quinta-feira, 21 de março de 2013

EBD EM FOCO - LIÇÃO 12: ELISEU E A ESCOLA DOS PROFETAS

TEXTO ÁUREO

"Tu, pois meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros" (2 Tm 2.1,2).

VERDADE PRÁTICA

A escola de profetas objetivava a transmissão dos valores morais e espirituais que Deus havia entregado a Israel através de sua Palavra.








OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

Compreender o real propósito das escolas de profetas.
Saber a respeito do currículo da escola de profetas.
Relacionar alguns dos métodos utilizados nas escolas de profetas.



 

VÍDEO 1

Ev. Natalino das Neves - AD São José dos Pinhais - PR

Assista o vídeo comentado pelo próprio escritor Pr. José Gonçalves através do Link:
http://www.youtube.com/watch?v=dwy6jnz3uRg&feature=player_embedded#!

Assista o vídeo comentado pelo Prof. Sergio Segantin através do Link
http://www.youtube.com/watch?v=wtAygbHYL6g


SUBSÍDIO 1

INTRODUÇÃO

O ensino sempre teve papel primordial na cultura judaico-cristã, a palavra de Deus sempre ocupou lugar primordial na instrução, desde a infância. Por isso, na aula de hoje, trataremos a respeito desse importante ministério eclesiástico. Mostraremos, a princípio, a relevância da Escola dos Profetas nos tempos de Eliseu. Em seguida, apontaremos os fundamentos bíblicos para o ensino da igreja. Ao final, destacaremos a necessidade do ensino sistematizado da Bíblia na Igreja local.

1. A ESCOLA DOS PROFETAS

A escola dos profetas, ao que tudo indica, teria sido o primeiro seminário teológico dos tempos bíblicos. Essa escola teria sido organizada por Samuel, que acumulou o ministério de profeta, sacerdote e Juiz (I Sm. 10.5; 19.20). Elias e Eliseu foram os responsáveis pela consolidação da escola dos profetas, a contribuição deles fez com que essa escola funcionasse como resistência à apostasia que havia se estabelecido no reino do norte (II Rs. 2.3; 4.38; 6.1). A escola dos profetas estava fundamentada no ensinamento bíblico, por isso, as instruções eram tanto morais quanto espirituais. Não era uma escola apenas para dotar os alunos com conhecimento, mas, sobretudo, para que esses tivessem uma profunda experiência com Deus. Os profetas não aprendiam apenas conteúdo bíblico, eles também eram inseridos no sobrenatural, nos milagres de Deus. A escola dos profetas foi estabelecida em Ramá, e provavelmente, em Gibeá (I Sm. 19.20; 10.5,10).  Centros de estudos também estavam espalhados em Gilgal, Betel e Jericó (II Rs. 4.38; 2.3,5,7,15; 4.1;  9.1). Cerca de cem estudantes faziam parte da escola dos profetas comandada por Eliseu em Gilgal (II Rs. 4.38,42,43). Quando Elias e Eliseu foram ao rio Jordão encontrava-se com eles cinquenta estudantes da escola dos profetas (II Rs. 2.7,16,17). O estilo de vida deles era em comunidade, em uma casa comum, na companhia dos profetas (II Rs. 6.1). Alguns deles eram casados e tinham filhos (II Rs. 4.1) e acompanhavam os homens de Deus, por isso eram chamados de filhos dos profetas. A escola dos profetas dava também aos estudantes uma formação musical, a fim de que pudessem oferecer ao Senhor música de qualidade para a adoração a Deus (I Sm. 10.5).

2. FUNDAMENTOS CRISTÃOS PARA O ENSINO NA IGREJA

O ensino bíblico-teológico sempre teve relevância na igreja cristã, não podemos esquecer que a Grande Comissão destacava a necessidade de fazer discípulos, e de ensiná-los a Palavra de Deus (Mt. 28.20). Os próprios mestres, aqueles que ensinam na igreja, são dádivas de Deus, e portanto, devem ser considerados como ministros do Senhor (Ef. 4.11). A ausência de ensinamentos bíblicos bem fundamentados é danosa para a igreja, já que possibilita a entrada de falsos mestres, e a manifestação da apostasia (Hb. 6.1). Por isso Paulo orienta o jovem pastor Timóteo para que esse invista no ensino, que escolha mestres para ensinaram e repassarem a mensagem às novas gerações (II Tm. 2.2). Tais pessoas devem se esmerar no ministério do ensino, ou seja, a ele se dedicarem (Rm. 12.7). Elas devem ensinar não apenas com palavras, mas também com o exemplo (At. 12.25). Paulo é um modelo de mestre na Palavra, um homem que não se esquivou de ensinar os decretos de Deus (At. 20.20). Não por ocaso conclamava seus ouvintes e leitores a serem seus imitadores (I Co. 4.15; 11.1; Fp. 3.17). Mas o maior Ensinador foi o próprio Jesus, reconhecido como Mestre da parte de Deus (Jo. 3.2). Aqueles que O ouviam ficavam pasmos diante dos seus ensinamentos, com a autoridade com a qual falava (Mt. 7.28,29). As pessoas se dirigiam a Ele com o título de Rabi, mestre (Mt. 26.15,49; Mc. 9.5; 11.21; Jo. 1.38,49; 4.31; 9.2; 11.8). Jesus mesmo se reconhecia como tal (Mt. 23.8; Jo. 13.13). Seu ensino era eficaz, por isso muitos se maravilhavam (Jo. 7.46), também dos seus feitos, associados ao ensino (At. 1.1,2). Seus ensinamentos partiam de temas simples do cotidiano, recorria com frequências às parábolas (Mt. 22.1); indagações (Mt. 22.46), discursos (Mt. 5-7), citações (Mt. 5.18; 22.41-45; Lc. 24.27)  e símbolos (Jo. 13.4-7; Mc. 6.11). Os temas tratados por Jesus em seus ensinamentos eram: Deus (Mt. 22.34-40); Ele mesmo (Jo. 8.42; 8.58; 16.28); o Espírito Santo (Jo. 3.5; 7.38,39; Mt. 12.27,28; 14.16,17); as Escrituras (Mt. 5.18; Mc. 2.1,2; Mt. 7.13; Jo. 17.17); a vida cristã (Jo. 5.24; 6.35; 8.12; 14.6; 11.25; 17.17; Mc. 12.30,31); o Reino de Deus (Lc. 17.17; Mt. 6.10; 4.23); a igreja (Mt. 16.18);  e a escatologia (Mt. 12.30,31; Jo. 10.28).

