quinta-feira, 16 de agosto de 2018

LIÇÃO 8: A SOBRIEDADE DA OBRA DE DEUS


 
SUBSÍDIO I

MINISTROS CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO

Tendo em vista os exemplos lamentáveis e vergonhosos da História Sagrada, o Novo Testamento faz-nos severas advertências quanto ao uso do vinho.

1. Recomendações aos ministros. O candidato ao Santo Ministério, na Igreja Primitiva, não podia ser um homem escravizado pelo vinho (1 Tm 3.3,8; Tt 1;7). Como confiar o rebanho de Jesus Cristo a um alcoólatra?  O que governa tem de abster-se das bebidas alcoólicas (Pv 31.4). Se você, querido obreiro, tem algum problema com o alcoolismo, procure ajuda. Há sempre um bom homem de Deus disposto a ouvir-nos e a auxiliar-nos. Não leve tal fardo à sepultura. Por mais difícil e vexatória que seja a sua situação, não se conforme. O Senhor Jesus está ao nosso lado. Ele o resgatará do alcoolismo, guindando-o novamente às regiões celestiais.

2. Recomendações à Igreja. A recomendação quanto aos prejuízos decorrentes do vinho não se limita aos ministros do Evangelho. Ela diz respeito, também, a toda a Igreja. Que o verdadeiro cristão, afastando-se do vinho, busque a plenitude do Espírito Santo (Ef 5.18). A embriaguez não é um mero adorno cultural; é algo sério que tem ocasionado sérios transtornos à Igreja de Cristo.
Voltemos ao cenáculo. Busquemos novamente a plenitude do Consolador. Que as nossas reuniões sejam marcadas por conversões, batismos com o Espírito Santo, curas divinas, sinais e maravilhas. E que jamais nos esqueçamos de que o Senhor Jesus, em breve, virá buscar a sua Igreja. Aleluia!  

3. Ministros usados pelo Espírito Santo. No dia de Pentecostes, o Espírito Santo foi copiosamente derramado sobre os discípulos (At 2.1-4). De início, eles foram tidos como bêbados (At 2.13). Mas, após o sermão de Pedro, todos vieram a conscientizar-se de que eles falavam e operavam no poder de Deus (At 2.40,41). 
Na sequência de Atos, deparamo-nos com os apóstolos e discípulos proclamando o Evangelho sempre na virtude do Espírito Santo (At 4.8, 31; 7.55; 13.9).

Como Agir Diante de Tantos Perigos

Entre o final de 2017 e o início de 2018, chegaram-me alguns relatos de pastores, alguns ainda jovens, que vieram a suicidar-se. Confesso que tais relatos deixaram-me bastante preocupado. O que levaria um homem de Deus a cometer semelhante desatino? Por isso, gostaria de deixar, aqui, alguns conselhos para nos prevenirmos quanto a tais desfechos.

1. Aprenda a confiar em Deus. Entre a Obra de Deus e o Deus da Obra, não tenha dúvidas. Que o Senhor tenha completa prioridade em sua vida. Quando nos damos por completo ao Deus da Obra, a Obra de Deus sempre prospera em nossas mãos. Por essa razão, trabalhe com ousadia e amor, mas não perca a paz se a sua igreja não prospera como esta ou não cresce como aquela. Quem dá o crescimento é Deus. Não perca o sono. Enquanto você dorme, Ele cuida de sua Seara.

2. Não se consuma pela ansiedade. Não leve para o Santo Ministério as disputas e vícios do mundo corporativo. No âmbito do Reino de Deus, nem sempre o mais veloz chega primeiro. E, se logra algum êxito, envergonha-se como Aimaás; não tem mensagem alguma. Então, peregrine com o Evangelho.
Quando a depressão bater-lhe à porta, siga o conselho do apóstolo: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças” (Fp 4.6, ARA).
Cuidado com as metas que contemplam apenas as finanças. Mire-se na humildade e na pobreza do Nazareno; resgate-lhe as almas preciosas que, todos os dias, vemos nas ruas, praças e logradouros. O dinheiro sempre vai. Quanto às almas, que cada uma delas chegue aos pés do Salvador.

3. Não se dê às drogas. Previna-se quanto aos que, sutil e perversamente, preceituam-nos pílulas e compridos mágicos. Na Vinha do Senhor, não se requer nenhum psicoestimulante. A assistência do Espírito Santo nos basta.
Não se vicie. Você não precisa de tais artifícios. O mesmo Deus que fortaleceu a Sansão e animou a Davi está ao seu lado. Coragem e ânimo. A feitiçaria destes últimos dias está levando muita gente para o inferno.

4. Cuidado com o álcool. Fuja dos colegas de ministério que, por serem já alcoólatras, querem induzi-lo a esse vício maldito e perverso. Mantenha-se continuamente sóbrio. A caminhada ainda é longa. Nessa peregrinação, não podemos andar tropegamente. Sejamos firmes em cada passo. 

5. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. A recomendação do apóstolo nunca foi tão atual e urgente: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes” (1 Tm 4.16, ARA).

Conclusão  

Certa vez um jovem obreiro perguntou-me se algum padre chegará ao céu. Vendo-lhe a ânsia de espírito, fiz-lhe outra pergunta: “Algum pastor corre o risco de ir para o inferno?”.
Diante das agruras que nos espreitam aqui e ali, todos corremos sérios riscos. Não podemos vacilar. Se não nos dermos à leitura da Palavra, à oração e ao jejum, não subsistiremos. O fato de sermos obreiros não nos torna invulneráveis quanto às tentações, às angústias e às arremetidas de Satanás.
Cuidemos de nós mesmos. Zelemos pela doutrina que nos confiou o Senhor. Ele é poderoso para guardar-nos até o dia de sua vinda. E que jamais venhamos a ter o mesmo destino de Nadabe e Abiú.
Amém. Cuida de nós Jesus.

ANDRADE, Claudionor de. Adoração, Santidade e Serviço: Os Princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018. 

SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Na lição anterior, acompanhamos a trágica história de Nadabe e Abiú, filhos do sumo sacerdote Arão. Embora cientes de sua responsabilidade, eles não temeram entrar no lugar santo para oferecer fogo estranho ao Senhor. Por causa disso, Deus os fulminou ali mesmo, diante do altar do incenso. O que os levou a agir de maneira tão irreverente e profana? Pelo contexto da narrativa sagrada, podemos concluir que ambos estavam embriagados (cf. Lv 10.8,9). Por isso, profanaram insolentemente a glória divina. Guardemo-nos, pois, do álcool, das drogas e de outros vícios igualmente nocivos e destruidores. O ministro cristão tem de ser um exemplo de temperança, sobriedade e domínio próprio. 
Além de todas as orientações que encontramos na lei de Deus sobre como os sacerdotes deveriam se portar, temos também em especial uma lei que determinava o tipo de incenso que deveria ser usado no tabernáculo, a origem do fogo para acendê-lo, quem deveria entrar no Santíssimo para oferecer incenso. Estes filhos de Arão não observaram nada disso, e pelo que se entendo do resto da narrativa, estavam embriagados. A consequência imediata foi que saiu fogo vindo de Deus e os matou imediatamente (Lv 10.2). Talvez alguém se pergunte ‘porque da severidade de Deus?’. A punição não acontece sem aviso prévio. Deus já havia orientado quanto a forma de cultuar no tabernáculo; acrescente-se a isso o fato deles terem sido negligentes quanto ao uso da bebida alcoólica e, dessa forma, desonraram as leis de Deus. Estão na história como exemplo de que as coisas de Deus não devem ser feitas negligentemente, de qualquer maneira. As exigências de Deus devem ser cumpridas. Além desses fatos, temos também a questão de que os líderes são mais cobrados, devido ao seu conhecimento sobre Deus e a missão que Deus deu a eles. Dito isto, convido-o a pensarmos maduramente a fé cristã!

I. O VINHO NA HISTÓRIA SAGRADA
                                                                 
Nas Sagradas Escrituras, o vinho, juntamente com o pão e o azeite, é visto como bênção de Deus (Os 2.22). Aliás, o vinho era usado até mesmo como remédio (Lc 10.34). No entanto, o seu mau uso levou homens santos a cometerem escândalos, torpezas e até crimes, haja vista os casos de Noé, Ló e Davi.
No Antigo Testamento encontramos três vocábulos distintos para designar o vinho: Yayin - usada indistintamente para o vinho fermentado ou não (Gn 9.21); Tirôsh - para o vinho não fermentado, vinho novo ou mosto (Dt 12.17), e Shekar - bebida forte. A tradução da Torah para o grego em 270 a.C., a Septuaginta, traduziu Yayin e Tirôsh por Oinos. Interessante notar que, nas Escrituras tanto yayin (Êx 29.38) como shekar (Nm 28.7) foram usados como oferta a Deus. Isso é importante por duas razões: 1º: essas bebidas (alcoólicas) haviam sido produzidas para adoração, e 2º: elas eram oferendas aceitáveis a Deus.
O “vinho” era usado para dar alegria, para fazer a pessoa se sentir bem sem ficar intoxicada (2 Sm 13.28). Segundo, o “vinho” era usado na alegria perante o Senhor. Uma vez por ano todo o Israel tinha de se reunir em Jerusalém. O dinheiro percebido (sic) pela venda do dízimo de toda a colheita seria gasto “por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali perante o SENHOR, teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa” (Dt 14.26). (...) O termo yayin descreve claramente uma bebida intoxicante” (Vine, W. E.; F. Unger, Merril; White Jr., William. Dicionário Vine – O Significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo e do Novo Testamento, pág. 326, 2ª Edição/2003. Casa Publicadora das Assembleias de Deus - CPAD, Rio de Janeiro, RJ, Brasil).

