sexta-feira, 18 de maio de 2018

LIÇÃO 8: ÉTICA CRISTÃ E SEXUALIDADE



SUBSÍDIO I

ÉTICA CRISTÃ E SEXUALIDADE

A sexualidade tem sido fortemente desvirtuada na sociedade pós-moderna. De outro lado, alguns cristãos insistem em tratar o assunto como tabu. Embora o tema possa trazer desconforto para alguns, a sexualidade humana não pode ser subestimada. De acordo com Sigmund Freud (1856-1939), reconhecido como o pai da psicanálise, “o homem tem necessidades sexuais e, para explicá-las, a biologia lança mão do chamado instinto sexual da mesma maneira que, para explicar a fome, utiliza-se do instinto da nutrição. A esta necessidade sexual dá-se o nome de libido” (FREUD, 1970, vol. XVI p. 336, 482). Freud atribuiu à libido uma natureza exclusivamente sexual e considerou a fase oral como a primeira na organização da libido da criança. As teorias de Freud contrastaram com o extremo moralismo da interpretação católica e produziram o extremo da licenciosidade, antinomianismo — desprezo à Lei de Deus — e a irresponsabilidade sexual (HENRY, 2007, p. 551). Atualmente, a sexualidade da criança vem sendo estimulada e incentivada de modo precoce, e isso em detrimento do desenvolvimento natural e saudável, gerando transtornos comportamentais.
Ressalta-se que em virtude do avanço da tecnologia da informação e consequente globalização, nossas crianças têm acesso indiscriminado a todo tipo de conhecimento. E, por estarem em fase de desenvolvimento, tornaram-se alvo de quem as quer perverter. Por meio da inversão dos valores, ideologia de gênero e a erotização da infância, pretendem desconstruir a família tradicional e promover a luxúria, promiscuidade e a imoralidade. Portanto, pela sua abrangência e importância, faz-se necessário refletir sobre a sexualidade, seus conceitos, propósitos e limites éticos estabelecidos nas Escrituras Sagradas.
A sexualidade é uma das dimensões do ser humano criado à imagem e semelhança de Deus. A questão sexual estava presente no ato da criação quando Deus nos fez “macho e fêmea” (Gn 1.27). Doravante, após a queda, tornou-se um intrigante tema de pesquisa das ciências naturais (biologia, anatomia, etc.) e das ciências humanas (literatura, psicologia, etc.). O campo de abrangência perpassa pela identificação sexual, orientação/preferência sexual, erotismo, satisfação e prazer, imoralidade, prostituição e pornografia, dentre outros. Por meio da revolução sexual das últimas décadas, que relativizou e desvirtuou a liberdade sexual, surgiram novas questões nas áreas da ética, da moral e da religiosidade. Por conseguinte, os conceitos na perspectiva bíblica precisam ser restaurados.

Conceito de sexo e sexualidade
A biologia define “sexo” como um conjunto de características orgânicas que diferenciam o macho da fêmea. O sexo de um organismo é definido pelos gametas que produzem. Gametas são células sexuais que permitem a reprodução dos seres vivos. O sexo masculino produz gametas conhecidos como espermatozoides e o sexo feminino produz gametas chamados de óvulos. A expressão “sexo” ainda pode ser usada como referência aos órgãos sexuais ou à prática de atividades sexuais. Já o termo “sexualidade” representa o conjunto de comportamentos, ações e práticas dos seres humanos que estão relacionados com a busca da satisfação do apetite sexual, seja pela necessidade do prazer, seja da procriação da espécie.

A deturpação da sexualidade
Dentro dos conceitos modernos da sexualidade, o filósofo francês Michel Foucault (1926-1984) discorreu na obra História da Sexualidade que a postura cristã é repressiva e envolve “proibições, recusas, censuras e negações discursivas” que são impostas à sociedade (FOUCAULT, 1988, p. 16). Confabula o filósofo que, ao mesmo tempo em que o radicalismo cristão levava as pessoas a detestar o corpo, também tornou o sexo cobiçado e mais desejável; por conseguinte, a austeridade cristã deve ser combatida em busca de “liberação” sexual (FOUCAULT, 1988, p. 149).
Foucault afirma que essa liberação surgiu quando Freud dissociou a sexualidade do sexo que era baseado na anatomia e suas funções de reprodução restringida aos aspectos biológicos (FOUCAULT, 1988, p. 141). Assim, Foucault considera a sexualidade como uma produção discursiva, e, portanto, um construto sócio-histórico de uma sociedade. Por isso, o apelo e o discurso ofensivo na construção da ideologia de gênero, identidade sexual, iniciação sexual precoce, homoafetividade e a nova moda de se falar em sexualidade no plural, como existindo “sexualidades”. A partir daí, o conceito foi deturpado e, em busca de “liberação”, ensina-se que a sexualidade depende da cultura inserida em determinado grupo social. Desse modo, toda e qualquer escolha ou opção sexual passa a ser válida, tais como, homossexualismo, zoofilia, pedofilia, necrofilia e incesto.

O sexo foi criado por Deus
O homem e a mulher possuem imagem e semelhança divina. Porém, no ato da criação, Deus os fez sexualmente diferentes: “macho e fêmea os criou” (Gn 1.27). Portanto, o sexo faz parte da constituição anatômica e fisiológica dos seres humanos. Homens e mulheres, por exemplo, possuem órgãos sexuais distintos que os diferenciam sexualmente. Sendo criação divina, o sexo não pode ser tratado como algo imoral ou indecente. As Escrituras ensinam que, ao término da criação, “viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom” (Gn 1.31). Desse modo, o sexo não deve ser visto como sendo algo pecaminoso, sujo ou proibido. Tudo que Deus fez é bom. O pecado não está no sexo, mas na perversão de seu propósito.
Ao criar o ser humano, Deus os dotou de órgãos específicos e especialmente destinados à reprodução da espécie, chamados órgãos sexuais ou genitais. A esse processo de perpetuação da espécie humana dá-se o nome de “reprodução sexuada”. A reprodução sexuada dos seres humanos é classificada, quanto ao sexo, de “dioica”, ou seja, requer a participação de dois seres da mesma espécie, sendo obrigatório que um deles seja “macho” e outro seja “fêmea”. E isso pelo fato inequívoco de que homem e mulher foram criados com órgãos sexuais apropriados à reprodução. Trata-se de um processo em que há a troca de gametas (masculinos e femininos) para a geração de um ou mais indivíduos da mesma espécie. Percebe-se, então, que Deus não criou meio termo; definitivamente, o ser humano é formado de macho e fêmea. Deus não formou o homem com possibilidades sexuais de desempenhar o papel da mulher no ato sexual, e nem vice-versa. O nosso Jesus Cristo, ao discorrer sobre esse tema, associou a anatomia dos sexos com o propósito divino da sexualidade e da reprodução. O Mestre fundiu o texto da criação e da procriação (Gn 1.27,28) ao texto do relacionamento conjugal (Gn 2.24) indicando que os textos bíblicos se complementam, isto é, a reprodução humana é sexuada e dioica:
Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea. Por isso, deixará o homem a seu pai e a sua mãe e unir-se-á a sua mulher. E serão os dois uma só carne e, assim, já não serão dois, mas uma só carne. (Mc 10.6-8)

A sexualidade é criação divina
Ao criar o homem e a mulher, Deus também criou a sexualidade: “E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra [...]” (Gn 1.28). O relacionamento sexual foi uma dádiva divina concedida ao primeiro casal e também às gerações futuras (Gn 2.24). Sempre fez parte da criação original de Deus o homem unir-se sexualmente em uma só carne com sua mulher. O livro poético de Cantares exalta a sexualidade e o amor entre o marido e sua esposa (Ct 4.10-12). Portanto, não é correto “demonizar” o desejo e a satisfação sexual. Assim como o sexo, a sexualidade também não é má e nem pecaminosa. O pecado está na depravação sexual que contraria os princípios estabelecidos nas Escrituras Sagradas.
O sexo como criação divina possui finalidades específicas. Holmes afirma que a “história da ética cristã é bastante clara nesse particular. A psicologia do sexo indica o seu potencial de união, e sua biologia indica um potencial reprodutivo” (HOLMES, 2013, p. 130). Portanto, o relacionamento sexual conforme idealizado pelo Criador prevê uma realização completa entre macho e fêmea na busca do prazer conjugal e na procriação da espécie.
Pr. Douglas Baptista

SUBSÍDIO II

Ética Cristã e sexualidade

Nesta lição, o objetivo é estudarmos o conceito da sexualidade, o propósito do sexo de acordo com as Sagradas Escrituras e o casamento como o parâmetro legítimo para o sexo. Aqui, é importante dar o devido respeito e decoro ao tema.

O conceito
Caro professor, prezada professora, em primeiro lugar é importante diferençar e explicar o sexo de sexualidade. Esses dois conceitos são importantes, pois é aqui que os formadores de opinião secular tentam deformar a mente, principalmente dos adolescentes e dos jovens, a partir da desconstrução do gênero. Ora, se o sexo é a conformação física, orgânica e celular que permite distinguir o sistema reprodutor masculino do feminino, a sexualidade já parte de uma perspectiva psicológica em que destaca o comportamento humano com relação às manifestações da libido. Aqui, a ideologia de gênero distorce a realidade. Como acontece com a sexualidade, para essa ideologia, o gênero é construído superficialmente por meio do contexto sócio-cultural, por isso, ele é relativizado. Entretanto, é notório que, na maioria dos casos, os gêneros acompanham naturalmente os determinantes biológicos constatados por meio dos sexos (que distingue o aparelho reprodutor masculino do feminino), assim como a sexualidade. Ou alguém (em “sã consciência”) ousaria discordar que o aparelho reprodutor, a anatomia, a psicologia, e muitas outras características humanas são diametralmente opostas entre si e que se distinguem claramente o masculino do feminino?! Portanto, pesquise sobre o assunto a fim de honrar às Escrituras e trazer um ensinamento saudável aos seus alunos.

