INTRODUÇÃO
Ao longo deste trimestre estudaremos os livros
sapienciais de Provérbios e Eclesiastes. Esses dois textos bíblicos tratam a
respeito da sabedoria, não a dos homens, mas a de Deus. Na lição de hoje
faremos uma apresentação panorâmica desses livros, destacando sua importância
não apenas no cenário judaico, mas principalmente no cristão. A leitura
centralizada no evangelho dessas orientações fará com que homens e mulheres
sejam sábios, sobretudo tementes a Deus.
1. A
SABEDORIA DOS HOMENS E A SABEDORIA DE DEUS
O conhecimento e a sabedoria sempre cativaram os
seres humanos, a investigação a respeito das coisas é justamente a origem da
filosofia. Esse ramo do conhecimento humano trata da possibilidade do
conhecimento, e também do próprio conhecimento da realidade. O termo filosofia
vem da junção de duas palavras grega, filo (amigo) e sofia (sabedoria). Os
filósofos, por conseguinte, são amantes da sabedoria. Os gregos se destacaram
por serem versados na filosofia, entre eles estiveram grandes filósofos, tais
como Platão e Aristóteles. O conhecimento filosófico, nos dias atuais, está
desassociado da revelação bíblica. Antigamente, nos tempos de Agostinho, havia
uma relação profícua entre filosofia e teologia. Mas com o advento do
Iluminismo, a Era da Razão, o pensamento humano se desvinculou da revelação.
Essa é a principal diferença entre Filosofia e Teologia Crista, enquanto que a
primeira se baseia na mera razão, a última está alicerçada na revelação. Na
Bíblia a palavra sabedoria também tem um significado primordial, tanto no
Antigo quanto no Novo Testamento. A palavra hebraica hokmah diz respeito ao
conhecimento intelectual, e tem a ver, por exemplo, com a compreensão (Pv.
10.23). A fonte da sabedoria, nos livros sapienciais, é o próprio Deus (Jó
28.20-23). O salmista, bem como os autores dos Provérbios, assume que o temor
ao Senhor é o princípio da sabedoria (Sl. 111.10). Esse tipo de sabedoria, na
perspectiva judaica, precisa ser diferenciado do simples conhecimento. Isso
porque a sabedoria é uma aplicação prática, daqueles que atentam para os
conselhos de Deus (Pv. 13.10). O capítulo 8 de Provérbios é um arauto à
sabedoria divina, pois antes mesmo da criação, a sabedoria já se encontrava com
Deus (Pv. 8.22-31). No Novo Testamento, o termo grego para sabedoria é sophia,
que também denota a capacidade para a compreensão (At. 6.3), mas diferentemente
da sabedoria dos homens, que é falsa (Cl. 2.23), a de Deus é dada pelo Espírito
(I Co. 2.5-16). A sabedoria de Deus é o próprio Jesus, nEle repousa a plenitude
da revelação de Deus, a mensagem da cruz é loucura para os homens. Mas Deus
destrói a sabedoria dos sábios, no Cristo Crucificado se encontra a ápice da
mensagem divina (I Co. 1.17-19; 2.1-2; ; Hb. 1.1-3).
2. O LIVRO
DE PROVÉRBIOS: O PRINCÍPIO DA SABEDORIA
O livro de Provérbios mostra que a sabedoria
voltada para Deus é condição fundamental para viver. O livro, em linhas gerais,
pode ser assim dividido: o valor da sabedoria (Pv. 1.1-1.7), conselhos de um
pai sobre a vida (Pv. 1-9), os princípios de sabedoria para a vida piedosa (Pv.
10-24), os princípios de sabedoria para relações saudáveis (Pv. 25-29), a
humildade, a vida justa, o aprendizado com a sabedoria (Pv. 30), e a descrição
da mulher virtuosa (Pv. 31). O livro de Provérbios foi compilado por volta de
950 d. C. O tema central do livro são as escolhas que as pessoas fazem na vida,
para alguns ter uma vida boa é desfrutar de prazer, para outros, é servir e
temer a Deus. O autor, Salomão, filho de Davi, destaca seu propósito em Pv.
