quinta-feira, 7 de setembro de 2017

LIÇÃO 11: A SEGUNDA VINDA DE CRISTO

 

SUBSÍDIO I

A DOUTRINA DA SEGUNDA VINDA DE CRISTO

1. Introdução

A nação brasileira nunca esteve mergulhada num vale de corrupção como se encontra hoje. As manchetes são vastas. A corrupção está entranhada nas esferas pública e privada. E as notícias do aumento da violência?! E o confronto entre as pessoas, o desejo de fazer “justiçamento” com as próprias mãos?! De um lado, um poder público acuado, atordoado; do outro, menores e adultos, agentes do crime galgando os “louros” para suas próprias vantagens. A sensação é de total insegurança: a polícia prende, mas a justiça solta. 
Há a agenda do doutrinamento do Homossexualismo na tentativa de promovê-lo à normalidade, como se a heterossexualidade fosse a exceção. Igualmente, a agenda da Ideologia de Gênero empurrada à força para dentro das escolas pelos intelectuais das secretarias estaduais e municipais de Educação ― e claro, sob a tutela do Ministério da Educação, o MEC. 
O mundo está perplexo com a crise dos refugiados na Síria, os desentendimentos diplomáticos entre EUA, Rússia, Israel, o caso Coreia do Norte e seu relacionamento com a China, Japão e Coreia do Sul, as ditaduras na América Latina, como a Venezuela. Cada vez mais os acordos diplomáticos são ignorados e o respeito aos pactos internacionais são completamente ignorados. Este é o quadro nada positivo do mundo hoje.
A Bíblia relata que nos dias de Ló e de Noé os acontecimentos estavam assim. Índices altíssimos de corrupção, a violência praticada em números desproporcionais, as ameaças contra os mais fracos e o predomínio da imoralidade naquelas sociedades. Como elemento surpresa, ambas as sociedades foram julgadas e destruídas pelos juízos de Deus. O Altíssimo é justo e o ato da sua justiça se mostra contra toda a injustiça. A primeira vinda de Jesus Cristo foi um “brado” da justiça de Deus contra a injustiça dos homens (Jo 1.4,5). Desde muito tempo, o ser humano se aprofunda em suas mazelas e pecados (Rm 1.18-32). A condenação injusta da pessoa de Jesus de Nazaré demonstra o quanto o ser humano é mau e capaz de cometer as maiores atrocidades ― principalmente em nome de Deus. Assim, haverá um dia em que o nosso Senhor julgará grandes e pequenos, ricos e pobres (Mt 25.31-46). O Filho retribuirá cada um conforme a verdade das suas ações. A Segunda Vinda de Jesus Cristo demonstrará a sua grandiosa justiça. Embora, ninguém saiba dia e hora.

2. O Arrebatamento da Igreja

Caro professor, prezada professora, a doutrina da Segunda Vinda do Senhor tem dois aspectos que precisam ser destacados: o secreto e o público. São duas as etapas que constituem a Segunda Vinda do Senhor. A primeira é visível somente para a Igreja, mas invisível ao mundo; a segunda etapa é visível a todas as pessoas, pois “todo olho verá”. 
O termo “arrebatamento” se origina da palavra grega harpagêsometha que significa “àquilo que é frequentemente chamado”. Refere-se à ideia de se encontrar com o Senhor para vê-lo como Ele é. A ideia de nos encontrarmos com o Senhor faz um paralelo com 1 Tessalonicenses 4.15, onde a palavra parousia aparece determinando os seguintes significados: “presença” e “vinda” do Senhor. Por isso, há algumas linhas de pensamentos distintas, em que outros irmãos em Cristo consideram que o Arrebatamento e a Vinda Gloriosa serão um só evento.

Múltiplas Correntes Escatológicas concernentes ao Arrebatamento

Pré-Milenismo:  O Pré-Milenismo está dividido em Histórico e Dispensasionalista. Dispensasionalismo está dividido em:
• Pré-Tribulacionista
• Meso-Tribulacionista
• Pós-Tribulacionista 

Amilenismo: O Amilenismo tem um entendimento de que na Segunda Vinda de Jesus, o Arrebatamento e a Parousia estarão conectadas, isto é, serão um só acontecimento, seguindo assim o Juízo Final.

Pós-Milenismo: Igualmente, o Pós-Milenismo entende que na Segunda Vinda de Jesus, o Arrebatamento e a Parousia estarão conectadas, isto é, serão um só evento, seguindo assim o Juízo Final.

As Assembleias de Deus no Brasil adotam a corrente Pré-Milenista-Dispensacionalista-Pré-Tribulacionista, onde o Arrebatamento da Igreja ocorrerá antes dos sete anos de Grande Tribulação.
Entretanto, o contexto do Arrebatamento como um acontecimento distinto à Vinda Gloriosa está nos escritos do apóstolo Paulo. Este tinha em mente o arrebatamento quando exortava os crentes do Novo Testamento a terem esperança: “nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1 Ts 4.17). Textos como Colossensses 3.4; Judas 14 dão conta dos crentes voltando com Cristo para julgar os ímpios após o Arrebatamento da Igreja.

3. O Tribunal de Cristo e os Galardões

“Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão” (1 Co 3.14). A doutrina do Tribunal de Cristo visa ensinar sobre como a Igreja prestará contas de tudo o quanto fez enquanto esteve presente no mundo. Ali, todas as obras se revelarão, desde as mais complexas às consideradas mais simples. Será um momento de julgamento divino acerca das ações e atitudes dos salvos em Cristo. Entretanto, é importante não confundir o Tribunal de Cristo com o julgamento do Trono Branco. Este será destinado aos ímpios que serão julgados no final do Milênio, e aquele se destina aos crentes vivos e mortos, que foram ressuscitados pelo Senhor no advento do Arrebatamento da Igreja, a fim de serem julgados e receberem cada um, conforme a verdade de suas ações, o seu galardão.
É importante ressaltar que no Tribunal de Cristo serão julgadas as obras dos crentes. Conquanto a salvação de Cristo seja pela graça mediante a fé, o galardão entregue a cada crente será distribuído mediante as obras. Neste aspecto, as obras do crente são essenciais para justificá-los diante do Tribunal de Cristo. O texto de 1 Coríntios 3 mostra que acerca dos líderes, mas pode ser aplicado também a toda comunidade de crentes, a maneira pela qual eles continuarão a edificar a Igreja de Cristo será julgada neste Tribunal. Aqui, se verificará que tipos de obras tais líderes fizeram: se edificaram o edifício de ouro ou se de prata ou se de pedras preciosas ou se de madeira ou feno ou palha. Então, o detalhe de cada obra será manifesto naquela oportunidade. 
Assim, o “fogo” provará a resistência de cada obra. Se após a provação do “fogo”, a obra permanecer, o crente receberá o seu galardão; senão, não o receberá. O texto diz que a obra padecerá sofrimento, mas isso não interferirá na salvação do crente. Este será salvo como pelo fogo, ou em linguagem mais contemporânea, “como por um triz” ou “por um fio” (1 Co 3.14). 
Não há mandamento mais urgente para estarmos pronto diante do Tribunal de Cristo, que este: “Ame os outros como você ama a você mesmo” (Mc 12.31). Ora, toda boa obra na vida do crente deve se fundamentar no princípio mandatório de nosso Senhor: a prática do amor.

4. Bodas do Cordeiro

Após o episódio do julgamento das obras no Tribunal de Cristo, virá o tempo das Bodas do Cordeiro. Antes de prosseguirmos com a explicação, dê uma relembrada no caminho que já fizemos até aqui. Por intermédio do gráfico, abaixo, veja a dimensão linear dos acontecimentos, lembrando que essa imagem é apenas para fins didáticos:

ARREBATAMENTO DA IGREJA → GRANDE TRIBULAÇÃO
                                                           Tribunal de Cristo
                                                             BODAS DO CORDEIRO
Apesar de ainda não termos visto o assunto do derramamento da Ira de Deus, estudamos um evento que ocorrerá paralelamente à Grande Tribulação, o Tribunal de Cristo. Agora, neste pouco espaço, nos deteremos ao outro evento que também ocorrerá simultaneamente à Grande Tribulação: As Bodas do Cordeiro.
A palavra “bodas” quer dizer: enlace matrimonial, casamento, festa ou banquete em que se celebram as núpcias. É um momento de festa e de alegria onde o noivo e a noiva farão um voto de casamento até que a morte os separe. Na Escatologia Bíblica, esse termo refere-se ao período que lembra o momento íntimo entre o Noivo e sua Noiva, isto é, Jesus Cristo e sua Igreja.
Em uma passagem dos Evangelhos, quando próximo da sua crucificação, na verdade em sua última Páscoa com os discípulos, nosso Senhor disse: “Eu afirmo a vocês que isto é verdade: nunca mais beberei deste vinho até o dia em que beber com vocês um vinho novo no Reino de Deus” (Mc 14.25). É bem significativo que o apóstolo João escreva no livro do Apocalipse esta mensagem: “Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro” (19.9). O cumprimento dessa bem-aventurança se dá exatamente no advento das Bodas do Cordeiro. 
Nesse evento glorioso, os crentes foram plenamente vestidos e adornados de atos de justiça, pois já estiveram diante do Tribunal de Cristo, foram ressuscitados, transformados e levados ao céu. Assim como temos um momento de intimidade com Cristo por intermédio da comunhão da Ceia do Senhor, as Bodas do Cordeiro é o momento mais íntimo de Cristo com a sua Igreja. É o tempo de refrigério, de glória, de graça e de alegria. É um tempo que marcará a consumação da redenção dos santos. 
De fato, é bem-aventurado quem passa pelas Bodas do Cordeiro! O momento do nosso encontro e estada com Jesus Cristo, o Rei dos reis, é o momento além da história em que todo crente, lavado e remido no sangue do Cordeiro, anela em viver para sempre. Então, estaremos eternamente com o Rei dos Reis!

5. Grande Tribulação

Enquanto no céu estará ocorrendo o Tribunal de Cristo e as Bodas do Cordeiro, na Terra, após o Arrebatamento da Igreja, dar-se-á o início da Grande Tribulação. Será um período histórico de sete anos entre o “Arrebatamento da Igreja de Cristo” e a “Segunda Vinda gloriosa de Jesus Cristo ao mundo”. O período da Grande Tribulação remonta a profecia das 70 semanas das quais falou o profeta Daniel. Veja o gráfico abaixo:

70ª Semanas de Daniel = 7 anos de Tribulação

3 anos e 1/2 – primeira metade:
→ Grande acordo de paz;
→ Ascensão de um grande líder;
→ Políticas que ludibriam as nações, principalmente, Israel e povo judeu.

3 anos e 1/2 – segunda metade
→ Quebra do acordo.
→ Revelação da verdadeira motivação do grande líder mundial, o Anticristo.
→ Perseguição implacável aos que dizem não! ao sistema.

→ Quando as nações do mundo cercar a Israel, na cidade de Jerusalém, então, o Senhor Jesus, juntamente com a sua igreja, intervirá na injustiça tramada contra o povo, e na terra, que o Senhor escolheu (Jd 14,15) ― A Bíblia diz que a terra da Palestina não pertence a ONU ou as quaisquer nações que ouse repartir aquela terra:  “Então ajuntarei os povos de todos os países e os levarei para o vale de Josafá e ali os julgarei. Eu farei isso por causa das maldades que praticaram contra o povo de Israel, o meu povo escolhido: espalharam os israelitas por vários países e dividiram entre si o meu país” (Jl 3.2).