O propósito do sexo
Pense agora na anatomia do corpo do homem e na da mulher. É uma obviedade esta constatação: o corpo do homem só se encaixa sexualmente com perfeição no corpo da mulher; o corpo da mulher só se encaixa perfeita e sexualmente no corpo do homem; o corpo do homem encaixado sexualmente ao corpo de outro homem é uma relação desajustada e imperfeita; o corpo de uma mulher encaixado sexualmente no corpo de outra mulher é uma relação imperfeita e desajustada. A teologia da criação presente no livro do Gênesis é uma “obviedade escandalosa” que a mentalidade moderna não suporta. É nesse encaixe óbvio que o homem e a mulher ser realizam completamente. Expandem a família, se satisfazem prazerosamente e realizam-se como homem e mulher. Eis o propósito óbvio e bíblico do sexo.

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

Se por um lado a sexualidade tem sido desvirtuada na sociedade pós-moderna, por outro Lado alguns cristãos insistem em tratar o assunto como tabu. Embora o tema possa trazer desconforto para alguns, a sexualidade humana não pode ser subestimada. Por isso, estudaremos o conceito da sexualidade, o propósito do sexo segundo as Escrituras e o casamento como o parâmetro para o sexo.
O tabu deste assunto no meio cristão tem causado problemas, por isso é necessário, mesmo que muitos se sintam desconfortáveis, tratarmos sobre a fé e sexo segundo a visão bíblica. Uma lição apenas é pouco para dirimir todas as dúvidas, mas o momento deve ser útil para incentivar a busca por conteúdo que discuta como o cristão deve lidar com sua própria sexualidade, o significado do sexo, como deve encará-lo e as muitas dificuldades da castidade em uma sociedade onde os relacionamentos são banalizados e consumíveis e a sexualidade tem sido tratada como mero elemento hormonal e como promotor de satisfação pessoal. Infelizmente, o sexo, no aspecto negativo e pecaminoso, tem dominado nossa cultura de forma destrutiva para o homem. As sociedades (moderna e antiga) transformaram a beleza da sexualidade em uma deusa, que é adorada, e a quem pessoas servem cotidianamente. O crente precisa entender, em primeiro lugar, que foi Deus quem criou a sexualidade (partes “sexuais” no homem e na mulher), criando-os com um sistema nervoso para que possam desfrutar de prazeres delicados e saudáveis. Em segundo lugar, a sexualidade faz parte do indivíduo, mas ela não é o maior alvo de vida para o homem, e sim a Salvação em Cristo. Em terceiro lugar, o prazer sexual foi projetado por Deus para ser desfrutado somente no casamento. O relaxamento dos valores familiares e, principalmente, da espiritualidade, nos desperta para estudar esse tema à luz das Escrituras.

I. SEXUALIDADE: CONCEITOS E PERSPECTIVAS BÍBLICAS  
                                                                 
Sexo e sexualidade possuem conceitos próprios, pois ambos constituem-se atos da criação divina.

1. Conceito de Sexo e Sexualidade. A biologia define "sexo" como um conjunto de características orgânicas que diferenciam o macho da fêmea. O sexo de um organismo é definido pelos gametas que produzem. Gametas são células sexuais que permitem a reprodução dos seres vivos. O sexo masculino produz gametas conhecidos como "espermatozoides" e o sexo feminino produz gametas chamados "óvulos". A expressão "sexo" ainda pode ser usada como referência aos órgãos sexuais ou a prática de atividades sexuais. Já o termo "sexualidade" representa o conjunto de comportamentos, ações e práticas dos seres humanos que estão relacionados com a busca da satisfação do apetite sexual, seja pela necessidade do prazer ou da procriação da espécie.
Segundo o dicionário Priberam da Língua Portuguesa, sexo (latim sexus, -us), tem os seguintes significados:
1. Diferença física ou conformação especial que distingue o macho da fêmea (ex.: sexo feminino, sexo masculino).
2. Conjunto dos indivíduos que têm o mesmo sexo (ex.: vestiário para o sexo feminino).
3. Relação sexual. = COITO, CÓPULA
4. Conjunto dos órgãos sexuais externos. ("sexo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/sexo [consultado em 13-05-2018]
Já o termos sexualidade, encerra o sentido de:
1. Qualidade do que é sexual.
2. Modo de ser próprio do que tem sexo.("sexualidade", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/sexualidade [consultado em 13-05-2018].).
O sexo do indivíduo é definido através da interação de genes que estão situados em pares homólogos, ou seja, cromossomos sexuais (heterossomos ou alossomos). Existem quatro tipos de determinação sexual: XY, XO, ZW e ZO. Tipo XY: Nos seres humanos, o sexo é determinado pelo sistema XY. O homem tem 44 autossomos + XY, sendo heterogamética: 22 A + 22 A + Y. E as mulheres têm 44 autossomos + XX, sendo homogamética: 22 A + X. Mesmo sendo diferentes os cromossomos masculinos dos femininos, esses cromossomos sexuais são homólogos e pareia-se na meiose, porém no cromossomo masculino não há cromátides, e por esse motivo o pareamento deles é parcial. Nas regiões homólogas, há pareamento entre os cromossomos X e Y, e nas regiões não homólogas, não há pareamento entre os cromossomos X e Y. O homem produz dois tipos de espermatozoides, sendo que são compostos de quantidades iguais de cromossomo X e cromossomo Y, por isso é chamado de heterogamético. Já a mulher é considerada homogamética, pois no óvulo que ela produz há apenas um cromossomo X. Se o óvulo for fertilizado por um espermatozoide que possui cromossomo X, consequentemente o zigoto terá um cromossomo X e um Y, isso quer dizer que o sexo do filho será masculino. Caso contrário, se o óvulo for fertilizado por um espermatozoide X, o zigoto terá dois cromossomos X, e o sexo dele será feminino. Todo este processo de definição do sexo ocorre na fecundação. (Determinação do sexo por cromossomos sexuais). Disponível em: https://www.colegioweb.com.br/determinacao-e-heranca-relacionada-ao-sexo/determinacao-do-sexo-por-cromossomos-sexuais.html. Acesso em: 14 Maio, 2018). http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/sexualidade-e-espiritualidade/

2. O sexo foi criado por Deus. No ato da criação Deus fez o homem e a mulher sexualmente diferentes: "macho e fêmea os criou" (Gn 1.27). Portanto, o sexo faz parte da constituição anatómica e fisiológica dos seres humanos. Homens e mulheres, por exemplo, possuem órgãos sexuais distintos que os diferenciam sexualmente. Sendo criação divina, o sexo não pode ser tratado como algo imoral ou indecente. As Escrituras ensinam que ao término da criação "viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom" (Gn 1.31). Desse modo, o sexo não deve ser visto como algo pecaminoso, sujo ou proibido. Tudo o que Deus fez é bom. O pecado não está no sexo, mas na perversão de seu propósito.
Em Genesis encontramos a descrição do ato divino de criação e distinção entre os gêneros - o relacionamento mais íntimo de todos havia sido estabelecido por Deus, relacionamento este que é a união permanente do “homem e sua mulher” no casamento (Gn 2.21-25). Deus declarou Adão e Eva como marido e mulher e eles se tornaram uma só carne (Gn 2.24). Tal envolvimento sexual é sempre para marido e mulher, casados, que pertencem um ao outro. O sexo fora do casamento é, portanto, condenado na Bíblia.
Como visto, Deus faz tudo com propósito. Isso inclui a nossa sexualidade. O fato do ser humano nascer do sexo masculino ou feminino não é por acaso. Toda vez que isso acontece, os propósitos eternos de Deus para as suas criaturas racionais são manifestos, a saber: a glória de Deus na formação da família. “Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.” (Gn 2:18). Observe que tanto aqui, quanto em Gn 1: 27-28 citado acima, Deus basicamente conduziu Eva pela mão ao altar até Adão, oficializando o primeiro casamento entre o primeiro homem e a primeira mulher. Deste modo, se estabeleceu o precedente de que, embora diferentes, homens e mulheres, como repositórios da imagem de Deus, são iguais e de que o casamento é um dom a ser desfrutado por um homem e uma mulher. Portanto, Deus criou o corpo masculino e feminino para que o prazer sexual fosse desfrutado dentro do casamento sem que eles tivessem que se envergonhar, o que se apreende dos famosos versos, “[…] Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne. O homem e sua mulher viviam nus, e não sentiam vergonha.”” (Gn 2: 24-25). (O PROPÓSITO DE DEUS PARA NOSSA SEXUALIDADE. Disponível em: http://www.iparacaju.org/2014/05/30/o-proposito-de-deus-para-nossa-sexualidade/. Acesso em: 14 Maio, 2018)