1.2-6, destacando a importância de buscar a sabedoria, para viver bem. Certo
pensador bem destacou que ler provérbios é fácil, toma apenas alguns segundos,
memoriza-los também, em minutos, mas vive-los leva a vida toda. O
versículo-chave de Provérbios se encontra em Pv. 1.7, no qual nos deparamos com
a máxima: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria”. A expressão “o temor
do Senhor”, nos livros de sabedoria, significa que devemos amar a Ele, não ter
medo. João, em sua Epístola, já destacou que o perfeito amor retira todo medo,
no amor não há terror, antes obediência (I Jo. 4.18). O capítulo 3 de
Provérbios destaca os conselhos de um pai para seu filho, ele alerta quanto aos
perigos da vida, especialmente sobre a sexualidade. O principal conselho se
encontra em Pv. 3.5,6, a fim de que o filho confie no Senhor de todo coração, e
que não se fundamente no seu próprio entendimento. No capítulo 8, dois caminhos
da vida são personificados, um através da sabedoria, o outro pela tolice. No
capítulo 10 Salomão trata a respeito de vários aspectos da vida, e dá conselhos
diversos, principalmente para os momentos de tomada de decisão. O livro de
Provérbios ressalta a limitação do conhecimento humano (Pv. 14.12). O sucesso,
nesse texto sapiencial, nada tem a ver com os cursos de motivação oferecidos no
mercado. Ter êxito, para o homem e a mulher piedosa, significa confiar em Deus
(Pv. 16.20-22). Ao longo do livro há conselhos diversos, a respeito do controle
das emoções (Pv. 16.32). Tal como em Gl. 5.22, a maturidade é resultante do
equilíbrio, da observância de algumas virtudes, produzida no relacionamento com
Deus. O domínio da língua é importante nos conselhos de Provérbios, pois mesmo
o tolo passa por sábio ao ficar calado (Pv. 17.28). O relacionamento amoroso
também tem seu lugar nesse livro, aqueles que encontram um cônjuge, recebem o
favor de Deus (Pv. 18.22). A natureza da vida humana também é discutida em
Provérbios (Pv. 20.27). A relevância da orientação aos filhos, ensinando-os no
caminho justo, é um procedimento sábio (Pv. 22.6). O capítulo 25 inicia uma
segunda coleção de Provérbios de Salomão, a respeito de assuntos diversos. Em
Pv. 28.27 aprendemos que nenhum homem é uma ilha, que todos estamos
interligados. Por isso, devemos nos preocupar com aqueles que se encontram em
condição de necessidade. Os capítulos 30 e 31 tratam a respeito da busca pela
satisfação e da mulher virtuosa. Esse é um livro que deve ser lido e relido, a
fim de crescermos em sabedoria, e para aplicar seus princípios, avaliados
sempre à luz do evangelho.
3. O LIVRO
DE ECLESIASTES: SABEDORIA COMO OBEDIÊNCIA
O Livro de Eclesiastes se destaca por ser o único
livro das Escrituras que reflete um ponto de vista humano, não divino da
existência. Isso não quer dizer que não seja inspirado, o Espírito soprou sobre
o autor, para revelar posicionamentos humanos (II Tm. 3.16,17). Por isso precisa ser lido com
base na revelação de Deus, não como um texto dogmático. Existem críticos das
Escrituras que utilizam as passagens desse livro para distorcer a Palavra de
Deus. Não podemos esquecer que cada aspecto da vida, no livro de Eclesiastes, é
analisado “debaixo do sol”. A visão humana da realidade é limitada, se encontra
em uma perspectiva horizontal, inclusive da revelação divina. Eclesiastes, como
o próprio título o expressa, é o livro do homem da assembleia, o Qoelet em
hebraico. Esse é Salomão, o filho de Davi, rei de Jerusalém, um homem sábio,
que investiga o sentido da vida. O livro pode ser assim dividido: 1) declaração
da inutilidade de tudo (Ec. 1.1-11); 2) investigações e demonstração da inutilidade
da vida longe de Deus (Ec. 1.12-6.12); e 3) conclusão e conselho a “temer o
Senhor” (Ec. 7-12). O versículo-chave de Eclesiastes se encontra em Ec. 1.2, em
que está escrito que “tudo é vaidade”. A palavra “vaidade”, nesse livro, diz
respeito à “vanidade”, isto é, a ausência de sentido em tudo que se faz. O
universo, como também é percebido atualmente pela ciência, é visto como uma
engrenagem (Ec. 1.6,7). Essa visão científica pode reduzir a natureza a um mero
maquinário, a ideia de um motor, como concebido por Aristóteles. A consequência
é uma percepção da vida como conjunto de células, e do universo como um
engenho, sem a intervenção divina. Como a vida é desprovida de significado
nesse contexto, o autor do Eclesiastes pensa que o prazer pode ser a única
coisa que faz sentido (Ec. 2.1). Ou, quem sabe, as posses, as riquezas
materiais, algo que tem sido amplamente aceito na sociedade moderna (Ec.
