sábado, 30 de janeiro de 2021

LIÇÃO 5: FRUTO DO ESPÍRITO: o eu crucificado

 

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I

   INTRODUÇÃO

O fruto do Espírito é o resultado de uma vida cristã abundante e manifestada no relacionamento entre os irmãos e irmãs na igreja e no lar, na convivência com os descrentes no trabalho e na sociedade. Por isso, devemos entender o conflito entre a carne e o Espírito e a função do fruto do Espírito. – Alista de virtudes que o apóstolo Paulo chama de “fruto do Espírito” (Gl 5.22, 23) é um contraponto aos vícios denominados “obras da carne” (Gl 5.19-21). A fonte dessas virtudes é o Espírito Santo, as quais são uma atuação da graça de Deus em nossa alma, como disse Donald Gee: “o fruto do Espírito não está no solo natural, mas vem de Deus”. Esse fruto aparece por meio do crescimento na graça de nosso Senhor Jesus Cristo, como acontece com a santificação (Pv 4.18; 2 Co 3.18). Não se trata de um conjunto artificial de regras resultante de esforço humano, mas consequência de quem é guiado pelo Espírito. É o resultado de uma vida cristã abundante manifestada no relacionamento entre os membros do corpo de Cristo na igreja e no lar, na convivência com os descrentes no trabalho e na sociedade. É um dos temas mais vibrantes da ética cristã, pois mostra para o mundo o que o Espírito Santo colocou dentro de cada um de nós.

   I. O FRUTO DO ESPÍRITO NA VIDA DO CRENTE

O crente em Jesus é alguém que vive sob os domínios do Espírito; ele é liberto da lei e dos rudimentos deste mundo, mas isso não significa uma vida passiva. O fruto do Espírito é a expressão do Espírito na vida do crente.

1. Definição. Jesus nos salva e nos dá o Espírito Santo, nos renova e coloca em nós o desejo de fazer o que é bom e agradável a Deus. O fruto do Espírito é o resultado natural de um processo de amadurecimento e a consequência de um processo natural de crescimento espiritual. Ele surge gradativamente dentro de nós como resultado da regeneração do Espírito Santo de forma instantânea e também gradativa por meio do crescimento na graça de nosso Senhor Jesus Cristo, como acontece com a santificação. O apóstolo apresenta nove modalidades do fruto (v.22).

2. “O fruto”, no singular. Alguns expositores estranham o fato de Paulo contrapor “as obras da carne” (v.19) com o “fruto do Espírito” (v. 22), no singular, quando era de se esperar “frutos”. O missionário Eurico Bergstén explica esse singular ilustrando esse fruto como uma laranja e seus gomos. O “fruto” que aparece logo em seguida é o amor (“caridade”, na Versão Almeida Corrigida – 1969), diz o missionário, as oito virtudes seguintes são os reflexos do amor: “gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” (v. 22). Donald Gee chama o fruto do Espírito de nove modalidades do fruto. A forma singular sugere que nelas se produz a unidade de caráter de Cristo, as nove graças mencionadas, todas elas em contraste com as confusões das obras da carne. 

3. Andar no Espírito (v.16). Ser guiado pelo Espírito significa, na linguagem paulina, vitória sobre os desejos e impulsos carnais. “Andar no Espírito” é uma expressão que indica viver corretamente em humildade, submissão e santidade. O apóstolo Paulo usa termos similares para se referir a esse estilo de vida dos crentes: “para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda boa obra e crescendo no conhecimento de Deus” (Cl 1.10); “andar e agradar a Deus” (1 Ts 4.1); “andai em amor” (Ef 5.2); “andai como filhos da luz” (Ef 5.8); “andai nele” (Cl 2.6). O apóstolo Pedro nos ensina: “andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação” (1 Pe 1.17).