3. A sexualidade é criação divina. Ao criar o homem e a mulher, Deus também criou a sexualidade: "E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra..." (Gn 1.28). O relacionamento sexual foi uma dádiva divina concedida ao primeiro casal, bem como às gerações futuras: "deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne" (Gn 2.24). Sempre fez parte da criação original de Deus a união sexual entre o homem e a sua mulher, formando assim, ambos uma só carne. O livro poético de Cantares exalta a sexualidade e o amor entre o marido e a sua esposa (Ct 4.10-12). Portanto, não é correto "demonizar" o desejo e a satisfação sexual. Assim como o sexo, a sexualidade também não é má e nem pecaminosa. O pecado está na depravação sexual que contraria os princípios estabelecidos nas Escrituras Sagradas.
A banalização do sexo nesta geração tem por meta final coisificar, degradar e aviltar o que Deus criou. Temos o dever de anunciar que o sexo não é pecado, é dádiva, aliás, homem e mulher foram criados com a capacidade de dar e sentir prazer. O homem pós queda e tudo nele tende a contrariar o divino, e o que foi criado belo, como a suma intimidade, foi desvirtuado (1Ts 4.3-9; Pv 6.32; Rm 1.24-28). É por esta razão que aqueles que vivem de acordo com os preceitos de Deus são mais felizes nesta área do que aqueles que se entregam à devassidão (1Co 7.5; Hb 13.4).
O sexo foi criado por Deus para dar prazer dentro do casamento. Quando “Abraão e Sara já eram velhos, de idade bem avançada, e Sara já tinha passado da idade de ter filhos” (Gn 18.11), Deus disse-lhes que eles teriam um filho. “Por isso [Sara] riu consigo mesma, quando pensou: ‘Depois de já estar velha e meu senhor já idoso, ainda terei esse prazer?’” (v. 12). Existe um “prazer” genuíno entre marido e mulher na intimidade do casamento. Abimeleque, rei dos filisteus, pensou que Rebeca fosse irmã de Isaque: “Certo dia, Abimeleque... estava olhando do alto de uma janela quando viu Isaque acariciando Rebeca, sua mulher” (26.8). Isaque provavelmente estava beijando Rebeca e talvez iniciando as preliminares do relacionamento sexual com sua mulher. Deus deu ao homem uma atração natural pela mulher, e deu à mulher uma atração pelo homem. Alguém pode não entender o relato bíblico que declara que o ato de fazer a corte possui uma rica história (cf. Ct 2.8-17). A tragédia é que homens e mulheres pecaminosos desobedecem ao projeto de Deus e entram na intimidade sagrada da satisfação sexual sem os laços do casamento. Por este motivo, Deus ordenou: “Não adulterarás” (Êx 20.14). Deus também ordenou: “Entre vocês não deve haver nem sequer menção de imoralidade sexual como também de nenhuma espécie de impureza... pois essas coisas não são próprias para os santos” (Ef 5.3).”. (Ron J. Bigalke. ‘A Bíblia, o Casamento e a Sexualidade’. Disponível em: https://www.chamada.com.br/mensagens/biblia_casamento_sexualidade.html. Acesso em: 14 Maio, 2018)

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
                               
“[...] O Cristianismo não está só quando coloca implicações religiosas no sexo. No mundo antigo a prostituição religiosa celebrava a fertilidade da natureza. No outro extremo, o celibato ainda é adotado como vocação religiosa. Mais pertinente ao sexo é o rito da circuncisão no Antigo Testamento, adotado como sinal de que a aliança de Deus estava sobre os filhos de Abraão, de geração em geração. Os próprios órgãos genitais deviam ser uma lembrança permanente de que a sexualidade é concedida pelo Senhor e que somos responsáveis perante Ele pelo uso do sexo.
A união sexual e a reprodução fazem parte da criação e foi ordenada por Deus desde o princípio, pela instituição do casamento. O sexo não pode ser retirado desse contexto e tratado de forma meramente biológica ou psicológica, como ocorre na sociedade contemporânea. Seu principal significado não deve ser encontrado em si mesmo, no ato, na experiência ou mesmo em suas consequências sociais. Como em qualquer coisa vista teisticamente, seu significado principal deve ser encontrado em relação a Deus e seus propósitos” (HOLMES, Arthur F. Ética: As decisões morais à luz da Bíblia. 1. ed. RJ: CPAD, 2000, p.129).

II. O PROPÓSITO DO SEXO SEGUNDO AS ESCRITURAS

1. Multiplicação da espécie humana. A finalidade primordial do ato sexual refere-se à procriação. Deus abençoou o primeiro casale disse-lhes: "Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra" (Gn 1.28). Tal como o Criador ordenara a procriação dos animais (Gn 1.22), também ordenou a reprodução do género humano. Neste ato. Deus concedeu ao ser humano os meios para se multiplicar, assegurando-Lhe a dádiva da fertilidade. Depois da queda no Éden (Gn 3.11,23), e a consequente corrupção geral (Gn 6.12,13), o Altíssimo enviou o dilúvio como juízo para eliminar o género humano (Gn 6.17), exceto Noé e sua família (Gn 7.1). Passado o dilúvio, Noé recebeu a mesma ordem recebida por Adão: "E abençoou Deus a Noé e a seus filhos e disse-lhes: frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra" (Gn 9.1). A terra, que outrora fora despovoada, agora deveria ser repovoada por Noé a fim de dar continuidade aos desígnios divinos (Gn 3.15, cf. Rm 16.20).
Noé, como pai da humanidade resgatada do dilúvio, recebe uma bênção semelhante a do Gn 1.28, embora não inclui os mandatos "subjuguem" e "senhoreiem". A função do sexo dentro do casamento é tríplice: unir, recrear e procriar. Todos estes papéis demonstram a necessidade da fidelidade conjugal. Sempre que o relacionamento sem igual do casamento é quebrado pelas relações sexuais extraconjugais, a pessoa não somente destruiu a união sem igual do casamento como também diminuiu a possibilidade do prazer verdadeiro, sem falar do enfraquecimento da base da estabilidade para quaisquer filhos desta união.

2. Satisfação e prazer conjugal. Por muito tempo ensinou-se que a procriação era o único propósito da relação sexual. O Concílio de Trento (1545-1563) disciplinou a pratica sexual com fins exclusivos de reprodução e proibiu o sexo aos domingos, nos dias santos e no jejum quaresmal. Não obstante, a Bíblia também se refere ao sexo como algo prazeroso e satisfatório entre o marido e a sua esposa: "Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade..." (Pv 5.18,19); e ainda: "Goza a vida com a mulher que amas" (Ec 9.9}. Assim, na união conjugal, como também ensina o Novo Testamento, o homem e a sua mulher devem buscar a satisfação sexual (1Co 7.5).
É interessante notar que muitos costumes adquiridos na época medieval só foram sofrer liberação com a Reforma Protestante, como o divórcio, por exemplo, proibido pelo catolicismo, passou a ser aceito na Igreja Anglicana. Mas as igrejas protestantes que surgiram na Alemanha, Inglaterra e Holanda continuaram bem rigorosas no que se refere às práticas sexuais.
O 19º Concílio Ecumênico da Igreja, mais conhecido como o Concílio de Trento, por ter se reunido em sua grande parte na cidade de Trento, ao norte da Itália, realizou 25 sessões plenárias em três períodos distintos, de 1545 a 1563. O primeiro período foi de 1545 a 1547. O segundo começou 4 anos depois, em 1551, e terminou no ano seguinte. O último período começou 10 anos mais tarde, em 1562, e terminou no ano seguinte. A essa altura, a Reforma Protestante já tinha se espalhado por todos os países da Europa Ocidental e da Europa Setentrional. A abertura do Concílio de Trento deu-se 28 anos depois do rompimento de Martin Lutero com Roma (outubro de 1517) e 9 anos depois da primeira edição das Institutas da religião cristã, de João Calvino, em 1536 (um livro de formato pequeno, com 516 páginas). Outras edições em latim e francês já tinham sido publicadas. Por ocasião da abertura do Concílio (13 de dezembro de 1545), todos os reformadores, exceto Úlrico Zuínglio, ainda estavam vivos: Martin Lutero com 62 anos, Guilherme Farel com 56, Filipe Melanchton com 48, João Calvino com 36 e João Knox com 31. Lutero morreria no ano seguinte (1546). O propósito do Concílio de Trento era fazer frente à Reforma Protestante, reafirmando as doutrinas tradicionais e arrumando a própria casa. Houve portanto duas reações distintas, uma na área teológica e outra na área vivencial. Um dos papas teria confessado que Deus permitiu a revolta protestante por causa dos pecados dos homens, “especialmente dos sacerdotes e prelados”.” (O Concílio de Trento. Disponível em: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/255/o-concilio-de-trento. Acesso 14 Maio, 2018)

3. O correto uso do corpo. No ato sexual ocorre a fusão de corpos: "Assim não são mais dois, mas uma só carne"(Mt 19.6). O sexo estabelece um vínculo tão forte entre os corpos que os torna uma só pessoa. Como os nossos corpos são membros de Cristo (1Co 6.15), e templo do Espírito Santo (1Co 3.16), as Escrituras proíbem o uso do corpo para práticas sexuais ilícitas (1Co 6.16). São condenadas, dentre outras, as relações incestuosas (Lv 18.6-18), o coito com animal (Lv 18.23), o adultério (Êx 20.14) e a homossexualidade (Rm 1.26-27). O corpo não pode servir a promiscuidade (1Co 6.13), mas deve glorificar a Deus, o nosso Pai (1Co 6.20).
Já no início da Igreja encontramos a questão sexual sendo abordada com firmeza sendo os crentes exortados a se absterem, entre outras coisas, das tais relações sexuais ilícitas (At 15.20, 29; 21.25). A Bíblia de Estudo Genebra comentando este texto afirma que o termo ‘relações sexuais ilícitas’ “é bastante ampla e inclui, além do adultério, vários pecados de natureza sexual”. Há aqueles que entendem esta passagem como inclusiva àquelas uniões irregulares enumeradas em Lv 18.6-18.
Os cristãos não estão livres para exercer sua sexualidade de qualquer jeito. Eles estão debaixo de normas, que vêm desde o “princípio da criação” (Mc 10.6), portanto, bem antes da lei de Moisés. Embora tenha mostrado misericórdia com os infratores, Jesus não aboliu nem abandonou essas normas. Ao contrário, enquanto a lei enfatizava a concretização do adultério, Jesus pôs-se contra o adultério na sua fase embrionária, quando é praticado apenas na mente (Mt 5.27). Jesus foi a primeira pessoa da história bíblica a usar a expressão “relações sexuais ilícitas” (Mt 5.32; 19.9). Os apóstolos foram fiéis à teologia sexual do “princípio da criação”, de Moisés, dos profetas e de Jesus”. (Relações sexuais fora da lei. Disponível em: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/284/relacoes-sexuais-fora-da-lei. Acesso em: 14 Maio, 2018)

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“Por que Deus criou o sexo?
A Bíblia nos dá três razões específicas para o sexo:

1. Procriação
Provavelmente você já conhece a primeira razão por que Deus criou o sexo. Chama-se procriação. Em Gênesis 1.28, Deus revelou a Adão e Eva seu propósito para o sexo quando disse: ‘Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a’. Deus nos deu uma capacidade de criar vida semelhante a dEle por meio do ato sexual. O início desse versículo nos conta que Deus pretendia que os resultados do sexo fossem uma bênção.