2.9,10). Até mesmo o conhecimento não passa de vaidade, pois ao final, os
diplomas ficarão na parede, a única coisa que permanece é a sabedoria (Ec.
2.13-17). No capítulo 3, a semelhança dos filósofos modernos, tais como
Neitzche, Heidegger e Sartre, o pensador existencialista adere ao fatalismo. O
vazio o levou à conclusão que somente pode viver no tempo, para o qual tudo tem
um propósito (Ec. 3.1-4,11). Nos capítulos 4 e 5 o pensador lamenta a opressão
que visualiza no mundo dos negócios, e que até mesmo a religião não faz
sentido. Nos capítulos 6 e 7 o homem da assembleia constata que o rico não
encontra satisfação no que tem, e que a felicidade e a tristeza são as mesmas
coisas, que o rico e o pobre perecem de igual modo (Ec. 7.15). No restante do
livro, dos capítulos 8 a 10, Salomão avalia que apesar dos nossos esforços, a
vida é extremamente injusta, e desprovida de significado.
CONCLUSÃO
O final do livro de Eclesiastes ecoa com o tema do
livro de Provérbios, a máxima que somente o temor do Senhor é verdadeira
sabedoria. Ao avaliar todas as coisas “debaixo do sol”, o homem da assembleia
conclui que precisamos “lembrar do Criador” e que temê-LO é o dever de todo
homem (Ec. 12.13,17). O sentido da vida, nos livros de Sabedoria, está
justamente em temer, e amar o Senhor, em obediência, fora a isso, a vida é pura
vaidade, é “correr atrás do vento”.
Extraído do blog: subsidioebd.blogspot.com.br
SUBSÍDIO II
Lição 1:
O valor dos bons conselhos
6 de
outubro de 2013
TEXTO ÁUREO
“O temor do Senhor é o princípio do
conhecimento; mas os insensatos desprezam a sabedoria e a disciplina” (Pv
1.7). [Comentário: O
versículo 7 de Provérbios define o tema do livro: o temor do Senhor, que é a
maneira bíblica hebraica original de se referir à plena, alegre e amorosa
submissão do ser humano ao seu criador e Pai - YAHWEH - a quem, como súditos
celestes, devemos honra e cuja Palavra devemos obediência. Em contraposição,
temos a figura do “insensato”, expressão cujo sentido mais amplo e dramático
refere-se ao “louco”, não exatamente ao doente mental, mas especialmente ao
“tolo”, aquele que diante da verdade e da vida prefere a mentira e a morte].
VERDADE PRÁTICA
Provérbios e Eclesiastes são verdadeiras pérolas da
sabedoria divina para o nosso bom viver.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Provérbios
1.1-6.
1 - Provérbios de Salomão, filho de Davi, rei de
Israel.
2 - Para se conhecer a sabedoria e a instrução; para
se entenderem as palavras da prudência;
3 - para se receber a instrução do entendimento, a
justiça, o juízo e a equidade;
4 - para dar aos simples prudência, e aos jovens
conhecimento e bom siso;
5 - para o sábio ouvir e crescer em sabedoria, e o
instruído adquirir sábios conselhos;
6 - para entender provérbios e sua interpretação,
como também as palavras dos sábios e suas adivinhações.
OBJETIVOS
Após esta
aula, o aluno deverá estar apto a:
• Conhecer
o conceito geral dos livros de Provérbios e Eclesiastes.
• Identificar
as fontes da sabedoria dos sábios antigos.
• Compreender
o propósito da sabedoria ensinada em Provérbios e Eclesiastes.