As Escrituras mostram que o tempo da Grande Tribulação será marcado como o tempo da “ira de Deus”, da “indignação do Senhor”, da “tentação”, da “angústia”, de “destruição”, de “trevas”, de “desolação”, de “transtorno” e de “punição” (1 Ts 1.10; Is 26.20,21; Ap 3.10; Dn 12.1; 1 Ts 5.3; Am 5.18; Dn 9.27; Is 24.1-4,20,21). Será o tempo em que o Altíssimo intensificará os seus juízos àqueles que, conscientemente, se rebelaram contra o criador. Nesse sentido, podemos dizer que os propósitos da Grande Tribulação são: (1) fazer justiça, (2) preservar um pequeno grupo de pessoas fiéis que sobreviveram aos ataques do Anticristo.
Deus derramará a sua ira na Grande Tribulação por intermédio da abertura dos selos (Ap 6), do toque das trombetas (que é o desdobramento do sétimo selo ― Ap 8 – 11) e do derramamento das taças (Ap 16). Então, a Grande Tribulação terá fim por ocasião da manifestação gloriosa do Filho de Deus nos Montes das Oliveiras (Zc 14.1-7; Mt 24.22,29,30).

6. A vinda de Jesus em Glória

Após analisarmos os elementos finais da doutrina das Últimas Coisas, tais como, o Arrebatamento, o Tribunal de Cristo, As Bodas do Cordeiro e a Grande Tribulação; a agora veremos finalmente a Vinda de Jesus em Glória.
A vinda gloriosa do Senhor é um fato pronunciado pelas Escrituras, pois há mais de 300 menções sobre isso em o Novo Testamento ― por exemplo, os capítulos 24 e 25 de Mateus e o 13 de Marcos são inteiramente dedicados ao assunto. Antes de prosseguirmos no assunto é importante você rememorar o que significa a vinda de Jesus para os principais agentes da história da Igreja de Cristo no mundo.

7. Conclusão

No dia em que o nosso Rei julgar os povos, todos saberão quem Ele é e contemplarão a promessa da sua vinda em pleno cumprimento. Não haverá, pois, quaisquer sentenças injustas, pois o nosso Deus é a própria justiça. Outro ponto importante que se deve deixar bem claro nesta aula é sobre alguns aspectos fundamentais a respeito da Vinda Gloriosa de Jesus:
1. Ela será de maneira pessoal (Jo 14.3).
2. Ela será literal (At 1.10).
3. Ela será visível (Hb 9.28).
4. Ela será gloriosa (Cl 3.4).
As Escrituras apresentam com clareza que o nosso Senhor virá em pessoa para julgar todo o mundo. Portanto, renovemos a nossa esperança nesta promessa!
Maranata! Ora vem Senhor Jesus!

Ensinador Cristão, Ano 18, nº 71, jul./set. 2017.

SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

A doutrina bíblica aponta para a realização de um arrebatamento pré-tribulacional, isto é, que antes do período de sete anos, comumente conhecido como Tribulação, todos os membros do corpo de Cristo (vivos e mortos) serão tomados para se encontrarem com Cristo, nos ares, sendo, posteriormente, levados para o céu. A passagem mais específica sobre esse evento se encontra em I Ts. 4.13-18, os textos evangélicos, em especial o sermão profético de Jesus, em Mt. 24 e Lc. 21, fazem alusão à vinda de Cristo em glória, para estabelecer Seu reino milenial.
                                                                                                       
1. DEFININDO ARREBATAMENTO

Na passagem de I Ts. 4.13-18, Paulo informa seus leitores de que os crentes que estiverem vivos por ocasião do arrebatamento serão reunidos aos que morreram em Cristo antes deles. A palavra arrebatados, no versículo 17, é harpazo em grego e significa, literalmente, “dominar por meio da força” ou “capturar”. Essa palavra é usada 14 vezes no Novo Testamento grego, tendo, em contextos diferenciados, com significados distintos (Mt. 12.29; Jo. 10.12; Jo. 6.15; 10.28-29; At. 23.10; Jd. 23; At. 8.39; II Co. 12.2,4; Ap. 12.5). Além do termo harpazo, o NT usa outros termos para se referir ao arrebatamento: episynagoge (reunião – II Ts. 2.1); allatto (mudar – I Co. 15.51-52); paralambado (levar – Jo. 14.3); epifanéia (manifestação – Tt. 2.13); rhuomai (atrair para si – I Ts. 1.10); apocalypsis (revelação – I Pe. 1.13) e parousia (presença – Tg. 5.7-8). Em suma, com base nas referências citadas, o arrebatamento será um acontecimento iniciado por Cristo, que virá até às nuvens, onde reunirá os crentes para Ele mesmo, tanto aqueles que estiverem vivos, os quais serão transformados, quanto os que morreram em Cristo, os quais serão ressuscitados.

2. A DISTINÇÃO ENTRE O ARREBATAMENTO E A VINDA DE CRISTO

O arrebatamento é apresentado no Novo Testamento como um “translado” (I Co. 15.51-52; I Ts. 4.15-17), no qual Cristo virá para a sua Igreja. A vinda de Cristo, propriamente dita, com seus santos, descendo do céu, acontecerá por ocasião do estabelecimento do reino milenial (Zc. 14.4-5; Mt. 24.27-31). Paulo trata do arrebatamento como um “mistério” (I Co. 15.51-54), isto é, uma verdade não revelada até seu desvendamento pelos apóstolos (Cl. 1.26), sendo, assim, um evento em separado, já a segunda Vinda de Cristo, foi predita no Antigo Testamento (Dn. 12.1-3), justamente por ter uma relação maior com Israel. Depois do arrebatamento, haverá um período de aflição, denominado de Grande Tribulação, será um tempo de angústias incomuns para Israel, cuja duração específica será de três anos e meio (Dn. 9.27). Costuma-se fazer a distinção entre a Tribulação da Grande Tribulação, cada uma durará três anos e meios, perfazendo os sete anos totais. No livro do Apocalipse, a Grande Tribulação vai dos capítulos 6 ao 19. A respeito da Tribulação (ou Grande Tribulação) veja as seguintes passagens: Mt. 24.21; Ap. 7.14; Dn. 7.25; Ap. 13.5-8; Mt. 21.21,23; Dt. 4.30; Jr. 25.29-39.

3. A IMANÊNCIA DO ARREBATAMENTO

No Novo Testamento, o ensino é o de que Cristo pode voltar a qualquer momento e arrebatar a sua igreja, sem sinais ou advertências prévias. É isso que significa imanência, um acontecimento que pode acontecer sem aviso prévio (I Co. 1.7; 16.22; Fp. 3.20; 4.5; I Ts. 1.10; 4.15-18; I Ts. 5.6; I Tm. 6.14; Tt. 2.13; Hb. 9.28; Tg. 5.7-9; I Pe. 1.13; Jd. 21; Ap. 3.11; 22.7,12,20; 22.17,20). Todas essas passagens mostram que não haverá sinais específicos antes do arrebatamento da igreja. Os sinais de Mt. 24 não são para a igreja, mas para os santos da Tribulação, e, como bem sabemos, nenhuma passagem da Tribulação se refere à igreja, mas à Israel (Dt. 4.29,30; Jr. 30.4-11; Dn. 8.24-27; 12.1,2). Se existe algum sinal para a igreja, que precede ao arrebatamento, esses se encontram em I Tm. 4.1 e II Tm. 3.1.

4. A VINDA DE CRISTO EM GLÓRIA

A manifestação (gr. epiphaneia) de Jesus para reinar durante o Milênio é um dos mais importantes eventos escatológicos, previsto em várias passagens das Escrituras, especialmente no Antigo estamento. Vários Salmos e muitos textos proféticos aludem a manifestação gloriosa de Cristo, quando virá para vencer as hostes de Satanás. O capítulo 19 de Apocalipse descreve detalhadamente o que acontecerá por ocasião da vinda de Jesus em glória. Antes da Vinda de Jesus em glória, alguns sinais evidenciarão a proximidade desse evento. O principal sinal para a volta de Cristo para estabelecer Seu reino será o arrebatamento da igreja (I Ts. 4.13-18). Contudo, no contexto da religiosidade judaica, Jesus elencou uma série de sinais em Mt. 24 e Lc. 21, em Seu sermão profético, quanto àqueles dias. Esse será um tempo de guerras e conflitos, nações se levantarão umas contra as outras, e reinos contra reinos (Lc. 21.10); haverá catástrofes naturais, muito mais intensas que o Tsunami asiático. No mundo religioso, se levantarão falsos cristos, pessoas que serão apresentadas como o Salvador, e que enganarão a muitos, inclusive os judeus (Mt. 24.5). O anticristo, juntamente com o falso profeta, farão conchavos, para perseguir aqueles que professarem o nome de Cristo (Ap. 13.1-10). Além de terremotos, fomes e pestilências em vários lugares (Lc. 21.11). A diminuição do amor, em razão da multiplicação do pecado (Mt. 24.12), tornando as pessoas cada vez mais insensíveis. O evangelho do Reino, não o da salvação em Cristo, será pregado no mundo inteiro (Mt. 24.14), isso quer dizer que pessoas serão convertidas durante a Tribulação. Durante esse período a Igreja não estará mais na terra, pois terá sido transladada, para se encontrar com o Senhor Jesus nos ares (I Ts. 4.13-18). Na terra predominará o caos, em todas as esferas humanas, tanto na política, quanto na econômica. A natureza será diretamente afetada, isso pode ser identificado ao longo do relato joanino, no livro do Apocalipse. Jesus se referiu a esse período como “o princípio de dores” (Mt. 24.7,8), destacando, assim, que não será ainda o final de todas as coisas.

CONCLUSÃO

A Igreja é instruída a amar a volta de Cristo, como uma noiva que aguarda o seu amado para o casamento (I Pe. 1.8). Não para sermos salvos, mas porque somos salvos, devemos aguarda esse acontecimento buscando uma vida pura a fim de agradar aquele que nos salvou (I Jo. 3.2-3; II Pe. 3.11-15). Enquanto esse momento não chega, não precisamos ficar ansiosos, mas trabalharmos na seara no Senhor, sem desperdiçar oportunidades para levar outros a confiarem em Cristo (II Pe. 3.8,9,14,15).

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

A Bíblia mostra a segunda vinda de Cristo em duas fases: a primeira é o arrebatamento da Igreja, e a segunda é a sua vinda em glória. Entre esses dois eventos, haverá na terra a Grande Tribulação, o julgamento divino sobre todos os moradores do mundo e no céu o Tribunal de Cristo seguido das bodas do Cordeiro. O nosso enfoque aqui é a fundamentação bíblica desses eventos. Mas o tema escatológico não se esgota com o que trataremos e a sua continuação se dará na próxima lição. [Comentário: A Segunda vinda de Jesus Cristo é a esperança dos crentes de que Deus está em controle sobre todas as coisas e é fiel às promessas e profecias em Sua Palavra. É tão certa como foi a sua primeira vinda. As profecias bíblicas sobre o nascimento, morte, ressurreição e ascensão de Jesus se cumpriram literalmente no tempo determinado por Deus. Existem mais de 300 referências proféticas só no Novo Testamento sobre a segunda vinda. É a Palavra inerrante, infalível do Deus que não pode mentir que certifica a realidade da segunda vinda de Cristo. O Arrebatamento e a Segunda Vinda de Cristo são frequentemente confundidos. É difícil determinar quando a Bíblia está se referindo ao Arrebatamento ou à Segunda Vinda. No entanto, ao estudar as profecias bíblicas do fim dos tempos, é muito importante poder diferenciar entre os dois. O Arrebatamento é quando Jesus Cristo retorna para remover a igreja (todos os seguidores de Cristo; Há quem creia que somente os batizados com o Espírito Santo subirão, não há amparo bíblico para isso.) da terra. O Arrebatamento é descrito em 1 Tessalonicenses 4.13-18 e 1 Coríntios 15.50-54. Os crentes que já morreram serão ressuscitados e, juntamente com os crentes que ainda vivem, vão se encontrar com o Senhor no ar. Isso acontecerá em um momento, em um piscar do olho. A Segunda Vinda é quando Jesus retorna para derrotar o anticristo, destruir o mal e estabelecer o seu Reino Milenar. A Segunda Vinda é descrita em Apocalipse 19.11-16. É importante salientar que existem três escolas distintas de interpretação a respeito do arrebatamento da Igreja. Elas abrem espaço para entendermos como e quando ocorrerá esse grandioso evento.
1. Pós-tribulacionista.
Essa escola interpreta que a Igreja remida por Cristo passará pela Grande Tribulação.
2. Midi-tríbulacionista.
Ensina que a Igreja entrará no período da Grande Tribulação até a sua metade. Seus intérpretes se baseiam numa interpretação isolada de Dn 9.27, cujo texto fala que depois do opressor firmar um concerto com Israel por uma semana, “na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares”.
3. Pré-tribulacionista. Podemos começar entendendo essa escola de interpretação com as palavras de Paulo aos tessalonicenses, quando escreveu: “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo”, 1Ts 5.9. Ensina que o arrebatamento da Igreja ocorrerá antes que se inicie o período da Grande Tribulação. É uma interpretação que honra as Sagradas Escrituras e ajusta-se devidamente à esperança cristã da volta do Senhor nos ares.] Dito isto, vamos pensar maduramente a fé cristã?