Não é por acaso que o tema sobre o fruto do Espírito aparece em Gálatas. As igrejas da Galácia viviam uma experiência que o assunto exigia. Os opositores de Paulo na região eram os legalistas dentre os judeus que se juntaram ao grupo de Jesus, os chamados judaizantes, mas que não abriram mão de certas práticas judaicas, como a circuncisão, o khasherut e a guarda do sábado entre outros rituais. Eles ensinavam que os gentios convertidos à fé cristã deviam observar a lei de Moisés como condição para salvação (At 15.1, 5). É a doutrina da salvação por meio das obras defendida pelas religiões não cristãs e por alguns ramos da religião cristã.

O sacrifício de Jesus Cristo na cruz mostra que o ser humano é completamente incapaz de se salvar, incapaz de ir ao céu, à presença de Deus, por sua própria bondade e força. Jesus deixou isso claro quando disse: “porque sem mim vocês não podem fazer nada” (Jo 15.5). O orgulho humano faz que a pessoa se rebele contra a sentença de Deus. Tais pessoas se ofendem porque Deus não aceita seus esforços pessoais como condição para a salvação. Os membros do corpo de Cristo praticam as boas obras porque já são salvos e não para serem salvos.

A proposta disseminada pelos judaizantes era a fé em Jesus e mais as obras da lei, a morte de Jesus não é suficiente para a salvação e por isso precisava de um reforço adicional. Era essa forma de doutrina que estava sendo divulgada na Galácia. Tão logo Paulo retornou de sua viagem missionária ficou sabendo que os irmãos da Galácia estavam agora envolvidos com essa doutrina legalista, e isso o deixou estupefato e atônito: “Estou muito admirado com vocês, pois estão abandonando tão depressa aquele que os chamou por meio da graça de Cristo e estão aceitando outro evangelho” (Gl 1.6 NTLH). O verbo grego metatísthe¯ mi, “deixar, abandonar, desertar, mudar de pensamento, virar a casaca”, era usado na antiguidade quando alguém desertava do exército ou quando se rebelava contra ele. Significa também mudança de partido político, de filosofia e de religião. Em outras palavras, aqueles irmãos estavam abandonando a fé. O apóstolo usa a palavra grega heteros, que significa “outro”, de natureza diferente, que não é a mesma coisa que allos, que quer dizer “outro”, mas de mesma natureza. Isso afasta a hipótese de que o evangelho pregado pelos seus opositores seja meramente um evangelho “corrompido, distorcido ou pervertido”, mas outra coisa, coisa ainda pior. Ele foi categórico ao chamar a doutrina desses legalistas de “outro evangelho” (Gl 1,8,9), isto é, sem vínculo com o Cristo ressuscitado, revelado no Novo Testamento.

O Espírito Santo renova todas as pessoas que vêm a Jesus e coloca nelas o desejo de fazer o que é bom e agradável a Deus. O fruto do Espírito é o resultado natural de um processo de amadurecimento e a consequência de um desenvolvimento natural de crescimento espiritual. Ele surge paulatinamente dentro de cada crente como resultado da regeneração do Espírito Santo de forma instantânea e também gradativa por meio do crescimento na graça de nosso Senhor Jesus Cristo, como acontece com a santificação. Os gálatas receberam esse ensino desde o início, quando o apóstolo esteve com eles. Eles ouviram isso na pregação de Paulo na sinagoga de Antioquia da Pisídia (At 13.14-41).

O que estava acontecendo nas igrejas da Galácia é típico de comunidades religiosas legalistas. “A religião legalista frequentemente gera desavença e competição espiritual; é egocêntrica e motivada somente pela carne, ou seja, pelo ego (Gl 5.13-15, 19-21).”74 Esse é o retrato das igrejas galacianas. Mas, a mensagem apostólica que vale para todas as épocas e em todos os lugares continua atual: “Digo, porém, o seguinte: vivam no Espírito e vocês jamais satisfarão os desejos da carne” (Gl 5.16). “Viver no Espírito” é uma expressão que indica viver corretamente em humildade, submissão e santidade, para a glória de Deus (Ef 5.9, 10; Fp 1.11; Cl 1.10). Segue a lista com nove virtudes: “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei” (Gl 5.22, 23 ARA). Não se trata de uma lista exaustiva. Essas nove virtudes contrapõem as obras da carne mencionadas nos vv. 19-21, de modo que tanto as virtudes como as “obras da carne” são representativas. As palavras “e coisas semelhantes a estas” (Gl 5.21); “Contra tais coisas não há lei” (v. 23 TB) indicam a existência de outros pecados e outras virtudes. Há outras listas do fruto do Espírito (Rm 12.9-21; Cl 3.12, 13). Assim como cada lista dos dons espirituais foram para situações específicas para aplicação conforme o contexto, da mesma forma, a lista do fruto do Espírito segue essa mesma estrutura (Gl 5.15, 26). Esta questão não está clara na maioria dos teólogos e expositores bíblicos pentecostais.