2. Unidade
Como seres humanos, somos dotados de um profundo desejo por intimidade. Ansiamos por nos unir a outros seres humanos e a Deus. O Senhor nos criou com esse desejo. Parte do seu projeto para o sexo inclui satisfazer essa necessidade de relacionar-se de modo pessoal. Está provado cientificamente que o sexo cria um laço entre duas pessoas, mas os níveis mais profundos de união e intimidade só podem ser atingidos com a busca pelo plano de Deus para o sexo. Gênesis 2.24 diz: ‘Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne’. Essa passagem fala sobre o vínculo entre marido e mulher fortalecendo-se a ponto de eles se tornarem uma só carne. O escritor de Gênesis sabia intuitivamente o que a ciência confirmou há pouco tempo. Pesquisadores descobriram um hormônio chamado ‘ocitocina’, ou ‘hormônio do amor’. A ocitocina é uma substância química que nosso cérebro libera durante o sexo e a atividade que precede o ato. Quando essa substancia é liberada, produz sentimentos de empatia, confiança e profunda afeição. Cada vez que você faz sexo, seu corpo sofre uma reação química que lhe diz para ‘apegar-se’. Deus criou os meios para satisfazer nosso desejo por intimidade em um nível biológico.

3. Recreação
Uma das razões por que Deus criou o sexo foi para o nosso prazer. Vemos isso claramente em Provérbios 5.18,19: ‘Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade, como a cerva amorosa e gazela graciosa; saciem-te os seus seios em todo o tempo; e pelo seu amor sê atraído perpetuamente’. Essa passagem fala de um marido sendo satisfeito pelo corpo de sua esposa. O texto original pode ser lido como: ‘Que você fique inebriado pelo sexo com ela’. Deus planejou o sexo para ser divertido e prazeroso. Está claro que Deus criou o sexo para o nosso benefício e para sua glória. Quando se desfruta o sexo de acordo com o plano divino, o resultado é maravilhoso. Quando saímos dos limites estabelecidos por Deus para nossa vida sexual, o prazer diminui, a intimidade é rebaixada, e as bênçãos que Deus planejou como resultados de nossos encontros sexuais podem se deteriorar” (MCDOWELL, Josh; DAVIS, Erin. Verdade Nua & Crua: Amor, sexo e relacionamento. 1. ed. RJ: CPAD, 2011, pp.20-23).

III. O CASAMENTO COMO LIMITE ÉTICO PARA O SEXO

O casamento é o legítimo limite ético dos impulsos sexuais que podem ser satisfeitos sem que se incorra em atos pecaminosos.

1. Prevenção contra a fornicação. A fornicação está relacionada ao contato sexual entre pessoas solteiras, ou seja, não casadas. Para prevenir este pecado, o apóstolo Paulo orienta os cristãos a se casarem: "por causa da prostituição [ou fornicação], cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido." (1Co 7.2). Os ensinos de Paulo ratificam o propósito divino do casamento, ou seja, "um homem para cada mulher" (Gn 2.24). Este princípio também foi defendido por Jesus: "deixará o homem pai e mãe, e se unirá à sua mulher" (Mt 19.5). Deste modo, a legitimidade cristã para a satisfação dos apetites sexuais entre um homem e uma mulher restringe-se ao casamento monogâmico heterossexual (1Co 7.9). Toda prática sexual realizada fora destes moldes constitui-se em sexo ilícito.
A reforma Protestante inseriu novamente a sexualidade como dom concedido por Deus ao ser humano, e resgatou o casamento, não apenas como metáfora teórica da relação entre Cristo e a Igreja, mas como experiência abençoada por Deus e destinada a todos os que a desejassem. A sexualidade vivida dentro do casamento é complementar à Espiritualidade – isso porque, para o cristão, não existe o sagrado e o profano, mas tudo deve ser feito para a máxima glória de Deus. “Donald Goergen afirma que sexualidade e espiritualidade não são inimigas, mas amigas” (DSP, p.99). De fato não podemos separar os dois temas, a beleza da sexualidade só poderá ser percebida de verdade se houver também espiritualidade.
Em 1º Coríntios 7 Paulo responde às perguntas feitas pelos crentes daquela Igreja a respeito da vida conjugal. O compromisso do casamento importa em cada cônjuge abrir mão do direito exclusivo ao seu próprio corpo e conceder esse direito ao outro cônjuge. Isso significa que nenhum dos cônjuges deve deixar de atender os desejos sexuais normais do outro. Tais desejos, dentro do casamento são naturais e providos por Deus, e evadir-se da responsabilidade de satisfazer as necessidades maritais do outro cônjuge é expor o casamento às tentações de Satanás no campo do adultério (v. 5). O casamento é uma barreira para a onda de fornicação (relações sexuais fora do casamento).
Menos de 5 anos depois, por volta do ano 55, Paulo afirma categoricamente “à igreja de Deus que está em Corinto” que “nem imorais [ou libertinos, ou impudicos, ou devassos] nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos [ou efeminados, como está na EP, CNBB e TEB, ou depravados, como está na BJ] ou “ativos” [ou sodomitas, como está na ERA, CNBB e EP, ou pederastas, como está na TEB ou “pessoas de costumes infames”, como está na BJ], nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus” (1 Co 6.9,10, NVI). Pouco mais adiante, no mesmo capítulo, aconselha-os: “Fujam da imoralidade sexual” (6.18, NVI). A ordem é fugir do “pecado sexual”, ou da “devassidão”, ou da “prostituição”, ou da “fornicação”, como querem outras versões, e não se aproximar dela ou deixar que ela se aproxime deles, porque “o nosso corpo não existe para praticar a imoralidade, mas para servir ao Senhor” (6.13, NTLH). Além do mais, Paulo quer que os coríntios saibam que o corpo deles “é o santuário do Espírito Santo” (6.19). Porque a cultura de Corinto era acentuadamente libidinosa, é nesta epístola que Paulo mais fala sobre as distorções sexuais. Noutra exortação, por exemplo, ele tenta criar neles o temor do Senhor nessa área: “Não pratiquemos imoralidade, como alguns deles fizeram — e num só dia morreram vinte e três mil” (10.8). O apóstolo se reporta à imoralidade sexual cometida ostensivamente pelos israelitas na travessia do deserto, quando as moabitas se ofereceram a eles (Nm 25)”. (Relações sexuais fora da lei. Disponível em:http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/284/relacoes-sexuais-fora-da-lei. Acesso em: 14 Maio, 2018)

2. O casamento e o leito sem mácula. As Escrituras ensinam que o casamento é digno de honra (Hb 13.4) e que a união conjugal deve ser respeitada por todos (Mt 19.6). O leito conjugal não pode ser maculado por ninguém. Quem o desonrar não escapará do juízo divino (Hb 13.4b). Aqui a desonra refere-se ao uso do corpo para práticas sexuais ilícitas com ênfase nos casos de relações extraconjugais (1Co 6.10). Inclui também as relações conjugais resultante de divórcios e de segundo casamentos antibíblicos (Mt 19.9). Embora, muitas vezes, os imorais escapem da reprovação humana, não poderão fugir da ira divina (Na 1.3). A práxis da sociedade e a condescendência de muitas igrejas não invalidam a Palavra de Deus.
Paulo honrou com excelência o matrimônio quando o comparou ao relacionamento entre Cristo e a igreja (Ef 5.22-33). Ele não só cita o texto de Gênesis 2.24, mas adiciona: “Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja” (Ef 5.32). Fica claro que há uma ligação muito íntima e espiritual entre o relacionamento do homem e da mulher com o relacionamento da igreja com Cristo. Não poderia deixar de citar o fato de Paulo ter indicado o celibato (1Co 7.1,8), porém, no mesmo capítulo 7 de Coríntios, ele se preocupou em reafirmar o valor do casamento nos padrões bíblicos. (ULTIMATO).
Leito sem mácula é leito sem mancha, sem contaminação, sem infâmia. As relações sexuais fora do casamento nunca foram aceitas, quer em Israel, quer na Igreja Primitiva, a julgar pela quantidade de leis contra a fornicação e a impureza sexual e pelas leis e exemplos que fortalecem o casamento como instituição para o povo de Deus em todas as épocas. Em Hb 13.14, o autor fala basicamente, sobre sexo. Temos uma clara ordem para honrarmos dois ambientes sexuais intercambiáveis: o matrimônio e o leito sem mácula. Deus julgará os que vivem uma sexualidade oposta ao que deveria ser honrado, ou seja, os que vivem em prostituição e os que vivem em adultério. Podemos perceber, sem muito esforço, que matrimônio é contrastado com prostituição e leito sem mácula, com adultério.
Deus criou o homem (macho) e, posteriormente, a mulher com a finalidade de uni-los, tor­nando-os “uma só carne”. Gênesis 2.24 “enfatiza a completa identificação das duas personalidades no casamento. A passagem nos diz que Deus instituiu o casamento e que este deve ser monogâ­mico e heterossexual, a união completa entre duas pessoas (homem e mulher)” (Charles C. Ryrie, A Bíblia Anotada e Expandida, Editora Mundo Cristão, p.10). Deus reafirma esse padrão em Marcos 10.7-9 e Efésios 5.31. Notem também em 1Coríntios 7.2 a ênfase que Paulo apresenta: “Cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido”. Deus efetivamente excluía a poligamia de qualquer tipo que fosse. A afirmação de Paulo também implica que, uma vez con­sumado o casamento, a união é permanente até que a morte os separe (1Co 7.39-40; Mc 10.7-9).” (Sexualidade e Espiritualidade. Disponível em:http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/vida-crista/sexualidade-e-espiritualidade/. Acesso em: 14 Maio, 2018).

