sábado, 27 de fevereiro de 2021

LIÇÃO 9: VIVENDO O FERVOR ESPIRITUAL

 

 

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO

A expressão “todos foram cheios do Espírito Santo”, em Atos 2.4, quer dizer que todos foram batizados no Espírito Santo. Isso já estudamos na lição 3, mas nela aprendemos igualmente que “cheio do Espírito” indica também viver a plenitude ou o fervor do Espírito. Vamos analisar melhor essa parte da teologia pentecostal. – Viver o fervor espiritual é o mesmo que ser cheio do Espírito Santo. A expressão “cheio do Espírito Santo”, ou fraseologia similar, pode se referir tanto ao batismo no Espírito Santo como também à vida plena no Espírito. Essa linguagem aparece no evangelho de Lucas e no livro de Atos. Fora desses livros, só aparece uma só vez em Paulo: “E não se embriaguem com vinho, pois isso leva à devassidão, mas deixem-se encher do Espírito” (Ef 5.18). Quem compreende essa diferença não terá dificuldade para entender o significado teológico do Pentecostes.

I. A IMPORTÂNCIA DA DEVOÇÃO PELA PALAVRA E ORAÇÃO

O apego à Palavra e o hábito de orar são indispensáveis à vida cristã. São práticas ensinadas ao povo de Deus desde o princípio, pois Deus fala por meio delas.

1. Devoção. A nossa ideia de “devoção” é de apego, dedicação e zelo, como o nosso apreço pela oração (Mt 26.41), o amor pela Palavra (Sl 119.97) e o apego ao jejum. Leitura da Bíblia, oração e jejum são importantes exercícios espirituais na vida da igreja desde o princípio. Tudo isso é válido e espiritualmente salutar para a vida cristã, mas torna-se eficaz quando acompanhada de santificação e de humildade, prudência e sabedoria (v. 15). A nossa prudência é para que essas práticas não venham se tornar motivo de exibição.

2. A oração e a Palavra. Todos nós conhecemos o jargão evangélico: “a oração é a chave da vitória”. Isso é verdade. Não existe vida espiritual abundante sem oração. Segundo a Declaração de Fé das Assembleias de Deus, a oração é “o ato consciente, pelo qual a pessoa dirige-se a Deus para se comunicar com Ele e buscar a sua ajuda por meio de palavra ou pensamento”. A oração é a alma do Cristianismo e expressa a nossa total dependência de Deus. O próprio Senhor Jesus Cristo tinha o hábito de orar (Lc 3.21; 6.12). Essa prática particular deve ser espontânea e contínua (1 Ts 5.17). A leitura da Bíblia nos torna sábios e prudentes (2 Tm 3.15; Sl 119.100).

3. O viver sabiamente (v. 15). Esses exercícios espirituais devem ser colocados em prática no dia a dia, diferentemente do néscio: “vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios” (v. 15). Existem pelo menos sete palavras gregas no Novo Testamento para “néscio”, mas a que o apóstolo usa nessa passagem só aparece aqui, é asophos, “tolo, sem juízo”. Paulo está contrastando a sabedoria cristã, que vem do Espírito, com a insensatez dos pagãos. Isso se torna claro no v. 17, onde o apóstolo usa o termo aphron, “néscio, insensato”, e acrescenta que esses não entendem “a vontade do Senhor”. Devemos priorizar a vontade de Deus em nossas decisões, atitudes e não focar as aparentes vantagens, como faz o mundo. O modo de vida do crente não pode ser o mesmo padrão do mundo (Rm 12.1).

4. Remindo o tempo (v. 17). Essa frase diz muito mais do que parece à primeira vista. O verbo remir significa “comprar de novo, resgatar, aproveitar o melhor possível”. A palavra “tempo” é bem conhecida entre nós, kairós, tempo no sentido de ocasião, oportunidade (Hb 11.15). Essas duas coisas são especialidades dos crentes, que cheios do Espírito Santo, resultam no viver sabiamente. O crente sabe aproveitar as oportunidades para fazer a obra de Deus, falar de Jesus às pessoas que ainda não conhecem o Evangelho (Cl 4.5) até mesmo em circunstâncias difíceis. Na verdade, tanto hoje como nos dias apostólicos, “os dias são maus”.

Não é possível uma vida nos domínios do Espírito sem devoção pela Palavra de Deus e sem o hábito de orar: “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação todo o dia!” (Sl 119.97); “Orem sem cessar” (1 Ts 5.17). Essas duas práticas espirituais são indispensáveis na devoção cristã. A lei, nesse estágio da história do povo de Deus, diz respeito à própria Escritura Sagrada: “o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite” (Sl 1.2); “A lei do SENHOR é perfeita e restaura a alma” (Sl 19.7). O Novo Testamento chama também de “lei” parte das Escrituras que não se refere a nenhum livro do Pentateuco: “Não está escrito na Lei de vocês: ‘Eu disse: vocês são deuses’”? (Jo 10.34), que é uma citação direta do salmo 82.6; o apóstolo Paulo chama de lei uma passagem do profeta Isaías: “Na lei está escrito: ‘Falarei a este povo por meio de homens de outras línguas e por meio de lábios de outros povos, e nem assim me ouvirão, diz o Senhor’” (1 Co 14.21). Essa citação é de Isaías 28.11. Então, o termo “lei” pode significar tanto a Lei de Moisés como também as Escrituras Sagradas. Segundo R. K. Harrison, o corpus mosaico passou a ser identificado como Lei depois do cativeiro: “no período pós-exílio o corpus era conhecido como a ‘Torah’ ou Lei”. De modo que no devocional do salmista: “Quanto amo a tua lei!”, ele está se referindo à Palavra de Deus. Essa devoção às Escrituras é parte do ensinamento bíblico para o povo de Deus. Há na Bíblia diversas exortações para leitura das Escrituras Sagradas e meditação diária na palavra de Deus (Js 1.8; Dn 9.1, 2; Jo 5.39; Ap 1.3). O propósito das Escrituras é a redenção humana em Jesus: “você conhece as sagradas letras, que podem torná-lo sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2 Tm 3.15). São ensinos espirituais que não se encontram em nenhum lugar do mundo (2 Tm 3.16,17).

A Bíblia revela os mistérios do passado como a criação, os do futuro como a vinda de Jesus, os decretos eternos de Deus, os segredos do coração humano e as coisas profundas de Deus (Gn 2.1-4; Is 46.10; Lc 21.25-28). A Bíblia corrige o erro humano e é útil para orientar a vida humana: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2 Tm 3.16). Uma das grandezas das Escrituras é a sua aplicabilidade na vida diária, na família, na igreja, no trabalho e na sociedade. Deus é o nosso Criador e somente ele nos conhece e sabe o que é bom para suas criaturas. E essas orientações estão na Bíblia, o “manual do fabricante” (Rm 12.1, 2).