PALAVRA-CHAVE
Sabedoria: Grande instrução; ciência,
erudição, saber. (em grego Σοφία, "sofía") é o que detém o
"sábio" (em grego σοφός, "sofós"). Desta palavra derivam
várias outras, como por exemplo, φιλοσοφία -"amor à sabedoria"
(filos/sofia).
COMENTÁRIO
introdução
[Comentário: Caro
leitor, entramos na reta final de 2013, e não poderia ser melhor do que
estudar, neste último trimestre, a sabedoria divina para nós! Temos pela frente
uma excelente oportunidade para fazer uma autoanálise e verificarmos se estamos
crescendo na graça e no conhecimento do Senhor Jesus Cristo. Travaremos contato
com parte da literatura sapiencial judaica e veremos o quanto eles são atuais e
relevantes em seus ensinamentos. O comentarista deste trimestre é o pastor José
Gonçalves, professor de Teologia, filósofo, escritor e vice-presidente da
Comissão de Apologética da CGADB]. Lembro-me
dos ditados populares que ouvia dos meus pais: “Águas passadas não movem
moinhos”; “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura”; “Quem espera sempre
alcança”, e muitos outros. Essas pequenas expressões contêm conselhos de uma
cultura popular impregnada de valores éticos, morais e sociais, que acabam por
dirigir as regras da vida em sociedade. Mais do que qualquer outra fonte, a
Bíblia está recheada dessas pérolas. São bons conselhos que revelam a sabedoria
divina. Tais máximas bíblicas são expressas em linguagem figurada, das mais
variadas formas (parábolas, fábulas, enigmas e provérbios). Por isso, neste
trimestre, conheceremos o que a Bíblia revela sobre os conselhos divinos
contidos nos livros de Provérbios e Eclesiastes. Veremos ainda como esses
conselhos se revelam na vida dos que temem ao Senhor. [Comentário: São
considerados livros da sabedoria três dos livros poéticos: Jó, Provérbios e
Eclesiastes, embora Jó seja realmente um livro de espécie única. Essa
classificação é baseada no fato de tratarem esses três livros dos problemas que
mais interessam à humanidade. Jó trata do problema do sofrimento, Provérbios,
do problema do dever moral, e Eclesiastes, do problema da felicidade. O livro
de Provérbios não é apenas uma coleção de provérbios, mas uma coleção de
coleções. Seu pensamento ou tema unificador é “O temor do Senhor é o princípio
da sabedoria”(9.10), aparecendo de outra maneira como: “O temor do Senhor é o
princípio (ou parte principal) da ciência”(1.7). Já o livro de Eclesiastes
apresenta todos os indícios de ser um ensaio literário cuidadosamente composto
que precisa ser compreendido em sua totalidade antes de poder ser entendido em
parte. O sentido do livro é definido em 1.3 - “o que dá genuíno valor à
existência? Tal fator pode ser encontrado na vida presente?” O pregador
apresenta uma resposta esclarecedora e explica por que tudo é inútil: não há
nenhum ganho, nenhum proveito, nenhum valor permanente para as pessoas a partir
de seu trabalho nesta vida. Mergulhemos então nesta deliciosa jornada e vamos
ouvir as palavras dos sábios!]. Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!
I. JOIAS DA LITERATURA
SAPIENCIAL
1. O livro de Provérbios. A Bíblia diz que Salomão compôs “três mil
provérbios, e foram os seus cânticos mil e cinco” (1Rs 4.32). O texto sagrado
identifica Salomão como o principal autor do livro de Provérbios (Pv 1.1), mas
não o único. O próprio Salomão exorta a que se ouça “as palavras dos sábios”
(Pv 22.17), e declara fazer uso de alguns dos provérbios desses sábios anônimos
(Pv 24.23) [Comentário: aqui há
uma outra coleção breve de provérbio dos sábios, similar em estilo aos grupos
citados antes deste capítulo.]. O livro revela
que havia alguns provérbios de Salomão que circulavam nos dias do rei Ezequias,
e que posteriormente foram compilados pelos homens deste piedoso rei (Pv 25.1) [Comentário: isso
deve ter sido feito em cerca de 720 a.C., quando o escrito já tinha sobrevivido
por mais de 200 anos, mas não há informações quanto à fonte ou história do
documento a partir do qual esses escribas copiaram.]. Por último, o livro de Provérbios revela que
Agur, filho de Jaque, de Massá, é o autor do capítulo 30 [Comentário: A
identidade de Agur é desconhecida, mas aparentemente, ele era um sábio bem conhecido;
mas seu estilo, frequentemente diferente do restante do livro traz igualmente
verdades com imagens fortes e vívidas.].