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

“A intimidade sexual é limitada ao matrimônio. Somente nesta condição ela é aceita e abençoada por Deus. Mediante o casamento, marido e mulher tornam-se uma só carne, segundo a vontade de Deus. Os prazeres físicos e emocionais normais, decorrentes do relacionamento conjugal fiel, são ordenados por Deus e por Ele honrados.
O adultério, a fornicação, o homossexualismo, os desejos impuros e as paixões degradantes são pecados graves aos olhos de Deus por serem transgressões da lei do amor e profanação do relacionamento conjugal. Tais pecados são severamente condenados nas Escrituras e colocam o culpado fora do reino de Deus.
Imoralidade e a impureza sexual não somente incluem o ato sexual ilícito, mas também qualquer prática sexual contra outra pessoa que não seja seu cônjuge” (Bíblia de Estudo Pentecostal. 1. ed. RJ: CPAD, 1995, p.1921).

CONCLUSÃO

O sexo e a sexualidade são atos da criação divina e não podem ser tratados como algo pecaminoso e nem como mero elemento de procriação ou fonte de prazer. Cabe ao cristão cumprir o propósito estabelecido por Deus para a sexualidade (Gn 2.24). O desvirtuamento desse padrão implicará punição aos que praticam a imoralidade (Hb 13.4). Portanto, vivamos para a glória de Deus! 
Sexualidade faz parte do projeto de Deus, e o sexo é bênção de Deus no casamento, expres­são de amor e forma de comunicação – ambos se tornaram uma só carne (Mc 10.8). O que Deus projetou para o homem (Gn 2.24) cumpre-lhe obedecer. O padrão de Deus determina caráter santo e piedoso. O rompimento desse padrão implica punição (Rm 1.26-27). Seja com relação ao ato sexual, ou outra área da vida, melhor é obedecer a Deus que seguir as práticas do mundo (1Jo 2.15-17). Toda atitude sexual que ocorre fora do casamento é considerado como um ato de prostituição. As Escrituras ordenam: “Fugi da prostituição”, e completa: “Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo” (1 Co 6:18). Fuja de toda atitude prostituta, fuja de todo ato sexual que acontece fora do matrimônio.

“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16)

Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

sexta-feira, 11 de maio de 2018

LIÇÃO 7: ÉTICA CRISTÃ E DOAÇÃO DE ÓRGÃOS


 

SUBSÍDIO I

Ética Cristã e doação de órgãos

O tema desta semana traz um assunto que podemos considerar um exemplo das implicações éticas para questões mais tensas da vida. Doar órgãos traz implicações éticas inimagináveis. Por causa dos dogmas religiosos, ou da moral pré-estabelecida no inconsciente do indivíduo, pessoas doarão sangue ou órgãos, ou não, e admitirão que uma vida tenha a chance de salvar-se, ou não.
A partir de um exemplo extremo poderíamos confabular o seguinte: se num mar você visse uma pessoa se afogando, o que faria? Se você soubesse nadar, espera-se que resgatasse a pessoa segundo sua capacidade de salvá-la; se você não soubesse nadar, por certo buscaria a ajuda dos salva-vidas. Inadmissível seria vir a pessoa afogando-se e não se fizesse nada para salvá-la. A questão da doação de órgãos é um imperativo ético. Nas desumanas filas de esperas, encontram-se inúmeras pessoas que não perderam a esperança de que o seu “salva-vidas” apareça. Só quem passou sabe a dimensão da dor e do desespero desse drama. É uma situação dramática!
Caro professor, prezada professora, que tal abrir a aula desta semana com um belíssimo texto do pastor Claudionor de Andrade, atual Consultor Teológico da CPAD, uma “experiência viva” do assunto que estamos estudando? “No dia 24 de maio de 2009, fui submetido a um transplante de fígado. Terminada a cirurgia, e já na UTI, busquei saber quem era o meu doador. Vendo-me a ansiedade, o chefe da equipe cirúrgica explicou-me que faz parte do protocolo não revelar ao receptor a identidade do doador. Pelo menos, foi o que entendi. Naquele momento, restava-me agradecer a Deus. Faltando-me palavra, orei pela família que, anônima e abnegada, permitiu que os órgãos de seu ente querido viessem a salvar não apenas a mim, mas também outras pessoas igualmente graves e crônicas. Sua decisão não deve ter sido fácil, mas desabrochou amorosa e cristã. Até hoje, desconheço quem foi a pessoa, cuja morte trouxe-me uma segunda chance de vida. Negra? Branca? Não importa. O amor transcende etnias, línguas e fronteiras. Somos todos filhos de Adão e Eva. E, nessa condição, não devemos ignorar nossos laços e dependências. Todos precisamos uns dos outros. Ninguém consegue viver ilhado. O coração do negro bate no peito do branco. E, no peito árabe, pulsa um coração judeu. O transplante de órgãos é capaz de operar semelhantes milagres” (As Novas Fronteiras da Ética Cristã. CPAD, pp.121,22). 

Revista Ensinador Cristão, ano 19 – nº 74, p. 39. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.


SUBSÍDIO II

ÉTICA CRISTÃ E DOAÇÃO DE ÓRGÃOS

O Brasil possui o maior sistema público de transplantes do mundo. São mais de 20 mil cirurgias por ano e cerca de 90% desses transplantes são financiados pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Embora os índices sejam promissores, o número de carências também cresceu. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem 64 mil pacientes na fila de espera por um transplante de órgãos, e as maiores listas de espera aguardam doações de rim, fígado e pâncreas.
Por meio de vários esforços envolvendo o Ministério da Saúde, cirurgiões, psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais, religiosos, famílias e a imprensa, o Brasil é o quarto país do mundo em número de doadores de órgãos. Contudo, o Brasil precisa avançar mais, especialmente diminuindo a taxa de recusa das famílias em relação à doação de órgãos. Muitas famílias ainda rejeitam a doação por dilemas éticos e falta de informação. Nossa taxa de aceitação familiar, em 2016, chegou a 57%, mas ainda é pouco diante da urgente e imprescindível necessidade de zerar a fila de espera.

O transplante de órgão

A doação de órgãos engloba basicamente a técnica de transplante e as pesquisas com células-tronco adultas e embrionárias. O termo transplante é empregado no sentido de retirada ou remoção de órgãos, tecidos ou partes do corpo de um ser, vivo ou morto, para aproveitamento com finalidade terapêutica, ou seja, o tratamento de doenças com a finalidade de conseguir curar, tratar ou minimizar os sintomas. O gesto altruísta de doar órgãos retrata a essência do cristianismo.
O transplante é um procedimento cirúrgico que remove um órgão enfermo do corpo humano para ser substituído por outro saudável. Em muitos casos, o transplante tem sido a única alternativa da medicina para a cura de pacientes com determinadas doenças terminais. 

Tipos de transplantes

De acordo com o Ministério da Saúde, podem ser transplantados órgãos como o coração, o fígado, o pâncreas, os rins, os pulmões, medula óssea, tecidos e outros. O tipo mais comum de transplante é a transfusão de sangue, que acontece por meio da doação entre pessoas vivas (intervivos). Os demais transplantes intervivos são permitidos em caso de órgãos duplos (rins e pulmões), órgãos regeneráveis (fígado) ou tecidos (pele, medula óssea).

O conceito de doação na Bíblia

O ensino registrado nas Escrituras assevera que “mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (At 20.35). Denota um ato voluntário de prover o bem-estar do próximo. Trata-se de uma ação desprovida de qualquer interesse de ordem pessoal. A excelência da doação repousa na disposição de renunciar e até de se sacrificar e sofrer com base no amor pelos outros (Rm 5.8). Doar ao necessitado é uma forma de colocar a fé em prática (Tg 2.14-17). E ainda, a reciprocidade está presente no gesto de doar. Foi o Senhor Jesus que assegurou: “Dai, e ser-vos-á dado” (Lc 6.38a).

Doar órgãos é um ato de amor

O genuíno e excelso sentimento de amor constrange o cristão para ser doador de órgãos e tecidos. O Senhor Jesus ensinou e propagou o amor que deve existir entre os seres humanos. O amor cristão deve ser expresso por meio de atitudes e obras (1 Jo 3.17,18). Esse amor não se restringe apenas às pessoas com as quais nos relacionamos ou que queremos bem (Mt 5.46). Somos exortados a amar os desconhecidos (Mt 5.47) e inclusive aqueles que nos maltratam (Mt 5.44).