1. A embriaguez de Noé. Após o Dilúvio, Noé voltou-se ao ofício de lavrador, e pôs-se a plantar uma vinha (Gn 9.20). E, após ter preparado o seu vinho, bebeu-o até embriagar-se. Já fora de si, desnudou-se, expondo-se vergonhosamente em sua tenda (Gn 9.20-29). A intemperança do patriarca trouxe-lhe sérios problemas familiares. O álcool foi capaz de transtornar até mesmo um dos três homens mais piedosos da História Sagrada (Ez 14,14). É por isso que devemos precaver-nos quanto aos seus efeitos (Pv 20.1; 23.31).
As Escrituras vêem o vinho favoravelmente, isso inferimos de textos como Nm 15.5-10; Dt 14.26; Sl 104.15 e Jo 2.1-11, e ao mesmo tempo, advertem sobriamente do seu perigo (Is 5.22; Pv 21.17; 23.20-21, 29-35; Is 28.7), particularmente no desleixo moral exemplificado pela autoexposição (Lm 4.21; Hc 2.15). Noé embriagado, desnuda-se e assim como Adão, o cabeça original da raça humana, pecou no comer (Gn 3.6), Noé, o cabeça da raça pós-diluviana, pecou no beber. A exposição da nudez é desmoralizante publicamente (2Sm 6.16) e incompatível com uma vida na presença de Deus. Alguns sugerem vários tipos de males que tiveram lugar na tenda de Noé. Enquanto a linguagem empregada pode deixar espaço para certos pecados sexuais (Lv 18), pessoalmente não encontro nenhuma razão para presumir qualquer má conduta por parte de Noé, além da indiscreta bebedeira e sua consequente nudez. O pecado de Cam consistiu em não honrar, nem respeitar seu pai; ao invés de cobri-lo, ele expôs a sua condição deplorável. A posição exegética de que o pecado de Cam tenha sido contemplar de modo desrespeitoso a nudez do pai, encontra sua confirmação no versículo 25 que atesta que Sem e Jafé se aproximaram do pai andando de costas, para não recair no mesmo erro. Talvez a melhor descrição para a conduta e condição de Noé seja a palavra “impróprio”.

2. A devassidão das filhas de Ló. Dizendo-se preocupadas com a descendência do pai, as filhas de Ló embebedaram-no em duas ocasiões (Gn 19.31,32). Em seguida, tiveram relações com o próprio pai, gerando dois povos iníquos (Gn 19.33-38). Quem se entrega ao vinho está sujeito a dissoluções como essa (Ef 5.18). Um servo de Cristo não pode cair nessa situação. 
É interessante notar que encontramos em todas as culturas proíbem e condenam o incesto. Nas Escrituras, sobretudo em Levíticos 18 e 20, e com maior ênfase, Levíticos 20.12: “Se um homem se deitar com a nora, ambos serão mortos; fizeram confusão; o seu sangue cairá sobre eles”. Também Paulo, quando escreve aos habitantes de Coríntios, condena com força um caso na comunidade, de alguém que tem relações com a “esposa do próprio pai” (1Co 5.1-5). O incesto é enfaticamente denunciado em muitas passagens bíblicas (Lv 18.6; 20.17). De fato, o Senhor declarou: “Maldito aquele que se deitar com sua irmã, filha de seu pai, ou filha de sua mãe” (Dt 27.22). Norman Geisler comenta o seguinte sobre a problemática: “Não há dúvida alguma de que Ló pecou de diversas maneiras, para não dizer nada quanto à violação das leis do incesto que mais tarde Moisés deu como mandamentos a Israel. Ló embebedou-se e pecou com suas duas filhas. A alma reta dele tinha sido perturbada com os muitos pecados por sua longa permanência junto com o povo de Sodoma. Mas nenhum desses pecados recebe aprovação nesta passagem. De fato, a narrativa seca do episódio, sem nenhum comentário positivo do escritor, indica que não se pretendeu esconder o horror desses pecados. Eis aqui um bom exemplo do princípio de que nem tudo que a Bíblia narra ela aprova”. O comportamento das filhas de Ló, sem dúvida, merece uma sentença de condenação. As ações incestuosas presentes nas narrações bíblicas não são louváveis, mas fruto de erros de comportamento (CACP).

3. O vinho como instrumento de corrupção. Para encobrir o seu adultério com Bate-Seba, o rei Davi convocou Urias, que estava na frente de batalha, embriagou-o, e induziu-o a deitar-se com a esposa adúltera e já grávida (2 Sm 11.13). Se o seu plano houvesse dado certo, aquela criança ficaria na conta de Urias, o heteu. A que ponto chega um homem fora da orientação do Espírito Santo. O rei de Israel usou o vinho para corromper um de seus heróis mais notáveis. Nossas atitudes devem sempre ser dirigidas pelo Espírito Santo. 
É bom que se diga que o fato de Davi embriagar Urias num ato de desespero para encobrir seu pecado não é o foco da narrativa bíblica. O foco é o adultério, a traição – por que Davi sabia quem era o esposo de Bate-Seba. Importante, ainda, ressaltar que, nos reinos vizinhos a Israel, tudo pertencia ao rei, não era assim com Israel, onde tudo pertencia ao Senhor, Davi não tinha o direito de agir como os reis pagãos, ele usurpou a mulher, não de Urias, mas em última instância, do Senhor! Davi em sua ânsia de esconder o adultério, sabendo que o excesso de bebida tira um homem da sua razão e rompe com os limites sociais, vê a possibilidade de fazer com que o fiel soldado deite com sua mulher. A determinação de Urias frustra a estratégia de Davi. Apesar da embriaguez não ser o foco, fica aqui suas lições: quando queremos esconder o nosso pecado, pecamos ainda pior. O pecado escondido frutifica em mais pecados. O argumento não deu certo, a embriaguês também não, sou restou o assassinato...

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
                               
“O padrão de comportamento requerido por Deus para os reis e governantes do seu povo, especialmente no tocante a beber vinho fermentado e bebidas inebriantes, era elevado. (1) O hebraico diz literalmente aqui: ‘Que não haja ingestão’. Nada há nessa passagem que permita alguém beber com moderação. (2) A razão que os reis e os governantes não devem beber bebidas inebriantes é que, afetados pela bebida, eles podiam esquecer-se da lei. A bebida os faria normalmente fracos e os levaria a desobedecer à lei de Deus e a perverter a justiça. Esse texto levou os rabinos judaicos a decretar que o juiz que bebesse um renuth (um copo de vinho) não poderia tomar assento no juízo, nem numa escola, nem podia ensinar em tais circunstâncias. (3) O mesmo princípio regia os sacerdotes, que no Antigo Testamento ministravam perante o Senhor a favor do povo (Lv 10.8-11). (4) Todos os salvos do Novo Testamento são feitos reis e sacerdotes de Deus, pertencentes ao reino espiritual de Deus (1 Pe 2.9). Logo, o padrão de Deus para os reis e sacerdotes quanto a não ingerirem bebidas embriagantes é igualmente aplicável a nós (ver Nm 6.1-3; Ef 5.18)” (Bíblia de Estudo Pentecostal 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p. 962).

II. O VINHO NO OFÍCIO DIVINO

1. No Antigo Testamento. Em sua oferta de manjares ao Senhor, os israelitas faziam-lhe também a libação de um quarto de him (Lv 13.13). Nessa oferenda, o adorador reconhecia que tudo quanto existe pertence ao Senhor. Em razão disso, deveria usar de forma santa e responsável tudo quanto Ele deixou-nos (Pv 20.1). Quanto aos ministros do altar, eram severamente advertidos sobre o uso do vinho. Leia com atenção Levítico 10.8-11. Esta passagem deve ser aplicada também aos crentes de hoje. Tanto ontem quanto hoje, o álcool pode levar-nos à ruína.
Já vimos que as Escrituras ensinam que tanto yayin (Êx 29.38) como shekar (Nm 28.7) foram usados como oferta a Deus, apesar de alcoólicas, foram produzidas para adoração, e eram ofertas aceitáveis a Deus. De fato, o salmista atribui a Deus a produção de yayin, o qual alegra o coração do homem (Sl 104.14-15). Certamente a provisão de Deus tem em vista um emprego justo da bebida alcoólica. Além disso, a Escritura fala da satisfação da vida em termos de comer do pão e beber do yayin com alegria (Ec 9.7). Vimos também que devido ao potencial das bebidas alcoólicas para corromper, Deus ordenou que todos os sacerdotes de Israel se abstivessem de vinho e doutras bebidas fermentadas, durante sua vida ministerial. Deus considerava a violação desse mandamento suficientemente grave para motivar a pena de morte para o sacerdote que a cometesse (Lv 10.9-11). Salomão adverte: “O vinho é escarnecedor, e a bebida forte, alvoroçadora; e todo aquele que neles errar nunca será sábio” (Pv 20.1). As bebidas alcoólicas podem levar o usuário a zombar do padrão de justiça estabelecido por Deus e a perder o autocontrole no tocante ao pecado e à imoralidade. Aarão e todos os sumos sacerdotes que lhe sucederam também tinham que viver conforme as normas pessoais mais elevadas.

