Uzias foi humilde e temia a Deus
De forma notável o monarca expandiu
o seu reino e obteve diversas conquistas sobre diversas nações. As suas
realizações foram bem sucedidas: ele começou a sua trajetória de forma humilde,
sendo um homem atencioso aos estatutos prescritos na Lei de Moisés, por este
motivo, Uzias foi alvo das bênçãos do Eterno. O rei de Judá começou muito bem
seu ministério teocrático, foi um exímio líder, essa característica do início
do reinado de Uzias é um exemplo a ser observado pelos líderes cristãos.
"Fazendo o que era reto aos olhos do Senhor", isto é, a largada é
muito importante para o sucesso ministerial, mas precisa perseverar no desenvolvimento
de sua liderança, contudo, terminar bem a sua jornada é tão importante como o
seu começo. O exemplo do apóstolo Paulo conduz a reflexão: "Porque eu já
estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida
está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde
agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará
naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua
vinda" (2Tm.4.6-8).
Ao longo da minha carreira
pastoral e como psicoterapeuta, tenho deparado com uma quantidade enorme de
pessoas que iniciaram muito bem o seu ministério, com uma liderança promissora
e terminaram suas carreiras precocemente; outros terminaram envolvidos em
escândalos gerando consequências perante Deus e os demais cristãos; outros
começaram humildemente, mas ao longo do percurso adquiriram status, fama e
prestigio no que resultou na desconstrução de sua imagem, que foi exatamente o
que aconteceu com o rei Uzias.
Comece pelo caminho da oração
O rei Uzias contou com a bênção de
Deus no início de sua gestão e isto resultou em grandes vitórias e conquistas
espirituais e materiais, inclusive sobre os inimigos de seu reino. Ele edificou
cidades dentro das áreas controladas pelo Exército filisteu: "Porque
saiu, e guerreou contra os filisteus, e quebrou o muro de Gate, e o muro de Jabné,
e o muro de Asdode, e edificou cidades em Asdode e entre os filisteus. E Deus o
ajudou contra os filisteus, e contra os arábios que habitavam em Gur-Baal, e
contra os meunitas" (2Cr.26.6-7).
O monarca promoveu cursos de
aperfeiçoamento para os seus súditos contribuindo com a qualidade de vida dos
moradores de sua região; tornou grande empreendedor na construção civil e na engenharia
mecânica realizando grandes projetos e construções para o reino de Judá (2Cr.
26.9-10).
A Bíblica de Estudo Pentecostal (CPAD,
2000) divide o reinado de Uzias em duas partes: os anos em que o monarca buscou
ao Senhor, e os anos em que ele não perseverou e pecou contra o Senhor; nesta perspectiva
não há dúvida de que buscar ao Senhor resulta em bênçãos, ajuda, vitórias e
conquistas. A Bíblia registra que no período em que Uzias buscou ao Senhor ele
foi contemplado com recursos da parte de Deus para governar o Reino do Judá.
Após as extraordinárias vitórias
sobre os filisteus, arábios e meunitas, seu reino ficou ainda mais forte e os
demais reinos mobilizaram- se para enviar presentes através de suas delegações
como reconhecimento de seus feitos de modo que tornou-se célebre sendo reconhecido
até mesmo no Egito (2Cr.26.8). Os historiadores afirmam que Uzias controlou as
rotas desde a Arábia, a Filístia e o Egito.
O texto bíblico esclarece que a
prioridade de Uzias foi o Reino de Deus buscando-o em oração e fé
(Hb.ll.6)."E tudo o que pedirdes na oração, crendo, o recebereis" (Mt.
21.22); "Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas
essas coisas vos serão acrescentadas" (Mt. 6.33). A medida que o rei
buscava a Deus, o mesmo Deus o fazia prosperar.
Uzias Foi Grandemente Abençoado
Por Deus
Como resultado de sua obediência
e fé, e em reposta as suas orações, o Senhor o fez prosperar em tudo "e,
nos dias em que buscou o SENHOR, Deus o fez prosperar" (2Cr.26.5).
Toda essa gigantesca melhoria nas
construções da capital Jerusalém que ofereceu segurança aos seus habitantes
(construção de torres em Jerusalém e no deserto) indicou uma reviravolta econômica
no Reino de Judá de modo que a pujança econômica foi uma característica desse reino:
os servos de Uzias construíram poços em uma região desértica de Judá, devido ao
crescimento dos rebanhos que abasteciam a economia regional (2Cr.26.10).
Tal prosperidade resultou na confecção
de equipamentos bélicos, com militares bem treinados e devidamente equipados
para oferecer total segurança ao reino de Judá e garantir a soberania do país cercado
de inimigos (2Cr.26.15).
