesse na vinha, ela não tinha outro propósito a não ser dar fruto. Da mesma forma, Israel só tinha uma razão para ocupar o primeiro ou qualquer outro lugar: cumprir a missão que lhe fora dada por Deus. Visto que a figueira era infrutífera, não teria o direito de existir; e visto que Israel se recusava a cumprir sua missão determinada por Deus, não tinha o direito de continuar” (Comentário Bíblico Beacon. 1ª Edição. Volume 6. RJ: CPAD, 2006, pp.437-38).

CONCLUSÃO

Quem vive segundo a carne não pode agradar a Deus. E a vida sem Deus torna-se infrutífera. Longe do Senhor nos tornamos espinheiros, nos ferimos e ferimos ao próximo. Busque a Deus e seja uma árvore frutífera. [Comentário: São os frutos que mostram ao mundo sua comunhão com Deus e são frutos a todo o tempo. Infelizmente estamos vendo crentes preocupados em produzir ou ver sinais, mas não estão interessados em produzir frutos. Paulo afirma que a inclinação do Espírito produz vida (Rm 8.6). O homem em seu estado natural é incapaz de cumprir a vontade de Deus. Logo, devemos entender que não existe a figura do ‘crente carnal’; se é carnal, não pode ser crente! Segundo Bailey Smith, “muitos simplesmente designam aqueles cristãos professos que não mostram fruto real como 'cristãos carnais' (baseado num mal entendimento de 1 Coríntios 3.1-4). Embora seja verdade que o Apóstolo Paulo os tenha repreendido por agirem de maneira carnal (como incrédulos), ele não postulou uma categoria inteira de sub-cristãos, conhecidos como cristãos carnais. Esta categoria é uma invenção dos teólogos do século XX e provê um ‘esconderijo' seguro para muitos incrédulos na igreja”. Como no exemplo de Abimeleque e Jotão, o espinheiro não tem nada a oferecer. Naturalmente que o homem salvo que anda segundo o Espírito como o padrão geral de sua vida, pode ocasionalmente produzir um ou outro fruto da carne em áreas particulares de sua vida, devido à imaturidade espiritual e por causa do pecado. Todos os verdadeiros cristãos são homens espirituais, e todos verdadeiros cristãos de vez em quando se comportam de maneira imatura, mundana e carnal. Não há tal coisa como um verdadeiro cristão que não anda segundo o Espírito como o padrão geral de sua vida, e não há tal coisa como um verdadeiro cristão que não se comporta de vez em quando de maneira imatura, mundana e carnal. Nosso dever é orar e vigiar.] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”.

Francisco Barbosa

Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

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