Alguns expositores estranham o fato de Paulo contrapor “as obras da carne” (v. 19) com o “fruto do Espírito” (v. 22), singular, quando era de se esperar “frutos”. Há diversas explicações sobre esse detalhe. Segundo o pastor Antônio Gilberto, “O uso da forma singular fruto em Gálatas 5.22 sugere a unidade e harmonia do caráter do Senhor Jesus Cristo, as quais são reproduzidas no crente mediante as nove qualidades do fruto do Espírito Santo vistas na citada referência”. Segundo o Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento, o singular mostra a unidade essencial do fruto do Espírito: “o crente cheio do Espírito deve demonstrar todas as características do Espírito, não apenas esta ou aquela virtude”. Alguns expositores bíblicos pulam essa parte. Para Gordon Fee, Paulo não tinha esse contraste em mente, mas “imaginava o fruto como um ramalhete com flores de características diversas formando um conjunto”. O missionário Eurico Bergstén compara esse singular com uma flor de nove pétalas e também ilustra o “fruto” como uma laranja e seus gomos. O “fruto” que aparece logo em seguida é o amor (caridade), diz o missionário, as outras virtudes seguintes são os reflexos do amor. A forma singular sugere que nessas virtudes se produz a unidade de caráter de Cristo, as nove graças mencionadas em Gálatas 5.22, todas elas em contraste com as confusões das obras da carne. É o fruto individualizado. Donald Gee chama essas graças ou virtudes de modalidades do fruto.

A maioria dos teólogos e expositores bíblicos pentecostais usa com frequência o número nove para as virtudes mencionadas em Gálatas 5.22, mas não deixa claro se é uma referência apenas ao v. 22 ou a ideia de uma lista completa. Gordon Fee é direto: “É um engano referir-se a essa lista como o fruto de nove facetas. A lista não tem o propósito de ser exaustiva, mas representativa, exatamente como a lista precedente de pecados, em Gálatas 5.5-21”. O mais importante é que cada membro do corpo de Cristo conheça o significado do “fruto do Espírito” e viva essa realidade. É verdade que vida abundante brota do Espírito, mas não cresce naturalmente, precisa ser cultivada, a Bíblia não ensina um modo de vida passivo. Vivemos essas coisas porque somos salvos e não para sermos salvos.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Abra a aula de hoje, perguntando: O que é mais importante? Ser batizado no Espírito Santo ou viver o fruto do Espírito? Após ouvir as respostas, de acordo com as Escrituras, diga que essa pergunta não faz sentido algum para o crente. Em nenhum lugar da Bíblia se ensina essa “escolha”, pois tanto um quanto o outro são igualmente importantes na vida do crente e da igreja. Tanto o Batismo no Espírito Santo, e a realidade dos dons espirituais, quanto o fruto do Espírito são realidade de uma única fonte: o Espírito Santo. Ao expor o conteúdo desse primeiro tópico, deixe claro que para vencer a Carne é preciso “andar no Espírito”; e só “anda no Espírito” quem manifesta o fruto do Espírito. Logo, só há um jeito de crucificar a carne: o fruto do Espírito.

  II. DIFERENÇA E RELAÇÃO ENTRE O FRUTO E OS DONS DO ESPÍRITO

Os dons espirituais e o fruto do Espírito têm a sua origem numa mesma fonte e ambos glorificam a Cristo, mas se trata de coisas distintas. O amor, por exemplo, não é um dom (1 Co 14.1).