Já o capítulo 31 é atribuído ao rei Lemuel de Massá[Comentário: A
exemplo de Agur, não se conhece a identidade do rei Lemuel. Ele não aparece
entre os reis de Judá e de Israel.].
O livro pertence ao gênero literário hebreu conhecido como sapiencial, isto é,
literatura da sabedoria. [Comentário: Provérbios, mashal; Strong 04912:
Provérbio, parábola, aforismo, adágio; uma símile ou alegoria; uma lição com
finalidade ou ilustração. Este substantivo vem do verbo mashal, “comparar,
ser semelhante”. Com base no livro de Provérbios, Tem-se a impressão de que
um provérbio é uma frase curta que contém uma verdade. Mas há evidencia no
Antigo Testamento que mostram que o provérbio tem usos mais amplos. O longo
discurso de Balaão recebe o nome de mashal (Nm 23.7-24.24). Em outras
referencias, mashal indica um escárnio, um adágio, ou uma ilustração. E
ainda em outras referencias indica uma pessoa ou uma nação da qual Deus faz um
exemplo. Comparar 1Rs 9.7 com Sl 69.11. No primeiro versículo do livro há ma
identificação imediata com o seu autor principal. No entanto, o significado não
é que todos os provérbios são originalmente de Salomão (filho de David com
Bate-Seba, que teria se tornado o terceiro rei de Israel, governando durante
cerca de quarenta anos (segundo algumas cronologias bíblicas, de 1009 a 922
a.C.). Ele era, ao mesmo tempo, antologista e autor. Em 1Rs 4.32, lemos que ele
“disse” três mil provérbios. Em Eclesiastes ele chama a si mesmo de “pregador”
(Ec 1.1). Como tal, ele certamente colecionou e citou expressões úteis - assim
como um pregador moderno poderia citar um poema ou usar uma metáfora. Os
provérbios são de Salomão, não porque ele os colecionou e usou. Shlomô (em
hebraico:שלמה), deriva da palavra Shalom, que significa "paz" e tem o
significado de "Pacifico". Também chamado de Jedidias (em árabe سليمان
Sulayman) pelo profeta Natã, nome que em hebraico significa "Amado de
Jeová". (II Samuel 12:24, 25)].
2. O livro de Eclesiastes. Eclesiastes, juntamente com Cantares, Jó, Salmos e
Provérbios, também faz parte do gênero literário conhecido como “Literatura
Sapiencial”. Sua autoria é atribuída a Salomão (Ec 1.1). Embora escrito pelo
filho de Davi e pertença ao mesmo gênero literário, o livro de Eclesiastes
possui um estilo diferente de Provérbios. Ele se apresenta como um discurso
usado em assembleias ou templos. Alguns intérpretes acreditam que se trata de
uma coletânea utilizada por Salomão em seus discursos. Ao contrário do que
muitos pensam, o livro de Eclesiastes não expõe uma espécie de ceticismo ou
desencanto existencial. Salomão faz um balanço da vida do ponto de vista de
alguém que teve o privilégio de vivê-la com intensidade, mas que descobre ser
ela totalmente vazia se não vivida em Deus. A própria sabedoria, tão celebrada
nos Provérbios, quando posta a serviço de interesses pessoais e objetivos
mesquinhos é tida como tola. [Comentário: O nome Qohellet,
ou Eclesiastes deriva do termo hebraico qahal, em grego ekklesia
(assembleia) e significa “aquele que fala a uma assembleia”. O termo hebraico
Qohellet, como aparece na Bíblia hebraica, que significa “o homem da assembleia”
ou “aquele que convoca uma assembleia”, recebendo muitas vezes a tradução de
“Professor” ou “Pregador” em outras versões da Bíblia, sugere que Cohellet
possa ser uma pessoa ou um título; no caso, mestre ou orador (12.9-10).