I. OS EVENTOS DO PORVIR
                                
1. Fonte de predição. Não há outra fonte de predições verdadeiras a não ser. Bíblia Sagrada, por meio da qual Deus nos diz tudo o que precisamos saber sobre os eventos do porvir. Ela é a única fonte confiável. Esses eventos são uma série de acontecimentos do epílogo da história humana que envolve o arrebatamento da Igreja (1 Ts 4.16,17), a vinda de Jesus em glória (Mt 24.30; Ap 1.7), o juízo de Deus sobre a terra no fim dos tempos (Mt 24.21), o futuro glorioso de Israel (Is 2.2,3) e o reino milenar de Cristo (Is 9.7; 11.10). São acontecimentos anunciados desde o princípio do mundo, desde Enoque (Jd 14) até o apóstolo João, o último dos apóstolos, no livro de Apocalipse. [Comentário: Os Profetas do Antigo Testamento não fizeram distinção entre as duas vindas. Podemos ver isto em Escrituras como Isaías 7.14; 9.6-7 e Zacarias 14.4. Como resultado das profecias aparentemente falarem em dois indivíduos, muitos estudiosos judeus acreditaram que haveria tanto um Messias sofredor quanto um Messias conquistador. O que falharam em compreender é que o mesmo Messias cumpriria os dois papéis. Jesus cumpriu o papel do servo sofredor (Isaías capítulo 53) em Sua Primeira Vinda. Jesus cumprirá o papel do Libertador e Rei de Israel em Sua Segunda Vinda. Zacarias 12.10 e Apocalipse 1.7, descrevendo a Segunda Vinda, recordam Jesus sendo transpassado. Israel e o mundo inteiro se lamentarão por não terem aceitado o Messias em Sua Primeira Vinda. Após a ascensão de Jesus aos Céus, os anjos declararam aos apóstolos: “Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir” (At 1.11). Zacarias 14.4 identifica a localização da Segunda Vinda como o Monte das Oliveiras. Mateus 24.30 declara: “Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.” Tito 2.13 descreve a Segunda Vinda como “o aparecimento da glória”. A Segunda Vinda é descrita em seus mínimos detalhes em Apocalipse 19.11-16: “E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça. E os seus olhos eram como chama de fogo; e sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome escrito, que ninguém sabia senão ele mesmo. E estava vestido de uma veste salpicada de sangue; e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus. E seguiam-no os exércitos no céu em cavalos brancos, e vestidos de linho fino, branco e puro. E da sua boca saía uma aguda espada, para ferir com ela as nações; e ele as regerá com vara de ferro; e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-Poderoso. E no manto e na sua coxa tem escrito este nome: REI DOS REIS, E SENHOR DOS SENHORES.” (1)] (1) https://www.gotquestions.org/Portugues/segunda-vinda.html

2. O destino dos impérios da antiguidade. As profecias sobre os impérios antigos, como a queda da Babilônia para nunca mais se erguer no cenário mundial (Is 13.19,20) e ascensão e queda dos impérios medo-persa, grego e romano nos capítulos 7 e 8 de Daniel, entre outros profetas, se cumpriram, e a própria História confirma esses fatos. As profecias messiânicas se cumpriram com abundâncias de detalhes, como o nascimento do Messias de uma virgem, na cidade de Belém, seu julgamento diante de Pôncio Pilatos, sua morte, sua ressurreição e a ascensão ao céu, entre outros. [Comentário: O cumprimento das profecias bíblicas na Antiguidade e ao longo da história é igualmente a garantia do cumprimento das coisas futuras. Os profetas anunciaram também de antemão o destino de Israel e dos grandes impérios da Antiguidade, como Assíria, Babilônia, Grécia, Roma; tais oráculos se cumpriram no passado e outros se cumprem na atualidade (2). O Antigo Testamento com certeza profetiza sobre a vinda de Jesus como o Messias. Quanto ao nascimento de Jesus - Isaías 7.14; 9.6; Miqueias 5.2. Quanto ao ministério e morte de Jesus - Zacarias 9.9; Salmo 22.16-18. A profecia das “setenta semanas” em Daniel capítulo 9 predisse a data exata em que Jesus, o Messias, seria “morto”. Isaías 50.6 descreve corretamente a surra que Jesus teria que aguentar. Zacarias 12.10 prediz que o Messias seria “traspassado”, o que ocorreu depois de Jesus ter morrido na cruz.]
(2) A razão da nossa fé: Assim cremos, assim vivemos, Por Esequias Soares

3. Sobre as Diásporas judaicas. As profecias apontam, de antemão, as duas dispersões do povo judeu e as suas respectivas restaurações. A primeira Diáspora (Jr 16.13) e seu retorno (Ed 1.1-3); a segunda Diáspora, anunciada pelo próprio Senhor Jesus Cristo: "E cairão a fio de espada e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem" (Lc 21.24), com o seu respectivo retorno depois de mais de 18 séculos à terra de seus antepassados, tal como fora anunciado pelos profetas do Antigo Testamento, como Jeremias (Jr 31.17), Ezequiel (Ez 11.17; 36.24; 37.21), Amos (Am 9.14,15) e Zacarias (Zc 8.7,8). [Comentário: A Bíblia anunciou de antemão a dispersão dos judeus, mas profetizou seu retorno à terra de seus antepassados. Depois de cerca de 1.800 anos na diáspora, os filhos de Istarel retornaram para sua terra, e em um só dia nasceu uma nação (Is 66.8). Essa Palavra diz respeito à fundação do Estado de Israel logo após a derrota do nazismo (3). Esta última Diáspora começou depois da destruição de Jerusalém pelos romanos, no ano 70 d.C. Houve outra revolta contra Roma, liderada por Simon bar Kokhba, que foi tido como o Messias judeu, de 132-136 d.C. O imperador romano Adriano desbaratou essa revolta, devastou Jerusalém totalmente e depois espalhou os judeus, no ano 135 d.C. Como resultado disso, todas as comunidades judaicas, com exceção de algumas poucas, viveram fora da terra de Israel até o início do moderno retorno à terra, que se deu nos anos 1880. Durante o tempo da Diáspora os judeus têm cumprido determinadas profecias relacionadas ao seu destino completo(4).]
(3) A razão da nossa fé: Assim cremos, assim vivemos, Por Esequias Soares / (4) http://www.chamada.com.br/mensagens/dispersao.html

SUBSÍDIO TEOLÓGICO
                               
 "Uma das características mais inigualáveis dos verdadeiros profetas do AT era a habilidade que tinham de prever os eventos futuros com perfeita exatidão. O próprio Deus previu o cativeiro de Israel no Egito e o seu subsequente livramento (Gn 15.13-18). Moisés previu a conquista bem-sucedida da Terra Prometida pelos israelitas sob o com ando de Josué (Dt 31.23). Samuel previu o fracasso da dinastia de Saul (l Sm 15.28). Natã previu as consequências do pecado de Davi e seus efeitos sobre a sua própria família (2 Sm 12.7-12). Elias previu as mortes de Acabe e Jezabel (1 Rs 21.19-23). Isaías previu o livramento de Jerusalém da invasão assíria de Senaqueribe (2 Rs 19.34-37). Jeremias previu o cativeiro dos judeus por setenta anos na Babilônia" (LAHAYE, Tim; HINDSON, Ed. (Eds.). Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, pp.120-21).

II. TERMOS BÍBLICOS PARA A SEGUNDA VINDA DE CRISTO

1. Vinda. A palavra parousia (que se pronuncia "parussía") significa "vinda, chegada, presença, volta, visita real, advento, chegada de um rei". No aspecto escatológico, este substantivo se refere tanto ao arrebatamento da igreja (1Ts 4.15) como à vinda de Cristo em glória com sua Igreja (2 Ts 2.8). O outro termo é érchomai, "ir" e também "vir". Duas coisas opostas? Sim, desde que se considere o movimento entre o ponto de partida e o ponto de chegada. Para quem está no ponto de partida é "ida", mas, para quem estiver no ponto de chegada, é "vinda". Esse verbo aparece em referência à vinda de Jesus (Jo 14.3) e também à sua vinda em glória (At 1.11; Jd 14; Ap 1.7). [Comentário: Parousia é uma palavra grega formada de pará (ao lado de) eousia (o ser ou o estar; um “ser”; derivada de ei·mí, que significa “ser” ou “estar”). Significa literalmente “o estar ao lado de”, isto é, uma “presença”. Ela é empregada 24 vezes nas Escrituras (Mt 24.3, 27, 37, 39; 1Co 15.23; 16.17; 2Co 7.6, 7; 10.10; Fp 1.26; 2.12; 1Ts 2.19; 3.13; 4.15; 5.23; 2Ts 2.1, 8, 9; Tg 5.7, 8; 2Pd 1.16; 3.4, 12; 1Jo 2.28). Na literatura grega secular, parousia tornou-se o termo oficial para a visita de uma pessoa de grande destaque – um rei ou um imperador. Érchomai –  eu  vou, do verbo érchesthai – de vai, presente histórico. Nas narrativas do Novo Testamento é utilizado com sentido pretérito.]

2. Manifestação, aparição. O substantivo grego aqui é epipháneia, que só aparece seis vezes no Novo Testamento, com uso exclusivamente paulino, e todas as ocorrências dizem respeito à vinda de Jesus, desde a encarnação do Verbo (2 Tm 1.10). O apóstolo Paulo exorta os crentes para uma vida irrepreensível até "à aparição de nosso Senhor Jesus Cristo" (1Tm 6.14); "e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo" (Tt 2.13). O termo é também traduzido por "vinda" em referência ao arrebatamento da Igreja (2 Tm 4.8). O apóstolo o emprega ainda para se referir à segunda vinda de Cristo em glória: "Conjuro-te, pois, diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu Reino" (2 Tm 4.1), ou conforme encontra-se na Almeida Revista e Atualizada, "pela sua manifestação e pelo seu reino". [Comentário: Epifania significa aparição ou manifestação de algo, normalmente relacionado com o contexto espiritual e divino (5). Literalmente significa “manifestação”, “vir à luz”, “resplandecer” ou “brilhar”. O sentido é mais específico, porque se refere especialmente à vinda sobre as nuvens. É a volta pessoal de Cristo à Terra que acontecerá com uma manifestação visível e gloriosa (2Ts 2.8; 1Tm 6.14; 2Tm 4.6-8). Parousia é abrangente e pode referir-se tanto à vinda de Cristo para a Igreja como para o mundo. Entretanto, epiphanéia é um termo que especifica a volta de Cristo à terra de modo mais direto, porque diz respeito à Sua manifestação pessoal ao mundo (6).]

3. Revelação. O termo é apokalypsis. O apóstolo Pedro emprega essa palavra para se referir ao arrebatamento da Igreja (l Pe 1.7). Esse termo é traduzido ainda como "manifestação", também em referência ao arrebatamento da Igreja: "De maneira que nenhum dom vos falta, esperando a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo" (l Co 1.7) ou de acordo com a versão Almeida Revista e Atualizada, "aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo". [Comentário:As palavras apokalypsis epiphaneia são utilizadas para descrever tanto o arrebatamento (1Co 1.7; 1Tm 6.14) quanto o retorno ou segunda fase da Vinda de Cristo (2Ts 1.7-8, 2.8).]