1. Diferença. O que há em comum entre essas duas fases abençoadas da nossa redenção é a fonte de origem. A primeira e a maior modalidade do fruto do Espírito é o amor, as demais modalidades são reflexos do amor. O apóstolo Paulo usa o amor como representante do fruto do Espírito ao comparar o fruto com os dons do Espírito. O amor é superior aos dons, é o “caminho ainda mais excelente” (1 Co 12.31). Por essa razão, o amor encabeça essa lista (Gl 5.22); e em outras passagens prevalece a supremacia do amor (1 Co 13.13; Gl 5.13; 6.1,2). Paulo afirma ainda que os dons sem o amor não são “nada” (1 Co 13.1-3) e são passageiros (1 Co 13.8-10), mas o amor é eterno.

2. Os dons na igreja. Convém relembrar que os dons são importantes. Isso não significa que devemos desprezá-los. É a vontade de Deus que os irmãos e as irmãs não ignorem os dons espirituais (1 Co 12.1), que busquemos os melhores (12.31) e “não desprezeis as profecias” (1 Ts 5.20). Os dons são comparados a um andaime numa construção; a igreja, a um edifício (1 Co 3.10-12; Ef 2.20-22). Não é possível uma construção prosseguir sem o andaime, mas uma vez concluída a obra, o andaime é dispensado. No céu não haverá necessidade dos dons, mas eles são uma necessidade imperiosa na vida da igreja hoje, pois ela precisa do poder do alto para combater o reino espiritual das trevas (Ef 6.10-12). Segundo Apocalipse 21 e 22, no mundo vindouro não há necessidade desses recursos do Espírito.

– O  Espírito continua atuando na vida dos crentes por meio do fruto do Espírito (Gl 5.22) e das manifestações dos dons espirituais (1 Co 12.411). As funções básicas dos dons estudadas na lição passada são para a adoração e o serviço do ministério, ao passo que o fruto revela caráter de Cristo no crente. Os dons são capacitações especiais concedidas pelo Espírito de Deus ao crente para serviço especial na execução dos propósitos divinos por meio da Igreja (1 Co 14.12). São recursos do Espírito Santo operados por meio dos seres humanos, os crentes em Jesus, enquanto a igreja estiver na terra (1 Co 13.8-10). O fruto presente no testemunho cristão revela nove graças, a partir do amor: gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. É, na verdade, a ética do Espírito. Os dons espirituais e o fruto do Espírito, embora distintos, se relacionam por terem a origem na mesma fonte e por ambos glorificarem a Cristo.

Não se trata de um conjunto de regras de conduta com o objetivo de regulamentar a vida cristã, a ética paulina não é uma nova lei (Gl 5.23). O crente em Jesus é alguém que vive sob os domínios do Espírito, ele é liberto da lei e dos rudimentos deste mundo, mas isso não significa uma vida passiva. O fruto do Espírito é a expressão do Espírito na vida do crente.

Amor – O  pastor Antonio Gilberto chama o amor de “fruto por excelência”, de fato, é significativo o lugar de honra que o amor ocupa nesta lista. Todas as virtudes espirituais têm no amor a sua origem: “Deus é amor” (1 Jo 4.8). As quatro palavras gregas para amor são: eros inclui paixão, é o amor de um jovem por uma jovem e não aparece no Novo Testamento; storgos significa “carinhoso, afetuoso”, usado entre pais e filhos, só aparece uma vez no Novo Testamento, na sua forma composta filostorgos (Rm 12.10); filía é o amor fraternal; e agápe¯ é o amor de Deus mais preocupado em fazer o outro feliz, é a benevolência sem limites: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando ainda éramos pecadores” (Rm 5.8). Paulo apresenta uma descrição das características do amor (1 Co 13.4-8). Note que Paulo menciona algumas vezes o amor juntamente com a fé e a esperança (Gl 5.5, 6; Cl 1.4, 5; 1 Ts 1.3), mas ressalta que a maior dessas virtudes é o amor: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior deles é o amor” (1 Co 13.13). Podemos chamar amor agápe¯ de amor de Deus, como esse é o termo usado pelo apóstolo na lista de Gálatas 5.22, podemos também considerar amor cristão.