Pr. Douglas Baptista


COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem 64 mil pacientes na fila de espera por um transplante de órgãos. Dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) mostram que 2.333 pessoas morreram à espera de um transplante no ano de 2015. Muitas famílias ainda rejeitam a doação por dilemas éticos e por falta de informação. Nesta lição, veremos os pontos mais relevantes desta importante questão e concluiremos que doar é uma expressão do amor cristão (1Jo 3.16).
A doação de órgãos é a concordância expressa, ou presumida, por parte de uma pessoa, consentindo que seus órgãos sejam retirados após sua morte para serem aproveitados por pessoas portadoras de doenças crônicas, visando aumentar-lhes sua sobrevida. A conclusão desta lição é clara: a doação de órgãos humanos é um ato de amor e de solidariedade. O verdadeiro cristão precisa atentar aqui para a sua consciência, que deve estar sempre alinhada aos parâmetros bíblicos para que possa atuar segundo a reta justiça. Considerando, ainda, o texto de João 15.13, dar a vida pelos amigos é considerado o maior amor que há na terra, mas será que estamos cumprindo os ensinamentos da palavra de Deus: “Já que tendes purificado as vossas almas na obediência à verdade, que leva ao amor fraternal não fingido, de coração amai-vos ardentemente uns aos outros” (1Pe 1.22).

I. DOAÇÃO DE ÓRGÃOS: CONCEITO GERAL  

A doação de órgãos engloba basicamente a técnica de transplante e as pesquisas com células-tronco adultas e embrionárias.

1. Definição de transplante. O transplante é um procedimento cirúrgico que consiste na remoção de um órgão enfermo do corpo humano para ser substituído por outro saudável. Em muitos casos, o transplante é a única alternativa da medicina para a cura de pacientes com determinadas doenças terminais. Podem ser transplantados órgãos como o coração, o fígado, o pâncreas, os rins, os pulmões, os tecidos e outros. O tipo mais comum de transplante é o da transfusão de sangue. Existe também o transplante de células-tronco que são encontradas, principalmente, na medula óssea, placenta e cordão umbilical. O transplante de células-tronco adultas pode ser realizado entre pessoas vivas e, portanto, não apresenta problemas éticos. Como a Bíblia ensina que a vida tem início na fecundação (Jr 1.5), a ética cristã desaprova o uso das células-tronco embrionárias, pois este procedimento interrompe vida do embrião.
Transposição de órgãos, tecidos ou células de um ser (doador) para outro (receptor). Podem ser transplantados pele, osso, cartilagem, veias, córneas, pulmão, coração, fígado, pâncreas, rim, intestino, medula óssea, células do fígado e células do pâncreas produtoras de insulina. O transplante é indicado nos casos de falência desses órgãos, tecidos e células, quando não há a possibilidade de recuperação de suas funções com outros recursos. Legalmente, a Constituição Federal Brasileira afirma o direito à vida, e a Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, institui a legalidade sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento, caso seja de livre vontade e autorizada pelo doador ou seu familiar responsável. O principal problema hoje é a desproporção entre o número de transplantes necessários e o de doadores disponíveis. Em virtude de melhores resultados alcançados, ampliaram-se as indicações dos transplantes e, com elas, ampliou-se, também, o número de pacientes em lista de espera. Por outro lado, o desenvolvimento tecnológico e o das medidas de segurança contra acidentes levaram à redução do número de doadores mortos. No Brasil, a Lei dos Transplantes, que entrou em vigor em 1998, estabelece que todo indivíduo com morte cerebral é doador de órgãos, a menos que em vida tenha incluído o aviso de "não doador" em sua carteira de identidade. A idéia é reduzir a espera por órgãos.
Órgãos, tecidos e partes do corpo humano podem ser doados para beneficiar a saúde de outra pessoa, desde que não cause prejuízo ao organismo do doador. O transplante é o procedimento cirúrgico de retirada do órgão ou tecido de um indivíduo, pode ser realizado em uma pessoa em vida ou morta, para colocar em outro ser humano que necessite dessa doação para viver. Dados divulgados pelo Ministério da Saúde indicou que em 2016 o Brasil registrou o maior número de doação de órgãos dos últimos anos, no total foram 2.983 doadores, um crescimento de 5% em relação a 2015. Há muitos mitos que permeiam no senso comum das pessoas que precisam ser desmistificados. Para isso, aumenta a necessidade de conhecimento da lei de doação de órgãos e tecidos pelos profissionais da saúde e equipe hospitalar. [...] Onde é permitido realizar o transplante de órgãos? O artigo 2º da Lei nº 9.434 autoriza a realização do transplante de órgãos somente em estabelecimentos de saúde e médico-cirúrgicas de remoção e transplante permitidos pelo órgão de gestão nacional do Sistema Único de Saúde (SUS). Qualquer pessoa tem o direito de atendimento pelo SUS. Além disso, a doação só poderá ser autorizada após a realização de exames e testes para diagnóstico de infecção e infestação no doador.” (Conheça a lei sobre transplantes e doações de órgãos. Disponível em: https://blog.ipog.edu.br/gestao-e-negocios/transplantes-e-doacoes-de-orgaos/ Acesso: em: 06 Maio, 2018)
A problemática quanto a utilização de células-tronco para transplante reside no fato de que os melhores resultados destas pesquisas são obtidos a partir de célula-tronco embrionárias e não de células-tronco adultas. Célula-tronco embrionárias só podem ser obtidas mediante manipulação de embriões, obtidos mediante a fecundação “in vitro”, e destinados a implantação em vista da gestação. Como nem todos são implantados, prevê-se o seu congelamento, mas não sua destruição. Agora se pretende utilizá-los, após três anos, para pesquisa, para isso, é necessário desprezar o embrião, mas isto constitui-se em eliminar uma vida, já que para os cristãos, a vida se inicia na fecundação (Jr 1.5). Com base nisto, cientistas movidos pela visão naturalista tem encontrado barreiras na tradição judaico-cristã conservadora, a qual tem lutado contra a pesquisa com células-tronco embrionárias.
Células-tronco são células primitivas do organismo que tem poder de se replicar em sua forma primitiva ou de se diferenciar em tipos específicos de células, gerando tecidos dos mais variados. Quando ocorre a fecundação, aquela única célula constituinte do novo indivíduo, denominada célula-ovo, passa a sofrer múltiplas divisões, até que o embrião passe a apresentar uma forma de blastocisto, apresentando uma massa de células primitivas; é a partir destas células que todos os demais tecidos se desenvolverão. Estas células recebem a nomenclatura de células-tronco por tal motivo[...] A partir deste pool de células-tronco é que o organismo desenvolverá seus folhetos embrionários: ectoderme, mesoderme e endoderme. Nestes folhetos ocorrerá a divisão e a especificação de cada órgão, a partir da diferenciação celular das células-tronco. De uma maneira simplificada, células-tronco” (O Cristão e a questão das células-tronco. Disponível em:https://farescamurcafurtado.wordpress.com/2017/06/07/o-cristao-e-a-questao-das-celulas-tronco/. Acesso em: 06 Maio, 2018)

2. O conceito de doação na Bíblia. O ensino registrado nas Escrituras assevera que "mais bem-aventurada coisa é dar do que receber" (At 20.35). Isso que denota um ato voluntário de prover o bem-estar do próximo. Trata-se de uma ação desprovida de interesse de ordem pessoal. A pobre viúva doou na casa do Senhor todo o sustento que tinha (Mc 12.43,44).
Barnabé - o filho da consolação- sem pretensão alguma, vendeu uma propriedade e fez doação da venda à igreja (At 4.36,37).
A excelência da doação repousa na disposição de renunciar, e até de se sacrificar e sofrer, com base no amor pelos outros (Rm 5.8). Doar ao necessitado é uma forma de colocar a fé em prática (Tg 2.14-17). E ainda, a reciprocidade está presente no gesto de doar, pois foi o Senhor Jesus que assegurou: "dai, e ser-vos-á dado" (Lc 6.38a).
De modo geral, podemos dizer que não há nenhum texto bíblico que proíba ou que permita doação de órgãos humanos, uma vez que a prática era totalmente desconhecida nos tempos bíblicos. Se um pai tem um filho que sofre de problema cardíaco-crônico, irreversível, a quem os médicos dão poucas chances de sobrevida, certamente deseja ansiosamente que os médicos encontrem um coração de alguém, que dê esperanças de sobrevida ao doente. Isso se enquadra no que a Bíblia diz em Mateus 7.12: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas”. Salvar a vida de alguém é sem dúvida, uma demonstração de elevado sentido espiritual e moral. Nosso Senhor Jesus Cristo não apenas doou alguns órgãos por nós, mas derramou toda a sua vida em nosso lugar, na cruz ensangüentada. Ele doou de corpo e alma, para que não morrêssemos. João nos exorta: “Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos. Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus?” (1Jo 3.16,17). Nesse texto, vemos o apóstolo do amor ensinar que devemos “dar a vida pelos irmãos” e que os proprietários de “bens” no mundo que fecham o coração para os irmãos necessitados não têm a caridade de Deus. Podemos entender que um órgão a ser doado é um “bem” do mais alto valor para a salvação da vida orgânica de um doente.
Deus é soberano e pode fazer de nós e conosco o que Ele quer. Assim, se Ele nos permite adoecer, é plano dEle. Ele nos fez, Ele é dono de nossas vidas. Como disse Jó, a respeito da perda de seus filhos e de seus bens: "O Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor" (Jó 1.21b). Todavia, a soberania de Deus não se aplica ao campo do livre arbítrio do ser humano, Assim, mesmo a despeito da soberania de Deus, entendemos que o ser humano pode dispor do seu corpo, de partes dele, e até da sua própria alma quando, por não querer aceitar a Cristo como salvador, determina o destino dela para a perdição (João 3.16-19).” (A doação de órgãos como expressão de amor. Disponível em:http://www.estudosgospel.com.br/estudo-biblico-polemico-dificil/a-doacao-de-orgaos-e-a-teologia.html. Acesso em: 6 Maio, 2018)