Creditado a Salomão (cerca de 971 a 931 a.C.), foi escrito em sua velhice -
para muitos interpretes de Eclesiastes, a linhagem (1.1), o reinado em
Jerusalém (1.12), a grande sabedoria (1.16) e a riqueza inigualável (2.4-9) do
autor indicam que Eclesiastes foi escrito por Salomão, que se autodenominou o
“Pregador”. Nesse livro, busca-se dar uma resposta à pergunta: que proveito tem
o homem no trabalho e na sabedoria? Assim, o trabalho e a sabedoria constituem
os dois temas principais. o início do livro enfatiza a função de Salomão como
aquele que convoca a comunidade da aliança, a fim de testemunhar e de celebrar
a glória do Rei dos céus, que enche seu templo terrestre (1Rs 8)].
SINOPSE
DO TÓPICO (I)
Provérbios e Eclesiastes são livros de
sabedoria judaica que revelam os desígnios eternos para a vida.
II. A
SABEDORIA DOS ANTIGOS
1. A inteligência dos sábios. Já observamos que pelo menos
duas referências do livro de Provérbios fazem citação das “Palavras dos Sábios”
(Pv 22.17; 24.23). Mas quem são esses sábios? O texto não os identifica.
Todavia, o Primeiro Livro dos Reis fala acerca de outros sábios, igualmente
famosos, e como Salomão os sobrepujou em sabedoria (1Rs 4.29-31).
[Comentário: Salomão
não foi o único autor dos provérbios, embora ele tenha escrito uma grande parte
(cf. 1.1; 10.1; 25.1). O próprio Salomão declara: “... também estes são
provérbios dos sábios” (Pv 24.23). Provavelmente signifique um número de
homens sábios cujos provérbios são citados, embora o uso da primeira pessoa (vs
19-21) dê um toque pessoal. A introdução em primeira pessoa pode ser do próprio
Salomão ou de qualquer um dos sábios citados. Não podemos negar que Salomão foi
um dos homens mais sábios do seu tempo e que proferiu 3 mil provérbios (1Rs
4.32), todavia há outros autores das citações, como Agur (Pv 30.1) e o rei
Lemuel (Pv 31.1). É importante também observar que seus autores pertenceram a
épocas distintas. Etã e Hemã eram músicos e, como sugerido nos títulos dos
Salmos 88 e 89, cada um deles escreveu um Salmo.].
2. A sabedoria de Salomão. O escritor americano Eugene
Peterson mostra a singularidade da sabedoria salomônica em diferentes áreas da
vida. Mais especificamente nos Provérbios, há uma amostra de como honrar os
pais, criar os filhos, lidar com o dinheiro, conduzir a sexualidade, trabalhar
e exercitar liderança, usar bem as palavras, tratar os amigos com gentileza,
comer e beber saudavelmente, bem como cultivar emoções e atitudes em relação
aos outros de modo pacífico. Peterson ainda mostra que o princípio da sabedoria
salomônica destaca que o nosso modo de pensar e corresponder-nos com Deus
reflete a prática cotidiana de nossa existência. Isto significa que nada, em
nossa vida, precede a Deus. Sem Ele nada podemos fazer.
[Comentário: Os
provérbios têm a sua origem nos ditos populares. Todavia, os provérbios
bíblicos são breves declarações que expressam os conselhos divinos para nós.
Podemos afirmar que cada provérbio é uma parábola resumida e o livro todo é a
Palavra de Deus. É Deus falando por intermédio das circunstâncias da vida.
Expresso de várias maneiras, o temor do Senhor é o tema que se repete ao longo
do livro como a chave, o meio, o segredo para se obter verdadeira sabedoria.
Não é o terror diante de um tirano, mas o tipo de temor e respeito que levará à
obediência a Ele, que é o mais sábio de todos. O propósito do livro é ensinar
os leitores a viverem de forma justa, correta e ética. O objetivo é levar as pessoas
a expressarem, no seu dia-a-dia, a sabedoria de Deus. Embora o livro também
trate das questões corriqueiras da vida, ele é um convite à busca da sabedoria
que vem do Alto, a sabedoria divina].
SINOPSE DO TÓPICO (II)
A sabedoria dos antigos, e particularmente
a de Salomão, versava sobre diferentes áreas da vida humana.