SUBSÍDIO PEDAGÓGICO

Além dos termos bíblicos serem importantes para o estudo da se g u n da vinda de Cristo, outros termos, de cunho teológicos, são também de suma importância ao professor dominá-los. Veja abaixo:
III. OS EVENTOS DA SEGUNDA VINDA DE CRISTO

1. O arrebatamento da igreja. É o rapto dos santos da terra, um acontecimento global e simultâneo em todo planeta. A profecia contempla até fusos horários, pois uns estarão 'dormindo à noite e outros trabalhando nesse exato momento (Lc 17.34-36). Esse evento será inesperado, algo rápido, em fração de segundo, e invisível os olhos humanos: num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados" (l Co 15.52, ARA). Os mortos salvos, os que "dormiram em Cristo", ressuscitarão primeiro (l Ts 4.16b); em seguida, nós, os crentes em Jesus que estivermos vivos nessa ocasião, com o corpo corruptível já revestido da incorruptibilidade, quando aquilo que é mortal estiver revestido da imortalidade (l Co 15.53), seremos arrebatados da terra para o encontro com o Senhor Jesus nas nuvens (l Ts 4.16,17). Essa é a primeira fase da segunda vinda de Cristo, a esperança da Igreja (Fp 3.21). [Comentário: Existem alguns elementos especiais e misteriosos indicam a natureza e procedimento do arrebatamento da Igreja na vinda do Senhor. Surpresa: Esse elemento é rejeitado por alguns grupos que entendem que não haverá dois eventos distintos: o arrebatamento da Igreja e a vinda pessoal de Cristo. Ora, o que a Bíblia nos ensina é que, a Igreja, constituída pelos mortos e vivos em Cristo, se encontrará nas nuvens com o Senhor. Se por alguns a ideia da surpresa é rejeitada, uma grande maioria cristã prefere o que declara as Escrituras que destacam o elemento surpresa (Tt 2.13; Mt 24.35,36,42-44; 25.13). Esse elemento é fundamental porque a Igreja vive na esperança da vinda do Senhor. 2. Invisibilidade (1Ts 4.17). Por que será um evento invisível e para quem? Será invisível para o mundo material porque os arrebatados serão constituídos somente dos transformados. A transformação será tão rápida, que nenhum instrumento cronológico terá condição de perceber ou marcar o tempo. Quando o crente conquistar esse corpo imaterial, a matéria perderá totalmente sua força (1Co 15.43,44,49,51,53). 3. Imaterialidade (1Co 15.42, 52,53). Na verdade, a transformação que ocorrerá na vinda do Senhor será extraordinária e gloriosa, pois o que é material se revestirá do imaterial, o corruptível do incorruptível. Todas as limitações da matéria em nossos corpos serão anuladas completamente, pois, literalmente, nossos corpos serão revestidos de espiritualidade. 4. Velocidade (1Co 15.52). Para tentar explicar a velocidade do evento, Paulo usou o termo grego átomos, que aparece no texto sagrado pela expressão “num momento”, cujo sentido literal é indivisível (quanto ao tempo, aqui). A palavra átomos era usada para denotar “algo impossível de ser cortado ou dividido”. Também encontramos outras expressões bíblicas para denotar velocidade, tais como “abrir e fechar de olhos”, ou “o piscar de olhos”. Mesmo em época avançada e de velocidade da cibernética e da tecnologia, nada poderá contar e detectar o momento do milagre do arrebatamento da Igreja (7)arrebatadosharpadzo; Strong 726: capturar, agarrar, apanhar, pegar à força. A palavra descreve a ação do Espírito Santo ao transferir Filipe de um lugar para outro (At 8.39) e de Paulo sendo arrebatado para o Paraíso (2Co 12.2,4). Sugere o exercício de uma força repentina. O escritor do livro de Hebreus nos diz em Hebreus 9.28: “assim também Cristo, oferecendo-se uma só vez para levar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.” A primeira vinda de Cristo foi humilde, em um estábulo, e foi crucificado pelos homens, mas em sua segunda vinda, virá à terra para destruir seus inimigos, para julgar aos homens e estabelecer seu reino eterno. "Porquanto o Senhor mesmo... descerá dos céus..."(1 Ts 4.16). A ressurreição/o arrebatamento será o momento em que o Senhor Jesus deixará Seu trono no céu e virá pessoalmente ao encontro da Sua Igreja a fim de levá-la para a casa do Pai. Assim como um noivo vai ao encontro da sua noiva, o Salvador virá ao encontro dos que comprou pelo Seu sangue e os conduzirá para Sua glória. O Senhor não enviará um anjo ou qualquer outro emissário para fazer isso, Ele virá pessoalmente. Então se cumprirá literalmente a promessa de João 14.3: "E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que onde eu estou, estejais vós também." Assim como Ele em pessoa nos salvou e morreu na cruz por nós, assim como Ele mesmo foi preparar-nos lugar – Ele voltará pessoalmente para buscar-nos para Si, para que estejamos onde Ele está. Em inúmeras passagens do Novo Testamento somos conclamados a esperar a volta de Jesus a qualquer momento (por exemplo, em 1 Co 11.26; 1 Ts 1.10; Hb 10.37) (8).] (7) http://aquieuaprendi.blogspot.com.br/2016/01/o-arrebatamento-da-igreja.html  / (8) http://auxilioebd.blogspot.com.br/2016/01/licao-5-o-arrebatamento-da-igreja.html

2. A vinda de Cristo em glória. Sete anos depois do arrebatamento da Igreja, o Senhor virá em glória, visível aos olhos humanos (Mt 24.30,31; Lc 21.25-28). Nesse retorno de Jesus à terra, Ele virá acompanhado dos santos (l Ts 3.13; Jd 14). O propósito aqui é julgar as nações (Jl 3.12-14; Mt 25.31,32), restaurar o trono de Davi (Zc 12.8-14) em cumprimento à promessa de Deus feita por meio do anjo Gabriel:"[...] e o Senhor Deus lhe dará O trono de Davi, seu pai, e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu Reino não terá fim" (Lc 1.32,33); destruir a besta e o falso profeta (2 Ts 2.8; Ap 19.19,20) e estabelecer o seu reino de justiça e paz na terra, o reino de Deus de mil anos (Is 2.4; Ap 20.2,3). [Comentário: Jesus usa uma linguagem clara, profética e simbólica para descrever sua volta. A lamentação das nações é uma alusão a Zacarias 12.10-12, e a vinda sobre as nuvens refere-se à posse do domínio por Cristo, profetizada em Daniel 7.13-14. Quando Cristo retornar à terra, ao fim do período da Grande Tribulação, Ele Se estabelecerá como Rei de Jerusalém, sentado no trono de Davi (Lc 1.32,33). Os pactos incondicionais exigem uma volta literal e física de Cristo para estabelecer o reino. O pacto de Abraão prometia a Israel uma terra, uma posteridade, um governante e uma bênção espiritual (Gn 12.1-3). O pacto da Palestina prometia a Israel a restauração e ocupação da terra (Dt 30.1-10). O pacto de Davi prometia a Israel perdão: meio pelo qual a nação poderia ser abençoada (Jr 31.31-34). A segunda vinda de Cristo, ainda que pessoal e visível, será muito diferente de Sua primeira vinda. Ele não voltará no corpo de Sua humilhação, mas num corpo glorificado e com vestes reais, Hb. 9.28. As nuvens do céu serão a Sua carruagem, Mt. 24.30, os anjos o seu corpo da guarda, 2 Ts. 1.7, os arcanjos os seus arautos, 1 Ts 4:16, e os anjos de Deus serão o seu glorioso séquito, 1 Ts 3:13; 2 Ts 1:10. Ele virá como Rei dos reis e Senhor dos senhores, triunfante sobre todas as forças do mal, havendo posto todos os Seus inimigos debaixo dos Seus pés, 1 Co 15:25; Ap 19:11-16. (Teologia Sistemática: Louis Berkhof). Jesus virá para destruir o Anticristo “E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo sopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda” (2Ts 2.8). Depois que Satanás e "o homem do pecado" realizarem sua obra de engano e maldade (vv. 9,10), serão aniquilados quando da vinda de Cristo à terra, no fim da tribulação (ver Ap 19.20). “Vi o céu aberto, e apareceu um cavalo branco. O seu cavaleiro chama-se Fiel e Verdadeiro, e julga e peleja com justiça”. (Ap 19.11). Este versículo narra o começo da segunda vinda de Cristo à terra, como Rei dos reis e Senhor dos senhores (v. 16). Ele vem do céu como o Messias-Vencedor (cf. 2 Ts 1.7,8) para estabelecer a verdade e a justiça (Sl 96.13), julgar as nações e aniquilar o mal (cf. Jo 5.30), trazendo conSigo os exércitos celestiais - incluem todos os santos que já estão no céu (cf. 17.14). Suas vestes brancas confirmam esse fato. É esse o evento que os fiéis de todas as gerações aguardam (9).]

3. A Grande Tribulação. É o período de transição entre a Dispensação da Igreja e o Milênio, um tempo de angús­tia e sofrimentos sem precedentes na história (Dn 12.1; Jl 2.2; Mt 24.21; Mc 13.19), também conhecido como "o Dia do Senhor" (Jl 1.15; 2 Pé 3.10). A Igreja não passará por esse período, que é conhecido como a "Grande Tribulação" (l Ts 1.10). Será a era do anticristo (2 Ts 2.7-9), identificado como a besta (Ap 13.2-8). O falso profeta será o porta-voz do anticristo, que enganará o povo por meio dos falsos milagres (Ap 16.13,14). O anticristo fará um concerto com a nação de Israel por uma "semana de anos" (Dn 9.27), mas na metade deste período o concerto será rompido, pois os judeus descobrirão que fizeram um acordo com o próprio Diabo. Só a partir daí é que começa o período da angústia de Jacó (Jr 30.7). Todos esses horrores estão registrados a partir do capítulo 6 de Apocalipse. Este período foi determinado por Deus para fazer justiça contra a rebelião dos moradores da terra e para preparar a nação de Israel para o encontro com o seu Messias (Am 4.12). [Comentário: Segundo o Dicionário de Profecia Bíblica, a Grande Tribulação é um “período de aflição e angústias incomuns que terá início após o arrebatamento da Igreja. Deus, o justo Juiz, estará enviando sobre o mundo o seu juízo” (Is 13.11). Este período de aflição e angústias terá a duração de sete anos (Dn 9.27 a — “semana de anos”). Ela ocorrerá, entre o arrebatamento da Igreja e a vinda de Jesus em Glória (segunda fase, para reinar). Só os santos escaparão desse período tenebroso. Os avisos dos juízos de Deus são prova do seu amor, visando livrar da destruição aqueles que aceitam a Cristo e obedecem à sua Palavra. Será uma aflição “como nunca houve” na Terra (Mt 24.21; Ap 7.13,14). A duração da Tribulação é de sete anos. Isso é determinado por uma compreensão das setenta semanas de Daniel (Daniel 9.24-27). A Grande Tribulação, na verdade, acontece na segunda metade desse período, com uma duração de três e meio. Distingue-se do período da Tribulação porque a Besta, ou o Anticristo, será revelada e a ira de Deus vai intensificar enormemente durante este tempo. Assim, é importante neste momento enfatizar que a Tribulação e a Grande Tribulação não são termos sinônimos. Dentro da escatologia, a Tribulação se refere ao período completo de sete anos, enquanto que a "Grande Tribulação" refere-se à segunda metade da Tribulação. A terra entrará em pânico total com a desaparição dos filhos de Deus, e em meio a desordem surgirá um ser que aparentemente solucionará os problemas mundiais, trazendo uma falsa paz. Este período de Grande Tribulação é o cumprimento literal da última semana de Daniel. (70ª Semana - Daniel 9.24 – 27) (10)] (10) http://auxilioebd.blogspot.com.br/2016/02/licao-8-grande-tribulacao-1-parte.html

