COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO I
I
– A HUMANIDADE TEM APENAS UM ANCESTRAL
Na sequência do estudo
da doutrina bíblica do homem, analisaremos hoje a unidade da raça humana.
Quando contemplamos os
bilhões de seres humanos que habitam a face da Terra no presente momento (a
população estimada do mundo em abril de 2019 era de 7,7 bilhões de pessoas),
observamos que outros tantos bilhões já devem ter povoado a Terra desde a
criação do homem e ao verificarmos que não há dois seres humanos iguais ou
idênticos, como demonstram as técnicas de identificação, parece mesmo difícil
entender que a humanidade tenha alguma unidade.
Aliás, a tônica desses
nossos tempos trabalhosos é a insistência exatamente no contrário. Em vez de se falar em unidade da
humanidade, há uma apologia da diversidade. É costumeiro defender-se a
“diversidade cultural”, a “diversidade sexual” e tantas outras coisas que fazem
parecer que todos nós somos diferentes uns dos outros e que estas diferenças
precisam ser realçadas, respeitadas e mantidas.
Ao mesmo tempo,
entretanto, há uma forte tendência no sentido da “uniformização” de técnicas,
condutas e procedimentos, que têm a nítida finalidade de estabelecer um rígido
controle sobre todos os homens, com a defesa de um “governo mundial” ou, pelo
menos, de uma “estrutura global”. É a defesa do “globalismo” que, em meio a
este discurso das diferenças, quer impor um “modus vivendi” que, não sem razão,
procura aniquilar a diversidade de pensamento e a liberdade de expressão, tendo
sido nítido este movimento, por exemplo, na verdadeira cruzada que se está a
fazer para inibir a liberdade de expressão nas redes sociais.
Tem-se, assim, um nítido movimento pendular entre a
unidade e a diversidade, entre a igualdade e a diferença, criando paradoxos e
dilemas que somente se podem bem esclarecer se bem entendermos o
significado de unidade e diversidade entre os seres humanos, o que somente é
bem compreendido quando vamos à Bíblia Sagrada, onde Deus nos revela como fez a
humanidade.
Esta problemática há
pouco anunciada, conquanto esteja se aguçando em nossos dias, em que a facilidade
de comunicação faz com que se sintam e percebam estas diferenças e este
“espírito de uniformização”, não é, entretanto, qualquer novidade, sendo um dos
temas com que se ocupa a mente humana desde os primórdios da história, até
porque é propósito divino que o homem mesmo procure entender o que está à sua
volta (Ec.1:13).
Prova disso é que, levado ao Areópago, o local onde se reuniam
os sábios da Grécia Antiga, em Atenas, Grécia que é o berço da filosofia, o
apóstolo Paulo não deixou de cuidar desta questão, fazendo todos aqueles
filósofos saber que “de um só fez toda a geração dos homens, para habitar
sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os
limites da sua habitação, para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando,
O pudessem achar, ainda que não está longe de nós” (At.17:26,27).
O apóstolo Paulo alude
aqui à narrativa bíblica da criação, onde fica patente que o Senhor formou o
primeiro homem do pó da terra, soprando em suas narinas e lhe dando fôlego de vida,
fazendo-o alma vivente (Gn.2:7). A origem do homem, portanto, deu-se a partir
de um primeiro indivíduo, de onde vieram todos os outros, inclusive a mulher,
que foi tirada da costela deste primeiro homem (Gn.2:21-23).
Esta circunstância, de
pronto, já anuncia que toda a humanidade se encontra unida, pois todos provêm
de um só ancestral, Adão, a nos indicar, portanto, que todos os seres humanos
têm a mesma origem, estão unidos, não passam de proliferação de um mesmo
espécime, espécime este cuidadosamente formado por Deus que, ao contrário das
demais criaturas terrenas, fez questão de moldar este ser. Bem afirma a parte
final do item 2 do Cremos da Declaração de Fé das Assembleias de Deus quando
diz que o Criador do Universo criou “…de maneira especial, os seres humanos,
por um ato sobrenatural e imediato, e não por um processo evolutivo”.
De um só fez Deus toda a
geração dos homens, temos todos a mesma raiz, a mesma origem. Tanto assim é
que, para provar a humanidade de Jesus, as Escrituras demonstram esta ligação
de Cristo com este ancestral, como vemos claramente na Sua genealogia de
Lc.3:23-3.
Por isso, não têm razão
alguma aqueles que querem compatibilizar a teoria evolucionista com as
Escrituras, como tem procurado fazer a Igreja Romana, com a assertiva de que
houve, sim, uma evolução desde o “big bang” até o instante em que surgiu o
primeiro espécime humano, este, sim, que teria recebido sobrenaturalmente de
Deus a sua parte imaterial, a sua alma (até porque os romanistas são
dicotomistas, ou seja, creem que haja apenas corpo e alma) e, a partir daí,
então, passado a existir o homem.
Tal pensamento,
entretanto, não se coaduna com o ensino da Bíblia Sagrada, que diz que “de um
só fez a geração de todos os homens”. Se a evolução se deu, como admitem os
romanistas, como explicar a criação da mulher? Teria o homem sido fruto de uma
evolução e a mulher, de um ato sobrenatural? Onde estaria a igualdade essencial
de ambos, que é demonstrada claramente nas Escrituras?
Somos todos fruto de um
só espécime, que foi sobrenatural e imediatamente criado por Deus, a mostrar,
pois, que nenhum homem é melhor do que outro, têm todos a mesma origem, a mesma
estrutura, o mesmo papel.
Todos
nós somos, portanto, efeito desta multiplicação determinada pelo próprio Deus
ao primeiro casal,
casal este que resultou de uma clonagem feita por Deus do primeiro homem. As
Escrituras são claras ao afirmar que a mulher provém do varão (I Co.11:8) e
que, depois de Adão, todos os varões provêm de mulher (I Co.11:12), inclusive o
próprio Jesus (Gl.4:4), que, por ter sido gerado por obra e graça do Espírito
Santo, é chamado de “último Adão” (I Co.15:45).
Para que não se tenha
uma visão de que tal entendimento seria “religioso”, “fanático”, ou algo
similar, é oportuno aqui demonstrar que a própria ciência já constatou que toda
a humanidade está unida geneticamente: “Estudo liderado pelos pesquisadores
Mark Stoeckle e David Thaler, da Universidade de Basel, na Suíça, sugere que
todos os humanos modernos são descendentes de um casal que viveu entre 100 mil
e 200 mil anos atrás. Os cientistas utilizaram no estudo o DNA mitocondrial de
5 milhões de animais de mais de 100 mil espécies, incluindo humanos. O DNA
mitocondrial é passado de geração em geração da mãe para seus descendentes. Por
isso, foi possível encontrar semelhanças genéticas e levantar a hipótese de que
existiu um casal que originou todas as pessoas. A análise desse código genético
sugere que 9 em cada 10 espécies têm como origem apenas um par de indivíduos.
No caso dos humanos, os dois indivíduos ancestrais teriam sobrevivido a uma
catástrofe natural que quase dizimou a vida na Terra. A pesquisa conclui que
90% das espécies surgiram na mesma época, há 250 mil anos, e coloca em dúvida
os padrões da evolução humana. "Os humanos colocam tanta ênfase nas
diferenças individuais e de grupo, que talvez devêssemos passar mais tempo em perceber como nos
parecemos um com o outro e com o resto do reino animal", disse Mark
Stoeckle ao site britânico Daily Mail.…” (MARQUES, Pablo. Todos os seres humanos descendem de um único casal, sugere estudo.