No tocante à oração, o Senhor Jesus partia do princípio que as pessoas da sua geração tinham o hábito de orar: “E, quando orarem, não sejam como os hipócritas” (Mt 6.5). O “quando” mostra que Jesus está falando de um hábito e não dando uma nova ordem. Os judeus oravam três vezes ao dia: de manhã, ao meio dia e à tarde, “à hora nona” (Sl 55.17; Dn 6.10); ainda hoje, os judeus religiosos o fazem. Naqueles dias essas orações eram públicas. Nós, cristãos, oramos continuamente (Ef 6.18; Cl 4.2; 1 Ts 5.17), não como obrigação, é um hábito com o desejo de manter a comunhão com Cristo (Gl 2.20). O próprio Senhor Jesus Cristo tinha o hábito de orar (Lc 3.21; 6.12).

O Senhor Jesus Cristo durante o tempo de seu ministério terreno nunca se apartou da oração: “E, tendo despedido as multidões, ele subiu ao monte, a fim de orar sozinho” (Mt 14.23); “Tendo-se levantado de madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus saiu e foi para um lugar deserto, e ali orava” (Mc 1.35). Ele aparece orando por ocasião do seu batismo, no Jordão, por João Batista (Lc 3.21); para escolher os doze apóstolos ele passou a noite em oração (Lc 6.12, 13); estava orando quando transfigurou-se (Lc 9.29); estava orando quando os seus discípulos pediram que Ele os ensinassem a orar (Lc 11.1); Ele intercedeu ao Pai em favor de Pedro (Lc 22.32) e pelos demais discípulos e por todos nós (Jó 17.20). Se o próprio Filho de Deus procedia dessa forma, o que não diremos nós?

Precisamos orar e também dependemos das orações dos irmãos, o próprio apóstolo Paulo pedia oração em seu favor: “E orem também por mim, para que, no abrir da minha boca, me seja dada a palavra, para com ousadia tornar conhecido o mistério do evangelho” (Ef 6.19). Ele contava sempre com a oração dos crentes (Cl 4.3; 2 Ts 3.1). Quando um homem da estatura espiritual do apóstolo Paulo pede a oração da igreja em seu favor e pelo seu ministério, isso mostra que não existe super-homem na igreja. Todos nós somos dependentes do Senhor Jesus e contamos com a oração uns dos outros.

Uma vida de dedicação a Deus, de oração e leitura e meditação na Palavra de Deus nos ajuda a viver sabiamente conforme o ensino do apóstolo Paulo: “Portanto, tenham cuidado com a maneira como vocês vivem, e vivam não como tolos, mas como sábios, aproveitando bem o tempo, porque os dias são maus. Por esta razão, não sejam insensatos, mas procurem compreender qual é a vontade do Senhor” (Ef 5.15-17).

O viver sabiamente são exercícios espirituais importantes que devem ser colocados em prática no dia a dia, diferentemente dos tolos. Existem pelo menos sete palavras gregas no Novo Testamento para “néscio”. Os néscios, na linguagem paulina, referem-se sempre aos pagãos, e é nesse sentido que o apóstolo chama a atenção. Mas, a palavra que o apóstolo usa nessa passagem para “tolos”, ou, “néscios” (ARC), só aparece nessa passagem, é ásophos. O termo grego sophós quer dizer “sábio”, e o prefixo a indica ausência, privação, logo, ásophos indica “imprudente, insensato, tolo, sem juízo, sem sabedoria”. Paulo está contrastando a sabedoria cristã, que vem do Espírito, com a insensatez dos pagãos. Isso se torna claro no v. 17, onde o apóstolo usa o termo aphro¯ n, “néscio, insensato”, a mesma palavra que a Septuaginta emprega a alguém que não tem juízo, “sem entendimento” (Pv 17.18; 24.30). Paulo acrescenta ainda que esses não entendem “a vontade do Senhor”. Devemos priorizar a vontade de Deus em nossas decisões atitudes e não focar as aparentes vantagens, como faz o mundo. O modo de vida do crente não pode ser o mesmo padrão do mundo (Rm 12.1). Todas essas características negativas e nocivas são incompatíveis com a vida cristã.

“Aproveitando bem o tempo” (Ef 5.16), ou “remindo o tempo” (ARC), é uma frase que diz muito mais do que parece à primeira vista. O verbo remir significa “comprar de novo, resgatar, aproveitar o melhor possível”. A palavra “tempo” é bem conhecida entre nós, kairós, tempo no sentido de ocasião, oportunidade: “enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos” (Gl 6.10); “se lembrassem daquela de onde saíram, teriam oportunidade de voltar” (Hb 11.15); “humilhem-se debaixo da poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, os exalte” (1 Pe 5.6). Essas duas coisas, tempo e oportunidade, são especialidades dos crentes, que cheios do Espírito Santo resultam no viver sabiamente. O crente sabe aproveitar as oportunidades para fazer a obra de Deus, falar de Jesus às pessoas que ainda não conhecem o evangelho (Cl 4.5) até mesmo em circunstâncias difíceis. Na verdade, tanto hoje como nos dias apostólicos, “os dias são maus”.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Este primeiro tópico descreve o que se espera de uma vida cristã fervorosa com base em Efésios 5. Mais do que um momento de êxtase espiritual, uma prática cristã fervorosa se evidencia por meio da prática da devoção diária e na relação interpessoal.

Na lousa ou num cartaz, pontue as principais práticas de devoção na vida diária do crente: Oração; leitura da Bíblia; jejum; frequência aos cultos de ensino e públicos; frequência a reuniões de oração.

Faça uma reflexão em que esteja claro que a prática mecânica desses pontos não garante uma vida de fervor, mas pondere que a vida de fervor leva em conta a oração, a leitura da Bíblia, o jejum, a frequência aos cultos e que, principalmente, tem na relação amorosa com o próximo, uma das mais importantes manifestações espirituais (Cf. 1 Co 13).

  II. A IMPORTÂNCIA EM MANTER-SE “CHEIO DO ESPÍRITO”

A obra do Espírito Santo na vida do crente é dinâmica; Ele não fica estático a partir da conversão, pois a expressão “cheio do Espírito Santo” significa reacender a chama do Espírito. Não se deve confundir com a expressão “cheios do Espírito Santo” do Pentecostes (At 2.4).

1. “E não vos embriagueis com vinho” (v. 18a). Essa frase é como a Septuaginta traduz: “Não olhes para o vinho” (Pv 23.31). A passagem em Provérbios explica as consequências destrutivas da bebedeira e a compara com a picada de uma cobra. A palavra usada para “contenda” significa também “devassidão, dissolução”. Esses termos são incompatíveis com a ética cristã (1 Co 6.10), mas é muito comum entre os pagãos que procuram buscar a felicidade nos prazeres mundanos que resultam sempre em desgraças.

2. “… Mas enchei-vos do Espírito” (v. 18b). Essa expressão indica renovação, novo enchimento do Espírito (At 4.8; 13.9). A ação do Espírito na vida cristã não é estática; nele somos renovados no nosso dia a dia. Essa experiência acontece reiteradamente em nossos dias e isso vem desde o Pentecostes. Os discípulos já tinham o Espírito antes do Pentecostes (Jo 20.22) e já eram salvos (Lc 10.20). Todos os crentes em Jesus, pentecostais e não pentecostais, batizados no Espírito Santo e não batizados, têm o Espírito Santo (1 Co 3.16; Gl 3.2-5). O apóstolo se refere à plenitude do Espírito em “enchei-vos do Espírito”, que é característica típica dos pentecostais.