A fama e o prestígio do rei espalharam-se
por todo mundo conhecido, e conquistou respeito de amigos e inimigos. Uzias foi
um homem notável. Ele era reconhecido pelos avanços econômicos, técnicos e
militares e o povo de Deus era grandemente abençoado. "Quando os justos
se engrandecem, o povo se alegra, mas, quando o ímpio domina, o povo
suspira" (Pv29.2).
Uzias venceu e conquistou os
inimigos
Se Uzias foi vitorioso em suas campanhas
militares, com certeza absoluta, isto foi possível porque Deus estava no
controle. "E Deus o ajudou contra os filisteus, e contra os arábios que
habitavam em Gur-Baal, e contra os meunitas" (2Cr.26.7; 2Cr.26.6).
Aprendemos que o líder precisa ter habilidade para lidar com os inimigos,
jamais um líder cristão deve causar inimizades, mas procurar de maneira sábia conquistá-los
e levá-los a Cristo. O Senhor abençoou Uzias de tal modo que até seus ferrenhos
inimigos lhe deram presentes. "E os amonitas deram presentes a Uzias, e
o seu renome foi espalhado até à entrada do Egito, porque se fortificou altamente
(2 Cr 26.8). Geralmente líder cristão, principalmente o que está
em evidência, receba presente de amigos e conhecidos.
Deus o fez prosperar financeira
e espiritualmente
Na verdade, Uzias experimentou uma
fase de prosperidade material e espiritual, mas devemos lembrar que a
prosperidade financeira para o cristão não está desvinculada da vida
espiritual: "Honra ao SENHOR com a tua fazenda e com as primícias de
toda a tua renda e se encherão os teus celeiros abundantemente, e trasbordarão
de mosto os teus lagares" (Pv.3.9-10). O líder precisa alertar aos demais cristãos
acerca dos erros da Teologia da Prosperidade, mas com fundamentação bíblica sem
as utopias teóricas dos "teólogos da prosperidade". Quando o povo é
prospero a igreja também segue o mesmo caminho. Deus não tem prazer no
sofrimento de seus filhos (Mc 10.46.52); a prosperidade de Uzias era
proveniente de Deus: "Também Uzias edificou torres em Jerusalém, à Porta
da Esquina, à Porta do Vale e aos ângulos e as fortificou. Também edificou
torres no deserto e cavou muitos poços, porque tinha muito gado, tanto nos
vales como nas campinas, lavradores e vinhateiros, nos montes e nos campos
férteis, porque era amigo da agricultura " (2Cr.26.9-10), a base bíblica
ortodoxa da Teologia da Prosperidade está na obediência a Deus "fazer o
que é reto aos olhos de Deus" "buscar a Deus em oração" e
"trazei todos os dízimos a casa do tesouro" e por fim entender a
vontade de Deus em relação a prosperidade (Ml. 3.10; Ec.7.14).
Uzias contou com ajuda de pessoal
especializado
Uma liderança sem companheirismo
está fadada ao fracasso. Líder que centraliza de forma absoluta a sua liderança
provavelmente terá problemas na área psicológica como ansiedade, esgotamento
físico e mental e até depressão. Ninguém faz a obra de Deus sozinho (Êx.18.18).
Uzias foi um excelente líder: Tinha também Uzias um exército de homens destros
nas armas, que saíam à guerra, em tropas, segundo o número da lista feita por
mão de Jeiel, chanceler, e Maaséias, oficial, debaixo das mãos de Hananias, um
dos príncipes dorei. Todo o número dos chefes dos pais, varões valentes, era de
dois mil e seiscentos. E, debaixo das suas ordens, havia um exército guerreiro de
trezentos e sete mil e quinhentos homens, que faziam a guerra com força
belicosa, para ajudar o rei contra os inimigos" (2Cr.26.11-13).
Uzias adquiriu poder e notoriedade
Ficar famoso não é pecado, mas
pode levar ao pecado, a pessoa que não souber administrá-la ou gerenciá-la,
poderá vir a cair em ruína. Há diversas passagens bíblicas que indica a
notoriedade alcançada por Jesus (Mt. 23.24; Lc.1.28; Lc.4.37; Lc.5.15), do
ponto de vista cristão a fama não deve ser procurada por aqueles que a adquiriu,
mas deve ser entendida como uma ação de Deus na vida das pessoas que Ele deseja
que tornem-se conhecidas. O Senhor não buscou a fama, mas, as pessoas divulgavam
os seus feitos e caráter. Uzias tronou-se um líder famoso. "Também fez
em Jerusalém máquinas da invenção de engenheiros, que estivessem nas torres e
nos cantos, para atirarem flechas e grandes pedras; e voou a sua fama até muito
longe, porque foi maravilhosamente ajudado até que se tornou forte" (2Cr.26.15).