Disponível em:
https://noticias.r7.com/tecnologia-e-ciencia/todos-os-sereshumanos-descendem-de-um-unico-casal-sugere-estudo-11122018
Acesso em 13 nov. 2019).
Assim, a própria
ciência, ainda que insista em dizer que não crê na “história de Adão e Eva”
(como é o caso dos cientistas que apresentaram o estudo mencionado, segundo a
própria matéria faz questão de ressaltar), não tem como fugir à realidade dos
fatos e, por isso, temos que a humanidade forma uma unidade do ponto de vista
genético.
II
– A HUMANIDADE TEM UMA MESMA NATUREZA
Se
somos geneticamente unidos, porque temos um mesmo ancestral, é evidente que
também temos uma mesma natureza, já que viemos todos de Adão. A estrutura tricotômica estabelecida
por /Deus a Adão foi transmitida a todos os seres humanos, sem qualquer
distinção, já que temos todos a mesma origem. A própria Eva é descrita por Adão
como “osso dos seus ossos, carne de sua carne”, daí porque ter sido chamada
“varoa”, “porque do varão foi tomado” (Gn.2:23).
Também não é por outro
motivo que, tendo Adão caído, todos os
seus descendentes tenham sido gerados à sua imagem e semelhança (Gn.5:3),
sendo interessante que tal circunstância tenha sido explicitada quando se fala
da geração de Sete, o filho que Deus deu em lugar do justo Abel (Gn.4:25), Sete
que, igualmente, mostrou ser um homem justo, já que foi o primeiro a invocar o
nome do Senhor, fazendo-o depois que teve seu filho Enos (Gn.4:26).
As Escrituras, ao indicar que Sete era “imagem
e semelhança de Adão”, mostra-nos, com absoluta clareza, que toda a humanidade
tinha a mesma natureza, natureza esta que, lamentavelmente, era a natureza
pecaminosa, a natureza decaída, que fazia com que houvesse uma inimizade entre
o homem e o seu Criador.
O texto sagrado, assim,
mostra que não só Caim, o primeiro homicida, o homem que saiu da presença do
Senhor, era decaído, mas também Sete que, embora tenha iniciado a invocação do
nome do Senhor e feito surgir uma linhagem piedosa, era tão pecador quanto
Caim, pois ambos descendiam de Adão.
Esta verdade bíblica
está muito bem enunciada no item 5 do Cremos da Declaração de Fé das
Assembleias de Deus, que diz que cremos “na pecaminosidade do homem, que o
destituiu da glória de Deus e que somente o arrependimento e a fé na obra
expiatória e redentora de Jesus Cristo podem restaurá-lo a Deus (Rm.3:23;
At.3:19)”.
O apóstolo Paulo fala
desta realidade ao afirmar que por um homem o pecado entrou no mundo e, pelo
pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que
todos pecaram (Rm.5:12).
Davi também teve a
revelação desta triste realidade, que também aponta a unidade da humanidade, ao
dizer que em iniquidade ele foi formado e em pecado lhe concebeu sua mãe
(Sl.51:5), circunstância que não tem relação alguma, como alguns andam dizendo
por aí, com eventual relacionamento adulterino que teria dado origem a Davi,
mas que reflete a própria realidade de toda a raça humana, qual seja, a de que
somos gerados com a natureza pecaminosa que herdamos de nossos primeiros pais.
A
humanidade tem uma mesma natureza e, por causa disto, está toda ela
irremediavelmente perdida,
porquanto, diante da entrada do pecado na raça humana, está toda a geração de
homens condenada à perdição, porque não tem como se livrar do pecado que a
domina.
Esta unidade da
humanidade explica porque não havia como o homem salvar-se a si mesmo e como
foi absolutamente necessário que Deus Se fizesse homem a fim de poder trazer ao
homem a libertação do pecado.
Também se compreende
porque tem tido o inimigo de nossas almas o cuidado de tentar criar ideias que
busquem negar esta unidade da humanidade, gerando crenças, doutrinas e teorias
que procuram convencer as pessoas de que os homens têm diferentes origens, que
não há uma unidade, pois, assim pensando, terá o homem maiores dificuldades de
reconhecer a pecaminosidade de toda a raça humana e a necessidade de uma
salvação que venha da parte de Deus e, com isto, entender corretamente que o
único e suficiente Salvador é Deus feito homem, ou seja, Nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo.
Esta mesma natureza de
todos os homens, ainda que claramente anunciada nas Escrituras Sagradas, e
desde o Antigo Testamento, foi obnubilada, como já se disse, por crenças e doutrinas
que buscavam negar esta unidade e trazer diferença de natureza entre os seres
humanos.
Assim, por exemplo,
Aristóteles chegou a defender ideias como as de que a alma do escravo era
diferente da alma do senhor, ou mesmo que as mulheres nem sequer alma tinham,
para não falar na própria doutrina hinduísta que relaciona a casta a que
pertence a pessoa a sua suposta evolução espiritual.
Nem mesmo os judeus
escaparam desta armadilha. Com efeito, o povo de Israel achava-se privilegiado
em relação às demais nações por serem filhos de Abraão, conceito que foi
duramente combatido seja por João Batista, seja pelo próprio Jesus (Mt.3:9;
Jo.8:37-40).
Em tempos mais recentes,
não foram poucos os que, supostamente baseados em dados cientificamente
obtidos, defenderam a superioridade de raças ou nacionalidades sobre outras,
como se deu seja no nazismo, que cria na superioridade da “raça ariana”, seja
no “apartheid”, que, implantado durante décadas na África do Sul e no Zimbabwe
(quando ainda se chamava Rodésia), cria na superioridade da raça branca e, com
relação a este último, querendo apresentar justificativas bíblicas que não têm
qualquer fundamento, procurando extrair da maldição a Canaã (Gn.9:25,26) base
bíblica para tal ideologia racista.
O
racismo é um comportamento completamente vedado pelas Escrituras. Quando vamos ao Dicionário Houaiss
da Língua Portuguesa, encontramos as seguintes definições de “racismo”:
“conjunto de teorias e crenças que estabelecem uma hierarquia entre as raças,
entre as etnias; doutrina ou sistema político fundado sobre o direito de uma
raça (considerada pura e superior) de dominar outras; preconceito extremo
contra indivíduos pertencentes a grupos ou etnias diferentes, geralmente
consideradas inferiores cf. discriminação social e, por analogia, atitude de
hostilidade em relação a determinada categoria de pessoas”.
Todos estes conceitos de
racismo mostram que a doutrina bíblica é
antirracista, não admitindo, em absoluto, um comportamento deste jaez. Por
primeiro, por terem todos os seres
humanos a mesma origem, a mesma ancestralidade, não há como defender que haja
“hierarquia entre as raças, entre as etnias”. Todos são pecadores, todos
foram destituídos da glória de Deus (Rm.3:23).
Alguém poderia objetar
esta afirmação, dizendo que Deus escolheu Israel para ser a “Sua propriedade
peculiar dentre todos os povos” (Ex.19:5) e de que a Igreja é “geração eleita,
sacerdócio real, nação santa” (I Pe.2:9) e que, portanto, haveria, sim, uma
“hierarquia” entre os seres humanos, por causa de etnia (caso de Israel) ou
condição espiritual (Igreja).