3. Não confundir com o batismo no Espírito Santo.  Isso já foi estudado na lição 3. Em outras passagens, “cheios do Espírito Santo” diz respeito ao batismo o Espírito (At 2.4; 9.17), mas não é o caso em Efésios 5.18. O batismo no Espírito Santo é uma experiência distinta da conversão. O significado de palavras e expressões bíblicas na Bíblia deve ser entendido e interpretado à luz do seu contexto. Observe a frase: “Então, Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse” (At 4.8). Ora, Pedro foi batizado no dia de Pentecostes, logo, a expressão mostra a dinâmica do Espírito na vida do apóstolo. Da mesma forma, o trecho “Saulo, que também se chama Paulo, cheio do Espírito Santo” (At 13.9) fala de alguém já batizado no Espírito Santo (At 9.17,18), e é evidente que “cheio do Espírito Santo” se refere à plenitude do Espírito.

Duas vezes a expressão “cheio do Espírito Santo” e fraseologia similar indica o batismo no Espírito Santo (At 2.4; 9.17). Mas, essa expressão deve ser entendida à luz do seu contexto bíblico, pois, nem sempre o enchimento do Espírito se refere ao referido batismo. O Novo Testamento registra essa experiência mesmo antes, durante e depois do Pentecostes, tanto de forma individual como coletiva. Antes do Pentecostes, o exemplo clássico é o de João Batista, Isabel e Zacarias (Lc 1.15, 41, 67). O enchimento como o batismo aconteceu no Pentecostes: “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem” (At 2.4); e Saulo de Tarso, depois dos eu encontro com o Senhor Jesus no caminho de Damasco: “Então Ananias foi e, entrando na casa, impôs as mãos sobre Saulo, dizendo: — Saulo, irmão, o Senhor Jesus, que apareceu a você no caminho para cá, me enviou para que você volte a ver e fique cheio do Espírito Santo” (At 9.17). 

A obra do Espírito Santo na vida do crente é dinâmica, o Espírito não fica estático a partir da conversão, a expressão “cheio do Espírito Santo” significa também reacender a chama do Espírito. De modo que a experiência do enchimento do Espírito se repete tanto de forma individual como coletiva. Isso acontece com as mesmas pessoas batizadas no Espírito Santo antes, como Pedro, que era um dos que estavam entre os discípulos em Pentecostes (2.14), no entanto, aparece novamente “cheio do Espírito Santo” (At 4.8); de igual modo Paulo, mesmo depois de ter sido cheio do Espírito (At 9.17), aparece outra vez “cheio do Espírito Santo” (At 13.9). Isso acontece com a comunidade: “Os discípulos, porém, estavam cheios de alegria e do Espírito Santo” (At 13.52). O contexto esclarece o significado da expressão. A ação do Espírito na vida cristã não é estática, nele somos renovados no nosso dia a dia. Essa experiência acontece reiteradamente em nossos dias e isso vem desde o Pentecostes.

 “E não se embriaguem com vinho, pois isso leva à devassidão, mas deixem-se encher do Espírito” (Ef 5.18), ou: “enchei-vos do Espírito” (ARC). A frase usada pelo apóstolo é a mesma que aparece na Septuaginta: m¯e methyskesthe oino¯, “não se embriague com vinho” (Pv 23.31). Em Provérbios, essa palavra é uma advertência contra a embriaguez que mostra as consequências destrutivas da bebedeira e a compara com a picada de uma cobra. A palavra usada para “devassidão” ou “contenda” (ARC) significa também “dissolução”. Esses termos são incompatíveis com a ética cristã (1 Co 6.10), mas é muito comum entre os pagãos que procuram buscar a felicidade nos prazeres mundanos que resultam sempre em desgraças.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“Para ampliar a percepção de oposição entre “ser cheio do Espírito” e “embriagados de vinho”: “Ser Cheio do Espírito Santo (5.18-21). Toda essa seção (4.17 – 5.21) contém uma série de contrastes, começando com ‘antes’ e ‘depois’, contrapondo os gentios que, convertidos, vieram a conhecer a Cristo. Outro contraste ocorre novamente em 5.18, embriaguez versus plenitude espiritual. A embriaguez é uma obra das trevas e consequência da natureza pecaminosa (não é uma doença) que ‘melhor responde por essa aparência aqui’.

Os tempos dos dois imperativos em 5.18 indicam as seguintes mensagens: ‘nunca façam assim’, referindo-se à tolerância para com a embriaguez, e ‘sempre façam assim’ em relação a encher-se do Espírito Santo. Gordon Fee (721-22) observa que o verdadeiro significado do segundo imperativo não é usual: ‘Paulo não diz ‘sejais cheios do Espírito’ [genitivo] como se alguém estivesse cheio do Espírito da mesma forma que outro estivesse cheio de vinho, mas ‘enchei-vos do Espírito’ com ênfase em estar totalmente cheio da presença do Espírito (ou da ‘plenitude concedida pelo Espírito’)” (Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento: Romanos – Apocalipse. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p. 451).

III. VIGILANTES CONTRA A FRIEZA ESPIRITUAL

Você deve se lembrar de que um dos requisitos para compor o grupo dos sete diáconos era ser “cheios do Espírito” (At 6.3). Como identificar alguém cheio do Espírito? O apóstolo apresenta pelo menos três características: o testemunho transbordante, a vida de gratidão e de submissão.

1. Testemunho transbordante (v.19). É um sinal evidente. Os cânticos são expressões de alegria e de louvor a Deus, além da função de instruir a igreja. Os cristãos expressam por meio dos hinos seus anseios, suas esperanças, aquilo que acreditam estar inspirado na vida das personagens bíblicas e nas promessas divinas. Os salmos são o Saltério de Israel, o livro dos Salmos, aos quais o Espírito dava uma vida nova. Muitos deles são adaptados à música ainda hoje no judaísmo e no cristianismo. Os hinos são uma referência às primeiras composições cristãs, e lamentamos o fato de não terem sobrevivido, mas algumas de suas estrofes estão no Novo Testamento: Filipenses 2.5-11 é um bom exemplo. Os cânticos espirituais, palavras não premeditadas cantadas no Espírito durante a adoração, são um poderoso meio de edificação que contribui para a glória de Deus (Cl 3.16).

2.  Dar graça em tudo (v. 20). Essa é a vontade de Deus e deve ser a marca de todos os cristãos (1 Ts 5.18).  Ser cheio do Espírito nos leva a uma vida alegre: “dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Ef 5.20). O Espírito Santo nos capacita a levar uma vida de gratidão a Deus Pai centrada em Cristo. Há diversas passagens tripartidas no Novo Testamento (Mt 28.19; 1 Co 12.4-6; 2 Co 13.13; Ef 4.4-6; 1 Pe 1.2), onde o Espírito Santo aparece com o Pai e com o Filho, e a passagem que estamos analisando é uma delas (vv. 18-20).