2. No Novo Testamento. O primeiro milagre de Jesus foi transformar água em vinho (Jo 2.1-11). E, ao instituir a Santa Ceia, Ele fez uso desse mesmo produto, a fim de simbolizar o seu sangue redentor (Mt 26.26-30). Desde então, a Igreja de Cristo vem utilizando o fruto da vide para oficiar a sua maior celebração: a Ceia do Senhor (1 Co 11.23-32).
Algo interessante para destacarmos aqui: o vinho de João 2.1-11 era inebriante? Era o mesmo de Mateus 26.26-30? Paulo faz referência ao vinho inebriante para uso na Ceia? O tópico não é simples e evoca muitas discussões. Perceba que Jesus em Caná (Jo 2.6) transformou uma quantidade significativa de vinho (yayin) para a festa de casamento, do qual testemunhou o responsável pelo cerimonial - o mestre-sala, como um vinho de excelente qualidade (Jo 2.10); ainda, segundo inferimos de Lucas 5.39, preferiam-se o “vinho velho”, fermentado, porque ele era bom. Notável é o fato distinguidor entre ele e João Batista: “Pois veio João Batista, não comendo pão, nem bebendo vinho, e dizeis: Tem demônio! Veio o Filho do Homem, comendo e bebendo, e dizeis: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores!” (Lc 7.33-34). Este primeiro milagre de Jesus tinha um objetivo: ao transformar água em vinho nosso Senhor demonstrou a todos quanto testemunharam este fato ou leram dele, que Ele era verdadeiramente o Messias esperado, o Filho do Deus vivo. Ainda, com este milagre, Jesus manifestou sua glória levando seus discípulos a crerem nele (Jo 2.20). É importante, então, que se diga, que este vinho não era o tirôsh ‘mosto’ como muitos afirmam, mas o Yayin, dizer o contrário é afirmar que o primeiro milagre de Jesus foi transformar água em suco.
Este primeiríssimo milagre de Jesus tem sido completamente distorcido por inúmeros teólogos que tentam justificar sua ideia religiosa, de que não poderia Jesus transformar água em vinho, pois isso estaria estimulando os convidados à bebedice, o que não se coadunaria com a santidade de Jesus. O texto não se refere a vinho novo ou suco, pois o vinho bom, o melhor, sempre foi considerado o velho, Jesus mesmo o considera como melhor (Lc 5.39).

3. Advertência quanto ao uso do vinho. É bem possível que Nadabe e Abiú tenham entrado no lugar santo do Tabernáculo sob o efeito do álcool. E, sem qualquer temor ou reverência a Deus, apresentaram fogo estranho no altar divino. Logo após a morte de ambos, o Senhor fez séria advertência a Arão: “Vinho ou bebida forte tu e teus filhos contigo não bebereis, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais” (Lv 10.9). Tal aviso serviu para que, no futuro, tragédias como essa não viessem a ocorrer. Por isso, o Senhor proibiu incisivamente, a partir daquele momento, a ingestão de vinho e de bebidas fortes no ofício sagrado. Aos desobedientes, a punição seria a morte. 
É importante frisar, outra vez, que a proibição aqui é restrita ao ofício sagrado, isto é, os levitas que estivessem dispensados dele, poderiam usufruir do fruto da vide. "E falou o SENHOR a Arão, dizendo: Não bebereis vinho nem bebida forte, nem tu nem teus filhos contigo, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações; E para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo, E para ensinar aos filhos de Israel todos os estatutos que o SENHOR lhes tem falado por meio de Moisés." (Lv 10.8-11)
Esse mandamento possuía alguns objetivos:
a. Para que Deus não os mate.
b. Trata-se de um mandamento perpétuo.
c. Para que possam determinar a diferença entre o santo e o profano.
d. Para que possam determinar a diferença entre o limpo e o imundo.
e. Para que possam ensinar o que Deus disse.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

“Advertência aos sacerdotes (Lv 10. 8-11)
Pelo fato de Arão ter sido muito obediente ao que Deus lhe dizia, por intermédio de Moisés, agora Deus lhe dá a honra de falar consigo diretamente (v. 8): ‘E falou o Senhor a Arão’, possivelmente porque o que seria dito agora poderia ser mal interpretado se dito por Moisés, como se Moisés suspeitasse de que Arão era glutão e beberrão, pois somos capazes de interpretar advertências como acusações. Por isso disse diretamente a Arão: ‘Vinho ou bebida forte tu e teus filhos contigo não bebereis, quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais’, v. 9. Provavelmente eles tinham visto o mau resultado disto em Nadabe e Abiú, e por isto deviam ser avisados através do exemplo deles. Observe aqui: 1) A proibição, propriamente dita: ‘Vinho ou bebida forte [...] não bebereis’. Alguns entendem que talvez em alguma outra ocasião tivessem permissão de beber (não se esperava que cada sacerdote fosse um nazireu), mas durante o período do seu serviço isto lhe era proibido. Esta era uma das leis no templo de Ezequias (Ez 44.21), e desta maneira é exigido, dos ministros do Evangelho, que não sejam dados ao vinho, 1 Timóteo 3.3. Observe que a embriaguez é ruim para qualquer pessoa, mas é especialmente escandalosa e perniciosa nos ministros, que, dentre todos os homens, devem ter as mentes mais esclarecidas e os corações puros” (HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Antigo Testamento: Gênesis a Deuteronômio. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 384).

III. MINISTROS CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO

Tendo em vista os exemplos lamentáveis e vergonhosos da História Sagrada, o Novo Testamento faz-nos severas advertências quanto ao uso do vinho.
1. Recomendações aos ministros. O candidato ao Santo Ministério, na Igreja Primitiva, não podia ser um homem escravizado pelo vinho (1Tm 3.3,8; Tt 1.7). Não se pode confiar o rebanho de Jesus Cristo a alguém dominado pela embriaguez. Quem governa tem de abster-se das bebidas alcoólicas (Pv 31.4). 
É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho” (1Tm 3.2-3); “Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como despenseiro de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao vinho” (Tt 1.7). Esta qualificação aparece nos dois textos. O termo grego é um só (paroinosStrongs - dado ao vinho, bêbado) e identifica uma pessoa que tem uma relação especial, idolátrica e de dependência com o vinho – um viciado. Segundo D. A. Carson, “isso não significa só estar livre de embriaguez, mas também livre da dependência. O servo de Jesus Cristo não deve ser escravo de qualquer outra coisa”.

2. Recomendações à Igreja. A recomendação quanto aos prejuízos decorrentes do vinho não se limita aos ministros do Evangelho. Ela diz respeito, também, a toda a Igreja. Portanto, que o verdadeiro cristão, afastando-se do vinho, busque a plenitude do Espírito Santo (Ef 5.18). A embriaguez não é um mero adorno cultural; é algo sério que tem ocasionado graves transtornos à Igreja de Cristo.
O abuso do vinho e da bebida forte é condenado em Provérbios 20.1; 23.29-35. Embora a total abstinência não seja exigida literalmente, há uma situação na qual se requer moderação; por exemplo, quando a ingestão de vinho ofenderia um irmão mais fraco ou levaria a tropeço (Rm 14.21). Essa é a principal consideração que leva muitos cristãos a se absterem completamente do álcool. E é essa questão cultural de que “crente” não bebe que deve ser levada em conta no momento de exigir-se a abstinência, não o perverter textos ou interpretá-los a bel prazer com o pretexto de impor esta regra à comunidade. Temos que ser sinceros, o uso de bebida alcoólica não é condenado nas escrituras, mas ele tem potencial para tornar-se facilmente um ídolo. Por este motivo é importante a abstinência, sem no entanto, afirmar que a abstinência é exigida. Em Efésios 5.18, não parece à primeira vista que Paulo esteja proibindo os irmãos de beberem vinho em si, embora a abstinência seja uma boa disciplina contra a possibilidade da embriaguez. Ele faz aqui, primeiramente, uma comparação rasa e superficial entre a embriaguez e a plenitude; entendemos assim que uma pessoa embriagada estará sob o domínio do álcool, assim como uma pessoa cheia do Espírito Santo estará dominada pelo Espírito. Outro contraste muito interessante é quando entendemos que a embriaguez conduz à dissolução, à vergonha, ao vexame, à destruição dos vínculos, entre outras, a plenitude do Espírito leva à uma vida de bem aventurança, equilíbrio, glorificação ao nome de Deus, a ser um instrumento nas mãos de Deus para abençoar a sociedade e o mundo.

3. Ministros usados pelo Espírito Santo. No dia de Pentecostes, o Espírito Santo foi generosamente derramado sobre os discípulos (At 2.1-4). De início, eles foram tidos como bêbados (At 2.13). Mas, após o sermão de Pedro, todos vieram a conscientizar-se de que eles falavam e operavam no poder de Deus (At 2.40,41). Na sequência de Atos, deparamo-nos com os apóstolos e discípulos proclamando o Evangelho sempre no poder do Espírito Santo (At 4.8,31; 7.55; 13.9,10). 
Confundidos com pessoas embriagadas (o grego original acrescenta “com vinho doce”, ainda em processo de fermentação), sendo aquele momento, como diz o texto, a terceira hora do dia, cerca das nove horas da manhã.
"Os capítulos iniciais do Livro de Atos definem os alicerces do explosivo crescimento da jovem igreja. Por cerca de quarenta dias os discípulos foram ensinados, por Jesus, sobre o Reino de Deus e sua responsabilidade de difundir a mensagem de Jesus até aos confins da terra" (1.1-8). A ascensão visível de Cristo ao céu foi seguida por um breve período de espera, durante o qual os discípulos escolheram um fiel seguidor de Jesus para assumir o lugar de Judas Iscariotes (1.9-26). Esta espera terminou no dia de Pentecostes.
Os primeiros capítulos de Atos apresentam os temas que percorrem todas as epístolas do Novo Testamento, e são vitais para nós hoje. O primeiro tema é o Espírito Santo. Sua vinda inaugura a igreja. O segundo tema é a evangelização. Os primeiros cristãos são levados a proclamarem o Senhor [...]. O terceiro motivo é a comunhão. Os membros da jovem igreja são unidos por comprometimento compartilhado com Jesus. Eles adoram, estudam, repartem e oram juntos, em unidade que inspira profundo carinho de uns pelos outros. Embora devamos encarar o Livro de Atos como documento descritivo que retrata o que aconteceu no século I, em lugar de encará-Io como um documento prescritivo que nos instrui sobre como devemos viver hoje, estes três temas nos lembram de como dependência do Espírito, paixão pela evangelização e comprometimento com a comunhão são vitais para qualquer pessoa que procure seguir a Jesus Cristo em nossa época"(RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural, do Novo Testamento. 1. ed. Rio de, Janeiro: CPAD. 2007. pp. 251-2).