4. O Tribunal de Cristo e as Bodas do Cordeiro. Enquanto a Grande Tribula­ção acontece na terra; no céu, os santos estarão recebendo a recompensa por aquilo que cada um fez em vida pela causa do evangelho (l Co 3.12-15; Ap 22.12). É o chamado Tribunal de Cristo (2 Co 5.10), a premiação dos salvos. Não se trata de um julgamento para  a salvação ou condenação. Todos os presentes já são salvos em Jesus, visto que a salvação é pela graça; aqui se trata de mais uma bênção aos salvos. Em seguida, virá a festa das bodas do Cordeiro (Ap 10.9), o grande banquete que celebrará a união de Cristo com a sua Igreja. [Comentário: Os crentes serão julgados? A Bíblia diz: “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo...” (Hb 9.27). Até mesmo uma pessoa salva deverá passar por um julgamento, o julgamento do tribunal de Cristo. O julgamento de 1 Coríntios 3, com ênfase nos versos 13 e 14, refere-se aos cristãos, de modo que se alguém é salvo – é um filho de Deus – e é aí que ele se encaixa. O Tribunal de Cristo, desta forma, envolve crentes dando contas de suas vidas a Cristo. O Tribunal de Cristo não determina salvação; esta foi determinada pelo sacrifício de Cristo em nosso lugar (1Jo 2.2), e nossa fé Nele (Jo 3.16). Todos os nossos pecados são perdoados e nunca seremos condenados por eles (Rm 8.1). Não devemos olhar para o Tribunal de Cristo como Deus julgando nossos pecados, mas sim como Deus nos galardoando por nossas vidas. Sim, como dizem as Escrituras, teremos que dar conta de nossas vidas. Parte disto é, certamente, dar conta pelos pecados que cometemos. Entretanto, este não será o foco principal do Tribunal de Cristo. No Tribunal de Cristo, crentes são recompensados tomando-se por base o quão fielmente serviram a Cristo (2Co 9.4-27; 2Tm 2.5). As coisas pelas quais seremos julgados serão provavelmente o quão fielmente obedecemos à Grande Comissão (Mt 28.18-20), o quão vitoriosos fomos sobre o pecado (Rm 6.1-4), o quão bem controlamos nossa língua (Tg 3.1-9), etc. A Bíblia fala dos crentes recebendo coroas por diferentes coisas com base em quão fielmente serviram a Cristo (1Co 9.4-27; 2Tm 2.5). As várias coroas são descritas em textos como 2Tm 2.5; 2Tm 2.4-8; Tg 1.12; 1Pd 5.4 e Ap 2.10. Tiago 1.12 é um bom resumo de como devemos pensar no Tribunal de Cristo: “Bem-aventurado o homem que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam.”(11). As bodas ou casamento é do filho do Rei, o Senhor Jesus Cristo e sua noiva, a Igreja, sendo o local do casamento o grande dia final do Tribunal de Cristo, enquanto na terra, estará se findando a Grande Tribulação. O termo "bodas" vem do latim "vota", isto é, "votos", em alusão aos votos matrimoniais por ocasião do casamento. É uma festa de casamento. O termo é também plural porque tal festa durava sete dias e até 14 dias (Jz 14.12). Na festa, a alegria, solidariedade, entrega de presentes, paz, comunhão, comida farta, quebra copos e todos os costumes judaicos numa festa de casamento aconteciam ao som de muita música e com danças típicas. Isto nos leva a pensar na alegria e gozo imensuráveis que experimentaremos logo após o Tribunal de Cristo, quando nos sentaremos à mesa com Cristo, o nosso salvador (12).]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“O Senhor advertiu-nos quanto ao tempo de sua vinda: 'Mas, daquele Dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai. Olhai, vigiai e orai, porque não sabeis quando chegará o tempo' (Mc 13.32,33). Jesus também disse aos discípulos, momentos antes de subir aos céus, que não lhe pertencia ’saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder' (At 1.7). A data do retorno de Cristo não é prerrogativa nossa. Contudo, há algumas linhas mestras que devemos observar para que não sejamos surpreendidos.
Em vista da necessidade de nos mantermos sempre alertas, podem os falar da bendita esperança com o algo que fosse acontecer a qualquer momento. Não querem os dizer com isso que o Senhor Jesus poderia ter retornado imediatamente após a sua ascensão. Todavia, atentem os para a parábola na qual Jesus pintou um 'homem nobre' que 'partiu para uma terra remota, a fim de tomar para si um reino e voltar depois. E, chamando dez servos seus, deu-lhes dez minas e disse-lhes: Negociai até que eu venha' (Lc 1911-27). Esta comparação dá a entender que haveria uma ausência considerável. Haja vista o dinheiro confiado aos servos. Era sinal de que estes deveriam cumprir suas tarefas com fidelidade. Como eles não sabiam o tempo exato do retorno de seu senhor, não podiam mostrar-se negligentes: teriam de cuidar com o máximo zelo dos negócios do mestre" (MENZIES, William W.; HORTON, Stanley M. Doutrinas Bíblicas: Os Fundamentos da Nossa Fé. l.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, pp.184-85).

CONCLUSÃO

Essas amostras proféticas servem como garantias de que tudo o que está escrito para o fim dos tempos irá de igual modo se cumprir (Jr 1.12). A nossa esperança não se baseia numa utopia, mas em fatos revelados na Palavra de Deus e confirmados pela História. A escatologia bíblica é a continuação do processo histórico. [Comentário: Estudar e meditar sobre a vinda de Cristo promove nos remidos a fé e a esperança neste evento prometido pelas Escrituras. Não nos preocupemos demasiadamente com as várias teorias de interpretação, é importante conhecê-las e se posicionar com aquela que julgamos mais coerente; de fato, o que nos é preciso é permaneçamos, sim, atentos ao fato de que Jesus virá. Devemos estar preparados para encontrar com o Senhor. Diante da revelação acerca do futuro glorioso da Igreja, vale a pena buscar a santificação para poder participar dessa maravilhosa festa celestial. Nas Bodas do Cordeiro, só haverá alegria, com a presença de bilhões de crentes salvos, de todo o mundo, de todos os tempos, rodeados de anjos, do arcanjo, de querubins, serafins, dos quatro seres viventes e dos vinte e quatro anciãos.] “... corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus ...” (Hebreus 12.1-2).
Francisco Barbosa

Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

sábado, 2 de setembro de 2017

LIÇÃO 10: AS MANIFESTAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO



SUBSÍDIO I

AS MANIFESTAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO

O batismo no Espírito Santo está disponível hoje? Sim, o batismo no Espírito Santo está disponível para você e para qualquer pessoa que o Senhor nosso Deus chamar, embora alguns estudiosos afirmem que tal acontecimento não está disponível para os crentes de hoje. Eles dizem que o fenômeno só ocorreu naquele tempo quando a Igreja estava nascendo. Mas milhares de experiências ao longo da história da Igreja desmentem tal ideia. Na Bíblia, não há nenhum versículo que embase a tese de que o batismo no Espírito Santo cessou, pois as Escrituras afirmam o alcance passado, presente e futuro dessa maravilhosa promessa do Pai: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar.” (At 2.39).
Logo, o batismo no Espírito Santo é uma promessa de Deus para todos: homens, mulheres, crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos. Uma promessa que abarca “todos aqueles que o Senhor, nosso Deus, chamar” (At 2.39). Não estando limitada aos tempos e denominações, mas a corações sinceros e quebrantados, desejosos em mergulhar nas “águas do Espírito”. O batismo no Espírito é uma segunda e extraordinária experiência com Deus através do seu Filho Jesus Cristo ― a primeira trata-se da salvação operada por meio de Cristo.

Como receber o Batismo com o Espírito Santo?

Não há uma resposta exata para isso. Primeiro, porque não podemos agendar o derramamento do Espírito Santo ― Ele sopra onde quer (Jo 3.8). Segundo, porque temos de estar vigilantes para não enganarmos a nós mesmos com falsas experiências espirituais. 
Nesse aspecto, poderíamos dizer que para receber o batismo no Espírito não há uma “receita”, mas segundo o que nos orientam as Escrituras, em primeiro lugar, devemos crer na promessa do batismo no Espírito Santo por intermédio da Palavra de Deus, isto é, aguardar e confiar em Deus que Ele poderá fazer isso em nossa vida (At 1.4). Em segundo, perseverar em oração e súplicas a Deus. Os nossos irmãos do passado oraram ao Senhor com todo fervor em busca dessa promessa (At 1.14). E depois, amar a exposição da Palavra de Deus. No livro de Atos, após as pessoas ouvirem a exposição da Palavra, o Espírito Santo foi derramado (At 10.44). A exposição do Evangelho gera fé em nosso coração, confiança em Deus e desejo de nos aproximarmos mais dos seus desígnios.

Ensinador Cristão, Ano 18, nº 71, jul./set. 2017.

SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Uma das doutrinas basilares da Assembleia de Deus, e do Movimento Pentecostal como um todo, é o batismo no Espírito Santo, com evidência inicial de falar línguas, e a atualidade dos dons espirituais. Por isso, nos estenderemos um pouco mais nessa aula, a fim de apontar os aspectos fundamentais dessas doutrinas. Inicialmente trataremos a respeito do batismo no Espírito Santo, e em seguida, dos Dons Espirituais, com ênfase em I Co. 12. 1-7, reconhecendo que existem outras passagens alusivas aos dons espirituais.
                                                                                                       
1. OBJETIVO DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

O objetivo central do batismo com o Espírito Santo não é a santificação, mas a preparação para o serviço. Essa é a razão pela qual Jesus ordenou aos seus discípulos, conforme o registro de Lucas, 24.49: “E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder”. Ainda em outra oportunidade: E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes.  Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias” (At. 1.4,5).

2. A PROMESSA DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

Em At. 1.8, Jesus, antes de ascender ao Céu, disse aos seus discípulos: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra”. Devemos observar que essa foi uma promessa ao discípulos que já desfrutavam de profunda comunhão com Cristo, pois seus nomes já estavam escritos nos Céus (Lc. 10.20) e já haviam sido purificados pela Palavra de Cristo (Jo. 13.10; 15.3). É válido ressaltar aqui que João Batista profetizou a respeito desse batismo: Mt. 3.11; Mc. 1.8; Lc. 3.16; Jo. 1.33.

3. TERMINOLOGIA BÍBLICA DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

Outros termos, do Novo Testamento, definem o que seja o batismo com o Espírito Santo. Ele é chamado de “enchimento” (At. 2.4), “derramamento”, conforme profecia de Jl. 2.28,29 (comp. At. 2.33; 10.45), “recebimento” do dom (At. 2.38, 8.17), “descida sobre” (At. 10.44; 11.15; 19.16). Conforme já vimos em lição anterior, esse é uma experiência recorrente, como diz Pedro, em At. 2.39) e como comprovação disso, vemos em At. 19.1-7, onde o verbo “crestes” é pisteusantes, particípio aoristo, que indica ação anterior à do verbo principal, reforçando, assim, a interpretação de que o “recebimento” do dom do Espírito foi posterior à “crença”.

4. O MOTIVO DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

Conforme depreendemos de At. 1.8, o propósito primordial do batismo com Espírito Santo é dotar o cristão de um poder sobrenatural para servir, através do qual, o indivíduo se torna um canal de testemunho para o mundo. Assim, o Senhor nos direciona no sentido de percebermos que não podemos testemunhar “até os confins da terra”, a menos que dependamos do “poder” dEle. A palavra poder, no grego, é dunamis, que se refere a capacidade dada por Deus para realizar coisas maravilhosas, incluindo, aqui, milagres, algo comum no livro de Atos. Um outro destaque para a palavra testemunha “martus”, que, no grego, tem tanto uma conotação legal quanto histórica, os apóstolos foram testemunhas da morte e ressurreição de Cristo (At. 2.32; 3.15; 5.32) e, na verdade, se tornaram “mártires”, que vem da palavra testemunha, isto é, entregaram suas próprias vidas por amor a Cristo.