III. AS
FONTES DA SABEDORIA
1. A sabedoria popular. Os livros poéticos mostram,
entre outras coisas como louvores e orações, muito da sabedoria do povo de
Israel. Ciente dessa verdade, Salomão apresenta máximas populares para compor
os seus Provérbios (Pv 22.17; 24.23). Podemos entender que Deus dá inteligência
aos homens para que estes possam analisar as situações da vida e tirar delas
conclusões que servirão para si mesmos e para outras pessoas, em forma de
conselhos e advertências, como ocorre no livro de Provérbios.
[Comentário: Salomão
apresenta uma seção com uma coletânea de ditos de sabedoria principalmente sob
a forma de instruções (22.17-24.22). Há evidencias de que a primeira parte
(22.17-23.11) aproveitou-se da sabedoria egípcia de Amenemope. Se este for o
caso, esses discernimentos foram conscientemente apropriados como admoestações
que ajudam a pessoa a sastifazer as obrigações da aliança de ter “confiança...
no Senhor”(22.19). As tradições de sabedoria são compartilhadas por pessoas de
diferentes culturas e religiões. Salomão discutia a sabedoria com pessoas
provenientes de diversas nações (1Rs 4.29-34; 10.1-7), mostrando como certas
características da sabedoria eram compartilhadas através de fronteiras
nacionais e religiosas. O autor de Provérbios, tal como os historiadores da
Bíblia, não foi impedido, em princípio, de usar os materiais existentes no processo
de escrita daquilo que Deus inspirou].
2. A sabedoria divina. O texto bíblico destaca que
Salomão “falou das árvores, desde o cedro que está no Líbano até ao hissopo que
nasce na parede; também falou dos animais, e das aves, e dos répteis, e dos
peixes. E vinham de todos os povos a ouvir a sabedoria de Salomão e de todos os
reis da terra que tinham ouvido da sua sabedoria” (1Rs 4.33,34). De onde vinha
tanta sabedoria? O texto bíblico revela que Salomão orou pedindo a Deus
sabedoria (1Rs 3.9), e que o Senhor respondeu-lhe integralmente (1Rs 3.10-14).
Esta é a fonte da sabedoria de Salomão e explica o porquê de ninguém conseguir
superá-la. [Comentário: O
hebraico hokmah (sabedoria) é encontrada repetidamente no livro de
Provérbios. No Antigo Testamento, ela era usada para descrever a habilidade de
artesãos, artistas e conselheiros (Êx 28.3; 31.3,6; 35.26; 36.1). A sabedoria
de Salomão não tem comparação na história de Israel, evidenciada na pitoresca
narrativa de 1Rs 3.16-28, numa vívida demonstração do dom de sabedoria que Deus
tinha dado a Salomão, em cumprimento ao seu pedido feito em oração (1Rs
3.9-12). Salomão era um amante e incentivador da literatura de sabedoria e foi,
pessoalmente, um autor produtivo. Também manifestou um interesse especial pela
natureza. Ao escrever seus provérbios, Salomão ordenou as relações sociais; ao
listar as questões da fauna e da flora, pôs em boa ordem os elementos do seu
reino. Sua reputação transbordou as fronteiras do seu reino. Monarcas de várias
nações enviavam emissários para aprender a erudição de Salomão. Os textos de
Ebla, de cerca de 2350 a.C., mencionam homens letrados provenientes de muitas
nações a fazerem “preleções” em Ebla, mostrando como essas viagens eram
possíveis desde os tempos antigos (Ebla, uma antiga cidade localizada no norte da Síria, a
cerca de 55 km, a sudoeste de Alepo. Foi uma importante cidade-estado em dois
períodos: em inícios do 3º milênio a.C., e novamente entre 1 800 a.C. e 1 650
a.C.].
SINOPSE DO TÓPICO (III)
A fonte de toda sabedoria do rei Salomão
era o Senhor nosso Deus.