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

Ser um líder na igreja
“1 Tm 3.1 – Ser um líder da igreja (‘bispo’) é uma grande responsabilidade, porque a igreja pertence ao Deus vivo. A palavra bispo pode ser uma referência a um pastor, a um líder da igreja, ou a um supervisor. É bom desejar ser um líder espiritual, mas os padrões são elevados. Aqui, Paulo enumera algumas qualificações. Os líderes da igreja não devem ser escolhidos por serem populares, nem devem ter condições de procurar progredir até o topo. Em vez disso, eles devem ser escolhidos pela igreja por causa do seu respeito pela verdade, tanto no tocante àquilo em que creem como à maneira como vivem. Você tem uma posição de liderança espiritual, ou você gostaria de ser um líder, um dia? Compare-se com o padrão da excelência de Paulo. Os que tem grandes responsabilidades devem atender elevadas expectativas” (Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p. 1752).

CONCLUSÃO

Quanto ao uso do vinho, sigamos o exemplo dos recabitas. Voluntariamente, abstinham-se de qualquer bebida forte para que a aliança de seus ancestrais permanecesse firme (Jr 35.6-10). E, por causa de sua fidelidade, foram honrados pelo Senhor. Portanto, fujamos das bebidas alcoólicas e de outros vícios igualmente graves, a fim de que possamos ministrar ao Senhor com todo zelo e cuidado. Deus não mudou. Lembremo-nos de Nadabe e Abiú. 
Os recabitas eram um clã dos queneus. Este povo se juntou aos hebreus em sua caminhada para a terra de Canaã. Um de seus descendentes, Jonadabe trabalhou com Jeú, quando esse rei se empenhou na destruição dos seguidores de Baal em Israel. Jonadabe convocou seus descendentes a um novo tipo de vida, exortando seu clã para conservar uma vida simples, sem consumo de bebida alcoólica, sem edificar casas. Este povo foi exemplo a Jeremias e Israel por sua fidelidade ao seu antepassado, recusando beber vinho. Apesar de não haver proibição nas Escrituras, o cristão deve abster-se de bebidas alcoólicas por diversos fatores:
- Antecedentes Bíblicos (Gn 9.20-25)
- Consagração a Deus (Nm 6.1-4)
- Excelência ministerial (Lv 10.8-11)
- Carnalidade (Pv 20.1; Gl 5.19-21)
- Decência (Pv 23.29-35)
- Dependência (1Co 3.16,17)
- Exemplo (2Co 6.3,4)
- Consciência (Hb 4.13; 13.17; Rm 14.11-13).
Vale ressaltar que o autor do artigo-estudo define-se hoje como um abstêmio não fazendo uso de qualquer bebida alcoólica, inclusive o vinho fermentado, em qualquer graduação alcoólica, em qualquer lugar e por qualquer justificativa ou pretexto de ordem social, terapêutica ou religiosa. Outros textos para leitura e reflexão: Isaías 5.11,22 / Isaías 28.1-7 / Oséias 4.11 / Efésios 5.18 (Extraído do sitehttp://cristianismocomcristo.blogspot.com.br)

“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16).


Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br


sexta-feira, 10 de agosto de 2018

LIÇÃO 7: FOGO ESTRANHO DIANTE DE DEUS


SUBSÍDIO I

Fogo Estranho Diante de Deus

Introdução
Seremos advertidos, agora, a ser mais reverentes com as coisas de Deus. Na tragédia de Nadabe e Abiú, talvez estejamos a ver o destino que nos aguarda, caso não nos arrependamos de nossos pecados, insolências e descasos quanto ao ministério que o Senhor Jesus nos confiou.
Embora Nadabe e Abiú fossem candidatos naturais ao sumo sacerdócio de Israel, corrompendo-se em seus privilégios, relaxaram em relação às suas responsabilidades perante Deus e diante do povo de Israel. A pergunta não deve ser evitada: Será que não estamos a agir de igual maneira? Ter privilégios não constitui pecado algum. Mas fazer deles o fim de nosso ministério pode levar-nos à perdição eterna. Zelemos, pois, pelo ofício com que Jesus, por intermédio do Espírito Santo, agraciou-nos.
Não há dúvida de que a desgraça de Nadabe e Abiú poderia ser evitada. A desventura que nos espreita também pode ser evitada; arrependamo-nos. É chegado o momento de os obreiros de Deus julgarmos a nós mesmos para não sermos condenados com o mundo. Acompanhemos a biografia tristemente interrompida de Nadabe e Abiú.   

I. NADABE E ABIÚ, OS FILHOS DO SACERDÓCIO

1. Um nascimento nobre. Nadabe e Abiú pertenciam à tribo de Levi, distinguida com o sacerdócio divino (Nm 3.12). Os homens desse clã eram contados entre as primícias do Senhor, conforme o próprio Deus havia declarado: “Os levitas serão meus” (Nm 3.1-12). Pode haver maior nobreza do que essa?
Os levitas eram benquistos em todo Israel. Nem mesmo a tribo de Judá, designada a reinar sobre a herança divina, desfrutava de semelhante deferência. Os seus privilégios não se limitavam à esfera social; economicamente, também, achavam-se bem-apanhados. 

2. Ascendência araônica. Além de pertencerem à tribo de Levi, Nadabe e Abíu provinham da família de Arão, escolhida por Deus para exercer o sumo sacerdócio (Êx 6.23; 28.1). Era o ofício mais honroso de todo o Israel. Nem mesmo os reis podiam exercê-lo (2 Cr 26.18). De acordo com a genealogia de Arão, eram Nadabe e Abíú os seus sucessores naturais e imediatos nesse glorioso ministério.
Naquele período, por não haver ainda rei em Israel, os sacerdotes eram vistos como a única classe nobre dos hebreus. No caso de Nadabe e Abiú tal honra era centuplicada. Afinal, eram filhos de Arão; os próximos sumos sacerdotes. Às vezes, pergunto-me se tantos privilégios não poderão arruinar-nos eventualmente.
Que honrarias e privilégios são uma bênção, ninguém o nega. Mas, como administrar elogios, louvores, comendas, mimos e presentes? Se nos virmos afogados em tais “bênçãos”, fujamos delas enquanto estamos inteiros. Doutra forma, pereceremos. Certa feita, declarou Agostinho: “Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que me elogiam, pois sempre acabam por me corromper”.
Não sabemos se Nadabe e Abiú foram instruídos por Arão a resistir às glórias profanas que, sem o percebermos, vão nos cercando o ofício divino. Portanto, se o nosso filho tiver um chamado ministerial, preparemo-lo não apenas acadêmica, mas principalmente quanto à espiritualidade, boa conduta e ética. Caso contrário, ele virá a perecer como desgraçadamente pereceram os filhos de Arão.
Não faz muito tempo, o atual presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus, pastor José Wellington da Costa Júnior, realizou um encontro para filhos de pastores, em São Paulo. As palestras ficaram a cargo de três jovens obreiros: José Wellington Costa Neto, filho de nosso presidente; Ailton José Alves Júnior, filho do pastor da Assembleia de Deus, no Recife; e Gunar Berg Doreto de Andrade, responsável pelo núcleo de educação superior da FAETAD, em campinas. Emocionei-me ao ver o meu filho num grupo tão seleto. Mas, ao mesmo tempo, senti um peso muito grande: “Tenho eu, realmente, preparado meu filho ao santo ministério?”. Sempre que posso, aconselho-o a portar-se como autêntico homem de Deus. Todavia, sei que eu mesmo tenho de comportar-me como seu maior referencial.
3. A subsistência do altar. Tendo vista sua ascendência levítica e sacerdotal, Nadabe e Abiú não tinham por que se preocupar com a própria subsistência. Por serem filhos de Arão, sua manutenção era tida como sagrada em Israel: “Isto será a obrigação perpétua dos filhos de Israel, devida a Arão e seus filhos, por ser a porção do sacerdote, oferecida, da parte dos filhos de Israel, dos sacrifícios pacíficos; é a sua oferta ao SENHOR” (Êx 29.28, ARA).
Noutras palavras, Nadabe e Abiú já haviam nascido aposentados. Quer viessem a assumir quer não o sumo sacerdócio, não precisariam se preocupar com o pão cotidiano. Nem todos, porém, estão aptos a receber semelhante privilégio. Alguns lançar-se-ão no ócio; logo perecerão. Outros, entretanto, negando o ócio, buscarão aprimorar seus talentos e dons para melhor servir ao Senhor.
Ainda que tenhamos recursos para sustentar nossos filhos, preparemo-los sabiamente para que garantam o próprio sustento. E mesmo que estejamos convictos de que este ou aquele filho suceder-nos-á à frente do rebanho, não deixemos de formá-los profissionalmente. Já imaginou um pastor que não saiba fazer tendas? O que fará num tempo de crise?
Quanto a mim, comecei a trabalhar aos doze anos. Ali, naquele depósito de madeiras recicladas, na cidade paulista de São Bernardo do Campo, empenhava-me a bater a quota diária. Depois, fui trabalhar como gráfico na Imprensa Metodista. Dois anos depois, fui admitido no Banco Sul Brasileiro. Seguindo minha vocação inicial, passei nove anos na Rádio Diário do Grande ABC. E, ao deixá-la, fui chamado a trabalhar, em 1984, na Casa Publicadora das Assembleias de Deus, onde, pela graça divina, encontro-me até hoje.
Minha experiência profissional enriqueceu-me ministerialmente. Hoje, agradeço aos meus pais por me ensinarem a ganhar o pão cotidiano. O mesmo fiz em relação aos meus filhos, e quero que eles ajam de igual maneira em relação aos seus filhos.  