5. O RECEBIMENTO DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

É comum, no meio evangélico, pensar que alguém recebe o batismo com o Espírito Santo por merecimento. Quando alguém vai a frente, pede, mas não recebe, pode achar que não obteve o “dom” porque deixou de cumprir algum ritual. Mas a experiência do Batismo com o Espírito Santo é um justamente isso, um “dom” (At. 10.45), sendo assim, não esperemos ser perfeitos para buscá-lo, pois como nos lembra o Senhor, aquele que batiza: “Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” (Lc. 11.13). Se alguém tiver de fazer alguma coisa para receber o batismo com o Espírito Santo, siga o exemplo dos discípulos, integre-se à adoração ao Senhor com júbilo sincero, do íntimo do nosso ser (Lc. 24.52), permaneçamos unanimemente em oração e súplicas (At. 1.14; 2.1).

6. DONS ESPIRITUAIS: definição e classificação

A palavra comum, no grego, para dons é charismata que, nos textos bíblicos, referem-se, no plural, às manifestações sobrenaturais provenientes do Espírito Santo para a edificação do corpo de Cristo (I Co. 12.4), tal palavra vem de charis (graça), sendo, portanto, assim como a salvação, dádiva divina, sem que haja merecimento. Conforme apontado anteriormente, tais dons são espirituais, isto é, pneumaticos (em grego), sendo assim, não se pode pensar que sejam resultantes do esforço meramente humano (I Co. 12.7; 14.1). Assim, o estudo desses vocábulos, a partir do grego do Novo Testamento, nos leva a concluir que os dons são dádivas espirituais, concedidas pelo Espírito Santo, sem que haja merecimento humano, a fim de favorecer a edificação da igreja. Em I Co. 12.8-10, temos a seguinte classificação teológica: Palavra da Sabedoria – este dom, geralmente, transmite uma palavra de sabedoria para orientar a igreja, assim como em Jo. 4.17,18; At. 6.10; 15.13-22; Palavra do Conhecimento – esse dom vem da revelação de um conhecimento antecipado de uma determinada verdade espiritual, como aconteceu em Jo. 4.23,24; At. 5.1-10; I Co. 14.24,25. Fé – esse dom tem como objetivo a operação de milagres, não se trata, portanto da fé para a salvação (Ef. 2.8,9), e muito menos da fé como aspecto do fruto do Espírito (Gl. 5.22). Essa é a fé dada instantaneamente por Deus para a realização de curas e milagres (Mt. 17.20; Mc. 11.22-24; Lc. 17.6).; Curas – no plural, são concedido para à restauração da saúde física, por meios divinos e sobrenaturais (At. 3.6-8; 4.30). O plural (dons) indica curas de diferentes enfermidades e sugere que cada ato de cura vem de um dom especial de Deus; Operação de milagres – atos sobrenaturais de poder que intervêm nas leis da natureza com o objetivo de glorificar a Deus (At. 9.40; 13.9-11; 20.10; 27.43; 28.5); Profecia – capacita o crente a transmitir uma mensagem uma palavra ou revelação diretamente de Deus, sob o impulso do Espírito Santo (I Co. 14.24-31), a igreja não pode ter essas mensagens como infalíveis, pois há falsos-profetas (I Jo. 4.1), por isso, toda profecia deve ser julgada (I Co. 14.29,32; I Ts. 5.20,21); Discernimento de espíritos – para discernir e julgar corretamente as profecias e distinguir se uma mensagem provém do Espírito Santo ou não. Esse dom é fundamental na medida em que existem muitas distorções dos ensinos cristãos (I Tm. 4.1), eis alguns exemplos: At. 5.3; 8.20-23; 16.16-18; Variedade de línguas – não se trata de uma língua aprendida, e, geralmente, não é entendida nem pelo que fala (I Co. 14.14) nem pelo que a ouve (I Co. 14.16). Quem fala em línguas edifica-se a si mesmo, por isso, quem fala línguas ore para que haja interpretação (I Co. 14.3,27,28); e Interpretação de línguas – capacidade concedida pelo Espírito Santo, não através do conhecimento prévio de determinado idioma, para que o portador do dom compreenda e transmita o significado de uma mensagem dada em línguas (I Co. 14.6,13,16). 

CONCLUSÃO

Os dons espirituais, conforme nos instrui o apóstolo Paulo, são dados para “cada um para o que for útil” (I Co. 12.7) e visam, acima de qualquer coisa, à edificação e à santificação da igreja (I Co. 12.7). Tantos os dons (charismata) de I Co. 12.8-10 quanto os de Rm. 12-6-8 são espirituais (pneumaticos), concedidos de acordo com a vontade do Espírito Santo (I Co. 12.11) a fim de suprir as necessidades da igreja (I Co. 12.31; 14.1)

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

As manifestações do Espírito de Deus, tais como veremos, dizem respeito, primeiramente ao batismo no Espírito Santo e aos dons espirituais. São dois temas da teologia pentecostal que nunca se esgotam e são importantes porque se tratam de evidências bíblicas de que a comunicação divina com o seu povo, e com cada crente individual, nunca cessou. Não somente a Bíblia, mas também o testemunho da história, e da experiência cristã, corrobora essa verdade. É sobre isso que trata o nosso estudo. [Comentário: Segundo o Dicionário Bíblico Wycliffe, o termo "Dom" quer dizer "presente", "dádiva" ou "oferta". O Dom Espiritual é a manifestação do poder do Espírito Santo sobre a Igreja de Deus. É uma capacidade sobrenatural para o cristão desempenhar uma função no Corpo de Cristo. A distribuição dos Dons Espirituais na Igreja manifesta a diversidade da operação do Espírito Santo em favor do seu povo, tanto para edificar os membros da Igreja de Cristo quanto para nos auxiliar em nossa vida de devoção a Deus, isto é, na prática da oração, da leitura da Palavra, do jejum e nas muitas outras disciplinas espirituais. Não podemos ignorar esta grande oportunidade que a Terceira Pessoa da Trindade nos dá. Segundo alguns expoentes, os dons dividem-se em ordinários e extraordinários. Na primeira classificação incluem-se os dons de natureza comum. Na segunda encontramos aqueles dons de caráter sobrenatural. Na opinião de muitos eruditos, alguns desses dons de natureza sobrenatural cessaram quando o Novo Testamento foi completado.] Dito isto, vamos pensar maduramente a fé cristã?

I. A DESCIDA DO ESPÍRITO SANTO
                                
1. A experiência do Pentecostes. Não é difícil descobrir na Bíblia o que é o batismo no Espírito Santo. João Batista disse: "E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; não sou digno de levar as suas sandálias; ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mt 3.11).  Há inúmeras interpretações dessa passagem. No entanto, o próprio Senhor Jesus se referiu a esse batismo como a promessa do Pai (At 1.4) e acrescentou: "Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias" (At 1.5). Essa declaração vincula Mateus 3.11 com a experiência do dia de Pentecostes relatada em Atos 2.2-4. A prova disso é que o apóstolo Pedro identificou a experiência de Cornélio (At 10.44-46) com a promessa anunciada por João Batista e reiterada pelo Senhor Jesus (At 11.15-17). [Comentário: O batismo no Espírito Santo pode ter dois significados diferentes, dependendo do contexto: a conversão, quando o Espírito Santo entra na vida da pessoa; ou uma experiência poderosa com o Espírito Santo. Essas duas situações podem acontecer ao mesmo tempo ou em momentos distintos. A Bíblia fala sobre se encher do Espírito Santo. Efésios 5.18 diz que ficar cheio do Espírito Santo é melhor que ficar cheio de vinho! Nesse segundo sentido, o batismo no Espírito Santo é uma experiência especial que o crente pode ter com Deus. O batismo com fogo provavelmente significa a obra purificadora de Jesus, que salva quem se arrepende mas destrói o pecado. A expressão “batismo com fogo” apenas aparece duas vezes na Bíblia. O batismo com fogo vem de Jesus. É importante frisar que não existe nenhuma fórmula mágica para ser batizado no Espírito Santo. Não podemos forçar Deus (1Co 12.11). Mas temos a obrigação de desejar e podemos procurar essa bênção.]
2. Batismo "no" Espírito Santo ou "com o" Espírito Santo? As duas traduções são legítimas à luz da gramática grega e aceitáveis de acordo com o contexto. A ideia de batismo no Novo Testamento é de imersão, submersão (Rm 6.3,4; Cl 2.12). A Almeida Revista e Atualizada tem uma nota em Mateus 3.11 e Atos 1.5 informando "com; ou em" e a Nova Versão Internacional também traz uma nota similar. A Versão Almeida Revisada da Imprensa Bíblica Brasileira emprega "batizar em água" e "balizar no Espírito Santo" nas referidas passagens, respectivamente. Nós adotamos "em água" e "no Espírito Santo", pois "com", pode parecer aspersão, o que contradiz a ideia de imersão. [Comentário: Ser Batizado com o Espírito Santo significa ser imerso na Plenitude do Espírito. A preposição com é a partícula grega en, que pode ser traduzida como em ou com. Por isso, muitos preferem a tradução sereis batizados no Espírito Santo. Da mesma forma, batizados com água pode ser traduzido batizados em água. O próprio Jesus é aquele que batiza no Espírito Santo os que nEle crêem. Quanto à forma de batismo, a Bíblia ensina que existe apenas um tipo de batismo e este foi ensinado por Jesus e praticado por todos os apóstolos e pela igreja cristã primitiva (Ef 4.5; Mt 28.19, 20; Rm 6.1-6; At 8.38). O próprio termo “batismo” provém do grego baptizo e significa mergulhar, imergir e não aspergir. Também temos o testemunho, antes da era cristã, dos judeus que batizavam seus prosélitos por imersão.]
3. Os sinais sobrenaturais. Há três sinais que mostram a ação sobrenatural do Espírito Santo por ocasião de sua descida no dia de Pentecostes: o som como de um vento (At 2.2), a visão das línguas repartidas como que de fogo (2.3) e o falar em línguas (2.4). Os dois primeiros sinais jamais se repetirão, pois foram manifestações exclusivas que tiveram como objetivo anunciar a chegada do Espírito Santo. Alguém tão importante quanto o Filho, cuja encarnação e nascimento em Belém, ainda que extraordinários, porque o verbo se fez carne (Lc 2.9-11; Jo 1.4), tiveram sinais semelhantes. Além marcar a chegada do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, as manifestações sobrenaturais também inauguraram a (Igreja. Assim, o som soava como vento, mas não era vento, e da mesma forma visão não era fogo, mas lembrava o fogo de Deus (Êx 3.2; 1Rs 18.38). Foi um acontecimento singular, algo que ocorreu uma única vez. [Comentário: Depois de terminarem os dias de espera, o Espírito Santo veio sobre o grupo reunido dos discípulos de modo inédito, acompanhado de sinais sobrenaturais e fazendo com que irrompessem em louvores a Deus em línguas diferentes das suas próprias. Na medida em que os discípulos saíam para as ruas, a sua atividade estranha atraía a atenção das pessoas que ficaram atônitas com aquilo que ouviram. Muitas ficaram assombradas, mas algumas estavam dispostas a buscar uma explicação racionalística e algo desonrosa daquilo que acontecia. Barulho vindo do Céu (v.2). Vento e fogo são dois dos símbolos do Espírito Santo (Mt 3.11; Jo 3.8). A manifestação divina ligada ao fogo era comum no Antigo Testamento, tanto para trazer juízo (Jl 2.3), como para iniciar uma nova era ao povo de Deus (Êx 3.1,2). Línguas repartidas como que de fogo (v. 3). Isso fala das diversidades de línguas. O fogo é a garantia de que Deus estava nesse negócio, visto que para os judeus a manifestação divina estava ligada ao fogo (Êx 3.2, 3; 19. 16-20; 1 Rs 18. 38; Lc 9.54). "Todos foram cheios do Es­pírito Santo" (v.4). Nenhum dos patriarcas e profetas viveu essa expe­riência, embora alguns deles falassem desse evento mais como algo ainda para o futuro, pois, na época do Antigo Testamento, o Espírito Santo atuava sob medida.]