3. Sujeição (v. 21). O quebrantamento e a humildade expressam bem a plenitude do Espírito. A submissão é outra consequência de uma vida na plenitude do Espírito, pois o Espírito nos capacita a essa sujeição. É dever cristão se submeter às autoridades constituídas (1 Pe 2.13), aos seus superiores hierárquicos (1 Pe 2.18). Essa sujeição deve haver entre os irmãos na igreja (1 Pe 5.5). Os resultados de ser cheio do Espírito envolvem todos os aspectos da nossa vida: “falando entre vocês com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando com o coração ao Senhor, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Sujeitem-se uns aos outros no temor de Cristo” (Ef 5.19-21). Temos nessa passagem pelo menos três características das pessoas cheias do Espírito: o testemunho transbordante, a vida de gratidão e um estilo de vida submisso.

O testemunho transbordante é manifesto não somente nas reuniões cristãs, nos cultos, mas na vida diária. Estas são as três principais palavras para o louvor cristão: salmos, hinos e cânticos espirituais (Ef 5.19). O que elas significam? - Os salmos, como sabemos, são uma coleção de poemas didáticos, devocionais, históricos, proféticos, de louvor e adoração a Deus. O nome do livro, “Salmos”, vem da Septuaginta Psalmoi, do verbo grego psallo¯, “tocar instrumento de cordas”. Essa palavra aparece sete vezes no Novo Testamento, quatro vezes, em Lucas-Atos, se refere ao livro dos Salmos (Lc 20.42; 24.44; At 1.20; 13.33) e três vezes, em Paulo, diz respeito a louvores (1 Co 14.26; Ef 5.19; Cl 3.16). As igrejas do período apostólico seguiam de perto as práticas litúrgicas judaicas. De modo que os salmos nesse contexto paulino se referem ao louvor. - A segunda palavra é “hinos”. O verbo grego hymnéo¯, “cantar hino”, aparece quatro vezes no Novo Testamento: na passagem paralela da instituição da Ceia do Senhor, era o cântico de aleluia da Páscoa (Mt 26.30; Mc 14.26); na terceira, Paulo e Silas, que cantavam hinos a Deus na prisão de Filipos (At 16.25) e, finalmente, em Hebreus 2.12, que é uma citação salmo 22.22 [21.23 LXX]. O substantivo hymnos, “hino”, aparece duas vezes (Ef 5.19; Cl 3.16). - E a última palavra é a expressão “cânticos espirituais”. O termo grego ¯od¯e, “cântico”, “ode, hino”, aparece sete vezes no Novo Testamento, duas já mencionadas (Ef 5.19; Cl 3.16) e as outras cinco em Apocalipse (5.9; 14.3 [duas vezes]; 15.3 [duas vezes]). Em Apocalipse se refere ao cântico de alegria e de louvor a Deus e ao Cordeiro. O acréscimo do adjetivo grego pneumatikais, “espirituais”, modifica as três palavras, salmos, hinos e cânticos. Os cânticos espirituais do Novo Testamento não devem ser confundidos com as músicas que cantam os grupos de louvores nos cultos, essas equipes se preparam, ensaiam os hinos e se apresentam na programação do culto, geralmente com repetições.

Não temos muitas informações sobre o que seriam os cânticos espirituais nessas passagens, mas temos certeza que não é isso que se faz hoje. Eles “podem ser manifestações espontâneas que expressam alegria e louvor no coração na ocasião do derramamento especial do Espírito nas pessoas”. Segundo o Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento, os cânticos espirituais “eram expressões resultantes da presença do Espírito dentro do crente e da comunidade”, em seguida afirma que F. F. Bruce “sugere que cânticos espirituais eram provavelmente ‘palavras não premeditadas cantadas no Espírito exprimindo louvor e santas aspirações”. Isso tem acontecido comigo, mesmo não sendo eu cantor. Os cânticos espirituais genuinamente pentecostais são palavras não premeditadas cantadas no Espírito durante a adoração, muitas vezes em línguas, são um poderoso meio de edificação que contribui para a glória de Deus (Cl 3.16).

Os cânticos são expressões de alegria e de louvor a Deus, além da função de instruir a igreja. Os cristãos expressam por meio dos hinos seus anseios, suas esperanças, aquilo que acreditam estar inspirado na vida das personagens bíblicas e nas promessas divinas. Os salmos são o Saltério de Israel, o livro dos Salmos, aos quais o Espírito dava uma vida nova. Muitos deles são adaptados à música ainda hoje no judaísmo e no cristianismo. Encontramos na Bíblia a música desde os tempos antes dos séculos até aos séculos dos séculos, no céu (Jó 38.6, 7; Ap 14.3; 15.3).

Os hinos são uma referência às primeiras composições cristãs, lamentamos o fato de não terem sobrevivido, mas algumas de suas estrofes estão no Novo Testamento, Filipenses 2.5-11 é um bom exemplo. Gordon Fee afirma no seu estudo exegético sobre esta passagem o seguinte: “o único ponto em que há um consenso geral é que era originalmente um hino”. Por volta do ano 110, Plínio, o Jovem, foi enviado pelo imperador Trajano à Ásia Menor, atual Turquia, para combater os cristãos. Ele escreveu ao imperador que os cristãos “costumavam reunir-se num dia estabelecido, antes de raiar o dia, e cantar, revezando-se, um hino a Cristo, como a um deus, e a obrigar-se por um juramento não à prática de qualquer iniquidade...” (Plínio, o Jovem Epistolae 10.96).119 Esse relatório de alguém de fora mostra a presença de hinos a Cristo na adoração cristã. O quadro descrito em Efésios 5.19-21 revela o resultado de ser cheio do Espírito. Essa descrição das manifestações do Espírito não se restringe às reuniões da igreja, mas também na nossa vida pessoal e no nosso relacionamento com as pessoas. Você deve se lembrar de que um dos requisitos para compor o grupo dos sete diáconos era ser “cheios do Espírito” (At 6.3). Como identificar alguém cheio do Espírito? O apóstolo apresenta pelo menos três características já mencionadas acima: o testemunho transbordante, a vida de gratidão e de submissão.

SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ

“Mas ouça a terceira [marca do Espírito]: ‘Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus’. Creio que a melhor prova de alguém estar cheio do Espírito é o quebrantamento e a humildade. Eles não são opção! São pontos que tornam fácil sujeitarmo-nos aos outros irmãos. Em meu ministério de ensino encontro uma grande diferença nas pessoas. Quando você leva a Palavra de Deus a certas pessoas, elas ficam ofendidas. Outras dizem: ‘Ah! Não! Não concordo com você’. E muitas não se deixam ensinar. Mas quando estão cheias do Espírito Santo mesmo, também estarão dispostas a aprender. Você pode falar em muitas línguas, mas se não tem um espírito pronto para aprender, eu pergunto que tipo de Espírito você tem.