3. A doação de si mesmo: pertencemos a Deus. Diante de tantas bênçãos recebidas e com o sentimento de gratidão, o salmista pergunta para si mesmo: "Que darei eu ao SENHOR por todos os benefícios que me tem feito?" (SI 116.12). Ciente de que a essência de adorar a Deus é entregar-se a Ele, o salmista responde para si mesmo: "tomarei o cálice da Salvação" (116.13). Esta expressão implica renúncia total ao mundo, à concupiscência e aos desejos da carne (1Jo 2.15-17). O Senhor Jesus ensinou que os verdadeiros discípulos devem negar a si mesmo (Lc 9.23). Esse é o compromisso de não seguirmos a forma mundana de viver (Rm 12.1,2), mas como servo obediente em priorizar o Reino de Deus (Mt 6.33), viver afastado do pecado e ser santo em toda a maneira de viver (1Pe 1.14-16).
A compaixão é uma expressão forte, pessoal, evangélica. Requer envolvimento, participação, solidariedade. Jesus compadeceu-se da multidão faminta e providenciou-lhes alimento. Compaixão é a virtude que nos permite entrar e participar da dor e da necessidade dos outros. É também a capacidade de preservar nossa humanidade – na medida em que entramos e participamos da vida do outro, com suas limitações, lutas, ambiguidades e sofrimentos, percebemos que não somos diferentes. Por outro lado, a sociedade em que vivemos estimula mais a competição do que a compaixão, intensificando o abismo entre os seres humanos. Na medida em que precisamos nos mostrar melhores, mais competentes, eficientes e fortes do que os outros, nos afastamos deles e, ao invés de olhar para o próximo como alguém semelhante a nós, vemo-lo com desconfiança, cinismo e medo. (Monergismo)
Muitas coisas estão postas para nós na Palavra de Deus, expressamente. Ademais, no Novo Testamento, há muitas declarações sobre o que o cristão pode e não pode fazer. No entanto, não encontramos na palavra de Deus nada que proíba ou que permita ao cristão dispor do seu corpo. É bem verdade que o apóstolo Paulo, em Gal. 4.15, fala que os gálatas, se possível fora, arrancariam os seus próprios olhos e lhos dariam. Isso, talvez por algum tipo de problema oftalmológico que incomodava o apóstolo e que era do conhecimento dos gálatas (Gal.6.11). Mas, o texto representa uma hipótese impossível para aquele tempo, o que deve ser entendido como uma metáfora. Portanto, como se diz em Direito: "Se não há lei, não há crime"” (A doação de órgãos como expressão de amor. Disponível em:http://www.estudosgospel.com.br/estudo-biblico-polemico-dificil/a-doacao-de-orgaos-e-a-teologia.html. Acesso em: 6 Maio, 2018)
A Moral Cristã. Isto quer dizer: aquele conjunto de regras válidas para a conduta de um cristão, levando-se em conta a natureza da fé e os alvos mais elevados da vida espiritual. Ora, aqui, o espírito altruísta do cristianismo, a começar com o Senhor Jesus Cristo, que deu Sua própria vida por nós, é aceitável a atitude de alguém doar do que tem e que não lhe servirá mais, para favorecer a outrem que ainda precisa daquele bem para prosseguir, um pouco mais, na jornada da sua existência. Portanto, a moral cristã, salvo melhor juízo, favorece a doação de órgãos do corpo humano para transplante.” (LIÇÃO 10 - O CRISTÃO E A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS DO CORPO - 08/09/2002. Disponível em:https://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique/licao10eticaedoacaoorgaos.htm. Acesso em: 6 Maio, 2018)

SUBSÍDIO LEXICOGRÁFICO
                               
“1. Transplante. O transplante de órgãos e tecidos é uma ciência médica, que consiste na remoção de um órgão enfermo e em sua substituição por outro que, na maioria das vezes, procede de um cadáver. No caso dos rins e do fígado, a doação e a recepção podem ocorrer inter vivos.
Transplantam-se órgãos inteiros, como o coração, ou partes de um órgão, como o fígado. Transplanta-se também pele, visando a recuperação de áreas atingidas por queimaduras graves.
[...] 2. Xenotransplante. Além da transplantação clássica, há outras que se encontram em fase experimental como, por exemplo, o xenotransplante: o enxerto de órgãos animais em seres humanos. A essa transplantação dá-se o nome também de heteróloga. [...] Trata-se de um tema bastante delicado e que vem sendo discutido com muita expectativa e interrogações” (ANDRADE, Claudionor de. As Novas Fronteiras da Ética Cristã. 1. ed. RJ: CPAD, 2017, pp.122,23).

II. EXEMPLOS DE DOAÇÃO NA BÍBLIA

1. O exemplo dos gálatas. A igreja na Galácia foi fundada por Paulo, quando este empreendeu sua primeira viagem missionária (47-48 d.C). Na ocasião o apóstolo sofria de uma enfermidade não especificada na Bíblia (2 Co 12.7). Ele escreve que orou a Deus três vezes para ser curado, mas o Senhor lhe respondeu: "a minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza" (2 Co 12.9a). Ao evangelizar na região da Galácia, Paulo deixou indícios de ter sentido os efeitos da doença em sua carne (Gl 4.13) e salienta que os gálatas não o desprezaram nem o rejeitaram (Gl 4.14).
Conjectura-se por meio desta passagem que a enfermidade de Paulo era nos olhos, ou que a doença lhe afetava a visão (Gl 6.11). Indiscutível é que para expressar o amor dos irmãos, ainda que de modo metafórico, o apóstolo fala do sentimento altruísta dos gálatas, que se possível fora, arrancariam os próprios olhos e os doariam no intuito de amenizar o sofrimento de Paulo (Gl 4.15).
A enfermidade contraída por Paulo é uma questão já muito debatida pelos estudiosos da Bíblia Sagrada, sem encontrar explicações. Como aqui o comentarista argumentou que fosse uma doença nos olhos, outros já disseram se tratar de malária, e outros, ainda, afirmam se tratar da perseguição que o apóstolo sofria por parte dos seus adversários, e esta última eu percebo como mais plausível, considerando o fato de que Paulo escreveu espinho na carne em contexto de perseguições vindas dos adversários. Em toda esta busca pela natureza do espinho, vale a afirmativa de Lutero: “o que as escrituras não afirmam com clareza, não devemos afirmar com certeza”. Esta conjectura feita pelo comentarista não faz muito sentido, pelo que o texto faz uso de uma figura de linguagem para descrever o desprendimento dos gálatas em socorrer o apóstolo – não havia a ideia de transplante de órgãos.
No tocante à doação de órgãos, o texto não faz referência, mas metaforicamente nos fala de sentimento altruísta, amor e de solidariedade. O verdadeiro cristão precisa atentar aqui para a sua consciência, que deve estar sempre alinhada aos parâmetros bíblicos para que possa atuar segundo a reta justiça. Note que o crente fiel que está na vontade do Senhor, ativo no serviço cristão, etc., não é imune a doenças, dores físicas ou fraquezas; mas Paulo encontrou irmãos que o amavam tanto que se naquele tempo existisse transplante de córneas certamente aqueles irmãos doariam em vida os seus olhos por amor ao irmão Paulo.

2. O desprendimento de Paulo. O apóstolo dos gentios é um excepcional exemplo de doação em prol do Reino de Deus. Transbordando de amor, ele escreveu aos Coríntios: "eu, de muito boa vontade, gastarei e me deixarei gastar pelas vossas almas (2 Co 12.15). Ao retornar da terceira viagem missionária em direção a Jerusalém, o apóstolo discursou aos anciãos de Éfeso: "Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus" (At 20.24). Dias depois, ao chegar em Cesareia (At 21.8), Paulo recebeu uma revelação acerca do perigo que corria em Jerusalém (At 21.10,11). Tendo sido persuadido pelos irmãos a recuar (At 21.12), o apóstolo constrangido declarou estar disposto não apenas a sofrer, "mas ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus" (At 21.13). O desprendimento paulino é uma ação digna de ser imitada pelos seguidores de Cristo (1Co 11.1).
O apóstolo dos gentios é um excepcional exemplo de doação em prol do reino de Deus, e ele mesmo recomenda: “sede meus imitadores, como eu também de Cristo” (1Co 11.1). Aliás, a recomendação aqui é que sejamos imitadores de Cristo, que é o significado do termo “cristão” (At 11.26), e isso implica em imitar a Cristo a ponto de ser confundido com Ele (1Jo 2.6), ainda mais se considerarmos que Cristo nos determinou seguir a regra áurea “...tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós” (Mt 7.12). Nossa entrega pelo Reino de Deus envolve amor à Deus e ao próximo; nesse sentido, o desprendimento de Paulo é exemplo válido, pois são ações altruístas carregadas de amor, zelo e dedicação para com o próximo.