II. NADABE E ABIÚ, TEÓLOGOS SOBERBOS

Nadabe e Abiú não eram desinformados nem ignorantes com respeito às coisas de Deus. Àquela altura, já podiam ser considerados teólogos maduros e experimentados. Infelizmente, tamanha instrução não foi suficiente para livrá-los do inferno.
1. Nadabe e Abiú eram letrados. A alfabetização, naquele tempo, ainda não era universal nem mesmo em Israel, que já era louvado como o povo do Livro. Todavia, a classe sacerdotal, pelo que inferimos do texto sagrado, era letrada, culta e capaz de fazer exegeses de excelência na Lei de Moisés até então lavrada.
Se os sacerdotes tinham a obrigação de saber ler e escrever, o que não esperar do sumo sacerdote e de seus filhos? Levemos em conta a cultura da família de Anrão e Joquebede; dela saíram três grandes sábios: Miriã, Arão e Moisés.
Quando lemos o cântico de Miriã, deparamo-nos com uma estrofe muito bem redigida: “Cantai ao SENHOR, porque gloriosamente triunfou e precipitou no mar o cavalo e o seu cavaleiro” (Êx 15.21, ARA). O que evidenciam tais palavras? A expressão de alguém finamente culto. Hoje, ela é louvada como profetisa e poetisa.
À semelhança da irmã, Moisés e Arão possuíam admirável cultura. O primeiro fora instruído em toda a ciência do Egito (At 7.22). Quanto ao segundo, era um orador; expressava-se fluentemente (Êx 4.14).
Depreende-se, pois, que Nadabe e Abiú eram também letrados e instruídos. Nos dias de hoje, estariam metidos nalguma academia. Todavia, a ilustração meramente terrena é insuficiente para levar-nos ao Deus Único e Verdadeiro: fonte de saber.
Como temos lidado com a nossa erudição? Antes de tudo, compreendamos que erudição não é sinônimo de sabedoria. Há muitos eruditos incapazes de diferençar a destra da sinistra. Já me defrontei com acadêmicos que, conquanto cultíssimos, não possuíam a sabedoria mínima para administrar o seu dia a dia. Por isso, ao orar pelos meus descendentes, rogo ao Senhor que, antes da erudição, lhes dê a verdadeira sabedoria. Se nos for possível reunir tanto esta quanto aquela, muito poderemos fazer pela Obra de Deus. O apóstolo Paulo é um perfeito exemplo de sabedoria e erudição. Ele reunia as condições necessárias para transitar desenvoltamente em três culturas distintas: a hebreia, a helena e a latina. Que Deus auxilie nossos acadêmicos a não se perderem nos labirintos e escaninhos da cultura pós-moderna.
2. Nadabe e Abiú eram teólogos. Na religião do Antigo Testamento, os três ministros divinos, encarregados pela condução da comunidade de Israel, eram, via de regra, bons teólogos: o profeta, o sacerdote e o rei. Porque lidavam, diariamente, com as coisas de Deus. Até mesmo reis perversos, como Jeroboão e Manassés, não ignoravam a intervenção de Jeová no cotidiano hebreu. Sendo assim, vejamos Nadabe e Abiú, candidatos ao sumo sacerdócio, como excelentes teólogos. E de fato o eram.
Quando o Senhor outorgou a Lei a Israel, no Sinai, por intermédio de Moisés, ali estavam eles juntamente com os mais destacados anciãos de Israel (Êx 24.1). E, lá, no monte sagrado, presenciaram a manifestação da glória divina (Êx 24.9,10). Ocularmente, testemunharam a aliança que o Senhor firmara com os filhos de Israel (Êx 24.8). Apesar de sua juventude, Nadabe e Abiú tiveram o privilégio de ver o estabelecimento do pacto entre Deus e o seu povo.
Tais experiências são suficientes para fazer do obreiro um teólogo de verdade. Erradamente, consideramos a academia superior ao nosso quarto de oração. Se ali desperdiçamos preciosas semanas, meses e anos em discussões muitas vezes fúteis e tolas, aqui não queremos dedicar uma hora sequer a falar com o Senhor.
A verdadeira teologia só é possível a partir de encontros pessoais e experimentais com Deus. A academia ajuda, sim, mas se estiver submissa à Bíblia Sagrada. Caso contrário, será uma tragédia para o Reino de Deus.
3. Nadabe e Abiú conheciam experimentalmente a Deus. Em termos experimentais, Nadabe e Abiú encontravam-se num patamar superior ao de Jó, antes de o paciente homem de Uz ter sido esmagado por todas aquelas provações. O patriarca mesmo confessa sua inexperiência: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem” (Jó 42.5, ARA). Todavia, o que podemos dizer de Nadabe e Abiú? Estiveram pessoalmente no monte sagrado, viram o resplendor da glória divina e não ignoraram a presença do Senhor. Então, como explicar a sua apostasia? Talvez essa pergunta deva ser endereçada ao querubim ungido que, apesar de toda a sua teologia e experiência junto à presença divina, rebelou-se contra o Todo-Poderoso.
 Sejamos cuidadosos. Nossa salvação não se encontra numa teologia bem estruturada, num ministério sólido e elogiável ou em profundas experiências com o Senhor. Se não lhe formos obedientes, corremos o risco de perder a alma. A situação de Nadabe, Abiú e de muitos crentes rebeldes e apóstatas é descrita com fortes e decisivas cores pelo autor da Epístola aos Hebreus:

Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários. Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés. De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça? Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo. (Hb 10.26-31, ARA)

Quem assim peca, não peca somente contra o Pai nem apenas contra o Filho, mas contra o Espírito Santa peca. Nessas condições, que esperança haverá para o pecador? Queridos obreiros, teólogo também vai para o inferno. Jesus, tem misericórdia de nossas almas.

III. A Insolência de Nadabe e Abiú

1. Ignoraram a Deus. Ao adentrarem o lugar santo, Nadabe e Abiú ignoraram a presença de Deus, pois o Senhor encontrava-se não somente no Tabernáculo como em todo o arraial de Israel (Êx 25.8; Nm 14.14). O Deus onipresente não se limita ao Santo dos santos, mas se deleita na companhia de seus queridos e amados santos.
Na atitude inconsequência de Nadabe e Abiú, vejo a profissionalização do ministério sagrado. No trato com as coisas santas, enfadamo-nos. Consideramo-las profanas e comuns. E, assim, já não vemos a primeira ordenança como o símbolo da morte e da ressurreição do Senhor, mas como um trabalho enfadonho a ser feito. Quanto à segunda ordenança, o que fazer? Se tiver de ser realizada, que o seja. Nesse descaso, já não distinguimos nem o corpo nem o sangue de Jesus.
Não agiam assim os sacerdotes no tempo de Malaquias? Na liturgia diária, aborreciam-se. Eis como eles tratavam as coisas de Deus: “Que canseira! E me desprezais, diz o SENHOR dos Exércitos; vós ofereceis o dilacerado, e o coxo, e o enfermo; assim fazeis a oferta. Aceitaria eu isso da vossa mão? — diz o SENHOR” (Ml 1.13, ARA).
Aos olhos de Nadabe e Abiú, o Tabernáculo nada era. Então, que seja tido como um afazer qualquer; uma rotina profissional. Já não sentiam comoção alguma entre aquelas colunas, estacas, cortinados e móveis. Lidar com a Casa de Deus ocasionava-lhes enfado, estresse, canseira. Não serviam ao Senhor com alegria.
2. Impaciência profana. De acordo com as instruções que o Senhor transmitira aos filhos de Israel, somente o sumo sacerdote estava autorizado a oferecer o incenso no altar de ouro (Êx 30.7-9). Todavia, observa-se que ambos, desafiando o Senhor, entraram no lugar sagrado como se este não passasse de um mero feudo doméstico. As coisas de Deus não podem ser tratadas como propriedade particular.
Nadabe e Abiú, além de impacientes, revelaram-se profanos e blasfemos. Precipitaram-se na condenação do Diabo; não souberam esperar a sua hora (1 Tm 3.6).
Que eles se achavam geneticamente predestinados a assumir o sumo sacerdócio, todos o sabiam. Na falta de Arão, ascenderia Nadabe. E se este viesse a falecer precocemente, Abiú seria requisitado. Ambos, porém, devido ao seu descaso com a obra de Deus, não se achavam dispostos a aguardar pela morte do pai? Então, por que não variar as lides sacerdotais?
Eles estavam cientes de que apenas o velho Arão estava autorizado a oferecer o incenso no altar de ouro, mas ignoraram a regra sacerdotal. Julgavam-se acima das ordenanças e estatutos do Senhor.
O pecado de ambos não pode ser visto como algo acidental. Não foi um incidente isolado. Nesse gesto, temos a súmula de pequenas e grandes transgressões. Todas estas, já bem racionalizadas, redundaram em sua punição no limiar do lugar santíssimo. Façamos, pois, uma pausa, e indaguemos de nós mesmos: “Como temos nos portado no ministério sagrado?”. Enquanto respondemos a essa pergunta, lembremo-nos de que o Deus que puniu Nadabe e Abiú não mudou; sua justiça continua inalterável. 
3. Apresentaram fogo estranho ao Senhor. Não bastava ter o incenso prescrito pelo Senhor; era imperioso ter igualmente a brasa certa, para que Deus fosse dignamente honrado (Êx 30.9; Lv 16.12). Se o incenso era exclusivo, a brasa também o era (Êx 30.37). Mas, pelo contexto da narrativa sagrada, Nadabe e Abiú não estavam preocupados nem com o incenso, nem com o fogo. Por isso, o Senhor fulminou-os diante do altar. Sim, eles foram mortos devido à sua insolência, blasfêmia e sacrilégio.
Qualquer sacerdote iniciante sabia que o fogo do altar do incenso só poderia ser atiçado com as brasas do altar de bronze. A simbologia era claríssima: antes da adoração, que a expiação fosse observada. Não temos, aqui, nenhum enigma teológico. Um leitor da Bíblia, razoavelmente atento, há de atinar com esse princípio soteriológico. Então, por que ambos os filhos de Arão vieram a desprezar uma recomendação tão comezinha? Não tinham eles teologia suficientes? Talvez nós também estejamos afrontando algum princípio básico do ministério cristão; examinemos o nosso coração. Senhor, ajuda-nos.
Que o incenso e o fogo de nossa adoração sejam os prescritos pelos santos profetas e apóstolos do Senhor.
O que vemos, hoje, nas redes sociais é um festival pirotécnico; fogo estranho aqui, e, ali, fogo estrangeiro. Não me lembro de a Obra Pentecostal ter enfrentado tantas bizarrices como hoje. O espetáculo é deprimente. Nessa postagem, imita-se o batismo com o Espírito Santo. Naquela, arremedam-se os dons espirituais.
Como sobreviver nesse mundo estranho? É chegada a hora de resgatar a Obra Pentecostal conforme no-la transmitiram os pais-fundadores das Assembleias de Deus. Chega de fogo estranho no altar sagrado. Busquemos o cristianismo bíblico, apostólico e autenticamente avivado pelo Espírito Santo.