Alegria ou gozo – A palavra grega usada para “alegria” é chara e significa “gozo, regozijo, alegria, motivo de alegria”. Trata-se de uma linguagem da celebração e da adoração, ou seja, nos cultos: “Alegrem-se sempre no Senhor; outra vez digo: alegrem-se!” (Fp 4.4). A expressão “regozijai-vos” (ARC) é uma saudação grega, mas se torna diferente e especial porque o apóstolo acrescenta: “sempre, no Senhor”. O Senhor Jesus é a fonte inesgotável de gozo e alegria, e isso dá à saudação paulina um sentido completamente novo. O sentimento que norteava a vida dos filipenses era de alegria e comunhão, e isso vale para todos os cristãos em todos os lugares e em todas as épocas. Mesmo em momentos de perseguição e nos dias de dificuldades, nada disso é problema suficiente para roubar a nossa alegria: “porque a alegria do SENHOR é a força de vocês” (Ne 8.10). É a atitude de quem “vive no Espírito” em relação às pessoas que os rodeia. Como resultado desse estado de graça está o bom relacionamento do cristão com as demais pessoas. Trata-se de algo proveniente de uma experiência espiritual, cujo fundamento está em Deus. Não consequência de uma vitória numa competição (Rm 14.17; 15.13).

Paz – Seu correspondente hebraico é shalom e não significa apenas ausência de problemas, de guerra ou a presença do bem-estar. A palavra por si só significa “completo”. Esse termo é traduzido na Septuaginta por ei re¯ ne¯, “paz”, que, com exceção de 1 João, aparece em todos os livros do Novo Testamento. A paz nessa passagem é aquela que vem de Deus (Rm 15.33; 16.20; 1 Co 14.33; 2 Co 13.11; 1 Ts 5.23; 2 Ts 3.16), e isso quer dizer a tranquilidade do coração proveniente do perdão divino mediante a fé em Jesus (Rm 5.1). Essa paz de Deus na vida cristã está acima de todos os bens que uma pessoa pode adquirir e sobrepuja a todo entendimento, pois vai além da razão humana: “E a paz de Deus, que excede todo entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus” (Fp 4.7).

Longanimidade – Longanimidade é um dos atributos comunicáveis de Deus como o amor entre outros (Sl 103.8; Tt 3.4-6) que há nos seres humanos certa ressonância. O termo grego para “longanimidade” nessa passagem é makrothymia, “paciência, perseverança”. É o estado de espírito que com serenidade a pessoa piedosa suporta os açoites da vida, provocados por pessoas ou coisas. Essa graça impede de nos levar ao desânimo e ao estresse diante de conflito e de qualquer mal (Lc 21.19; 2 Pe 1.5-7), e diz respeito a atitude de Deus para com o ser humano (Rm 2.4; 9.22; 1 Tm 1.16). Assim deve ser a nossa atitude para com os outros.

Benignidade e bondade O pastor Antonio Gilberto classifica essas duas virtudes como o “fruto gêmeo”. O apóstolo Paulo usa as palavras gregas na seguinte sequência: chre¯ stote¯ s e agatho¯ syne¯ (Gl 5.22). Ambos termos são atributos divinos correlatos (Sl 103.8), mas são distintos, e, às vezes, chre¯ stote¯ s pode ser traduzido tanto como benignidade e/ou bondade, tanto como atributo divino como também virtude dos que estão cheios do Espírito Santo.81 Agatho¯ syne¯ aparece quatro vezes no Novo Testamento e é sempre traduzido por “bondade” como fruto do Espírito (Rm 15.14; Gl 5.22; Ef 5.9; 2 Ts 1.11). – A benignidade diz respeito à misericórdia de Deus sobre os que não merecem (Ef 2.7; Tt 3.4); é dessa forma que devemos proceder em relação aos que estão à nossa volta (2 Co 6.6). A bondade de Deus é um dos atributos morais. Deus é bom em si mesmo e para suas criaturas. É a perfeição de Deus que o leva a tratar com benevolência as suas criaturas. Essa bondade é para com todos: “O SENHOR é bom para todos, e as suas misericórdias permeiam todas as suas obras” (Sl 145.9). Ele é a fonte de todo o bem. Esses termos, atributos divinos ou virtudes do Espírito na vida dos membros do corpo de Cristo são correlatos, mas distintos entre si, manifestam a bondade de Deus. Essa bondade é resultado da ação do Espírito em nossa vida e devemos ser bondosos com os outros (Ef 5.9; Cl 1.10). Era isso que estava faltando nas comunidades da Galácia (Gl 5.15).