Uzias foi dominado pelo sentimento
de orgulho
"Mas, havendo-se já
fortificado, exaltou-se o seu coração até se corromper; e transgrediu contra o
SENHOR, seu Deus, porque entrou no templo do SENHOR para queimar incenso no altar
do incenso" (2Cr.26.16). E muito difícil quando
uma pessoa ou um líder cristão não compreende que tudo o que ele possui
e realiza provem da ajuda de Deus, lamentavelmente o monarca não percebeu e não
entendeu que sua prosperidade provinha da bondosa mão de Deus e abriu as portas
ao sentimento de orgulho no que resultou em rebeldia contra o Senhor, logo a
presunção e infidelidade fizeram parte de sua agenda; na verdade, ele desprezou
tudo o que Deus tinha lhe dado no decorrer dos anos e enveredou-se pelo caminho
do orgulho.
Orgulho gera ingratidão
O rei foi ingrato a Deus que
havia lhe concedido recursos e competência para governar, contemplando-o com
saúde emocional, espiritual, física e mental e muita sabedoria para se conduzir
diante do povo e expandir o reino (2C. 26.5-13), no entanto, ele desprezou tudo
o que Deus lhe presenteou.
O orgulho gera petulância
O rei teve a audácia de entrar no
templo e queimar incenso, ou seja, a sua petulância conduziu-o a exercer uma
atividade delegada pelo Senhor apenas ao sacerdote ungido para a realização
desta função. O seu insulto ao Senhor Deus custou-Lhe muito caro. O rei de Judá
foi imediatamente ferido com lepra, uma das mais temidas doenças daquela época,
e teve que ser retirado de circulação e conviver com a moléstia para o resto da
vida. Petulância é sinônimo de atrevimento, irreverência, desaforo,
descaramento, insulto, arrogância. A Lei Mosaica previa que somente os
sacerdotes podiam realizar rituais do sacrifício (Nm. 3.5-10), o rei Uzias não
era sacerdote, portanto não gozava de autorização do colégio sacerdotal para
adentrar o templo e oferecer sacrifício.
O orgulho gera usurpação de
poder
O rei usurpou o poder
sacerdotal, isto significa que ele autoproclamou-se sacerdote e manifestou hostilidade
contra os oitenta e um sacerdotes liderado por Azarias (2Cr.26.17), ao tentar
exercer o sacerdócio indevidamente, ele evidenciou ato de rebeldia e desprezo ao Senhor de modo que o monarca foi alvo da
justa sentença.O rei estava convencido pelo sentimento de orgulho de que teria
de exercer a função de sacerdote, pois afinal era o rei mais célebre da
história de Judá; "Afama subiu pra cabeça e resultou em uma queda
drástica" (BRITO, 2011).
Orgulho destrói a espiritualidade
Se houvesse arrependimento no coração
de Uzias e ele suplicasse o perdão divino, certamente o Senhor teria perdoado o
seu pecado, mas o rei manteve-se inabalável em sua afronta e perseverou no pecado,
ademais mostrou indignação contra o conselho dos sacerdotes (2Cr,26.19), neste
momento o rei preparou-se para queimar o incenso, e foi neste momento que "a
lepra lhe saiu na testa". O pecado consumado gera a morte. Quando os
religiosos observaram a contaminação na pele do monarca, eles tiraram-no
imediatamente do templo, e ele mesmo percebeu que tinha sido ferido por Deus. "Então,
o sumo sacerdote Azarias olhou para ele, como também todos os sacerdotes, e eis
que já estava leproso na sua testa, e apressuradamente o lançaram fora; e até
ele mesmo se deu pressa a sair, visto que o SENHOR o ferira" (2Cr.26.20).
A partir deste momento, Uzias deixava de ser rei, uma vez que a doença o
impedia de exercer as suas atividades administrativas. Ele deveria ser afastado
da sociedade e até de suas relações pessoais no palácio ( L v 13.45-46;. "De
Deus não se zomba, aquilo que o homem semear isso também ceifará" (Gl.
6.7). O fruto da semeadura é livre, mas o da colheita é obrigatório. Uzias
perdeu seu lugar de honra diante de Deus e dos homens. A fama e poder ficaram
para trás e acabou excluído da Casa do Senhor. "Assim ficou leproso o
rei Uzias até ao dia da sua morte; e morou, por ser leproso, numa casa
separada, porque foi excluído da Casa do SENHOR; e Jotão, seu filho, tinha a
seu cargo a casa do rei, julgando o povo da terra" (2Cr.26.21). Dessa
forma encerrou o seu próspero reinado e liderança no Reino de Judá.
BRITO, Maurício. In: Revista O Obreiro Aprovado. Rio de Janeiro:
CPAD, Ano 41 – n. 83, p. 32-36, out./dez. 2018.
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