No entanto, quando o
Senhor escolheu Israel para ser a “Sua propriedade peculiar dentre todos os
povos”, fê-lo porque todas as demais nações O haviam rejeitado no episódio da
torre de Babel, haviam se rebelado contra Ele (Gn.11:1-6) e o Senhor precisou,
então, formar uma nova nação (Gn.12:1,2) para que, através dela, pudesse salvar
a todos os homens.
Israel
foi escolhido não por ser “melhor”, mas para ser o “reino sacerdotal e povo
santo” (Ex.19:6),
para interceder a favor das demais nações e levá-las até Deus. E, como Deus
escolhe as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são para
aniquilar as que são (I Co.1:28), formou uma nação, que era a menor e menos
poderosa de todas (Dt.1:10; 4:38; 7:7; 9:1; 10:22; 11:23), para tal mister.
Tanto assim é que o
Senhor determinou aos israelitas que sempre tratassem os estrangeiros com
respeito e consideração, porque eles haviam sido estrangeiros na terra do Egito
(Ex.12:49; 20:10; 23:9; Lv.19:10,33; 23:22; 24:22; Nm.15:15,29; Dt.10:18), até
porque, no instante mesmo em que Deus propôs que Israel fosse Sua propriedade
peculiar dentre todos os povos, fez questão de dizer que a toda a terra era Sua
(Ex.19:5).
Com relação à Igreja, a
sua própria composição mostra que não há qualquer racismo. Nos céus, para onde
irá este povo adquirido pelo preço do sangue do Cordeiro, será encontrado um
povo de toda tribo, língua, povo e nação (Ap.5:9), a retratar que a Igreja nada
mais é que a própria demonstração desta unidade da humanidade e de como Deus
ama a todos os seres humanos igualmente, sem qualquer distinção.
A
segunda definição de racismo fala
que é racismo toda doutrina ou sistema político que defenda a ideia de que uma
raça tem o direito de dominar as demais, doutrina ou sistema político que,
necessariamente, será antibíblico, já que a Bíblia diz exatamente o contrário,
ou seja, de que todos os homens são pecadores e foram destituídos da glória de
Deus, independentemente da raça que pertençam, não havendo aqui direito algum
de uma raça sobre a outra.
A
maldição de Canaã,
feita por Noé, segundo a qual os descendentes deste seu neto, filho de Cam, que
havia desonrado o seu pai (Gn.10:20-26), em hipótese alguma justifica uma
“superioridade da raça branca”, como defenderam alguns que elaboraram a
doutrina do “apartheid”, que vigorou durante algumas décadas na África do Sul e
no Zimbabwe.
Por primeiro, cumpre
observar que se tratou de uma atitude de Noé que o texto bíblico não diz ter
sido movida por Deus, mas pelo próprio patriarca. Por segundo, é uma
consequência da própria embriaguez do patriarca, sendo mais uma lição sobre os
males do uso da bebida alcoólica do que ensinamento sobre raças.
Não bastasse isso, o
fato é que se teve aqui apenas uma antecipação, quiçá profética, da submissão
dos cananeus a Israel, por causa da vida devassa que passaram a ter ao longo
das gerações, seguindo o mau exemplo de seu pai Cam. Israel recebeu a terra de
Canaã por herança e a incumbência de destruir os habitantes primitivos, todos
descendentes de Canaã, não porque fosse um povo “superior” (e vejam que os
israelitas nem sequer eram os “brancos europeus” da doutrina do “apartiheid”…),
mas porque, como propriedade peculiar de Deus dentre todos os povos, deveriam ser
instrumentos para a execução do juízo divino sobre aqueles povos iníquos e
pecadores (Gn.15:16; Dt.7:1-11).
Tanto assim é que o
próprio Deus fez questão de deixar claro a Israel que, se eles fossem infiéis
como haviam sido os cananeus, teriam, também, o mesmo triste destino
(Dt.28:15-68), o que efetivamente ocorreu, seja nos cativeiros logo após o
fracasso da monarquia, seja após a rejeição de Jesus, gerando a diáspora que
somente haveria de iniciar seu término com o restabelecimento do Estado de Israel
em 1948.
O
terceiro conceito de racismo
é o do preconceito extremo contra grupos ou etnias diferentes, geralmente
consideradas inferiores, como era o caso que havia entre judeus e samaritanos
(Jo.4:9), como também entre judeus e gentios. A conduta de Jesus em relação a
isto já nos mostra como tal comportamento também não tem o menor cabimento
entre os que cristãos se dizem ser.
Jesus
jamais foi preconceituoso,
tendo se dirigido a todos quantos os costumes e tradições faziam com que fossem
excluídos e marginalizados na sociedade judaica, que, por ser guiada pela lei
de Moisés, era a que possuía o menor grau de preconceito entre todos os povos
antigos. Jesus jamais excluiu alguém por conta da sua etnia, ou do seu sexo, ou
ainda, por causa de sua condição social. Assim devemos nos portar, nós que nos
dizemos Seus discípulos.
Como diz o apóstolo
João, Jesus é a propiciação pelos pecados de todo o mundo (I Jo.2:2), tendo
mandado que o Evangelho fosse pregado por todo o mundo a toda a criatura
(Mc.16:15) e que devemos ser Suas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a
Judeia e Samaria e até os confins da terra (At.1:8).
1
III
– A ORIGEM E A NATUREZA DA DIVERSIDADE EXISTENTE NA HUMANIDADE
Verificado que a
humanidade é uma unidade, tanto do ponto de vista genético quanto do próprio
ponto de vista espiritual, como explicar, então, a diversidade existente e como
nos comportar diante dela?
Desde quando o homem foi
criado, foi determinado a ele que enchesse a Terra (Gn.1:28), o que se daria
mediante a multiplicação. Tal ordem foi repetida após o dilúvio para Noé e sua
família (Gn.9:1).
A família de Noé começou
a cumprir esta ordem divina, multiplicando-se, mas já na terceira geração,
resolveram descumprir a ordem de encher a terra, capitaneados por Ninrode, neto
de Noé, que se fez líder deles, negando-se a sair da terra de Sinar e querendo
ali construir uma torre, como símbolo de sua decisão e como verdadeira afronta
ao Senhor (Gn.11:1-4).
Em virtude desta
rebeldia generalizada e total, já que ninguém se dispôs a cumprir a ordem
divina, o Senhor confundiu as línguas de todos, obrigando-os a se espalhar pela
face da Terra, já que, sem comunicação, é impossível a comunhão (Gn.11:7-9).
Ora, em virtude do
próprio dilúvio, houve uma mudança climática importante na face da Terra,
passando a haver as estações do ano e os diferentes climas (Gn.8:22). Assim, ao
haver o espalhamento dos homens sobre a face da Terra, com o seu consequente
povoamento, os seres humanos, que passaram a ter línguas diferentes, também vieram
a ter maneiras de viver diferenciadas, tendo de se adaptar às diferentes
regiões em que passaram a habitar.
Assim, surgiram as
diversas nações, ou seja, conjuntos de pessoas que ocupando um determinado
território, ou não, têm a mesma origem, língua, religião ou raça, ou seja,
possuem os mesmos costumes, a mesma cultura, entendida cultura como o modo de
viver estabelecido por este mesmo agrupamento humano.