3. A IMPORTÂNCIA DO ENSINO SISTEMÁTICO DA BÍBLIA

A igreja cristã não pode fugir da responsabilidade do ensinamento sistemático da Bíblia. Ciente da importância desse ministério, muitas igrejas fundaram universidades e investiram maciçamente na educação. Nesses últimos anos a igreja se distanciou dessa tarefa, e o secularismo ganhou espaço. O ideal seria que as igrejas evangélicas tivessem suas escolas confessionais, a fim de instruírem as crianças, desde cedo, na palavra de Deus, sem desconsiderar a formação enciclopédica, com vistas à formação profissional. Por menor que seja uma igreja local, ela é a principal responsável pela instrução dos seus fiéis na palavra de Deus. Os cultos de instrução (ou doutrina) devem ser valorizados, os pastores precisam separar tempo necessário para a exposição da Palavra de Deus. As escolas dominicais merecem maior atenção, atentado inclusive para seus espaços físicos. O estudo teológico, outrora tratado com preconceito, deve ser estimulado, pois sem uma formação ortodoxa as pessoas tenderão ao liberalismo. A esse respeito, é preciso reconhecer que não existe apenas um liberalismo racionalista – que nega a revelação em prol da razão, mas também o sentimentalista - que nega a revelação em favor da emoção. O movimento pentecostal, desde o princípio, orientou sua liderança para que obtivesse formação bíblica. Os cursos teológicos eram poucos, tendo em vista o contexto distinto, mas havia escolas bíblicas para obreiros e escolas dominicais. Esperava-se pelo menos que os obreiros tivessem o conhecimento das principais doutrinas da Bíblia. Nesses últimos anos, em virtude da descaracterização do movimento evangélico no Brasil, percebemos a necessidade premente de obreiros com fundamentação bíblica. As escolas bíblicas dominicais, os cultos de instrução e estudos bíblicos precisam ser revitalizados nas igrejas locais. Caso contrário, estaremos fadando as gerações futuras à mediocridade, a falta de fundamentos sólidos, a heterodoxia bíblica, que cedo ou tarde os distanciaram do evangelho.

CONCLUSÃO

A criação da escola dos profetas por Samuel, e o estabelecimento dela através de Elias e Eliseu, deve servir de motivação para investimos no ensinamento bíblico-teológico em nossas igrejas. Para tanto, devemos não apenas repassar conteúdos, mas, sobretudo, oportunizar momentos espirituais, nos quais os nossos alunos possam ter uma experiência profunda com o Senhor. Uma igreja que não investe no ensino não está cumprindo a Grande Comissão, que a de fazer discípulos, e instruí-los na Verdade, que é o próprio Cristo.


REFERÊNCIAS

DILLARD, R. B. Faith in the face of apostasy: the gospel according to Elijah and Elisha. New Jersey: P&R, 1999.

RUSSEL, D. Men of courage: a study of Elijah and Elisha. Oxford: Christian Focus, 2011.
Prof. José Roberto A. Barbosa
Twitter: @subsidioEBD




SUBSÍDIO 2

ENSINO CRISTÃO: DECRETO DE DEUS

“Ele parece não fazer algo de Si mesmo que possivelmente possa delegar às Suas criaturas. Ordena-nos que façamos lenta e desajeitadamente o que Ele poderia fazer perfeitamente e num piscar de olhos. [...] Talvez não percebamos o problema em sua inteireza, por assim dizer, de permitir que vontades finitas coexistam com a Onipotência.Parece envolver em cada momento quase que uma espécie de abdicação divina”.(C.S.Lews)

Certo cartum retratava um senhor Brown e uma senhorita Smith. Era óbvio que a moça, munida das provas e dos resultados de entrevistas, candidatava-se a um cargo pedagógico.
“Sinto muitíssimo, mas não podemos aceitá-la. Notamos que você é recém-formada de uma escola de educação, e exigimos um professor com experiência em sala de aula de, no mínimo, cinco anos. Além disso, você só tem grau de bacharel e preferimos alguém com o mestrado”.