CONCLUSÃO

Até quando apresentaremos fogo estranho ao Senhor? Chega de liturgias bizarras, cultos mundanos, teologias permissivas e costumes que ferem a Palavra de Deus. Se não atentarmos à santidade e à glória divina, não subsistiremos. Deus, embora seja conhecido pelo amor, é também um fogo devorador (Is 30.27). Portanto, sejamos puros e santos em toda a nossa maneira de ser: o Senhor não se deixa escarnecer.
Ao invés de fogo estranho, busquemos o verdadeiro avivamento espiritual. E, dessa forma, ousemos proclamar com toda a ousadia: “Jesus Cristo salva, batiza com o Espírito Santo, cura as enfermidades, opera sinais e maravilhas e, em breve, haverá de arrebatar-nos às regiões celestiais”.

ANDRADE, Claudionor de. Adoração, Santidade e Serviço: Os Princípios de Deus para a sua Igreja em Levítico. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018. 

SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

A história de Nadabe e Abiú faz-nos uma séria advertência: Deus não se deixa escarnecer (Gl 6.7). Nesta lição, veremos que esses dois obreiros, apesar de todos os privilégios de que desfrutavam junto à congregação de Israel, não honraram o seu ministério. Antes, ignorando a recomendação de Moisés, ofereceram fogo estranho ao Senhor. E, no mesmo instante, foram exterminados pelo Deus que não se deixa zombar por homem algum. Como temos nos apresentado diante do Senhor? Enquanto avançamos neste estudo, respondamos a esta pergunta com temor e tremor, pois Deus não mudou. Ele está a exigir santidade, pureza e reverência de cada um de seus filhos, principalmente dos que fazem parte do santo ministério da Palavra. 
O homem é transformado e santificado através da revelação da glória de Deus (Êx 29.43). Paulo indica que a vontade de Deus é a nossa santificação (1Ts 4.3), a nossa separação do pecado, do mundo e de tudo o que é mau para vivermos e servirmos exclusivamente a Ele. Portanto, se queremos servir a Deus, não podemos fazê-lo de qualquer maneira, pois assim não o agradamos. Nadabe e Abiú pagaram com a própria vida por terem apresentado ao Senhor "fogo estranho" (“brasas vivas estranhas” no original), em seus incensários. O incensário deveria ser aceso usando-se as brasas tiradas do próprio altar do sacrifício; Nadabe e Abiú ignorando as recomendações de Moisés, acenderam seus incensários com fogo que eles mesmos produziram - o "fogo estranho" era as suas próprias obras - e foram mortos. O acesso à presença de Deus só pode ser através do altar; através do sacrifício de Cristo. Qualquer que tentar ter acesso à presença de Deus com base em suas próprias obras não subsistirá. As brasas tinham que ser tiradas do altar onde o cordeiro havia sido queimado. A adoração e o louvor, e as orações, que hoje oferecemos a Deus como incenso de aroma suave, só podem entrar na Sua presença se forem produzidas em nós pelo sacrifício de Cristo; pelo fogo que um dia consumiu a oferta: o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Veremos nesta lição como é importante a nossa santificação e reverência diante do Senhor quando estamos no seu serviço.

I. OS PRIVILÉGIOS DE NADABE E ABIÚ
                                
Não basta pertencer a uma família tradicional de obreiros para usufruir da graça divina. É necessário, antes de comunhão tudo, ter uma vida de íntima com Deus. Vejamos, pois, a ascendência de Nadabe e Abiú, e o seu conhecimento da glória divina.
Depois de livrar os israelitas da escravidão no Egito, Moisés (mandado por Deus) trouxe-os ao Monte Sinai. Aqui, Deus falou da montanha ao povo todo, e deu os dez mandamentos, que ele mais tarde inscreveu em duas tábuas de pedra (Dt 5.1-22). Esta, também, é a montanha em que Moisés subiu para receber o resto da lei de Deus para Israel. Incluídas nesta lei havia provisões para um sacerdócio: “Faze também vir para junto de ti Arão, teu irmão, e seus filhos com ele, dentre os filhos de Israel, para me oficiarem como sacerdotes, a saber, Arão e seus filhos Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar” (Êx 28.1). De acordo com a aliança que Deus fez com os israelitas, e a lei que ele lhes entregou, Arão e seus descendentes masculinos seriam sacerdotes de Deus enquanto durasse aquela aliança (Êx 29.9). O trabalho do sacerdote incluía tais coisas como oferecer sacrifícios, manutenção das lâmpadas, pão e incenso no santuário, e ensinar a lei de Deus ao resto do povo.

1. Ascendência levítica. Nadabe e Abiú pertenciam à tribo de Levi, que fora honrada com o sacerdócio divino (Nm 3.1-12). Os homens dessa tribo eram contados entre as primícias do Senhor. O próprio Deus havia dito: “Os levitas serão meus” (Nm 3.12). Por conseguinte, os descendentes de Levi eram vistos como os nobres entre os nobres de Israel. 
“Deus concedeu, a essa família estendida, a vocação sacerdotal, sem o direito de possuir propriedade de terra. Os levitas eram vistos como grupos de pessoas ou famílias que se dedicaram exclusivamente à expansão e realização do culto de Javé. O material bíblico, a respeito dos levitas, é amplo e diversificado. Cada grupo ligado a uma tradição de Israel trata o levita de modo diferenciado” (SIQUEIRA, 2007, p. 87). Conforme Números 8.14, Deus reservou a Levi e sua descendência por estatuto perpétuo, o exercício das funções do templo e a condução espiritual do povo de Deus. Deus escolheu os levitas para serem Seus, por isso a tribo de Levi não é contada entre as tribos de Israel.

2. Ascendência araônica. Além de pertencerem à tribo de Levi, Nadabe e Abiú provinham da família de Arão, escolhida por Deus para exercer o sumo sacerdócio (Êx 6.23; 28.1). Era o ofício mais honroso de todo o Israel. Nem os reis podiam exercê-lo (2 Cr 26.18). De acordo com a genealogia de Arão, Nadabe e Abiú eram os sucessores imediatos do pai nesse glorioso ministério.
Durante a escravatura dos israelitas no Egito, nasceram os levitas mais famosos de Israel: Moisés e seus irmãos Arão e Miriã. Debaixo da liderança de Moisés, os israelitas se libertaram e saíram do Egito, rumo à terra prometida. Miriã era profetisa e Arão foi escolhido por Deus para ser Seu sacerdote, a ponte entre o povo e Deus (Êx 28.1). Apesar da dureza de coração daqueles homens, a escolha de Deus não foi mudada, como está escrito: "Deus não é homem, para que minta; Nem filho do homem, para que se arrependa" (Nm 23.19). A escolha de Levi nos mostra o quanto Deus é gracioso e que as Suas escolhas não dependem da conduta de homens! Notemos que uma vez determinado algo sobre a vida de alguém, nada pode fazer a Sua poderosa mão tornar atrás! "Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá?" (Is 43.13). Os Levitas foram escolhidos para herdar ao próprio Deus como herança! O próprio Deus incorruptível, Todo Poderoso, Santíssimo e Imaculado como Herança para Sempre!
O trabalho destes sacerdotes é resumido em Hebreus 5:1-2. Eles deviam ser descendentes de Arão e tinham de preencher qualificações rígidas (Levítico 21). O traje deles é descrito em Êxodo. Todo serviço do Tabernáculo estava sob os cuidados deles. Eles ofereciam sacrifícios, aspergiam sangue, queimavam incenso, trocavam os pães da proposição e transportavam o Tabernáculo quando necessário. Muitos dos deveres ligados à pureza cerimonial de Israel estavam também nas mãos deles (Levítico 12-15 nos dá um exemplo disto). E por fim, os sacerdotes deveriam instruir a nação na lei de Deus (Dt 33.10)” (O Sacerdócio. Disponível em: https://www.palavraprudente.com.br/estudos/ron_c/guiaexodo/cap35.html. Acesso em: 10 Jul, 2018)

3. Participantes da glória de Deus. Quando o Senhor outorgou a Lei a Israel, por intermédio de Moisés, lá estavam Nadabe e Abiú juntamente com os mais destacados anciãos de Israel (Êx 24.1). E, ali, no monte sagrado, presenciaram a manifestação da glória divina (Êx 24.9,10). Além disso, foram testemunhas oculares da aliança que o Senhor firmara com os filhos de Israel (Êx 24.8). Enfim, Nadabe e Abiú tiveram o privilégio de testemunhar o estabelecimento do pacto entre Deus e o seu povo.  
Os dois filhos mais velhos de Arão, Nadabe e Abiú, tiveram o grande privilégio de um dia subir ao monte de Sinai e ver o Deus de Israel (Êx 24.9-11) e receberam uma grande responsabilidade: servir ao SENHOR como sacerdotes em estatuto perpétuo (Êx 28.1, 29.9), logo, era de se esperar que, tendo visto a majestade de Deus, eles iriam servi-Lo fielmente com temor, tremor e santidade. O ministério sacerdotal israelita era de alta responsabilidade, importando que os sacerdotes cumprissem rigorosamente as determinações dadas por Deus, sendo algumas vezes mencionada a pena de morte para as infrações.
Arão e seus filhos eram sacerdotes ungidos por Deus e por isso o trabalho de Deus deveria estar em primeiro lugar e mesmo em caso de morte não poderiam interromper e nem deixar o serviço a eles confiado. Mateus capítulo 8 e versículos 21 e 22 deixa bem claro que aquele que é chamado para o ministério tem que muitas vezes se sacrificar, pois quem põe a mão no arado não deve olhar mais para trás (Lc 9.62). Devemos ter confiança no Senhor e aceitar quaisquer que sejam as consequências. Quando Jesus chamou este discípulo (Mt 8.21) ele disse: “Permite-me primeiramente....” para o verdadeiro cristão, Cristo deve ser o primeiro em tudo. A chamada divina para o ministério deve estar acima das relações humanas mais íntimas. No caso de Arão e seus outros filhos deveriam deixar todo o sinal de luto, e demonstrar sua lealdade a Deus. Devemos buscar primeiro o reino de Deus (Mt 6.33a). Talvez você ache que isso seja difícil mas as consolações de Deus para as nossas vidas com certeza são bem maiores que tudo, e Ele nos diz em Dt 31.6, “Sede fortes e corajosos: não temais, nem vos atemorizeis diante deles, porque o Senhor, vosso Deus, é quem vai convosco; não vos deixará, nem vos desamparará.” (Pr. José Antônio Corrêa. O SERVIÇO A DEUS – NADABE E ABIU. Disponível em:http://revistadominical.sites.uol.com.br/santific6.htm. Acesso em: 6 Ago, 2018)