Verificamos, portanto,
que a diversidade existente entre as
nações, que podemos denominar de diversidade cultural, é fruto de uma ação
divina de confusão das línguas, que obrigou os homens a se espalhar pela face
da Terra e, diante de tal espalhamento e havendo a necessidade de adaptação
a diferentes climas, lugares, vegetação, relevo e outros fatores naturais, deu
origem a diversas culturas, a diversas maneiras de viver.
Observemos que, caso os
homens não tivessem desobedecido a Deus e resolvido encher a Terra, mesmo
assim, ainda que a língua permanecesse a mesma, haveria diferenças culturais, diante
da diversidade geográfica e natural já apontada e que era decorrência das
mudanças advindas com o dilúvio.
Portanto, esta diversidade em nada altera a unidade
da humanidade. Bem pelo contrário, é ela uma demonstração de que ela
resulta de uma ação divina sobre toda a humanidade, a comunidade pós-diluviana
que resolveu se rebelar contra o Senhor, contra o seu Criador, que, desta
maneira, aplicou um juízo a todos indistintamente, a reforçar que, para Deus,
todos os homens representam uma unidade.
A
diversidade cultural não é obstáculo algum à manifestação do amor de Deus. É dito que Deus amou o mundo, ou
seja, a todos, e, por este amor, mandou o Seu Filho Unigênito para que todo
aquele que crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo.3:16).
Mesmo nas profecias
messiânicas que, a princípio, poderiam alguns imaginar que se destinavam apenas
a Israel, é prometida a salvação a todas as nações. Assim, por exemplo, em
Is.49:1-7, o chamado “segundo cântico do Servo Sofredor”, o Messias é
apresentado como Aquele que deveria ser ouvido pelas “ilhas” e pelos “povos de
longe” e Aquele que, em virtude até da rejeição de Israel, daria luz para os
gentios, levando a salvação até a extremidade da Terra.
O apóstolo Paulo, ao
escrever a carta aos romanos, que é um verdadeiro tratado sobre a salvação,
escrita para uma igreja que era composta tanto de judeus quanto de gentios, faz
questão de afirmar que o Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo
aquele que crê, primeiramente do judeu, mas também depois do gentio (Rm.1:16),
mostrando que o amor de Deus supera a diversidade cultural.
A
resistência cultural é sempre um grande obstáculo à pregação do Evangelho e
isto deve ser levado em conta pelos evangelizadores. Verdade é que trataremos disto numa
lição futura, mas, desde já, é importante levarmos em consideração que há uma
unidade na humanidade e, portanto, não podem estas divisões causadas pela
própria história humana serem empecilhos para que se obtenha a salvação das
almas.
Não nos esqueçamos de
que os cristãos que, entendendo isto, passaram a pregar o Evangelho aos
gentios, num instante em que ele só era pregado aos judeus, tiveram a bênção e
a ajuda divinas para tal desiderato (At.11:19-21), tendo os apóstolos tido a
compreensão desta realidade e mandado para Antioquia Barnabé, que era um judeu
de Chipre e, portanto, alguém que tinha tanto o conhecimento da cultura judaica
(pois era levita – At.4:36), quanto da cultura grega, sensibilidade que o
próprio Barnabé teve ao chamar para o discipulado daquela gente Paulo, que
também era um judeu conhecedor da cultura grega, já que era natural de Tarso
(At.22:3).
Além
da diversidade cultural, existe, na humanidade, uma diversidade de sexo, vez que, já na criação, Deus fez
macho e fêmea (Gn.1:27), sendo certo de que, com o pecado, passou a existir uma
relação assimétrica entre homens e mulheres, com o domínio do homem sobre a
mulher (Gn.3:16).
Este domínio do homem
sobre a mulher não é resultado da natureza, pois homem e mulher são iguais
diante de Deus, mas consequência de ter sido a mulher o veículo pelo qual o
pecado acabou ingressando no mundo, tendo ela levado o homem a pecar com ela.
Esta situação de
injustiça é, portanto, sequela do pecado e, como tal, não gera qualquer direito
de dominação, sendo um fato que o Senhor relata e anuncia e que teria de ser
visto como uma prova da pecaminosidade humana e da necessidade da salvação.
Assim, ao mesmo tempo em
que a mulher é inferiorizada socialmente por causa do pecado, tanto ela quanto
o homem são alvo do amor divino, recebendo ambos túnicas para se vestirem
(Gn.3:21), como o Senhor indicando que a mulher também seria o veículo pelo
qual viria a salvação, já que o Salvador é apontado como “semente da mulher”
(Gn.3:15).
Deus,
assim, não faz qualquer diferenciação entre homem e mulher, tendo a todos em
igual consideração,
pois, como diz as Escrituras, “nem o varão é sem a mulher, nem a mulher, sem o
varão, no Senhor” (I Co.11:11).
O Evangelho, uma vez
mais, não faz qualquer diferenciação, tendo o Senhor Jesus tratado as mulheres
dignamente, sem qualquer preconceito, o que causou até espécie entre Seus
discípulos, como, por exemplo, no episódio da mulher samaritana (Jo.4:27),
sendo certo que, desde o ministério público do Senhor e, ao longo de toda a história
da Igreja, foi sempre marcante a presença feminina entre os cristãos (Lc.8:1-3;
Rm.16:1,3,6,12,13,15), como, aliás, apresenta um importante estudo sobre o
crescimento do Cristianismo feito pelo sociólogo norte-americano Rodney William
Stark (1934- ). A questão relativa à sexualidade humana será, porém, tratada em
lição específica, detendo-nos aqui apenas no aspecto que não há discriminação
sexual para o Senhor.
Outra
diversidade criada na humanidade diz respeito à posição social. Não há sociedade onde não haja ricos
e pobres, governantes e governados, integrados e marginalizados e tal distinção
leva a situações de flagrante injustiça, até porque é esta mais uma das
consequências da entrada do pecado no mundo.
Tal
diversidade perdurará durante toda a história humana, pois o próprio Senhor Jesus disse
que sempre haverá pobres (Jo.12:8), mas isto também não permite entender que
não haja unidade na humanidade, como alguns que procuram ver nesta distinção
uma própria diferença de essência, pois, como já dito supra, houve tentativas de
justificativa da existência de senhores e escravos mediante a explicação de que
haveria almas diferentes de um e de outro.
OBS: Eis
o que diz Aristóteles, em seu livro Política: “…Mas faz a natureza ou não de um
homem um escravo? É justa e útil a escravidão ou é contra a natureza? É isto
que devemos examinar agora.(…) Assim, em toda parte onde se observa a mesma
distância que há entre a alma e o corpo, entre o homem e o animal, existem as
mesmas relações; isto é, todos os que não têm nada melhor para nos oferecer do
que o uso de seus corpos e de seus membros são condenados pela natureza à
escravidão. Para eles, é melhor servirem do que serem entregues a si mesmos.
Numa palavra, é naturalmente escravo aquele que tem tão pouca alma e poucos
meios que resolve depender de outrem. Tais são os que só têm instinto, vale
dizer, que percebem muito bem a razão nos outros, mas que não fazem por si
mesmos uso dela. Toda a diferença entre eles e os animais é que estes não
participam de modo algum da razão, nem mesmo têm o sentimento dela e só
obedecem a suas sensações. Ademais, o uso dos escravos e dos animais é mais ou
menos o mesmo e tiram-se deles os mesmos serviços para as necessidades da vida.