IV. O
PROPÓSITO DA SABEDORIA
1. Valores éticos e morais. Na introdução do livro de Provérbios,
encontramos um conjunto de valores éticos e morais que revelam o propósito
desses conselhos. Ali, consta todo o objetivo proposto pelo livro: (1) Conhecer
a sabedoria e a instrução; (2) entender as palavras da prudência; (3) receber a
instrução do entendimento, a justiça, o juízo e a equidade; (4) dar aos simples
prudência e aos jovens conhecimento e sensatez; (5) ouvir e crescer em
sabedoria; (6) adquirir sábios conselhos; (7) compreender provérbios e sua
interpretação, bem como também as palavras dos sábios e suas metáforas (Pv
1.1-6). [Comentário: O
propósito do livro de Provérbios é guiar o leitor à sabedoria, vocábulo com
muitas nuances. Está relacionado com o intelecto e com o controle do
comportamento humano. É uma maneira de pensar sobre a realidade que capacita
alguém a seguir o que é bom na vida. Através da sabedoria, Deus revela quais
são os valores da vida e como podem ser alcançados.].
2. Valores espirituais. Além de apontar valores éticos e
morais, ao afirmar que o “temor do Senhor é o princípio da ciência; [e que
somente] os loucos desprezam a sabedoria e a instrução” (Pv 1.7), o cronista
sacro abaliza os valores espirituais que sobressaem nas palavras de Provérbios.
Da mesma forma, o livro de Eclesiastes aponta para Deus como a razão de toda a
existência humana. Fora dele não há base segura para uma moral social. Os
livros de Provérbios e Eclesiastes formam uma tessitura milenar no contexto
religioso judaico que, adaptado à nossa realidade, apresentam conselhos
práticos para a vida cotidiana de todos os homens.
[Comentário: O
princípio controlador de Provérbios está afirmado no versículo 7: “O temor do
Senhor”, e é uma antiga e decisiva contribuição israelita para a inquirição
humana pelo conhecimento e pelo entendimento. O temor do Senhor é a única base
do verdadeiro conhecimento. Esse temor não consiste num terror desconfiado de
Deus, mas, antes, é a admiração reverente e a resposta em adoração da fé ao
Deus que se revela como criador, Salvador e Juiz. Significa o ponto de partida
do conhecimento com o seu princípio básico e normativo. Enquanto que na sua
graça comum, Deus capacita os incrédulos a saberem muito sobre o mundo, somente
o temor do Senhor capacita o homem a saber o que alguma coisa significa em
última análise. Dependendo desse entendimento, a sabedoria persegue a tarefa de
refletir sobre a experiência humana.].
SINOPSE DO TÓPICO (IV)
O propósito da sabedoria nos livros de
Provérbios e Eclesiastes é constituir um conjunto de valores éticos, morais e
espirituais para a vida.
CONCLUSÃO
A literatura sapiencial,
representada neste trimestre pelos livros de Provérbios e Eclesiastes, revela
que o temor do Senhor é o fundamento de todo o saber. Ninguém pode ser
considerado sábio se os seus conselhos não revelarem princípios do saber
divino. Segundo a Bíblia, um sábio não se caracteriza apenas por ter muita
informação ou inteligência, mas é alguém que aprendeu o temor do Senhor como a
base de toda sua vida e, por isso, sabe viver e conviver (Tg 3.13-18). [Comentário: No
mundo existem muitas pessoas inteligentes, há muitas mentes criativas que
ajudam a melhorar nossa vida aqui. Os incrementos tecnológicos que nos permitem
tantas facilidades são um exemplo disso; no entanto, considerando a sabedoria
defendida pelas Escrituras, estas pessoas não podem ser consideradas sábias, se
a base de seu pensamento não for o “temor do Senhor”. Esse fato fica
evidenciado na leitura de Eclesiastes quando nos deparamos com o relato triste
de um homem que, embora sábio, viveu parte da sua vida longe de Deus. O
propósito é mostrar, e em especial aos jovens, que o sentido da vida não está
nos bens materiais, no conhecimento, no prazer, na fama. O verdadeiro sentido
da vida está em Deus, o Criador! Não que devamos negligenciar a sabedoria e
conhecimento seculares, não devemos nos esquecer que nem tudo que o homem
produz é totalmente mau e dissociado do Criador, porquanto Sua graça comum
capacita o homem a adquirir e produzir conhecimento e sabedoria. Contudo, para
nós que alcançamos uma tão grande salvação, só podemos considerar
verdadeiramente sábio, alguém que aprendeu o temor do Senhor como a base de
toda sua vida e, por isso, sabe viver e conviver (Tg 3.13-18)].
NaquEle que me garante: "Pela graça
sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef
2.8),
Graça e Paz a todos
que estão em Cristo!
Extraído do Blog: auxilioebd
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