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
                               
“Nadabe/Abiú Alguns irmãos, como Caim e Abel ou Jacó e Esaú, colocaram uns aos outros em apuros. Os irmãos Nadabe e Abiú tiveram problemas juntos. Embora pouco se saiba sobre seus primeiros anos, a Bíblia nos dá uma abundância de informações sobre o ambiente em que eles cresceram. Nascido no Egito, foram testemunhas oculares dos atos poderosos de Deus no Êxodo. Eles viram seu pai Arão, seu tio Moisés, e sua tia Miriã em ação muitas vezes. Eles tinham conhecimento em primeira mão sobre a santidade de Deus como poucos homens já tiveram, e pelo menos por um tempo, seguiram a Deus de todo o coração (Lv 8.36). Mas em um momento crucial, eles decidiram tratar as claras instruções de Deus com indiferença. A consequência de seu pecado foi ardente, imediata e chocante para todos” Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p. 215).
II. FOGO ESTRANHO NO ALTAR

Três atitudes marcaram o ato leviano e inconsequente de Nadabe e Abiú: ignoraram a Deus, impacientaram-se e, sem qualquer temor, apresentaram fogo estranho no altar sagrado.
Quando tratamos das coisas de Deus, toda reverência que nós mortais lhe mostramos ainda é insuficiente, por toda a sua santidade e grandeza. É por esta razão que devemos ‘guardar nossos pés’ quando entrarmos em Sua presença (Pv 5.1). Veremos alguns dos erros cometidos por Nadabe e Abiú.

1. Ignoraram a Deus. Ao adentrarem o lugar santo, Nadabe e Abiú ignoraram a presença de Deus, pois o Senhor encontrava-se não somente no Tabernáculo como em todo o arraial de Israel (Êx 25.8; Nm 14.14). O Deus onipresente não se limita ao Santo dos santos, mas se deleita com a presença de seus queridos e amados santos.  
“Guarda o teu pé, quando entrares na casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal” (Pv 5.1). Deus se regozija quando obedecemos a Sua palavra, dar ouvidos à palavra de Deus é o que Ele requer de todo homem. Dessa assertiva conclui-se que, qualquer que se apresenta diante de Deus com sacrifícios não ‘guardou o seu pé’. Quando o homem não pondera a vereda dos seus pés, observa o seu proceder segundo a palavra de Deus, procede mal. O incenso tinha que ser queimado todas as manhãs, quando as lâmpadas fossem preparadas (apagadas e enchidas para serem usadas novamente ao anoitecer) e no final da tarde. Mas Nadabe e abiu não seguiram essa ordem de Deus e puseram fogo em seus incensários quando o povo estava prostrado diante da glória do Senhor (9.23-24).

2. Impaciência profana. De acordo com as instruções que o Senhor, através de Moisés, transmitira aos filhos de Israel, somente o sumo sacerdote estava autorizado a oferecer o incenso no altar de ouro (Êx 30.7-9). Todavia, observa-se que ambos, ignorando tal preceito, entraram no lugar sagrado e trouxeram um fogo que Deus não ordenara. As coisas de Deus não podem ser tratadas profanamente. Nadabe e Abiú precipitaram-se e não souberam esperar a hora de se colocarem no altar. 
Em Levítico 16.12 e 13 temos uma indicação clara de que o fogo usado para acender o incenso deveria vir do próprio altar do incenso, que ficava dentro do lugar santo: “Tomará também, de sobre o altar, o incensário cheio de brasas de fogo, diante do SENHOR, e dois punhados de incenso aromático bem moído e o trará para dentro do véu. Porá o incenso sobre o fogo, perante o SENHOR, para que a nuvem do incenso cubra o propiciatório, que está sobre o Testemunho, para que não morra” (Lv 16.12-13). A punição sofrida foi conseqüência do trabalho feito de qualquer jeito, sem observar as ordens de Deus. Levítico 10.8 e 9 talvez nos ajude a entender um pouco mais esse fato: “Falou também o SENHOR a Arão, dizendo: Vinho ou bebida forte tu e teus filhos não bebereis quando entrardes na tenda da congregação, para que não morrais; estatuto perpétuo será isso entre as vossas gerações” (Lv 10.8-9). Isso pode indicar que Nadabe e Abiú poderiam ter cometido todos aqueles erros na forma de culto a Deus porque estavam embriagados. Essa possibilidade é muito provável, e explica a atitude (quase que infantil) deles diante das coisas sagradas de Deus. Nada há nos preceitos pormenorizados do sacrifício que declarasse que qualquer pessoa senão o próprio sumo-sacerdote devesse colocar incenso num incensário de brasas e apresentá-lo a Deus. Até mesmo aquela cerimônia era restrita ao dia da expiação quando, uma vez por ano, o sumo-sacerdote entrava no Santo dos Santos do santuário para cobrir o propiciatório com uma nuvem de incenso.

3. Apresentaram fogo estranho ao Senhor. Não bastava ter o incenso prescrito pelo Senhor; era imperioso ter igualmente a brasa certa, para que Deus fosse dignamente adorado (Êx 30.9; Lv 16.12). Se o incenso era exclusivo, a brasa também o era (Êx 30.37). Mas, pelo contexto da narrativa sagrada, Nadabe e Abiú não estavam preocupados nem com o incenso, nem com o fogo. Por isso, o Senhor veio a fulminá-los diante do altar. 
O seu pecado, sem dúvida, foi pouco-caso e desobediência, pois fizeram “o que o SENHOR não lhes ordenara”, e morreram “por haverem se aproximado do SENHOR”. Deus é um Deus zeloso e santo portanto exige que os Seus servos O sirvam à Sua maneira. Obediência é melhor que sacrifício (Hb 10.5-10).
Um dos erros de Nadabe e Abiú foi o de colocar em seus incensários fogo estranho. O certo seria que o fogo usado no tabernáculo fosse o do altar do holocausto, pois era o de Deus, e não estranho. Deus assim o havia instituído e este fogo arderia continuamente sobre o altar, nunca se apagaria (Lv 6.13). Nos dias de hoje também trazemos fogo estranho à presença de Deus através de doutrinas e ensinamentos que vão totalmente de encontro a Palavra de Deus, e que aos olhos de Deus são também “fogo estranho”. Quantas vezes nós que somos hoje o templo de Deus, nos misturamos com coisas que não agradam a Deus, nos contaminamos com o mundo e não fazemos diferença entre o santo e o profano (Lv 10.10). Essa mistura leva a corrupção destrói espiritualmente (Mq 2.10). Não agiram conforme a Palavra de Deus (v.1). Outro erro de Nadabe e Abiú foi o de agir por vontade própria, sem se importar com a vontade de Deus. Não podemos nos apresentar a Deus de qualquer maneira, de acordo com o nosso querer, devemos estar de acordo sua vontade. Não se sabe ao certo, mas há indícios de que Nadabe e Abiú tenha entrado no santuário embriagados, perdendo a sobriedade, e oficiando fora dos parâmetros estabelecidos por Deus. (Lv. 10.9,10)” (Pr. José Antônio Corrêa. O SERVIÇO A DEUS – NADABE E ABIU. Disponível em: http://revistadominical.sites.uol.com.br/santific6.htm. Acesso em: 6 Ago, 2018)
A punição pela desobediência vem ainda hoje, e é por isso “que há entre nós muitos fracos e doentes, e não poucos que dormem” (1Co 11.30), embora nem sempre imediata como no caso de Nadabe e Abiú, e Ananias e Safira.

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

Fogo estranho 1.“Qual foi o ‘fogo estranho’ que Nadabe e Abiú ofereceram diante do Senhor? O fogo sobre o altar de holocausto nunca se extinguia (Lv 6.12,13), o que implica que este altar era santo. É possível que Nadabe e Abiú tenham levado ao altar brasas de fogo de uma outra fonte, fazendo com que o sacrifício se tornasse profano. Também tem sido sugerido que os dois sacerdotes fizeram uma oferta em um momento não prescrito. Seja qual for a explicação correta, o ponto é que Nadabe e Abiú abusaram da sua posição como sacerdotes em um ato de flagrante desrespeito a Deus, que tinha acabado de revisar precisamente com eles como deveriam conduzir a adoração. Como líderes, eles tinham uma responsabilidade especial de obedecer a Deus. Em sua posição, eles poderiam facilmente conduzir muitas pessoas ao erro. Se Deus comissionou você para liderar ou ensinar outras pessoas, nunca considere este papel como garantido nem abuse dele. Permaneça fiel a Deus e siga as instruções dEle” (Bíblia de Estudo Cronológica Aplicação Pessoal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p. 214). 2. “O texto não registra a natureza do pecado de Nadabe e Abiú. Os comentaristas têm algumas sugestões: o incenso não foi feito de acordo com as instruções de Moisés (Êx 30.34-38); o fogo não era proveniente do fogo que estava queimando no altar (16.12); a oferta foi feita no momento errado (Êx 30.7,8); os infratores usaram incensários inadequados (os deles mesmos); Nadabe e Abiú assumiram uma função devida exclusivamente ao sumo sacerdote; ou eles estavam sob influência alcoólica (cf. 8-11). É possível falar com certeza sobre este aspecto. O ponto essencial é que os dois sacerdotes exerceram funções sacerdotais de maneira oposta às ordens do Senhor. Moisés deixou claro que o Senhor deve ser santificado naqueles que se aproximam dele, a fim de que Ele seja glorificado diante de todo o povo. Esta é uma ilustração de que, no Antigo Testamento, a obediência era muito mais importante do que o sacrifício (1 Sm 15.22)” (Comentário Bíblico Beacon. Vol 1. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 277).