3. A doação suprema de Cristo. Seguramente a morte vicária de Cristo é o maior e incontestável gesto de amor e de doação imensurável em favor do ser humano. Quando entregou sua vida por nós, pecadores. Ele afirmou que o fez voluntariamente: "ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou" (Jo 10.18). As Escrituras afirmam que essa doação estava fundamentada exclusivamente no amor, uma vez que "Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores" (Rm 5.8). Foi por intermédio do sacrifício de Cristo, e de sua vitória sobre a morte, que fomos resgatados de nossa vã maneira de viver (1Pe 1.18-21).
Estamos acostumados a ver a morte de Jesus como resultado de dois julgamentos fraudulentos, um religioso por parte dos judeus e um político por parte de Roma, ambos culminando com a condenação à morte, e como esta foi executada por Roma, morte de cruz. Mas vale salientar que Jesus foi para a cruz não como consequência da inveja dos judeus, não pela traição de Judas ou pela covardia de Pilatos. A cruz foi resultado do amor do Pai; só houve o evento da cruz porque Cristo, voluntariamente, se entregou por amor, não levando em conta a ignomínia da cruz pela alegria que lhe estava proposta, a alegria de conquistar-nos com seu amor e salvar-nos por sua graça.
O amor de Deus é eterno, imutável e incondicional. Deus não escreveu em letras de fogo, nas nuvens, seu amor por você, mas esculpiu esse amor na cruz de seu Filho. Deus amou você a ponto de dar seu Filho unigênito para morrer em seu lugar. Deus prova o seu próprio amor por você pelo fato de ter Cristo morrido em seu lugar, sendo você ímpio, fraco, pecador e inimigo. O amor não consiste no fato de você amar a Deus, mas de Deus ter amado você e enviado seu Filho como propiciação pelos seus pecados. Deus não poupou seu próprio Filho, antes, por você o entregou. Entregou-o para esvaziar-se. Entregou-o para ser humilhado. Entregou-o para ser cuspido pelos homens e pregado numa rude cruz. Não foi a cruz que gerou o amor de Deus por você, mas foi o amor de Deus que providenciou a cruz. Jesus morreu na cruz não para despertar o amor de Deus por você; Jesus morreu na cruz para revelar o amor de Deus por você. A cruz não é a causa do amor de Deus por você; é o resultado desse amor. A cruz de Cristo é a prova mais vívida de que Deus se importa com você e está determinado a salvar sua vida. Você não precisa buscar mais evidências do amor de Deus por você; ele já provou esse amor, em grau superlativo. O amor de Deus por você é abundante, maiúsculo e eterno”. (Fonte: Devocionário Cada Dia - Hernandes Dias Lopes)
SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“Infantilismos teológicos. Há crentes que não se dispõem a doar seus órgãos, por temerem ficar incompletos quando do arrebatamento da igreja. Afinal, como entrarão na Jerusalém Celeste sem o coração? Ou sem os pulmões? Ou, então, desprovidos de rins? Na vida futura, todavia, não precisaremos de tais órgãos. Quando todas as coisas se consumarem, nem das gônadas sentiremos falta, conforme sublinha o próprio Cristo: ‘Pois, quando ressuscitarem de entre os mortos, nem casarão, nem se darão em casamento; porém, são como os anjos nos céus’ (Mc 12.25).
Na eternidade, todos seremos perfeitos, como perfeitos são os santos anjos. Por enquanto, necessitamos de órgãos, tecidos, ossos e sangue em virtude de nossa fisiologia. Esta, porém, é transitória. É o que o apóstolo Paulo deixa bem patente: ‘Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual’ (1Co 15.42-44).
Em vez de especularmos com assuntos tão sérios, exercitemos o amor cristão. Na vida eterna, não precisaremos mais de coração. Então, que este venha a pulsar noutro peito. Que nossos pulmões arfem noutro tórax. E que os rins que, hoje, nos filtram o sangue, venham a beneficiar os que se acham presos à máquina de hemodiálise” (ANDRADE, Claudionor de. As Novas Fronteiras da Ética Cristã. 1. ed. RJ: CPAD, 2017, pp.137).

III. DOAR ÓRGÃO É UM ATO DE AMOR

O genuíno e excelso sentimento de amor constrange o cristão para ser doador de órgãos e de tecidos humanos.

1. O princípio da empatia e da solidariedade. A empatia pode ser definida como a capacidade de sentir o que a outra pessoa está sentido, ou seja, a disposição de colocar-se no lugar do outro. Ser solidário implica apoiar e ajudar alguém num momento difícil. Cristo nos ensinou no Sermão do Monte: "tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós" (Mt 7.12). Quando o ser humano entende o altruísmo do auxílio mútuo, os argumentos contrários à doação de órgãos perdem o sentido e a razão.
O que poderíamos fazer a fim de minorar a dor e sofrimento alheio hoje? Minha resposta, sem dúvida, é: sentir empatia! E estes textos não deixam minha resposta vazia:
Alegrem-se com os que se alegram; chorem com os que choram” (Rm 12.15);]
Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo” (Ef 4.32);
Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; pois esta é a Lei e os Profetas” (Mt 7.12);
O meu mandamento é este: Amem-se uns aos outros como eu os amei” (Jo 15.12);
Quanto ao mais, tenham todos o mesmo modo de pensar, sejam compassivos, amem-se fraternalmente, sejam misericordiosos e humildes” (1Pd 3.8);
Lembrem-se dos que estão na prisão, como se aprisionados com eles; dos que estão sendo maltratados, como se fossem vocês mesmos que o estivessem sofrendo no corpo” (Hb 13.3), e
Portanto, como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou. Acima de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o elo perfeito” (Cl 3.12–14).
Com isso em mente, precisamos estar no lugar daqueles que estão numa fila de espera por transplante, que, além da barreira da especificidade da morte, precisam contar também com a solidariedade dos familiares, que são responsáveis pela decisão final pela doação.

2. O princípio do verdadeiro amor. Amar a Deus e ao próximo como a si mesmo é o resumo da lei de Deus (Mt 22.37-40). Cristo ensinou que não existe maior amor do que doar a sua vida ao próximo (Jo 15.13). O Salvador não doou apenas um ou outro órgão para salvar nossas vidas. Ele entregou a sua vida por inteiro para que não fôssemos condenados à morte eterna. João nos recorda esse ato e nos exorta a fazer o mesmo: "Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pêlos irmãos" (1Jo 3.16). Portanto, doar órgãos para salvar outras vidas é um sublime ato de amor.
A marca mais evidente de nossa época é o individualismo. Na verdade, o individualismo está presente em nossa sociedade desde a proposta feita a Adão e Eva pela serpente astuta: “É assim que Deus disse: Não comereis der toda árvore do jardim? (…) É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal” (Gn 3.1-5).” (ULTIMATO Online)
Por outro lado, o orgulho, a vaidade, a autossuficiência, todos derivados de um coração soberbo, são desastrosos, porque impedem, dentre outras coisas, que busquemos ajuda tanto em Deus quanto nas pessoas ao nosso redor, como também, abre um abismo para a empatia. Nós nos consideramos tão autossuficientes, que não vemos no outro um ponto de apoio e refúgio nos momentos de necessidade. Quem comanda é o “eu”, o ego detém as razões e soluções.
A Palavra do Senhor nos ensina que a vida cristã não pode ser vivida isoladamente (Hb 10.25), pois somos uma família (Ef 2.19), escolhida antes da fundação do mundo (Ef 1.4) para viver em comunhão uns com os outros (At 2.42-47), com alegria e devoção e, especialmente, cuidando uns dos outros, pastoreando, aconselhando, admoestando e orando (Cl 3.16-17; Tg 5.16). A vida cristã precisa ser fundamentada no “eu preciso de você”. Devemos declarar uns aos outros a nossa incapacidade de lidar com os problemas, e reconhecer que somos devedores uns aos outros do amor com que somos amados pelo Senhor.” (ULTIMATO Online)
Somente o Espírito Santo é capaz de nos tornar empáticos e próximos, a ponto de se alegrar com os que se alegram e chorar com os que choram (Rm 12.9-21). Peter Beyerhaus afirmou:
A obra do Espírito Santo é tão corporativa como individual. Ele constrói a vida da igreja estabelecendo o elo místico entre Cristo, a cabeça, e a igreja, seu corpo. Mediante essa obra, a presença real do Senhor é sentida na adoração da congregação. Ele equipa a igreja para sua missão por meio de ministérios e serviços vocacionais. Como aquele que convence, ele abre o caminho para o mundo descrente. Os charismata, ou seja, dons espirituais complementares, unem todos os cristãos como membros de um só corpo para o serviço mútuo (1Co 12)” (Peter Beyerhaus, Dicionário de ética cristã, Carl Henry (org.), Editora Cultura Cristã).

SUBSÍDIO PEDAGÓGICO

Esta lição dá a você a oportunidade de fazer uma importante atividade prática. Proponha a classe a identificar irmãos na igreja que estejam precisando de doação de sangue ou de um órgão. Proponha que a classe organize um plano de ação para que o que estamos aprendendo na teoria seja colocado em prática. Nessa atividade você e sua classe podem ter uma grata surpresa: identificar pessoas, que você nem imaginava, que lutam contra uma enfermidade séria. É um exercício de amor olhar e socorrer pessoas que estão sofrendo bem perto de nós.

CONCLUSÃO

A doação de órgãos em vida, ou depois de morto, é um elevado gesto de amor. Esta ação em nada contraria os preceitos éticos ou bíblicos, exceto no caso de células-tronco embrionárias. Porém, ninguém deve ser forçado à prática de tão nobre gesto. O ser humano não pode ser "coisificado" e nem sua vontade pode ser desrespeitada. Doador e receptor expressam a imagem e a semelhança de Deus (Gn 1.26). 
Do que foi exposto nesta lição, entendemos que seja perfeitamente aceitável ao cristão a doação de órgãos, tecidos, aqueles que são possíveis em vida e todos aqueles que possam ser aproveitados após constatada a morte. Não precisamos temer qualquer implicação disso na ressurreição. Não há na Bíblia nada contrário à doação de órgãos, aliás, no Novo Testamento, temos justamente o ensino de Jesus quanto ao desprendimento para com a própria vida (e corpo), ao ponto de Ele próprio ter dado sua vida para nos salvar. Ou seja, sabemos que nossa vida não se limita a este corpo, e se for preciso até mesmo que um cristão morra para salvar seu semelhante, isso é visto como um ato de amor, não de desprezo para consigo mesmo.

“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16)

Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br