Os professores não são perfeitos e seus ensinamentos, às vezes, têm falhas; às vezes você pode ter o direito de questionar o que dizem e discordar. Mas se você tem o Espírito de Deus, irá questioná-los com mansidão, num tom fraterno. Ao invés de ficar ofendido e sair zangado, você chegará até o professor com um espírito dócil e cortês e dirá: ‘Talvez eu não tenha entendido muito bem o senhor ou não tenha captado o sentido’. Ah! Como é maravilhoso esse espírito de sujeição de uns para com os outros no temor de Deus” (GEE, Donald. Como Receber o Batismo no Espírito Santo: Vivendo e testemunhando com poder. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, pp.43-44)

   CONCLUSÃO

O significado de “enchei-vos do Espírito” é ter a vida cristã na plenitude do Espírito Santo. Isso envolve todos os aspectos da nossa vida. Desde os cultos até o lar, desde o lar até o trabalho e a sociedade. Por meio desses testemunhos é possível observar quem é cheio do Espírito. – “Enchei-vos” tem o significado, em grego, de “ser enchido repetidas vezes”. A vida espiritual do filho de Deus deve experimentar a renovação constante, mediante enchimento repetidos do Espírito Santo. Alguns resultados de ser cheio do Espírito Santo são: (a) falar com alegria a Deus, em salmos, hinos e cânticos espirituais. (b) dar graças e (c) sujeitar-nos uns aos outros).

REFERÊNCIAS

LIÇÕES BÍBLICAS. 1º Trimestre 2020 - Lição 9. Rio de Janeiro: CPAD, 28, fev. 2021.

SOARES, Esequias. O verdadeiro pentecostalismo: a atualidade da doutrina bíblica sobre a atuação do Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.

sábado, 20 de fevereiro de 2021

LIÇÃO 8: COMPROMETIDOS COM A PALAVRA DE DEUS


COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO

Nós somos apegados à Palavra e buscamos a orientação do Espírito Santo para nos ajudar na interpretação das Escrituras. Vamos estudar a relação dos pentecostais clássicos e a leitura da Bíblia, a maneira como nós observamos as regras gramaticais e o contexto histórico e literário para compreender melhor o texto sagrado. - O amor e o compromisso com a Palavra de Deus são um dos legados deixados pelos nossos pais na fé. Muitos pioneiros foram desfavoráveis a seminários e cursos formais de teologia, no entanto, todos defenderam com todas as suas forças a leitura e o estudo da Bíblia. O hábito da leitura diária da Bíblia é parte da cultura do nosso povo. Ao crer nas Escrituras como a Palavra de Deus revelada, não resta outro caminho ao cristão verdadeiro senão conhecer, guardar e amar este livro em santa submissão e obediência. Observar suas instruções, histórias e ordenanças com temor e reverência, afinal, é a carta de amor de Deus ao seu povo.

I. A AUTORIDADE DA BÍBLIA

Nós herdamos dos reformadores do século 16 o conhecido Sola Scriptura, “somente as Escrituras”, um dos cinco pilares da Reforma Protestante.

1. Sola Scriptura. Cada um dos cinco solae representa a chave de cada doutrina central dos reformadores como Lutero, Zuínglio, entre outros. O brado de Sola Scriptura significa que a Bíblia é a única regra de fé e prática para a vida cristã, e é por meio dela que podemos conhecer a Deus e entender a sua vontade (2 Tm 3.14-17). Os católicos romanos têm a Bíblia e a Tradição; as testemunhas de Jeová tem a Tradução do Novo Mundo, e mais a revista A Sentinela; os mórmons têm a Bíblia e mais o Livro de Mórmon e outras publicações como fonte de autoridade espiritual.

2. Nossos fundamentos. Os pentecostais ainda são vistos por alguns não pentecostais e cessacionistas como um movimento que baseia suas crenças e práticas nas emoções e ensina a crença no Cânon aberto. São interpretações equivocadas a nosso respeito. Nós cremos que a revelação canônica se encerrou com os apóstolos do Novo Testamento (1 Co 15.8). A nossa fonte de autoridade é unicamente a Bíblia, conforme a Declaração de Fé das Assembleias de Deus: “A Bíblia é a nossa única regra de fé e prática… não necessitamos de uma nova revelação extraordinária ou pretensamente canônica” (2 Pe 1.19-21).

3. Não somos deístas. Deísmo é a doutrina que afirma a existência de Deus, mas que Ele está muito longe de nós e não se envolve com os assuntos humanos. É como um relojoeiro que dá corda a um relógio e esquece-se dele. Nós somos teístas, isto é, cremos que Deus “não está longe de cada um de nós” (At 17.27), Ele está interessado no ser humano (Hb 11.6). O fechamento do Cânon Sagrado não significa que Deus abandonou suas criaturas e o seu povo. Nós cremos que Deus continua a se comunicar com o seu povo por meio dos dons espirituais (At 2.14-21). Entretanto, essa revelação não se reveste de autoridade canônica para a igreja. Deus se comunica conosco pela leitura de sua Palavra, pelos dons espirituais, sonhos, visões e até pelas coisas simples do dia a dia (At 2.17,18).

A Bíblia é a única fonte de autoridade espiritual para as Assembleias de Deus. Nós, assembleianos, não somos herdeiros diretos da Reforma, mas professamos também os seus conhecidos cinco pilares: sola Scriptura, sola fide, sola gratia, solus Christus e soli Deo gloria”. Cada um dos cinco solae representa a chave de cada doutrina central dos reformadores do século 16 e se relacionam, contrapondo os ensinos da Igreja Católica. – A teologia das Assembleias de Deus se harmoniza com os princípios básicos da Reforma. O pilar, sola Scriptura, “somente as Escrituras”, significa que a Bíblia é a única regra de fé e prática para a vida cristã e é por meio dela que podemos conhecer a Deus e entender a sua vontade (2 Tm 3.14-17), e não as Escrituras e a Tradição juntas.; Sola fide, “somente a fé”, a justificação dos nossos pecados só é possível por meio da fé, e não a fé e mais as boas obras, não existe nenhuma boa obra que possamos fazer para conquistá-la ou merecê-la (Rm 3.28). Sola gratia, “somente a graça”, a salvação é gratuita e oferecida por Deus por meio de Jesus Cristo e não depende de nós mesmos, não a merecemos, mas Deus a concede porque ama a humanidade (Rm 3.24). Solus Christus, “somente Cristo”, o Senhor Jesus Cristo é o único Salvador do mundo, a salvação só é possível por meio dele, Jesus é o único que pode interceder pela humanidade inteira, pois veio ao mundo e viveu sem pecado algum, se entregou para que nossas iniquidades fossem perdoadas (Jo 14.6), e não Cristo e a igreja, como no sistema católico. Soli Deo gloria, “somente a Deus a glória”, Deus não divide a sua glória (Is 42.8) e não glória a Deus e honra especial a Maria.

O nosso enfoque é sobre as Escrituras. O nosso Cremos, publicado no expediente do jornal, Mensageiro da Paz, declara: “Cremos na inspiração divina verbal e plenária da Bíblia Sagrada, única regra infalível de fé e prática para a vida e o caráter cristão (2 Tm 3.14-17)”. Mas, os pentecostais ainda são vistos por alguns não pentecostais e cessacionistas como um movimento que baseia suas crenças e práticas nas emoções e que ensina a crença no Cânon aberto. São interpretações equivocadas a nosso respeito. Quando foi criada a Convenção Americana das Assembleias de Deus em 1914, os líderes perceberam que havia a tentação de elevarem-se as revelações pessoais e outras manifestações místicas ao mesmo nível. Assim, era necessário fazer certo esforço para manter o equilíbrio entre os ensinos bíblicos e a experiência religiosa. Somos emocionais? É verdade. Somos, sim, emotivos, pois Deus criou o ser humano, como afirma Brumback: “não apenas como um ser físico, intelectual e espiritual, mas também, como criatura emocional”. A emoção é um elemento inteiramente humano. A verdade é que as emoções, como qualquer outra dimensão da vida humana devem ser submetidas aos ensinos bíblicos.