A natureza, por assim dizer, imprimiu a liberdade e a servidão até nos hábitos
corporais. Vemos corpos robustos talhados especialmente para carregar fardos e
outros usos igualmente necessários; outros, pelo contrário, mais disciplinados,
mas também mais esguios e incapazes de tais trabalhos, são bons apenas para a
vida política, isto é, para os exercícios da paz e da guerra. Ocorre muitas
vezes, porém, o contrário: brutos têm a forma exterior da liberdade e outros,
sem aparentar, só têm a alma de livre. Limitando-nos aos aspectos materiais,
como no caso das estátuas dos deuses, não hesitamos em acreditar que os
indivíduos inferiores devem ser submissos. Se isto é verdade quando se trata do
corpo, por mais forte razão devemos di-lo da alma; mas a beleza de um não é tão
fácil de discernir quanto a da outra. Não pretendemos agora estabelecer nada
além de que, pelas leis da natureza, há homens feitos para a liberdade e outros
para a servidão, os quais, tanto por justiça quanto por interesse, convém que
sirvam. No entanto, é fácil ver que a opinião contrária não seria inteiramente
desprovida de razão.…” (Livro I, pp.14/16).
Outros, como os hindus,
defendem que a posição social reflete um estágio de evolução espiritual, tanto
que a sociedade indiana é, até hoje, regida pelas castas, ou seja, grupos estanques,
que não permitem qualquer mobilidade, pois se acredita que alguém, ao nascer
numa determinada casta, ali está por ser este o seu atual estágio espiritual, o
que será somente alterado na próxima “reencarnação”.
Nada disso, porém, é o
que ensina a Bíblia Sagrada, ao mostrar que, embora seja necessário o princípio da autoridade e a existência de um
governo, nenhum homem, seja escravo, seja livre, seja governante, seja
governado, tem uma estrutura ou um valor diferente diante de Deus. Prova
disso é que, quando da redenção por Cristo, todos são “irmãos” (Lc.22:32;
Jo.21:23; At.1:6) , porque todos se constituem em “filhos de Deus” e buscam ser
“conformes à imagem do Filho” (Rm.8:29).
Tanto assim é que, na
Igreja, este povo constituído pelos que foram libertos do pecado, a unidade é
realçada, pois, como diz o apóstolo Paulo, quando nos despimos do velho homem,
com os seus feitos, e nos vestimos do novo, que se renova para o conhecimento,
segundo a imagem d’Aquele que o criou, não há grego, judeu, circuncisão, nem
incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre, mas Cristo é tudo em todos
(Cl.3:9-11).
Vê-se, pois, com grande
preocupação o comportamento de alguns que fazem diferenciação das pessoas por
causa de sua posição social ou por causa de sua situação econômico-financeira,
o que foi duramente repreendido pelo irmão do Senhor e pastor da igreja em
Jerusalém, Tiago (Tg.2:1-9).
Temos aqui, aliás, neste
ensino de Tiago, uma importantíssima lição de qual deve ser a nossa conduta
ante a diversidade existente na humanidade, mas diante da realidade da unidade
da raça humana. Devemos respeitar as diferenças, entendê-las, mas jamais, por
causa delas, agir com acepção, ou seja, agir com parcialidade, com preconceito,
ou seja, ter um determinado comportamento única e exclusivamente porque tal
pessoa é deste ou daquele jeito.
Não podemos negar que há
diferenças entre as pessoas, pois não há duas pessoas idênticas ou iguais entre
si. Assim, não se podem fazer generalizações ou se criar estereótipos, ou seja,
conceitos previamente determinados a respeito de um determinado grupo. Isto
seria julgar segundo a aparência e não segundo a reta justiça, o que foi
explicitamente vedado por Nosso Senhor e Salvador (Jo.7:24).
Temos de reconhecer a
individualidade de cada pessoa, suas peculiaridades e, à luz da sã doutrina,
efetuar o devido julgamento, quando necessário e cabível. Isto não deixa de ser
discriminação, que nada mais é que “faculdade de discriminar, distinguir,
discernimento; ação ou efeito de separar, segregar, pôr à parte”.
Assim, é evidente que
devemos tratar cada pessoa segundo a sua condição, as suas características, as
suas propriedades. Todos são diferentes entre si e o tratamento a ser dado a
alguém deve levar em conta a sua individualidade. Isto é o que se denomina de “discriminação justa”.
Coisa diversa, porém, é,
com base em estereótipos, ideias preconcebidas, tratar alguém de modo injusto,
por conta da sua condição. Temos aqui a chamada “discriminação injusta”, que é a acepção tratada por Tiago, um
comportamento que é diametralmente oposto ao Deus, que as Escrituras não cansam
de dizer que jamais faz acepção de pessoas (Dt.10:17; II Cr.19:7; At.10:34;
Rm.2:11; Ef.6:9; I Pe.1:17).
Todos
os homens são irmãos,
todos têm a dignidade de “imagem e semelhança de Deus” e como tal devem ser
tratados, com amor, consideração e respeito. As diferenças existem e devem ser
levadas em conta e jamais poderemos menosprezar, desprezar ou atingir a
dignidade de alguém por conta de sua condição. - Assim, nosso critério de
julgamento nunca deve ser a pessoa ou a sua condição, mas, sim, a sua conduta à
luz da verdade, que é a Palavra de Deus (Jo.17:17)
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Na aula de hoje,
estudaremos a unidade racial, linguística e divina do ser humano. Constataremos
que, apesar da diversidade de línguas, povos e nações, toda a humanidade tem
uma única origem. Fomos criados por Deus e provimos de um único casal — Adão e
Eva. E, no princípio, conforme veremos, todos falávamos um único idioma. Nesse
sentido, todos os seres humanos
são irmãos.
A unidade genética da
humanidade traz uma implicação doutrinária muito importante. No primeiro Adão,
todos pecamos e fomos destituídos da glória divina. Todavia, em Jesus Cristo, o
homem perfeito e Último Adão, todos, sem exceção, podem ser salvos e
reconciliados com Deus.
Concentremo-nos, pois,
nesta lição, e que o Espírito Santo nos ilumine a entender melhor as belezas e
mistérios da Palavra de Deus. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º
Trimestre 2019. Lição 5, 2 Fevereiro, 2020]
Esta lição apresenta a unidade da raça humana com
sua diversidade étnica, mostrando a origem genética comum e um mesmo idioma
dividido em Babel em diversos outros que, com seus desdobramentos, resultou na
multidão de línguas faladas hoje, e em muitas outras que ficaram para trás. O
pecado de Adão trouxe consequências desastrosas para o primeiro casal e para a
Criação. Mas estas consequências não ficaram restritas ao Éden, toda a raça
humana sofreu as consequências, já que esse casal é o tronco de toda a humanidade,
o delito dos seus pecados foi imputado a seus descendentes – morte física e
espiritual, natureza corrompida (Sl 51.5; 58,3-5; Rm 5.12, 15.19). A única
exceção nessa herança foi o Senhor Jesus Cristo, nenhuma pessoa que tenha
vivido ou que ainda irá nascer sobre a terra esteve/está/estará isenta de
pecado. Por este motivo, Deus providenciou na eternidade passada, a cruz, para
que por ela, a ordem inicial fosse restaurada!
I. A UNIDADE
RACIAL DO SER HUMANO
Neste tópico, veremos os
seguintes assuntos: a origem divina do homem e a sua unidade racial e
psicológica. Essa doutrina é suficiente, em si mesma, para destruir as bases
ateias e anticristãs do evolucionismo.
