Novos professores e uma nova realidade
Essa
categoria de professor é um estorvo para a formação do aluno e crescimento da
Escola Dominical. Todavia, será possível restaurar o sabor do sal depois de
insosso? Pergunta o Mestre dos mestres!
Não
haverá uma nova safra de crentes se não houver uma nova classe de professores
da Escola Dominical! Não se pode imaginar um futuro para a igreja sem
educadores. Muitos acreditam que o professor da Escola Dominical é dispensável.
E de fato o é, mas de qual docente estamos falando?
Certos
professores são dispensáveis, assim como certos pregadores também o são. E
claro que assim como não posso generalizar o último também não devo fazê-lo em
relação ao primeiro. A falácia de que os professores dominicais são
desnecessários à igreja é uma tentativa malsã de, parafraseando Paulo Freire,
"retirar a boniteza do sonho de ser professor de tantos jovens cristãos
nesse Brasil". Em um país que ideologicamente aprendeu a escamotear e a
desvalorizar o professor, não ignoro que muitos líderes cristãos também
desprezem esse importante e insubstituível ofício na igreja. Nalgumas vezes,
eles parecem ter razão. Alguns docentes
há muito deveriam ter pendurado a batuta:
• Ainda continuam lendo
integralmente a revista da Escola Dominical diante da classe;
• Não usam qualquer tipo de
método;
• São incapazes de comentar com
profundidade teológica o tema da lição;
• Reclamam que o assunto é
repetido, pois não sabem o que ensinar quando o aluno sabe o que ele sabe;
Sim,
esse é o perfil do professor desnecessário, substituível, que não interessa à
igreja. Tal ensinante é inútil à renovação da igreja.
Ele é:
• Monocultural, como
afirma Luiza Cortesão, incapaz de abrir-se ao novo, à renovação;
• Taciturno, perdeu
a alegria de ensinar e, por pouco, não perde a satisfação de viver.
• Incapaz de
refletir a teologia, porquanto não compreende o contexto epocal da teologia e,
por isso, preserva uma linguagem antiquada sobre a doutrina bíblica;
• Iludido, pensa
estar cumprindo os propósitos do Reino de Deus. Na verdade, ele se colocou na
porta, da ED e não permite que ninguém mais atravesse.
• Resistente, não
admite qualquer mudança de paradigma na educação cristã, embora ele mesmo não
saiba explicar suas práticas de ensino-aprendizagem.
Não
resta dúvida, o professor desnecessário é aquele que perdeu o rumo, o telos, o
sentido da vocação, o sentido que move e dirige toda ação pedagógica: o amor, o
respeito e a edificação do indivíduo. Ele se perdeu na formação do ser e não
reconstruiu-se no sendo. Ele não faz as perguntas: "Por que ensino?",
"Por que sou professor?", e quando as faz não encontra respostas que
o recoloque em direção ao telos. O máximo que encontra são feixes de escusas
emaranhadas que inebriam sua consciência incorrigível. Todavia, professores
renovados produzirão uma igreja viva e saudável.
O leigo-desleixado
Um dos
tipos de professores desnecessários à igreja contemporânea é o
leigo-desleixado. Leigo, inicialmente, é aquele que não tem formação
pedagógica; depois, o professor que não é ordenado ministro. No âmbito da
educação cristã, temos milhares de professores valorosos nas igrejas
brasileiras que são leigos em ambos os sentidos. Eu mesmo iniciei a prática da
educação cristã como professor leigo. Tanto na educação cristã quanto nos
corredores da educação brasileira ver-se-á o leigo transitando e atuando na educação.
Da reforma pombalina ao final da Década da Educação, a presença do professor
leigo é incontestável.
A esta altura de nosso tema, posso correr o risco de
classificar alguns tipos de laicado:
a) leigo, em sentido próprio,
isto é, não ordenado;
b) leigo, considerando o
elemento prático, ou seja, sem qualificação ou formação, mas que exerce uma
função no lugar de um qualificado;
c) leigo-desleixado, o
negligente, preguiçoso, descuidado.
Assim,
não vejo qualquer problema em ser leigo em sentido próprio na igreja. Eu mesmo
iniciei o ministério de ensino como leigo durante muitos anos. Contudo, existe
uma diferença entre o leigo das categorias "a" e "b" com o
da categoria "c", o desleixado. O primeiro não foi ordenado ao ministério, mas,
potencialmente, é um obreiro. Ele possui ou está em processo de formação e até
mesmo de ordenamento ou, mesmo que não seja assim, ele é qualificado para
aquilo a qual é responsável. O segundo exerce
uma função - no caso, a docência - mesmo sem estar formalmente qualificado. Ele
é, como afirma Martins, "professor prático experimentado-leigo na
docência". Essa classe de professor não possui a teoria que deve embalar a
formação, mas desenvolveu uma prática que o "qualifica", pela
experiência e conhecimento, ao exercício magisterial, mesmo que limitado.
Embora o leigo-prático não tenha a formação técnica ou acadêmica, ele se
preocupa com sua formação, fazendo aqui e ali cursos de pequena duração para
o exercício do magistério eclesiástico. E
fácil identificá-lo:
1) Sua presença é certa em
seminários para professores da ED;
2) Sempre está presente nas
reuniões de professores;
3) Busca capacidade adequada;
4) Costuma variar os métodos em
sala de aula, conforme a necessidade de seus alunos;
5) Busca formação teológica em nível fundamental ou
superior;
6) Reconhece suas limitações e,
caso não tenha completado os estudos, empenha-se em concluí-los para exercer o
ministério mais eficientemente;
7) Não se aparta dos livros de
teologia, didática e formação geral;
8) Tem em grande estima aqueles
que, como ele, se dedicam ao ministério do ensino;
9) Esforça-se para aprender e
melhorar a si mesmo.
O terceiro, o leigo-desleixado, diferente
dos anteriores, não tem qualquer interesse em sua própria formação. Ele é fácil
de identificar, pois, como o próprio termo designa, é indolente, preguiçoso,
relapso e não tem qualquer interesse em ser um docente mais qualificado. Está mais
interessado no título e na ocupação, que lhe dão status na comunidade, do que
preocupado em exercer o magistério cristão com eficiência. Ele:
1) Falta constantemente aos
seminários para professores;
2) Dificilmente aparece nas
reuniões de professores;
3) Enfada aos alunos pela falta
de método e didática;
4) Não tem qualquer interesse
em buscar formação teológica; na verdade, ele é
contra a teologia;
5) Jamais reconhece suas
limitações e não tem qualquer interesse em estudar ou concluir os estudos;
6) Não lê qualquer manual
didático, com exceção da Bíblia, a qual não entende apropriadamente;
7) Critica os professores que
se dedicam ao magistério cristão porque entende que o dom é suficiente para o
desempenho do munus docendi;
8) E desleixado com sua própria
formação.
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