Nós cremos que a revelação canônica se encerrou com os apóstolos do Novo Testamento (1 Co 15.8). A nossa fonte de autoridade é unicamente a Bíblia, conforme a Declaração de Fé das Assembleias de Deus: “A Bíblia é a nossa única regra de fé e prática... não necessitamos de uma nova revelação extraordinária ou pretensamente canônica” (2 Pe 1.1921). A autoridade divina da Bíblia deriva de sua origem em Deus, e isso por si só encerra a suprema autoridade das Escrituras como plena e total garantia de infalibilidade.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Este tópico apresenta a autoridade das Escrituras. O comentarista menciona o termo latino Sola Scriptura, que quer dizer “Somente as Escrituras”. Ao introduzir o presente tópico, sugerimos que você faça um relato histórico a respeito da importância do evento histórico que ajudou a estabelecer o princípio da Sola Scriptura: o movimento da Reforma Protestante com Martinho Lutero. Cuidado com o tempo. Procure fazer isso no máximo em 10 minutos. Para isso, sugerimos que pesquise a obra “Deus e o Seu Povo”, editada pela CPAD. Nela há um capítulo todo especial sobre o esse acontecimento histórico (p.121ss).

A ideia é que você mostre o quanto devemos zelar para não perder a simplicidade das Escrituras. O contexto do Movimento da Reforma mostra que quando se perde as raízes do cristianismo apostólico, perde-se também a credibilidade, a verdadeira espiritualidade e o temor a Deus. E essas raízes apostólicas encontram-se nas Escrituras Sagradas. O Sola Scriptura é uma convocação para voltar a essas raízes.

  II. ZELO PELA DOUTRINA

O zelo pela doutrina tem ligações com a apologética cristã. Desde muito cedo na história, a igreja percebeu que a Bíblia precisa ser interpretada para que os crentes conheçam melhor o pensamento bíblico e a doutrina da igreja. Os credos e as confissões de fé são documentos produzidos pelas igrejas com esse propósito.

1. Ensino ou instrução. A palavra “doutrina” vem do latim doctrina, que literalmente significa “ensino” ou “instrução”. Mas o termo apresenta vários níveis de significado de acordo com o seu contexto. Quando o texto sagrado expressa: “e perseveravam na doutrina dos apóstolos” (At 2.42), isso significa que os discípulos permaneciam seguindo o ensino dos apóstolos. Nesse caso, a palavra “doutrina” significa ensino, instrução (Dt 32.2). Estamos nos referindo aos ensinos bíblicos.

2. O conteúdo da fé. A palavra doutrina se aplica também a um corpo básico e coerente do ensino cristão, como os credos. Trata-se de um ensino sistemático sobre os dados da revelação. A fonte do conteúdo doutrinário é a própria Palavra de Deus auxiliada pela experiência cristã e com ajuda do intelecto humano (1 Tm 4.16; 2 Tm 3.16). Isso se faz por meio do ensino, da instrução. Quando o apóstolo Paulo diz: “Traze estas coisas à memória” (v.14), ele está se referindo à sã doutrina, contrapondo “os falatórios profanos” (v.16). Os credos e as confissões de fé são dois tipos distintos de documentos eclesiásticos, mas com o mesmo propósito, interpretar as Escrituras para sintetizar o ensino da igreja. Os credos são genéricos e as confissões de fé são mais elaboradas e específicas.

3. A nossa confissão de fé e a Bíblia. A nossa confissão de fé não é de autoria particular, pois expressa o pensamento e a vida da igreja. Esse documento é submetido às Escrituras e estão em conformidade com elas. A nossa Declaração de Fé ocupa extraordinária importância na vida da igreja como sumário doutrinário da Bíblia e ajuda para sua compreensão, além de servir como proteção contra as falsas doutrinas. Entretanto, a Palavra final é a Bíblia, a Declaração de Fé expressa a doutrina oficial da Igreja. Há no Novo Testamento embriões de credos e confissões de fé (Mt 16.16; Fp 2.8-11; 1 Tm 6.13) que foram desenvolvidos ao longo da história da Igreja.

Pode-se dizer que o zelo pela doutrina era uma marca distintiva de nossos pais: “Cuide de você mesmo e da doutrina. Continue nestes deveres, porque, fazendo assim, você salvará tanto a si mesmo como aos que o ouvem” (1 Tm 4.16). Há nessa passagem duas advertências ao jovem pastor Timóteo e que vale para todos nós na atualidade: a) o cuidado pessoal, “tem cuidado de ti mesmo” (ARC), o líder deve servir de exemplo para o rebanho, se dedicar à oração e à leitura da Bíblia; b) o cuidado “da doutrina”, didaskalia, “ensino, aquilo que é ensinado, doutrina”, aparece 15 vezes nas epístolas pastorais, ao passo que o seu cognato, didache¯, de mesmo significado, só aparece duas vezes nessas epístolas (2 Tm 4.2; Tt 1.9). Quatro vezes o termo é qualificado pela palavra “sã” (1 Tm 1.10; 2 Tm 4.3; Tt 1.9; 2.1), o que significa aquela ortodoxia “relativamente fixa que as igrejas tinham recebido e que era sua responsabilidade preservar contra as heresias”. De modo que os nossos pioneiros entenderam muito bem o significado de “cuide de você mesmo e da doutrina”, e isso eles fizeram com dedicação e esmero e nos deixaram esse legado. Convém deixar claro que a expressão “fazendo assim, você salvará tanto a si mesmo como aos que o ouvem” não significa que o ministério em si mesmo, envolvendo muita dedicação, seja agente da salvação, só Cristo salva (Jo 14.6), e a salvação é pela graça mediante a fé (Ef 2.8, 9). Alguns expositores do Novo Testamento argumentam que o verbo grego usado nessa passagem para “salvar” é s¯oz¯o, que, além desse significado, quer dizer “libertar, preservar, resgatar”, e nem sempre a ideia é soteriológica. Mas, os salvos precisam perseverar até o fim e cada um cumprir o seu ministério (Mt 24.13; 2 Tm 4.5).

Os nossos primeiros missionários serviram em nosso país na evangelização e no ensino da Palavra. O zelo deles pela doutrina contribuiu para a unidade doutrinária das Assembleias de Deus. A espera entre o início das Assembleias de Deus e as primeiras instituições de ensino teológico foi de cerca de 40 anos. Nessas primeiras décadas, a prioridade deles era a evangelização e o discipulado. Além disso, os grupos pentecostais das diversas partes dos Estados Unidos e Europa não se viam como uma denominação, mas como o Movimento do Espírito, Movimento Pentecostal. Os nossos pais jamais pretendiam fundar uma Assembleia de Deus institucional, eles eram contra institucionalizar o movimento. Eles sabiam o que estavam querendo e para onde estavam conduzindo a igreja. Todos eles conheciam a Bíblia e eram muito apegados a ela. O conhecimento bíblico deles se percebe pela qualidade teológica da letra dos hinos da Harpa Cristã. Dificilmente você encontra ali um deslize doutrinário em qualquer desses poemas.