III. LUTO NO SANTO MINISTÉRIO

A morte de Nadabe e Abiú abalou profundamente a casa de Arão. Apesar de haver perdido, num único dia, dois de seus filhos, ele foi proibido pelo Senhor de observar qualquer luto pelos mortos.
Nadabe e Abiú estavam usurpando de maneira espalhafatosa e imperdoável as responsabilidades da pessoa principal da hierarquia sacerdotal.  Suas ações podem ter sido o resultado do orgulho, da ambição, dos ciúmes, ou da impaciência, e, se for assim, sua motivação estava muito longe da intenção de quem procurava viver uma vida de santidade ao Senhor.

1. A morte de Nadabe e Abiú. Ao se apresentarem com fogo estranho diante do Senhor, os filhos de Arão, que também eram ministros do altar, foram consumidos no lugar santo (Lv 10.2). Pelo que observamos do texto sagrado, Deus os matou pelo fato de eles não terem levado em conta a santidade divina (Lv 10.3). A obrigação deles era glorificar o nome do Senhor, mas preferiram buscar a própria glória. Diante do fato, o sumo sacerdote de Israel calou-se. Não poderia haver momento mais trágico para a sua família.
A presunção de Nadabe e Abiú é assustadora em vista das instruções categóricas que o SENHOR lhes havia dado: ... os sacerdotes, que se chegam ao SENHOR, se hão de consagrar, para que o SENHOR não os fira (Êx 19.22). Deus é um Deus zeloso e santo portanto exige que os Seus servos O sirvam à Sua maneira. Obediência é melhor que sacrifício. Isto é algo de que deveríamos nos lembrar hoje, “pois conhecendo o temor do SENHOR, persuadimos aos homens...” (2Co 5.11), “e tende cuidado, não recuseis ao que fala. Pois, se não escaparam aqueles que recusaram ouvir quem divinamente os advertia sobre a terra, muito menos nós, os que nos desviamos daquele que dos céus nos adverte” (Hb 12.25). Este é o grande pecado nas igrejas de hoje: seus membros, todos consagrados sacerdotes de Cristo, não estão ouvindo o que Deus diz em Sua Palavra.

2. A remoção dos cadáveres. Moisés, então, ordena a dois primos de Arão, Misael e Elzafã, a removerem os cadáveres da Casa de Deus (Lv 10.4). No episódio de Ananias e Safira, os corpos de ambos foram levados para fora por alguns jovens da igreja recém-inaugurada pelo Espírito Santo (At 5.1-11).
Para a tarefa de remover os cadáveres da área do tabernáculo, Moisés chamou dois primos em primeiro grau de Arão; Misael e elzafã, acerca dos quais nada mais se sabe senão que não eram sacerdotes. Nenhuma pessoa consagrada poderia ter tocado nos mortos sem ficar contaminada, e este fato proibiu o pai desolado de entrar em contato físico com seus filhos mortos. Presumivelmente os primos de Arão eram os parentes mais próximos, e, portanto, podiam tratar dos ritos do enterro. Os cadáveres deveriam ser enterrados nalgum local além do arraial israelita propriamente dito, porque assim seria evitada a contaminação cerimonial de qualquer pessoa que acidentalmente chegasse ao local do enterro. Em terreno rochoso o sepulcro seria marcado por um monte de pedras empilhado sobre os corpos para evitar que estes fossem mutilados por animais ou aves predatórias. Os mortos estavam sendo aparentemente enterrados envoltos nas suas túnicas sacerdotais de linho (Heb. ktonet) tecidos com obra bordada (Ex 28:39), o que indica que, qualquer que fosse o dano feito a eles pelo fogo na ocasião da morte, não tinha queimado suas roupas externas até consumi-las. (Expositivo.com)

3. O luto é proibido. Apesar da tragédia que se abateu sobre a sua família, Arão é proibido pelo Senhor de guardar luto ou demonstrar tristeza (Lv 10.6,7). Ele e seus filhos deveriam suportar, com santa discrição, aquela hora tão difícil. Afinal, era seu dever zelar pela santidade e glória do nome do Senhor dos Exércitos. Certos tipos de “luto” servem apenas para enfraquecer o povo de Deus e levá-lo à dispersão (2 Sm 19.1-7). Às vezes, temos de suportar o insuportável, a fim de preservar a Igreja de Cristo. Ela está acima de nossa dor. 
Moisés proibiu Arão e seus dois filhos sobreviventes, Eleazar e Itamar, de lamentarem a morte súbita de Nadabe e Abiú. Deixar os cabelos desgrenhados e rasgar as vestes eram indicações comuns de grande pesar entre os israelitas (cf. Gn 37:29-30; 44:13). Outros membros da congregação poderiam lamentar a calamidade desta maneira se assim desejassem, mas se os sacerdotes consagrados sobreviventes fizessem assim, dariam a entender que não estavam dando prioridade às suas responsabilidades sacerdotais. Tal atitude traria sobre eles o mesmo tipo de castigo da parte de Deus, porque pareceria que estavam disputando ou desafiando, de alguma maneira, o julgamento que fora executado. Esta proibição deve ter colocado uma pressão tremenda sobre o controle-próprio de Arão e dos seus dois filhos sobreviventes, especialmente porque os israelitas respondiam de modo muito emotivo à incidência da morte. Os demais aronitas também foram proibidos de deixar a área do santuário, porque estavam num estado de consagração ritual. Violar esta condição santa traria a morte sobre eles, e a ira punitiva sobre o povo de Israel. Mesmo num tempo de grande calamidade, os sacerdotes do Senhor deviam dar um exemplo à nação, de rigorosa obediência à vontade de Deus, e da fidelidade sem desvios às leis que regiam os rituais do tabernáculo. Fossem quais fossem seus sentimentos pessoais, não deviam permitir que coisa alguma interferisse com a obra do ministério. Ao cumprir a vontade do Seu Pai, Jesus Cristo não permitiu que considerações pessoais de qualquer tipo se pusessem no caminho da Sua obra redentora do Calvário. Como tal. Ele fica sendo um modelo da dedicação e devoção que se espera que o cristão exemplifique. (Expositivo.com)

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

“O luto 1. O povo de Israel teve a permissão de lamentar esta grande tragédia, mas Arão e seus dois filhos restantes foram proibidos de mostrar as marcas normais de luto: descobrir a cabeça e soltar os cabelos ou rasgar as roupas. Não deviam dar a Israel a aparência de questionamento ou lamentação por causa do julgamento de Deus. Moisés os lembrou de que o azeite da unção do Senhor estava sobre eles. O serviço de Deus não pode ser detido por questões pessoais. O incêndio seria ‘o fogo que o Senhor Deus acendeu. 2. Privação pessoal, negação ou insultos a si próprio muitas vezes caracterizavam os ritos de luto. Os ornamentos eram tirados (Êx 33.4-6); os enlutados rasgavam suas vestes como símbolo de pesar (Gn 37.34). Frequentemente, o rasgar as roupas e vestir-se com sacos representavam pesar e humildade (1 Rs 21.27; Et 4.1; Jr 4.8). Pó ou cinzas eram colocados sobre a cabeça. A barba e os cabelos da cabeça eram arrancados (Ed 9.3) ou cortados (Is 15.2; Jr 7.29). Observava-se o jejum (2 Sm 1.12; Ne 1.4; Zc 7.5). Algumas práticas de luto eram expressamente proibidas a Israel, provavelmente por serem ritos pagãos. Os israelitas não se cortavam nem podiam fazer ‘marca alguma’ em suas testas em homenagem aos mortos (Lv 19.28; Dt 14.1). As regras para os sacerdotes eram particularmente mais severas (Lv 21.1- 5, 10-12)” (Dicionário Bíblico Beacon. 7.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, p. 277) e (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 1129).

CONCLUSÃO

Devemos ter cuidado com a forma como nos apresentamos diante de Deus. O culto ao Senhor deve ser santo, reverente e verdadeiro. Portanto, chega de liturgias bizarras, cultos mundanos, teologias permissivas e costumes que ferem a Palavra de Deus. Se não atentarmos à santidade e à glória divinas, não subsistiremos, pois o nosso Deus, embora seja conhecido pelo amor e bondade, é também um fogo devorador (Is 30.27). Portanto, sejamos puros e santos em toda a nossa maneira de ser, pois o Senhor não se deixa escarnecer. 
Vimos nesta lição o perigo para aqueles que trabalham na obra de Deus e não agem conforme as instruções divinas. Devemos estar sempre prontos a obedecer a Deus em primeiro lugar e estarmos sempre atentos à Palavra de Deus para não nos contaminarmos com coisas impuras, não nos esquecendo que Deus é santo e que ele deseja a nossa santificação a cada dia. “Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Ts 4.3). O expositor Scofield sugere que nestes trechos existem duas coisas “estranhas”: incenso comum e fogo não procedente do altar. O incenso comum nos fala da adoração simulada ou formal. O fogo que não é do altar corresponde à animação apenas por meio da excitação dos sentidos, e à substituição da devoção a Cristo por outra devoção qualquer, como a empreendimentos religiosos ou seitas (1Co 1.11-13; Cl 2.8, 16-19).
Cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo, como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância; mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: ‘Sede santos, porque eu sou santo'” (1Pe 1.13-16)

“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16).


Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br