1. A
origem divina do ser humano. Embora o homem não seja divino, a sua origem é inconfundivelmente
divina, pois a sua criação foi decretada e executada por Deus (Gn 1.26-30;
2.7). Portanto, o aparecimento do ser humano, no Universo, deve-se a um ato
criativo do Todo-Poderoso, e não a um processo de evolução. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019.
Lição 5, 2 Fevereiro, 2020]
Originariamente, o primeiro homem foi chamado
simplesmente de "o homem" (ha-adam) Adão, derivado do hebraico
adamak, “terra”, a substância da qual foi formado seu corpo físico, somente
aparece em Gênesis 4.25, ou seja, depois da queda, que o nome Adão aparece sem
o artigo definido. Ele veio à existência por um ato especial da criação, e não
mediante algum processo evolutivo. Mateus traça a genealogia de Jesus até Adão
(Lc 3.38), atestando assim, a historicidade do primeiro homem. Ha Adam foi formado do pó da terra, mas recebeu de Deus o
fôlego de vida. Ele é um ser físico, mas também é um ser espiritual, racional e
moral.
2. A
unidade racial do ser humano. Ao contrário do que narram as mitologias pagãs, a Bíblia Sagrada
afirma que todos os homens, apesar de sua diversidade racial e linguística,
provêm de um único tronco genético: Adão e Eva (At 17.26). Logo, existe apenas
uma única raça humana (Ml 2.10). O racismo, por conseguinte, é uma distorção
maligna do ensino bíblico quanto à unidade genética do ser humano. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019.
Lição 5, 2 Fevereiro, 2020]
Gênesis mostra claramente que as gerações seguintes
estiveram em relação genética com o primeiro casal (Gn 5). A raça humana
constitui, uma unidade especifica e unidade genética ou genealógica: “de um só fez toda raça humana para habitar
sobre a face da terra” (At 17.26). Todos os seres humanos são
iguais aos olhos de Deus, pois todos procedem de um homem, Adão. Esse ensino
cristão foi como uma flechada no orgulho nacional dos gregos, que acreditavam
que todos os não gregos eram bárbaros (Rm 1.14), e continua sendo uma flechada
no orgulho científico atual, que advoga outras alternativas para as origens
humanas.
A ciência apresenta
diversos argumentos em favor da unidade da raça humana, como os seguintes:
·
O argumento da história: As tradições da raça dos homens apontam
decisivamente para uma origem e uma linhagem comuns na Ásia Central. A história
das migrações do homem tende a mostrar que houve uma distribuição partindo de
um único centro” (pibcg)
3. A
unidade psicológica do ser humano. Conquanto diversos cultural e etnicamente, os seres humanos
demonstram possuir uma unidade psicológica comum (1Rs 8.46; Ec 7.20; Rm 15.12).
Enfim, todos os homens têm uma herança psicológica e emocional comum. As
reações podem ser diversas, dependendo da educação e da cultura de cada povo,
mas as bases psicológicas, repito, são comuns. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019.
Lição 5, 2 Fevereiro, 2020]
·
O argumento da psicologia: A psicologia revela claramente o fato de que
as almas dos homens, quaisquer que sejam as tribos ou nações a que pertençam,
são essencialmente idênticas. Têm em comum os mesmos apetites, instintos e
paixões animais, as mesmas tendências e capacidade, e, acima de tudo, as mesmas
qualidades superiores, as características morais e mentais que pertencem
exclusivamente ao homem.
·
O argumento das ciências naturais ou da fisiologia: É agora opinião
comum dos especialistas em fisiologia comparada, que a raça humana constitui
tão somente uma única espécie. As diferenças que existem entre as varias
famílias da humanidade são consideradas simplesmente com o variedades dessa
espécie única. A ciência não confirma positivamente que a raça humana descende
de um único par, mas, demonstra que pode muito bem ter sido este o caso, e que
provavelmente é.” (pibcg)
SUBSÍDIO
DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Você pode aproveitar a introdução desta lição e
refletir acerca da integralidade humana. Pergunte a classe como ela vê o ser
humano? Ele é só espiritual? Ele é só corpo? E a questão psíquica? Para fazer
essa reflexão leve em conta o seguinte texto: “Os estudiosos cristãos os campos
da psicologia e sociologia lembra-nos constantemente de que a Bíblia não é um
livro de ciência. É um relato de Deus e seu relacionamento com a criação. É um
livro de histórias, ensinos e exemplos de vida. Muitos destes estudiosos
traduziram e interpretaram passagens bíblicas para compor descrições da
natureza humana. Porquanto não tenham alcançado unanimidade, parecem estar
convergindo para as seguintes conclusões: Para começar, a Bíblia oferece um
modelo psicossocial (ou seja, pessoal e relacional) geral do ser humano. A
natureza humana é uma unidade psicofísica (ou seja, carne animada pela alma).
As referências ao corpo e à pessoa interior não indicam partes separadas; antes
parecem referir-se a certas funções da natureza humana. O corpo é o aspecto do
nosso ser consciente do mundo. Foi criado por Deus e não deve ser considerado
mau em si mesmo. Não temos corpo. Somos corpo. Como Vincent Rush destacou: “O
corpo é tanto quanto a ‘pessoa’ é a alma’” (PALMER, Michael D. (Ed.). Panorama do Pensamento Cristão. Rio de
Janeiro: CPAD, 2001, pp.212-13).
II. A UNIDADE LINGUÍSTICA
ORIGINAL DO SER HUMANO
Veremos, agora, como o
idioma falado pelos seres humanos, desde Adão até Noé, veio a perder-se e como
podemos identificá-lo, hoje, nas línguas e dialetos falados no mundo.
1. A
língua original da humanidade. A fala é um dos maiores dons que Deus comunicou pessoalmente a
Adão, pois ambos conversavam diariamente (Gn 3.8). O primeiro homem dominava
tão bem a arte do falar, que veio a recepcionar a sua esposa com um poema
admirável (Gn 2.23).
No capítulo três de
Gênesis, Deus chamou Adão e Eva à responsabilidade através de um diálogo de
altíssimo nível; nossos pais não ficaram na ignorância quanto às consequências
da queda, pois estavam perfeitamente habilitados, em termos verbais, a
compreender o Criador.
A língua falada por
Adão e seus descendentes imediatos, até Noé, não era o hebraico. Mesmo porque,
o idioma falado pelos israelitas só viria a formar-se, em termos definitivos,
bem mais tarde. [Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 5, 2 Fevereiro, 2020]
Os estudos feitos em torno das línguas da humanidade
indicam que elas tiveram origem comum. Por exemplo, as línguas indo-germânicas
encontram sua origem em uma língua primitivamente comum, da qual existem
relíquias na língua sânscrita. Também há evidências que demonstram que o
antigo Egito é o elo de ligação entre as línguas indo-europeias e as semíticas.
(Leia esta
excelente matéria sobre o assunto)
Atualmente existem cerca de três mil línguas e,
segundo especialistas, podem ter a mesma origem, há semelhanças incríveis entre
elas que apontam para uma língua-mãe. (Leia este
excelente artigo sobre o relato de babel).
Hebraico ou hebreu (em hebraico עברית)O
hebraico (עברית, ivrit) é uma língua semítica pertencente à família das línguas
afro-asiáticas. Certamente a língua do Éden não era o hebraico, dado que, sua
origem semítica data de aproximadamente do século XVIII a.C. (Leia mais sobre
a história da língua hebraica aqui).