O missionário Gunnar Vingren estudou teologia no Seminário Teológico Sueco da Igreja Batista em Chicago entre 1904 e 1909. A CPAD publicou por ocasião do Centenário das Assembleias de Deus a monografia de graduação de Gunnar Vingren apresentada em Chicago em 1909, O Tabernáculo e Suas Lições. Os primeiros educadores preocupavam-se com o crescimento espiritual dos santos e incentivavam o estudo da Bíblia, porém, temiam que cursos formais de teologia viessem intelectualizar demais a fé pentecostal.

O compromisso dos nossos pais com a Palavra, mesmo num período de escassez de ensino teológico, evidencia-se no esforço dos missionários e dos primeiros líderes em criar mecanismos para disponibilizar o ensino da Palavra a todos os crentes. A princípio, o ensino era à distância.

Em 1919, os missionários Gunnar Vingren, Otto Nelson e outros, em Belém do Pará, fundaram o jornal Boa Semente, com circulação nacional, que veio a ser o órgão oficial das Assembleias de Deus, pois o jornal, Voz da Verdade, já circulava desde 1917, mas não era órgão oficial e deixou de existir. Havia, ainda, outro jornal, Som Alegre, mas a 1ª. Assembleia Geral da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil CGADB, realizada em Natal, em janeiro de 1930, determinou que os dois jornais se fundissem num só. “O título escolhido foi Mensageiro da Paz, cujo primeiro número saiu em 1º. De dezembro de 1930”. É atualmente o órgão oficial da CGADB, e cada edição traz a síntese da Confissão de Fé, o Cremos, os 16 artigos das Assembleias de Deus no Brasil. O Mensageiro da Paz, durante anos, numa coluna especial, trazia um curso teológico à distância. Não era muito, mas cumpria o papel de um instituto bíblico. A principal agência de ensino bíblico que ajudou a suprir essa lacuna foi a Escola Bíblica Dominical.

As primeiras lições até 1930 foram publicadas em forma de suplemento no jornal, Boa Semente, e essa parte do periódico se chamava, “Estudos Dominicais”, escritos pelo missionário Samuel Nyström, eram lições em forma de esboços, preparadas para três meses. A partir de 1930, por decisões da 1ª. Assembleia Geral da CGADB, foram publicadas as Lições Bíblicas, inicialmente trimestrais, mas logo passaram a ser semestrais, principalmente por causa das condições logísticas da época em um país de dimensões continentais. Segundo a apresentação do volume 01 da Coleção Lições Bíblicas – 1934-1940: “Os primeiros comentadores foram os missionários Samuel Nyström, Frida Vingren, e depois o missionário Nils Kastberg”. Desde então essas lições são publicadas ininterruptamente para ensino e edificação do povo de Deus.

O terceiro instrumento que os nossos pais usaram para suprir a falta de seminários e institutos bíblicos são as conhecidas escolas bíblicas de obreiros (EBO). A primeira Escola Bíblica, segundo o historiador das Assembleias de Deus, Isael de Araújo, aconteceu no Rio de Janeiro em 1929, e os palestrantes foram Gunnar Vingren e sua esposa Frida Vingren, que falaram sobre “como ter um espírito excelente”, “A vida de Jesus”, “A igreja e os dons espirituais” e “A segunda vinda de Cristo”. Essa primeira EBO foi ministrada pelo casal missionário.

A formação teológica dos obreiros das Assembleias de Deus deve-se fundamentalmente à divulgação do ensino teológico das Escolas Bíblicas de Obreiros. Elas “desempenharam papel decisivo na estruturação teológica do movimento pentecostal no Brasil”. Ainda hoje elas são realizadas nas principais igrejas do Brasil. Sua duração é, geralmente, de 15 dias ou um mês, mas há igrejas em que sua duração é de uma semana, e outras, de 10 dias. Eram convidados pastores e educadores de outras localidades do país, ou do exterior, para ministrar sobre matérias bíblicas: pentecostais, teologia, eclesiologia e ética ministerial, como Samuel Nyström, J. P. Kolenda, Eurico Bergstén, N. Lawrence Olson, João de Oliveira, Alcebíades Pereira de Vasconcelos, Estêvam Ângelo de Souza, Orlando Boyer, Emílio Conde, Reginald Hoover entre outros. Todos eles eram mestres respeitáveis e de reputação nacional. Eles foram responsáveis pela construção do pensamento teológico das Assembleias de Deus. Hoje, mesmo com o atual crescimento de escolas teológicas, as Escolas Bíblicas de Obreiros continuam disseminando ensinos teológicos em todo o país. Muitos dos atuais educadores passaram por um instituto bíblico. A erudição não anula o fervor do Espírito, para ser intelectual pentecostal não há necessidade de “jubilar” o cérebro.

Desde muito cedo na história, a igreja percebeu que a Bíblia precisa ser interpretada para que os crentes conheçam melhor o pensamento bíblico e a doutrina da igreja. Os credos e as regras de fé são documentos produzidos pelas igrejas com esse propósito. Os antigos credos gerais, como o Credo dos Apóstolos, os Credos Nicenos, o Credo de Atanásio entre outros são um exemplo dessa realidade. Os nossos pioneiros tinham consciência dessa realidade e se preocupavam com o crescimento espiritual do rebanho. Todos eles encorajavam o povo à leitura da Bíblia, eram apegados às Escrituras e dedicados ao ensino da Palavra, mas a forma de exercer esse ministério se distinguia da maneira das igrejas tradicionais da época.

SUBSÍDIO DOUTRINÁRIO

“Credo, confissão de fé, regra de fé ou declaração de fé são interpretações autorizadas das Escrituras Sagradas aceitas e reconhecidas por uma igreja ou denominação. Todas as igrejas ou denominações no mundo possuem algum tipo de conjunto de crenças, seja ele escrito ou não, não importando o nome dada aos ensinos norteiam a vida da instituição cristã. A Bíblia é a Palavra de Deus e a única autoridade inerrante para a nossa vida. Não é um credo, mas, sim, sua fonte primária. Na explicação de Philip Schaff, ‘a Bíblia revela a verdade em forma popular de vida e fato; o Credo declara a verdade em forma lógica de doutrina. A Bíblia é para ser crida e obedecida; o Credo é para ser professado e ensinado’. Em outras palavras, a Bíblia precisa ser interpretada e compreendida para uma adoração consciente a Deus” (Declaração de Fé das Assembleias de Deus. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p. 15)

III. CUIDADO QUANTO AO MODISMO

O nosso cuidado com a doutrina deve ir além do combate aos modismos e servir para defender a nossa fé das seitas e heresias, refutar os erros que se opõem aos ensinos bíblicos e persuadir os contradizentes para que eles se convertam ao Evangelho.