Fidelidade – A fidelidade, do latim fidelitas, é a garantia do cumprimento de suas promessas (Sl 89.5; 119.90). Essa confiança envolve tanto a verdade como a fidelidade. A ARC adota “fé” em vez de “fidelidade” na lista de Gálatas 5.22. Mas, a palavra grega pistis pode significar “fé” e também fidelidade”. O contexto ajuda a escolher a palavra mais adequada como na pergunta retórica de Paulo: “Se alguns não creram, será que a incredulidade deles anulará a fidelidade de Deus?” (Rm 3.3). Não faz sentido usar nessa passagem “a fé de Deus”. Mas, às vezes, o contexto não ajuda porque “fé e fidelidade” se ajustam bem sem prejuízo para o sentido da mensagem. Na fé estão incluídas a fidelidade e a obediência. A fidelidade está relacionada à fé. O que estamos estudando são o “fruto do Espírito”, como consequência da fé em Jesus, por isso que a tradução “fidelidade” fica melhor.

Mansidão – A versão Almeida Século 21 substitui “mansidão” por “amabilidade”; e a TEB, por “doçura”. A ideia de prayte¯ s, termo grego usado pelo apóstolo como “mansidão”, é de “amabilidade, afabilidade, modéstia”. Mansidão transmite o sentido de brandura e não de incapacidade de resistir o mal, nem de autodepreciação. Veja que “Moisés era um homem muito manso” (Nm 12.3), mas essa mansidão nunca comprometeu a sua autoridade como líder do povo. A mansidão como fruto do Espírito tem o sentido de submissão à vontade de Deus (Mt 21.5); dócil, que aceita o ensino (Tg 1.21); e o de moderado (1 Co 4.21).

Domínio próprio – A ARC emprega “temperança”, mas ambos termos significam o autocontrole, a autodisciplina e a continência em várias áreas da vida humana. O domínio próprio era uma das quatro virtudes do pensamento grego clássico, “a razão prevalece a paixão”, diziam os antigos filósofos. Paulo emprega o substantivo grego egkráteia, que aparece quatro vezes no Novo Testamento (At 24.25; Gl 5.22; 2 Pe 1.6 [2 vezes]). O verbo aparece duas vezes, uma para se referir ao controle do desejo sexual (1 Co 7.9), e a outra como autodisciplina de um atleta para obter resultados desejados nas competições esportivas (1 Co 9.25). O apóstolo Paulo contrapõe o domínio próprio em relação às “obras da carne” (Gl 5.19-21). E, nós, que temos Jesus e o Espírito Santo? O fruto é o produto do Espírito Santo em nossa vida por meio do qual a essência da natureza de Cristo se revela no relacionamento no nosso dia a dia na família, na igreja, no trabalho e na sociedade (Gl 5.16, 23; 6.2). Apesar de suas diferenças no conceito e na função, ambos são atividades do Espírito Santo que se relacionam na vida dos crentes, tanto nas reuniões públicas e coletivas, na adoração individual como no dia a dia.

SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ

“A Palavra de Deus fala claramente da recompensa que o crente tem ao dar liberdade ao Espírito Santo para que produza as características de Cristo no seu interior. Em 2 Pedro 1, a Bíblia nos fala da necessidade de o crente desenvolver as dimensões espirituais de sua nova vida em Cristo. Com este desenvolvimento vem a maturidade, a firmeza e a perseverança, que permitem ao crente viver vitoriosamente no tocante à velha e pecaminosa natureza adâmica. No versículo 10, a Palavra de Deus diz: ‘Porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis. Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no Reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo’ (2 Pe 1.10,11).

O fruto é uma coisa viva. Se você entregou o controle de sua vida ao Espírito Santo, Ele infalivelmente produzirá em você o fruto do Espírito em uma colheita contínua e abundante. Ele é chamado ‘o Espírito de vida’ (Rm 8.2; Ap 11.11). Portanto, o seu fruto espiritual deverá ser crescente, nutrido e completo, reluzente, vistoso e sadio” (GILBERTO, Antonio. O Fruto do Espírito: A Plenitude de Cristo na Vida do Crente. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019, p.22).

  III. O ESPÍRITO SE OPÕE À CARNE

O que levou o apóstolo ao assunto foi o contexto das igrejas da Galácia. O abuso da liberdade cristã, a antinomia, de um lado, e o legalismo, de outro estavam dando ocasião à carne, levando à falta de amor e à desunião (Gl 5.13-15).

1. O legalismo. Há um acentuado contraste entre estar na carne e andar no Espírito. O apóstolo mostra que para ser legalista, viver de acordo com a lei, depende da carne, mas para viver no Espírito, depende da graça de Deus (Gl 5.16-18). O sistema legalista que os opositores de Paulo, os judaizantes (Gl 2.14), ensinavam nas igrejas da Galácia, é egocêntrico, motivado pela carne e gera competição espiritual que resulta em desavença (Gl 5.15).

2. A Carne e o Espírito. A palavra grega sarx, “carne”, tem muitos significados na Bíblia, principalmente nos escritos paulinos. Pode significar fraqueza física (Gl 4.13), o corpo (Gl.4.13), o ser humano (Rm 1.3), o pecado (v.24), os desejos pecaminosos (Rm 8.8). O contexto determina o significado dela. No contexto das “obras da carne” significa o conjunto de impulsos pecaminosos que dominam o ser humano. Da mesma maneira a palavra grega pneuma, “espírito”, que se aplica ao Espírito Santo, ao espírito humano, aos anjos e aos espíritos imundos. É só prestar atenção ao contexto para saber a que espírito o escritor sagrado está se referindo. A oposição do Espírito contra a carne na vida cristã mostra que “os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências” (v.24). É isso que acontece conosco diariamente: a morte do “eu”.

3. Os vícios (vv.19-21). O apóstolo apresenta uma lista com 15 vícios, que ele chama de “obras da carne” (vv.19-21). Outras listas aparecem em outras epístolas paulinas (Rm 1.29-31; 1 Co 6.9,10; 1 Tm 1.9,10). Paulo não pretende ser exaustivo; essas listas são representativas em Gálatas, pois ele acrescenta: “e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus” (v.21). Podemos classificar esses vícios em três categorias: a) sexo ilícito: prostituição, impureza e lascívia; b) pecados de ordem religiosa: idolatria e feitiçaria; c) pecados de ordem social: inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices e glutonaria.