SUBSÍDIO DIDÁTICO
                               
Para auxiliar na preparação da sua aula, há alguns termos importantes que você deve conhecer bem a fim de ter êxito no assunto em foco. Por isso, reproduzimos esses três termos a fim de enriquecer a explicação deste tópico. Observe o quadro abaixo.
II. A NATUREZA DAS LÍNGUAS

1. Fonte. As línguas do Pentecostes eram sobrenaturais, pois foram caracterizadas como "outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem" (At 2.4). O termo grego para "outras" aqui é héterais, de héteros, "outro de tipo diferente". Há quem questione esse conceito, mas a fonte delas é o próprio Espírito Santo, o que torna a evidência visível e contundente. A outra evidência está presente na audição, e não simplesmente na fala, pois "cada um os ouvia falar em sua própria língua" (2.6). Lucas repete essa informação por mais duas vezes (vv.8,11). E, no versículo 11, ele acrescenta: [...] "Todos os temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus". [Comentário: A voz dos discípulos que clamavam alto lançou perplexidade sobre a multidão, porque não podia compreender como Galileus conseguiram falar as várias línguas dela. O que era importante é que se falavam as várias línguas maternas, vernaculares, destes povos. Talvez estranhemos como as multidões sabiam que os discípulos eram galileus. Um simples relance nas palavras atribuídas às multidões nos vv 7-11 indicará que não passam de resumo das várias coisas que estavam sendo ditas, combinadas, por razões literárias, numa só declaração coral, e, portanto, não precisamos supor que mais do que uns poucos da multidão sabiam reconhecer que os discípulos eram galileus. Lucas, ainda continuando sua versão global daquilo que os vários membros da multidão devem ter dito, passa a nos dar uma lista das nacionalidades representadas. Começa com três países ao leste do Império Romano, na área conhecida como Pérsia ou Irã, e depois (com uma mudança de construção), continua para o oeste, para a Mesopotâmia, o Iraque moderno, e a Judéia. Seguem-se, então, várias províncias e áreas na Ásia Menor (a moderna Turquia), e, depois, o Egito e área imediatamente para o oeste, seguida por Roma. Depois, há uma declaração geral que se aplica a todos os povos em epígrafe: havia uma população judaica considerável em cada uma destas áreas, e a presença dos judeus frequentemente levava à conversão dos gentios para se tomarem prosélitos. Finalmente, e de modo algo surpreendente, a lista inclui pessoas da Creta e da Arábia. É uma lista surpreendente, e ninguém tem conseguido dar uma explicação satisfatória de por que inclui aquela seleção específica de países, nem porque aparecem nesta ordem estranha. Certamente não foi inventada pelo próprio Lucas. Basta, então, observar que a lista claramente visa ser uma indicação de que estavam presentes pessoas de todas as partes do mundo conhecido, e talvez que haveriam de voltar aos seus próprios países como testemunhas daquilo que acontecia. Todas elas, como adoradores de Deus, podiam perceber que os cristãos estavam celebrando as obras poderosas de Deus.]
Atos - Série Cultura Bíblica - I. Howard Marshall - Sociedade Religiosa Edições Vida Nova e Associação Religiosa Editora Mundo Cristão, pág 75 e 79.
2. A glossolalia. É a manifestação das línguas estranhas no batismo no Espírito Santo bem como das línguas como um dos dons espirituais. Trata-se um termo técnico de origem grega glossa, "língua, idioma", e de lalia, "modo de falar" (Mt 26.73), conjugado à "linguagem" (Jo 8.43), substantivo derivado do verbo grego lalein, "falar". A expressão lalein glossais, "falar línguas" (1Co 14.5), é usada no Novo Testamento para indicar "outras línguas". É importante saber que as línguas manifestas no dia de Pentecostes são as mesmas que aparecem na lista dos dons espirituais (1Co 12.10,28; 14.2). Ambas são de origem divina e sobrenatural, mas são diferentes apenas quanto à função. [Comentário: "Começaram a falar em ou­tras línguas" (v. 4). Era Babel às avessas. Naquela torre, ninguém se entendia, pois um não compreendia o que o outro dizia (Gn 11.7-9). Em Jerusalém, no Pentecoste: "cada um os ouvia falar na sua própria língua" (v. 6). Essas lín­guas não eram da Terra. A palavra "línguas", nos versículos 3 e 4, é glossa. (grego). Mas o vocábulo "língua", nos versículos 6 e 8, é dialektos, (grego). O que isso significa? Que o milagre foi duplo: Os discípulos falaram línguas desconhecidas (glossa), e cada representante dessas 17 nações ouvia-os em sua própria língua (dialektos). É importante ressaltar que ‘Língua estranha’ não é o mesmo que língua estrangeira, a qual há sempre quem possa entender, mas a língua estranha só compreende quem o Espírito Santo revelar. Disse o apóstolo Paulo: "Porque o que fala língua estra­nha não fala aos homens, senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala de mistérios" (1 Co 14.2). “"Glossolalia - [Do gr. glosso, língua + Ialia, falar em língua]. Dom sobrenatural concedido pelo Espírito Santo, que capacita o crente afazer enunciados proféticos em línguas que lhe são desconhecidas. O objetivo da glossolalia é enunciar sobrenatural e extraordinariamente o Evangelho de Cristo, como aconteceu no Dia de Pentecoste (Atos 2); levar o crente a consolar-se no espírito, e a proclamar, com o auxílio do dom da interpretação, o conhecimento e a vontade de Deus à Igreja (1 Co 14). A glossolália, conhecida também como dom de línguas [desconhecidas], é um dom espiritual que, à semelhança dos demais, não ficou circunscrito aos dias dos apóstolos: continua atual e atuante na vida da Igreja" (ANDRADE, Claudionor Corrêa. Dicionário Teológico. 6. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1998, p. 167). Xenolalia - O falar em línguas num idioma conhecido, estranho apenas a quem o fala.
O interesse generalizado pelo batismo e dons do Espírito Santo convenceu alguns [os evangélicos do século XIX] de que Deus concederia o dom de línguas a fim de equipá-Ios com idiomas humanos identificáveis (xenolalia) para que pudessem anunciar o Evangelho noutro países, agilizando assim a obra missionária.
Em 1895, o autor e líder do Movimento da Santidade, W.B. Godbey, disse que o "dom de línguas" era "destinado a desempenhar um papel de destaque na evangelização do mundo pagão e no cumprimento profético glorioso dos últimos dias. Todos os missionários nos países pagãos deviam buscar e esperar esse dom que os capacitaria a pregar fluentemente no vernáculo.
Entre os que esperavam o recebimento do poder do Espírito para evangelizar rapidamente o mundo, achava-se o pregador da Santidade, em Kansas, Charles Fox Parham e seus seguidores. Convencido pelos seus próprios estudos de Atos dos Apóstolos, e influenciado por Irwin e Sandford, testemunhou Parham um reavivamento notável na Escola Bíblica Bethel, em Topeka, Kansas, em Janeiro de 1901. A maioria dos alunos, bem como o próprio Parham, regozijaram-se por terem sido batizados no Espírito e de haverem falado noutras línguas (xenolalia)
Assim como Deus concedera a plenitude do Espírito Santo aos 120 no Dia do Pentecoste, eles também haviam recebido a promessa (At 2.39).
Depois de 1906, os pentecostais passaram a reconhecer, cada vez mais, que, na maioria das ocorrências do falar em línguas, os cristãos realmente estavam orando em línguas não identificáveis e não em idiomas identificáveis (glossolalia ao invés de xenolalia). Embora Parham mantivesse sua opinião a respeito da finalidade das línguas na pregação transcultural, os pentecostais chegaram finalmente à conclusão: as línguas representavam a oração no Espírito, a intercessão e o louvor" HORTON, Stanley M et ali. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, pp.1 5-17,19,20. 'Glossolalia' é um termo técnico freqüentemente utilizado para o falar em línguas; é uma forma combinada das palavras gregas lalia ('discurso', 'fala') e glossa ('língua', 'linguagem'). O fenômeno de falar em línguas, ao contrário do vento e do fogo, é integral para os discípulos que são cheios do Espírito. 'E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia a verbalização inspirada' (At 2.4 - [tradução do autor]). O registro diz que os discípulos 'começaram [archoma] a falar noutras línguas' (At 2.4). Não existe indicação de que os discípulos tenham iniciado, ou de que eles mesmos 'começaram' o falar em línguas. [...] O significado de 'eles começaram a falar em línguas' é simplesmente 'eles falaram em línguas'. [...] Os discípulos em Pentecostes falaram em línguas 'conforme o Espírito ia dando-lhes verbalização inspirada' [tradução do autor], não sob o próprio ímpeto deles. A expressão 'conforme' (kathos) pode ser traduzida como 'na medida em que' (Ver Mc 16.1 7; At 2.4; 10.46; 19.6; 1 Co 12.10,28,30; 13.8; 14.2,46,13,14,18, 19,22,23,26)" PALMA, Anthony D. O Batismo no Espírito Santo e Com Fogo. Os Fundamentos Bíblicos e a Atualidade da Doutrina Pentecostal. l.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, pp. 61-63.”]
3. Sua continuação. O falar em "outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem" (At 2.4), é a evidência inicial do batismo no Espírito Santo. Essa experiência se repete na história da Igreja. Isso aconteceu na casa do centurião Cornélio: "E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios. Porque os ouviam falar em línguas e magnificar a Deus" (At 10.45,46), exatamente como aconteceu no dia de Pentecostes. Outra vez, o mesmo fenômeno acontece com a chegada de Paulo em Éfeso, em sua terceira viagem missionária (At 19.6). As línguas, as profecias e a ciência são válidas para os nossos dias, mas vão cessar por ocasião da vinda de Jesus (1 Co 13.8-10). [Comentário: Não há qualquer indicação no Novo Testamento de que a promessa do batismo no Espírito Santo seja algo meramente para o primeiro século, como defendem expositores antipentecostais. A pro­messa é para "tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar". Há registros de que ao longo da história do Cristianismo, diversos cristãos falaram línguas. Irineu, Agostinho, Lutero, Wesley e muitos outros. Com o avivamento do País de Gales, de Kansas e da rua Azuza, quase simultaneamente, o fenômeno das línguas voltou a ser algo generalizado, e não meramente uma raridade. A promessa do batismo no Espírito Santo não foi apenas para aqueles presentes no dia de Pentecoste (v.4), mas também para todos os que cressem em Cristo durante toda esta era: a vós os ouvintes de Pedro; a vossos filhos à geração seguinte; à todos os que estão longe à terceira geração e às subsequentes. (1) O batismo no Espírito Santo com o poder que o acompanha, não foi uma ocorrência isolada, sem repetição, na história da igreja. Não cessou com o Pentecoste (cf. v. 38; 8.15; 9.17; 10.44-46; 19.6), nem com o fim da era apostólica. 2) É o direito mediante o novo nascimento de todo cristão buscar, esperar e experimentar o mesmo batismo no Espírito que foi prometido e concedido aos cristãos do NT (1.4,8; Jl 2.28; Mt 3.11; Lc 24.49).]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

"[...] A xenolalia é, ao m esmo tempo, a mais difícil variação da glossolalia para documentar e a mais amplamente registrada. Por exemplo, Emílio Conde relatou, na obra História das Assembleias de Deus no Brasil, p.67, que no primeiro batismo nas águas na cidade de Macapá (AP), em 25 de dezembro 1917, a nova convertida Raimunda Paula de Araújo, ao sair das águas foi batizada com o Espírito Santo. Ela falou em línguas estranhas com tanto poder que os assistentes encheram-se de temor de Deus. Os judeus negociantes da cidade haviam comparecido ao batismo. Um deles, Leão Zagury, ficou tão emocionado e maravilhado com a mensagem que ouvira que não se conteve e clamou em alta voz no meio da multidão: 'Eis que vejo a glória do Deus de Israel, pois esta mulher está falando a minha língua'. O judeu não era crente. Porém, Deus, através da crente Raimunda, falou-lhe em hebraico " (ARAÚJO , Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p. 332).