O olho do leitor então passa para o quadro seguinte, onde o senhor Brown, agora irmão Brown e superintendente da Escola Dominical, entrevista a irmã Smith, a qual rebate o pedido que ele lhe fez para ser professora: “Irmão Brown, sou nova-convertida e, na verdade, não sei muita coisa sobre a Bíblia”.
“Ora, isso não é problema”, responde ele. “A melhor maneira de aprender a Bíblia é ensina-la”.
 
“Mas, irmão Brown, eu nunca ensinei aos juniores”, ela objeta.

“Oh, não deixe que isso a coíba, irmã Smith. Tudo o que exigimos é alguém com o coração disposto”, vem a resposta.

O cenário é mais do que um desenho caricatural; é um comentário de nosso baixo nível de discernimento em relação ao ensino cristão. Se você planeja ensinar que 2 + 2 são 4, precisa de cinco anos de experiência pedagógica. Se espera ensinar as crianças a dizer,  “Eu trouxe”, em vez de, “Eu truce”, provavelmente lhe exijam o mestrado. Mas, para ensinar o currículo da vida cristã, qualquer coisa é boa o bastante para Deus.

Que contraste com o desígnio para o ensino, apresentado no Novo Testamento. Segunda Timóteo 2.2 informa-nos que o ensino não é um ministério da mediocridade, mas da multiplicação. Nenhum ser humano está completamente cônscio do poder residente no ensino. Toda vez que alguém ensina, desencadeia um processo que, idealmente, nunca acaba.

Duas razões atuam para formar um argumento convincente: a Igreja tem de ensinar. Não se trata de opção, mas de uma característica indispensável; não é difícil de contentar; mas necessário. A denominação evangélica que não educa, deixa de existir como Igreja do Novo Testamento. Para que o Cristianismo seja perpetuado, precisa ser propagado.

É ordem de Jesus Cristo
Mateus 28.19,20 enfoca a lente zoom do Espírito Santo na Grande Comissão, que são as últimas palavras de Jesus Cristo ditas aos discípulos antes da ascensão dele. Cinco referências da Grande Comissão no Novo Testamento (Mt 28.19,20; Mc 16.15,16; Lc 24.46-48; Jo 20.21-23; At 1.8) indicam que não é algo aleatório, mas essencialmente para estratégia de nosso Senhor.

O mandato “Fazei discípulos” (ARA) inclui intrinsecamente o ensino. Mas temos de notar que o ensino requerido aqui é o de determinada espécie, isto é, “guardar [obedecer] todas as coisas” que Cristo ordenou. Em outras palavras, Seus ensinamentos foram designados para produzir informação e transformação. Esse tipo de instrução é muito exigente e inacreditavelmente difícil de se realizar.

Lucas 6.40 fornece mais apoio ao objetivo de Jesus no que se refere aos Seus ensinamentos, quando Ele diz: “Mas todo o que for perfeito será com o seu mestre”. A verdade de Deus não foi revelada para satisfazer nossa curiosidade, mas para nos conformar à imagem de Cristo.

Foi praticada pela Igreja Primitiva 
Não há a menor sombra de dúvida de que o Novo Testamento ordena a Igreja a ensinar. Mas a Igreja primitiva obedeceu mesmo a esse mandamento?

A Ilustração. Em Atos 2.41-47, temos um retrato da Igreja primitiva, o qual nos informa que eles “perseveravam na doutrina [ensino] dos apóstolos” (2.42).

Este era o padrão contínuo; não uma exceção.

A Implementação. Efésios 4 confirma o compromisso de ensinar. Jesus Cristo, após subir aos céus, deu dons aos homens, a fim de que servissem à Igreja, conforme está escrito: “Uns [...] para pastores e doutores [mestres, professores]” (Ef 4.11). O propósito? “Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo” (Ef 4.12); mais outra prova de que os talentosos são chamados para ministério da multiplicação e não da adição.

Para o judeu, não havia uma posição mais alta na escada da sociedade do que a de rabino. Por conseguinte, quando a Igreja do primeiro século foi ensinada sobre a doutrina dos dons espirituais, confrontou-se com um problema. As pessoas clamavam pelo “dom de ensino” com todos os privilégios a ele pertencentes. Como resultado, Tiago teve de emitir esta advertência: “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres [professores], sabendo que receberemos mais duro juízo” (Tg 3.1).
Considerando que o professor é compelido a falar e que a língua é o último membro a ser dominado (Tg 3.2), deve-se ter muito cuidado, ao aspirar tal responsabilidade, ponderada e sensata. 
 
As evidências bíblicas acima devem ser constrangedoras o bastante para atrair o sério e abortar o superficial.

Texto extraído da obra “Manual de Ensino Para o Educador Cristão”. Rio de Janeiro: CPAD.


Nenhum comentário:

Postar um comentário