1. Modismo. Essa palavra traz a ideia do que está na moda. Isso se aplica também no campo teológico. São os ventos de doutrina que vêm e se vão (Ef 4.14), que tem caráter efêmero, passageiro, “que para nada aproveitam”. Em outras palavras, são inúteis e inaproveitáveis. Quem não se lembra do “dente de ouro”? Do dom da unção “cai-cai”, do sopro santo, do G-12, a febre dos anjos e de outras aberrações doutrinárias? Onde estão os seus promotores e expoentes? Não há como combater esses abusos e essas práticas exóticas sem o conhecimento adequado da Palavra de Deus (Tt 1.9).

2. “Procura apresentar-te a Deus aprovado”. Essa qualificação vem do Espírito de Deus. Apresentar-se a Deus aprovado significa estar disponível, testado e aprovado por Deus e reconhecido pela igreja (2 Co 10.18). Desde muito cedo na história do cristianismo que a igreja precisou enfrentar uma avalanche de heresias e aberrações doutrinárias ensinadas pelos falsos mestres (1 Tm 1.4,6,7; 4.7; Tt 1.9). Os maus obreiros e os obreiros fraudulentos (2 Co 11.13; Fp 3.2) serão desmascarados e reprovados (Mt 7.21-23).

3. “...como obreiro que não tem de que se envergonhar. O termo “obreiro”, tanto em grego quanto em português, vem de “obra, trabalho” e tem significado amplo no Novo Testamento. No sentido literal, refere-se ao trabalhador do campo (Mt 20.1); no sentido metafórico, a todos os que se dedicam à obra de Deus (Mt 9.37,38) e de maneira geral aos apóstolos e demais oficiais da igreja (Lc 10.7; 1 Tm 5.18). A nossa Declaração de fé afirma: “O termo ‘obreiro’ é genérico e usamos praticamente para todos os cargos e funções na Igreja”.

4. “...que maneja bem a palavra da verdade. O verbo grego para “manejar bem” é orthotoméo, literalmente, “cortar reto”, cuja ideia é cortar em linha reta. A ideia é “manter o curso correto”. É uma palavra rara, aparece uma só vez no Novo Testamento e duas vezes na Septuaginta (Pv 3.6; 11.5). O emprego paulino dessa palavra é metafórico, e muitas interpretações já foram apresentadas ao longo dos séculos. A preocupação de Paulo é com o ensino correto da Palavra de Deus, com base numa exegese sólida com a aplicação para a edificação espiritual da igreja. Isso significa também não fazer uso da Palavra no púlpito para atacar algum desafeto entre os irmãos por meio de indiretas. Púlpito não é lugar de desabafo. 

O significado literal de “modismo”, segundo os dicionários da língua portuguesa, é o que está na moda, e, dependendo do contexto, é aquilo “que tem caráter efêmero, passageiro”. É nesse contexto o nosso cuidado, os nossos pais tiveram e devemos manter a mesma vigilância doutrinária. Esses modismos são provenientes de várias fontes: erros de interpretação de textos bíblicos, experiências pessoais e revelações de origem estranha. Trata-se de distorção doutrinária que está muito em voga na mídia evangélica e nos últimos anos vem recebendo aceitação de muitos líderes desavisados. Vários modismos pentecostais têm chegado ao país, como se fossem avivamentos bíblicos genuínos. É assim que se houve falar de doutrinas e práticas religiosas estranhas como sendo o avivamento esperado. Os principais modismos já saíram de moda e outros até já desapareceram. Os mais conhecidos são o mapeamento espiritual, a maldição hereditária, a ideia de “crentes endemoninhados”. Outro modismo que já está fora de moda é o “cair no poder”, chamado “sopro santo”. Muita gente se reunia nas igrejas e em grandes concentrações já predispostas para “cair no poder”, com alguém para segurar na hora de cair para trás. Às vezes, o pregador soprava ou jogava o paletó para o plenário e com isso muitos dos presentes caíam para trás. Tivemos que lidar com esse abuso por um bom tempo.

O dente de ouro eram obturações de ouro que supostamente aconteciam durante os cultos mediante a pregação e a ministração de alguém com uma “unção específica”. Muitos iam para esses cultos previamente programados com lanternas e espelhos, e se via muita gente de boca escancarada, e outros com lanternas e espelhos procurando obturações de ouro. Tal modismo já desapareceu. A “unção do riso” foi outra inovação, mas não durou muito tempo, é conhecida também como a “bênção de Toronto, gargalhada sagrada ou unção de Isaque”. As pessoas se reuniam nos cultos e começavam a dar gargalhas: “As manifestações relacionadas com este movimento incluem gargalhadas, cair no Espírito, passar tempo no carpete (to do carpet time) e emitir sons produzidos por animais tais como urrar como leão e latir como cachorro”. O movimento G-12 com a regressão psicológica também foi moda. Onde estão agora todos esses modismos? Alguns desapareceram, outros vão se reinventando para não dizer, desaparecendo.

SUBSÍDIO DOUTRINÁRIO

A Bíblia não apresenta modismos, mas verdades atemporais e eternas, conforme nos mostra da Declaração de Fé das Assembleias de Deus: “São dois os propósitos das Escrituras Sagradas: revelar o próprio Deus e expressar a sua vontade à humanidade. Pelo primeiro, dentre outras formas de revelação, Deus graciosamente revelou a si mesmo pela Palavra: ‘Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo filho’ (Hb 1.1). Pelo segundo propósito, Deus expressa claramente a sua vontade redentora a todos e a cada um dos seres humanos sem nenhuma acepção de pessoas, por meio da fé em Jesus Cristo: ‘Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé como está escrito:  Mas o justo viverá da fé’ (Rm 1.17). Assim sendo, o Senhor Jesus Cristo é o centro das Escrituras. Ele mesmo disse: ‘São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés nos profetas, e nos Salmos’ (Lc 24.44). Tudo o que precisamos saber sobre Deus e a nossa redenção está suficientemente revelado em sua Palavra. Ela é o manual de Deus para toda a humanidade, e suas instruções visam, também, à felicidade humana e o bem-estar espiritual e social de todos os seres humanos” (Declaração de Fé das Assembleias de Deus. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp.27-28).

CONCLUSÃO

Nós temos compromisso com a Palavra de Deus e cremos que ela é a única revelação de Deus escrita para a humanidade. Diante disso, fica claro que nenhuma outra literatura exerce autoridade sobre a nossa vida. – Ser comprometido com a Palavra é ir além da comunicação do evangelho, mas também batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos: “Amados, quando eu me empenhava para escrever-lhes a respeito da salvação que temos em comum, senti que era necessário corresponder-me com vocês, para exortá-los a lutar pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd 3). Assim, o nosso cuidado com a doutrina deve ir além do combate aos modismos e também servir para defender a nossa fé das seitas e heresias, refutar os erros que se opõem aos ensinos bíblicos e persuadir os contradizentes para que eles se convertam ao evangelho. Devemos fazer o melhor para Deus.

REFERÊNCIAS

LIÇÕES BÍBLICAS. 1º Trimestre 2020 - Lição 8. Rio de Janeiro: CPAD, 21, fev. 2021.

SOARES, Esequias. O verdadeiro pentecostalismo: a atualidade da doutrina bíblica sobre a atuação do Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.

RADMACHER, Earl D.; ALLEN, Ronald B.; HOUSE, H. Wayne. O novo comentário bíblico Novo testamento. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2010. p. 691

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.