III. SIGNIFICADO E PROPÓSITO

1. O batismo no Espírito Santo não é sinônimo de salvação. Trata-se de bênçãos diferentes. Todos os crentes em Jesus já têm o Espírito Santo. Na regeneração, o Espírito promove o novo nascimento, que é um ato direto do Espírito Santo (Jo 3-6-8). O pecador recebe o Espírito no exato momento em que aceita, de verdade, a Jesus (Cl 3.2; Ef 1.13). Os discípulos de Jesus já tinham seu nome escrito no céu (Lc 10.20) e igualmente tinham o Espírito Santo mesmo antes do Pentecostes (Jo 20.22). [Comentário: O batismo no Espírito é para todos que professam sua fé em Cristo; que nasceram de novo, e, assim, receberam o Espírito Santo para neles habitar. O batismo no Espírito Santo é uma obra distinta e à parte da regeneração, também por Ele efetuada. Assim como a obra santificadora do Espírito é distinta e completiva em relação à obra regeneradora do mesmo Espírito, assim também o batismo no Espírito complementa a obra regeneradora e santificadora do Espírito. No mesmo dia em que Jesus ressuscitou, Ele assoprou sobre seus discípulos e disse: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20.22), indicando que a regeneração e a nova vida estavam-lhes sendo concedidas. Depois, Ele lhes disse que também deviam ser “revestidos de poder” pelo Espírito Santo (Lc 24.49; cf. At 1.5,8). Portanto, este batismo é uma experiência subsequente à regeneração (ver 11.17; 19.6).]
2. Definição e propósitos. O batismo no Espírito Santo é o recebimento de poder espiritual para realizar a obra da expansão do Evangelho em todo o mundo (Lc 24.46-49). O seu propósito é capacitar o crente a viver uma vida cristã vitoriosa e, sobretudo, para testemunhar com ousadia sobre a sua fé em Cristo (At 1.8). É um revestimento de poder para viver a vida regenerada, um poder espiritual que contribui para a edificação interior da vida cristã do crente e que o ajuda quando a mente não pode fazê-lo. [Comentário: Ser batizado no Espírito significa experimentar a plenitude do Espírito, (cf. 1.5; 2.4). Este batismo teria lugar somente a partir do dia de Pentecoste. Quanto aos que foram cheios do Espírito Santo antes do dia de Pentecoste (e.g. Lc 1.15,67), Lucas não emprega a expressão “batizados no Espírito Santo”. Este evento só ocorreria depois da ascensão de Cristo (1.2-5; Lc 24.49-51, Jo 16.7-14). O batismo no Espírito Santo outorgará ao crente ousadia e poder celestial para este realizar grandes obras em nome de Cristo e ter eficácia no seu testemunho e pregação (cf. 1.8; 2.14-41; 4.31; 6.8; Rm 15.18,19; 1Co 2.4). Esse poder não se trata de uma força impessoal, mas de uma manifestação do Espírito Santo, na qual a presença, a glória e a operação de Jesus estão presentes com seu povo (Jo 14.16-18; 16.14; 1Co 12.7). Outros resultados do genuíno batismo no Espírito Santo são: (a) mensagens proféticas e louvores (2.4, 17; 10.46;  1Co 14.2,15); (b) maior sensibilidade contra o pecado que entristece o Espírito Santo, uma maior busca da retidão e uma percepção mais profunda do juízo divino contra a impiedade (ver Jo 16.8; At 1.8); (c) uma vida que glorifica a Jesus Cristo (Jo 16.13,14; At 4.33); (d) visões da parte do Espírito (2.17); (e) manifestação dos vários dons do Espírito Santo (1Co 12.4-10); (f) maior desejo de orar e interceder (2.41,42; 3.1; 4.23-31; 6.4; 10.9; Rm 8.26); (g) maior amor à Palavra de Deus e melhor compreensão dela (Jo 16.13; At 2.42) e (h) uma convicção cada vez maior de Deus como nosso Pai (At 1.4; Rm 8.15; Gl 4.6).]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

"[...] Os pentecostais acreditam que a experiência distintiva do batismo no Espírito Santo, tal como Lucas a descreve, é crucial para a Igreja contemporânea. Stronstad diz que as implicações da teologia de Lucas são claras: 'Já que o dom do Espírito era carismático ou vocacional para Jesus e a Igreja Primitiva, assim também deve ter uma dimensão vocacional na experiência do povo de Deus hoje'. Por quê? Porque a Igreja hoje, da mesma forma que a Igreja em Atos dos Apóstolos, precisa de poder dinâmico do Espírito para evangelizar o mundo de modo eficaz e edificar o corpo de Cristo. O Espírito veio no dia de Pentecostes porque os seguidores de Jesus 'precisavam de um batismo no Espírito que revestisse de poder o seu testemunho, de tal maneira que outros pudessem também entrar na vida e na salvação'. E, por ter vindo no dia de Pentecostes, o Espírito volta repetidas vezes, visando o mesmo propósito" (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.456).
 
IV. OS DONS ESPIRITUAIS

1. Os dons espirituais. São manifestações do poder de Deus que nos capacitam a continuar a missão de Cristo no mundo e as demonstrações desse poder na vida da Igreja (At 1.8). A Igreja não se sustenta sozinha, por isso o Senhor Jesus enviou o Espírito Santo (Jo 14.16-18). Há pelo menos três listas desses dons (Rm 12.6-8; 1Co 12.8-10,28-30), embora não ousamos dizer que sejam apenas esses, pois não existe uma lista exaustiva deles no Novo Testamento. [Comentário:Existem três listas bíblicas dos "dons do Espírito", também conhecidos como dons espirituais. As três principais passagens que descrevem os dons espirituais são Romanos 12:6-8, 1 Coríntios 12:4-11 e 1 Coríntios 12:28. Os dons espirituais identificados em Romanos 12 são profetizar, servir, ensinar, incentivar, dar, liderança e misericórdia. A lista em 1 Coríntios 12:4-11 inclui a palavra de sabedoria, a palavra de conhecimento, fé, cura, poderes miraculosos, profecia, discernimento dos espíritos, falar em línguas e a interpretação de línguas. A lista em 1 Coríntios 12:28 inclui curar, ajuda, governos, variedade de línguas.]
2. Os dons são dados aos crentes individualmente. A manifestação dos dons ocorre por meio das três Pessoas da Trindade: pelo Espírito, na "diversidade de dons" (1Co 12.4); pelo Senhor, na "diversidade de ministérios" (v.5); e pelo Deus Pai, na "diversidade de operações (v.6). Mas a fonte dos dons é o Espírito Santo e, por isso, essa manifestação é dada por Ele "a cada um para o que for útil" (1Co 12.7) e não para exibição ou ostentação do crente, porque o mérito é do Senhor Jesus (At 3.12). Outra vez o apóstolo enfatiza a origem dos dons, o Espírito Santo, pois reconhece que é este mesmo quem "opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer" (1Co 12.11). [Comentário: Muitos creem erroneamente que os irmãos agraciados com dons da parte de Deus são, por isso, mais espirituais que os outros. Todavia, os dons do Espírito são concedidos pela graça de Deus. Por ser resultado da graça divina, não recebemos tais dons por méritos próprios, mas pela bondade e misericórdia de Deus. Que a mensagem de Jesus possa ressoar em nossa consciência e convencer-nos de uma vez por todas de que os dons não são garantia de espiritualidade genuína: “Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7.22,23). Na Primeira Carta aos Coríntios, Paulo dedica dois capítulos (12 e 14) para falar a respeito do uso dos dons na igreja. O apóstolo mostra que quando os dons são utilizados com amor, todo o Corpo de Cristo é edificado. Conforme diz Thomas Hoover, parafraseando Paulo em Efésios 4.16, “os membros do corpo, cada qual com sua própria função concedida pelo Espírito, cooperam para o bem de todas. O amor é essencial para os dons espirituais alcançarem seu propósito”. Se não houver amor, certamente não haverá edificação (1Co 13). Sem o amor de Deus nos tornamos egoístas e acabamos por colocar nossos interesses em primeiro lugar. O propósito dos dons, que é edificar o Corpo de Cristo, só pode ser cumprido se tivermos o amor de Deus em nossa vida. O apóstolo Pedro exortou a igreja acerca da administração dos dons de Deus (1Pe 4.10,11). Ele usou a figura do despenseiro que, antigamente, era o homem que administrava a despensa e tinha total confiança do patrão. O despenseiro adquiria os mantimentos, zelava para que não estragassem e os distribuíam para a alimentação da família. Desta forma, os despenseiros da obra do Senhor devem alimentar a “família de Deus” (1Co 4.1; Ef 2.19). Eles precisam ter o cuidado no uso dos dons concedidos pelo Senhor para prover a alimentação espiritual, objetivando a edificação do Corpo de Cristo: “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre” (1Pe 4.10,11).]

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

"Dons Espirituais. Recursos extraordinários que o Senhor Jesus Cristo, mediante o Espírito, colocou à disposição da Igreja, visando: l) o aperfeiçoamento dos santos; 2) a ampliação do conhecimento, do poder e da proclamação do povo de Deus; e: 3) chamar a atenção dos incrédulos à realidade divina. Os dons espirituais dividem-se em três grupos: I - Dons de Revelação. Palavra da sabedoria, palavra do conhecimento e discernimento de espíritos. Através dos quais a Igreja é capacitada a conhecer de maneira sobrenatural.
II - Dons de Poder. Fé, Maravilhas e Cura. Por intermédio dos quais a Igreja pode agir de forma extraordinária.
III - Dons de Alocução. Línguas, interpretação e profecia. Por meio dos quais a Igreja recebe a graça de proclamar os arcanos divinos de modo milagroso" (ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.127-28).

CONCLUSÃO

A descida do Espírito Santo é acompanhada dos dons espirituais. Eles são atuais na vida da Igreja e são dados a cada um para o que for útil, sempre para o bem da igreja local. Trata-se de ferramentas importantes e indispensáveis para os crentes, razão pela qual devemos lhes dar a devida atenção. [Comentário: A igreja de Jesus Cristo tem uma missão a cumprir: proclamar o evangelho em um mundo hostil às verdades de Cristo e descrente de Deus. Diante desta tão sublime tarefa, a igreja necessita do poder divino. Os dons espirituais são um “arsenal” à disposição do corpo de Cristo para o cumprimento eficaz de sua missão na terra. Como já foi dito, o propósito dos dons é edificar toda a igreja, todo Corpo de Cristo para ser abençoado, exortado e consolado. Por isso, nunca devemos usar os santos dons de Deus em benefício particular, como se fosse algo exclusivo de certas pessoas. Somos chamados a servir a Igreja do Senhor, e não a utilizar os dons de Deus para nós mesmos. Na Primeira Carta aos Coríntios, Paulo dedica dois capítulos (12 e 14) para falar a respeito do uso dos dons na igreja. O apóstolo mostra que quando os dons são utilizados com amor, todo o Corpo de Cristo é edificado. Conforme diz Thomas Hoover, parafraseando Paulo em Efésios 4.16, “os membros do corpo, cada qual com sua própria função concedida pelo Espírito, cooperam para o bem de todas. O amor é essencial para os dons espirituais alcançarem seu propósito”. Se não houver amor, certamente não haverá edificação (1Co 13). Sem o amor de Deus nos tornamos egoístas e acabamos por colocar nossos interesses em primeiro lugar. O propósito dos dons, que é edificar o Corpo de Cristo, só pode ser cumprido se tivermos o amor de Deus em nossa vida.] “... corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus ...” (Hebreus 12.1-2)

Francisco Barbosa

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