2. A
confusão linguística em Babel. Após o Dilúvio, os filhos de Noé concentraram-se em Sinear, e,
ali, intentaram criar um Estado secular e ateu, para contrariar frontalmente os
mandamentos divinos quanto ao povoamento da Terra (Gn 11.1-3). Como todos
falavam uma única língua, lograram avançar em seus projetos, provocando uma
enérgica intervenção divina (Gn 11.7). A fim de que os homens não prosseguissem
nesse intento maligno, o Senhor confundiu-lhes a língua e dispersou-os por toda
a terra.
Essa é a origem das
línguas e dialetos existentes hoje no mundo. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019.
Lição 5, 2 Fevereiro, 2020]
“A Torre de
Babel é descrita em Gênesis 11:1-9. Depois do dilúvio, Deus ordenou à
humanidade: "Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra"
(Gênesis 9:1). No entanto, a humanidade decidiu fazer exatamente o oposto:
"Disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope
chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos
espalhados por toda a terra" (Gênesis 11:4). Eles decidiram construir uma
grande cidade para que todos se congregassem lá. Decidiram construir uma torre
gigantesca como um símbolo do seu poder, para fazer um nome para si (Gênesis
11:4). Esta torre é lembrada como a Torre de Babel.” (gotquestions)
A torre tinha objetivo de adoração apóstata,
indicando que o ser humano se revoltara orgulhosamente contra Deus (Gn 11.8-9).
Deus reafirmou aos seres humanos a ordem para serem fecundos, multiplicarem-se
e encherem a terra (Gn 9.7). Enquanto se dispersavam, uma parte do povo
pós-diluviano, sob a liderança do poderoso Ninrode (Gn 10.8-10), decidiu parar
e edificar uma cidade como monumento ao seu orgulho e para se tornarem famosos.
A torre, mesmo fazendo parte de um plano, não foi o único ato de rebelião. Foi
o orgulho humano que levou essas pessoas a provocar Deus. Eles estavam se
recusando a prosseguir caminho, ou seja, espalhar-se para encher a terra
conforme tinham sido instruídos. Na verdade, essa foi a tentativa de Ninrode e
do povo de desobedecer ao mandamento de Deus em Gn 9.1, e assim derrotar o
conselho do céu. Não deve-se entender que o cimo da torre de fato chegaria até
a habitação de Deus e não que o topo representaria os céus. Eles queriam que a
alta torre fosse um monumento alusivo às suas habilidades, que enaltecesse a
sua fama. No empreendimento, eles desobedeceram a Deus e tentaram roubar a
glória que pertencia a Ele.
3.
Indícios da linguagem primitiva. Apesar dos muitos idiomas existentes atualmente no mundo, é
possível constatar, através de um estudo histórico e comparativo, que todos
eles provieram de um tronco linguístico comum. Mesmo entre os idiomas mais
afastados entre si, como o português e o chinês, é possível encontrar um elo,
às vezes, frágil, que os liga à torre de Babel. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019.
Lição 5, 2 Fevereiro, 2020]
A bíblia deixa bem claro que, no início da
humanidade, todos falavam uma língua em comum, mas devido à história da Torre
de Babel, as pessoas começaram a falar línguas distintas.
“Quentin
Atkinson, psicólogo e pesquisador de antropologia evolutiva da Universidade de
Auckland, na Nova Zelândia, pegou emprestada uma metodologia usada por médicos
para investigar a origem de epidemias. Baseada nas características do DNA de um
vírus, como o da gripe, a filogenia determina de onde surgiu o micro-organismo
e como se espalhou. “Mas, em vez de um vírus, comparamos idiomas, e, no lugar
do DNA, fomos atrás de cognatos”, explica o cientista. Cognatos são palavras de
diferentes idiomas com som e/ou grafia semelhantes e que significam a mesma
coisa, independentemente da língua. Um exemplo é o vocábulo água. Em inglês,
diz-se water; em alemão, wasser. No idioma morto hitita, que existiu até cerca
de 1 mil a.C. na Anatólia, falava-se watar.” (em.com.br)
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“Confusão de línguas (11.1-9). [...] Há ironia no
monólogo do Senhor. Os povos estavam unidos, tinham comunicação aberta entre
si, contudo arruinaram estas bênçãos em rebelião contra o Criador. Deus não
permitiria ser ignorado, e a loucura da ilusão humana de que posses e
atividades criativas eram insuperáveis não ficaria sem confrontação.
O julgamento de Deus logo manifestou estas ilusões.
Para demonstrar que a unidade humana era superficial sem Deus, Ele introduziu
confusão de som na língua humana. Imediatamente estabeleceu-se o caos. O grande
projeto foi abandonado e a sociedade unida, mas sem temor de Deus, foi
despedaçada em segmentos confusos. Em hebraico, um jogo de palavras no
versículo 9 é pungente. Babel (9) significa ‘confusão’ e a diversidade de línguas
resultou em balbucios ou fala ininteligível” (Comentário
Bíblico Beacon: Gênesis a Deuteronômio. Rio de Janeiro: CPAD, p.55).
III. EM CRISTO TODOS SOMOS UM
A unidade humana não se
dá apenas em termos raciais e linguísticos. Conforme veremos neste tópico,
todos os seres humanos acham-se ligados em Adão quanto ao pecado e, também,
quanto à redenção.
1. O pecado universal de
Adão. Afirma o apóstolo
Paulo que, através de um só homem, o pecado foi introduzido no mundo (Rm 5.12).
E, conquanto o pecado de Adão fosse particular, suas consequências foram
universais, porque ele é o pai e o representante de todos os seres humanos. Eis
porque todos pecaram e foram destituídos da glória de Deus (Rm 3.23).
Todos os seres humanos
acham-se ligados, entre si, pela transgressão de Adão e Eva, nossos primeiros
pais. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 5, 2
Fevereiro, 2020]
Não um pecado em particular, mas a propensão
inerente ao pecado entrou no âmbito humano; os seres humanos tornaram-se
pecadores por natureza. Adão passou a todos os seus descendentes a herança da
natureza pecaminosa que ele possuía por causa de sua primeira desobediência.
Essa natureza está presente a partir do momento da concepção (Sl 51.5),
tornando impossível para o homem viver de maneira a agradar a Deus. Quando Adão
pecou toda humanidade pecou com ele (Rm 5.18; Hb 7.7-10). Uma vez que o seu
pecado transformou sua natureza interior e trouxe morte espiritual, a natureza
pecaminosa também passaria para a sua posteridade. Adão não estava,
originalmente, sujeito à morte; porém, pelo seu pecado ela se tornou cruel
certeza para ele e sua posteridade. A morte tem três manifestações distintas:
1) morte espiritual ou separação de Deus (Ef 2.1-2; 4.18);
2) morte física (Hb 9.27; e
3) morte eterna (também chamada de segunda morte), a qual inclui não
apenas . separação eterna de Deus, mas o tormento eterno no lago de fogo (Ap
20.11-15). Pelo fato de que toda a humanidade existia nos lombos de Adão e,
pela procriação, ter herdado a sua decadência e depravação, pode-se dizer que
todos pecaram nele. Portanto, os seres humanos não são pecadores porque
pecam, mas pecam porque são pecadores.
2. As consequências
universais do pecado de Adão. A
consequência imediata do pecado de Adão foi a sua morte espiritual; a quebra de
sua perfeita comunhão com Deus (Gn 3.23,24). Além da morte espiritual, o homem
experimentaria também a morte física. Haja vista o caso do próprio Adão. Não
obstante ter vivido até aos 930 anos, veio a experimentar a morte (Gn 5.5).
A morte, portanto, é uma
experiência comum a todos os homens, porque todos os homens, em Adão, pecaram e
foram expostos à fraqueza e à morte (Rm 3.23). [Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 5, 2 Fevereiro, 2020]
Deus havia
dito a Adão que, se comesse da árvore da qual não devia comer, certamente
morreria (Gn 2.17). Isso significava morte espiritual imediata e morte física
posterior. O pecado trouxe ao primeiro casal queda da sua retidão original e da
comunhão com Deus, tendo a sua imagem desfigurada, tornaram-se mortos em pecado
(escravos do pecado) e inteiramente corrompidos em todas as suas faculdades e
partes do corpo e da alma. Assim, por consequência, todos somos por natureza
pecadores e inclinados à prática do mal - natureza pecaminosa do homem (Gn
3.12, Sl 51.5, Sl 53.1-3, Rm 7.14-25, Ef 2.1-3). O pecado é universal (Is 53.6,
1Jo 1.10, Rm 3.10-12,23; 5.19, 8.22). Ao pecar, o homem rejeita a vontade de
Deus em favor de sua própria vontade. Todo o pecado é cometido contra Deus (Sl
51.4, Mt 6.15, Rm 8.7), e atinge também o próximo (Mt 6.14, 18.21-35, 1Co
8.12). O pecado pode ser deliberado (consciente, voluntário) ou por ignorância
(Ef 4.18), de fraqueza ou presunção, de parcial ou inteira oposição à vontade
de Deus (2Co 4.4, Rm 2.12).
3. Em Jesus Cristo, o
segundo Adão, todos podemos ser salvos. As consequências do pecado de Adão foram
desfeitas por Jesus Cristo, que, na Epístola de Paulo aos Romanos, é
identificado como o Último Adão (1Co 15.45; Rm 5.15). Através de sua morte, Ele
venceu a morte, resgatando-nos completamente do pecado (Ef 2.15).
Hoje, por conseguinte, o
nosso elo, com todas as famílias de Adão, não se dá apenas em termos genéticos
ou linguísticos, mas de igual modo pela morte e ressurreição de Jesus Cristo.
NEle, os que receberam a fé constituem uma única família — a família dos santos
(1Co 12.13). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 5, 2
Fevereiro, 2020]
Paulo estabelece o contraste entre o primeiro e o
último Adão (Rm 5.12-21; 1Co 15.22-45), vinculando a origem do pecado ao
primeiro Adão, e da redenção, ao último Adão. O último Adão é um a pessoa
histórica indiscutível, ficando implícito que isso se dá também com o primeiro.
Em Romanos, Paulo depois de apresentar a justiça
que vem de Deus (Rm 1.17), um tema que ele desenvolve em detalhes (Rm 3.21—
5.21), passa a apresentar a esmagadora evidência da pecaminosidade do ser
humano, revelando o quão desesperadamente ele precisa dessa justiça que somente
Deus pode fornecer. Ele apresenta a acusação de Deus contra o descrente e
imoral pagão (Rm 1.18-32; os gentios), a pessoa exteriormente religiosa e moral
(Rm 2.1-3.8; os judeus) e conclui mostrando que todas as pessoas merecem o
castigo de Deus (Rm 3.9-20).
"Porque nem mesmo compreendo o meu próprio
modo de agir, pois não faço o que prefiro, e, sim, o que detesto... Porque eu
sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum: pois o querer o
bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro,
mas o mal que não quero, esse faço" (Rm 7.14-19).
SUBSÍDIO
TEOLÓGICO
“As Escrituras também ensinam que todo ser humano, individualmente,
é pecaminoso em algum sentido. Desde os tempos no Éden, o pecado tem ocorrido
dentro de grupos. O pecado é claramente encorajado pelas atividades em grupo. A
sociedade contemporânea é uma sementeira de tendências baseadas em capacidade (desde
a vida embrionária), sexo, raça, antecedentes étnicos, religião, preferência
sexual e até mesmo em posição política.
[...] As Escrituras ensinam que os efeitos do pecado
se encontram até mesmo na criação não-humana. A maldição de Gênesis 3.17,18
marca o início desse mal, e Romanos 8.19-22 declara o estado desordenado da
natureza. A criação geme, esperando a consumação. A palavra grega mataiotês
(‘frustração’, ‘vazio’, Rm 8.20) descreve a inutilidade de um objeto totalmente
separado de seu propósito original e sintetiza a futilidade do estado presente
do próprio Universo. O pensamento divino aqui pode abranger tudo, desde plantas
e animas a quarks e galáxias” (HORTON, Stanley (Ed). Teologia
Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996,
p.293)
CONCLUSÃO
Nesta lição, aprendemos
que todos os povos da terra, apesar de sua diversidade étnica, cultural e
linguística, formam uma única família, porquanto todos viemos de Adão e Eva.
Por esse motivo, o verdadeiro cristão não aceita ideologias racistas. Afinal,
como vimos, existe apenas uma raça. Nesse sentido, repito, todos os homens são
irmãos.
Em Jesus Cristo, nossa
comunhão uns com os outros torna-se ainda mais forte. Na Igreja, todos somos
um, formando um só corpo. Aleluia! [Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 5, 2 Fevereiro, 2020]
A igreja, o corpo espiritual de Cristo, é formada
quando os cristãos são cheios do Espírito Santo por Cristo. É Cristo quem
batiza e coloca dentro de cada cristão o Espírito em unidade com todos os
outros cristãos, independente de época, cultura ou raça, todos os homens têm a
oportunidade de pertencer à universal
assembleia e igreja dos primogênitos inscritos nos céus (Hb 12.23),
do mesmo modo, todos os cristãos são recebidos no corpo de Cristo por meio do
Espírito Santo. O objetivo de Paulo é ressaltar a unidade dos cristãos. Todos
os cristãos foram inseridos no Corpo de Cristo. Na salvação, todos os cristãos
não somente se tornam membros plenos do corpo de Cristo, a igreja, como também
o Espírito Santo passa a habitar em cada um deles (Rm 8.9; 6.19 ; Cl 2.10; 2Pe
1.3-4).
Separado de Deus, o homem depende da Sua graça para
ser salvo (Rm 3.20,23, Gl 3.10-11, Ef 2.8-9, Rm 5.21). Precisamos confessar
nossos pecados e pedir perdão a Deus (1Jo 1.9, 2Co 5.21). Jesus Cristo é o
Cordeiro de Deus (Jo 1.29), que veio para esmagar a cabeça da serpente e
derrotar o poder de Satanás. Jesus veio buscar o homem perdido (Lc 19.10, Mt
11.28-30), veio aliviar o sofrimento humano. O homem ao aceitar a salvação de
Jesus, recebe o perdão de Deus, sendo purificado de toda injustiça. Ocorre
então o novo nascimento em Jesus Cristo, com consequente vida abundante na presença
de Deus (1Jo 1.9, Rm 6.23, 5.17, 2 Co 5.17, Jo 6.47; 10.10; 1Co 15.54). A
redenção de Deus nos dá nova natureza (regeneração) e nova capacidade de servir
a Cristo.
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br