O que é a carne? Dentro do contexto neotestamentário, O vocábulo carne é sarx. Essa palavra é utilizada para designar a natureza adâmica que domina o velho homem e o leva a praticar as obras da carne relacionadas em Gálatas 5.19-21. Edward Robinson, no seu dicionário de grego do Novo Testamento, utiliza a palavra sarx para descrever a natureza exterior que difere do homem interior (Lc 24.39). A palavra carne, no aspecto teológico, denota a fragilidade humana e a sua tendência ao pecado. Ela é a sede dos apetites carnais (Mt 26.41). O homem somente poderá viver em novidade de vida e no poder do Espírito Santo se, pela fé, receber Jesus Cristo como Salvador. – O que é o espírito? A palavra espírito no grego é pneuma. Esse termo significa sopro, vento, respiração e princípio da vida. Esse vocábulo também descreve o espírito que habita no homem o qual foi soprado por Deus (Gn 2.7). Logo, percebemos que esta palavra tem diferentes significados, e segundo o pastor Claudionor de Andrade, O seu significado teológico vai muito além: "Espírito é a parte imaterial que Deus insuflou no ser humano, transmitindo-lhe a vida". Essa palavra também é aplicada, no Evangelho de João, em referência a Deus (Jo 4.24). A Terceira Pessoa da Santíssima Trindade é identificada no Novo Testamento como o Espírito Santo (Lc 4.1; Hb 3.7), e, uma vez mais é importante frisar que o Espírito Santo é uma pessoa. – Andar na carne x andar: Paulo adverte os crentes mostrando que os que vivem segundo a carne, ou seja, uma vida dominada pelo pecado, jamais agradarão a Deus: "Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus" (Rm 8.8). O viver na carne opera morte (espiritual e física), mas o viver no Espírito conduz o crente à felicidade, à vida eterna (Rm 8.11; 1 Co 6.14). Paulo foi enfático ao afirmar: "Andai em Espírito" (Gl 5.16). O Espírito Santo nos ajuda a viver em santidade e de maneira que o nome do Senhor seja exaltado. Sem Ele não poderíamos agradar a Deus. Quem pode nos ajudar e nos conduzir de modo a agradar a Deus? Somente o Espírito Santo. O doutor Stanley Horton diz que andar no Espírito e ser guiado por Ele significa obter vitória sobre os desejos e os impulsos carnais. Significa desenvolver o fruto do Espírito, o melhor antídoto às concupiscências carnais, jamais tente viver a vida cristã pelos seus próprios esforços, tomando atalhos, buscando desvios, mas renda-se constantemente ao Espírito Santo, pois Ele lhe ensinará a maneira certa de viver a vida cristã. – Quando o Espírito Santo tem o controle do nosso espírito, Ele faz com que o nosso homem interior tenha forças e condições para opor-se às obras da carne. Andar na carne, ou seja, ser dominado pela velha natureza adâmica, leva a pessoa a portar-se de modo pecaminoso. Infelizmente, muitos crentes, como os de Corinto, estão se deixando dominar pelas obras da carne (1 Co 3.3).

As obras da carne podem ser classificadas em três categorias: 1. Sexo ilícito – prostituição, impureza e lascívia. A imoralidade sexual, a impureza e a lascívia. São os pecados da licenciosidade, da concupiscência da carne. A ARC usa o termo “prostituição” para a palavra grega porneia nessa passagem. O termo grego porneia não é muito específico, pois indica “vários tipos de relação sexual ilícita”; “relação sexual ilícita em geral”. O verbo é porneuo¯, “praticar imoralidade sexual”; e ekporneuo¯, “viver mui imoralmente”. Segundo Balz & Schneider, o termo é também “sinônimo de adultério, ainda que os termos mais apropriados para designar o adultério são moicheuo¯, moicheia”. A impureza, no presente contexto, diz respeito à imoralidade sexual (Cl 3.5), não se refere à impureza cerimonial do sistema mosaico, pois está ligada à lascívia, sensualidade descontrolada, a luxúria. 2. Pecados de ordem religiosa – idolatria e feitiçaria. O termo vem de duas palavras gregas, eido¯ lon, “ídolo, imagem de uma divindade, divindade pagã”, e latreia, “serviço sagrado, culto”. A idolatria é a forma pagã de adoração; adorar e servir a outros deuses são práticas condenadas pela Bíblia, no Decálogo e, também, no Novo Testamento: “portanto, meus amados, fujam da idolatria” (1 Co 10.14). A feitiçaria já era conhecida desde os tempos do Antigo Testamento entre os povos vizinhos de Israel. A Bíblia chama de feitiçaria, pharmakeia, em grego, que significa “magia”, além de “feitiçaria”. O phármakos ou pharmakéus era o manipulador de drogas, daí vem a palavra “farmácia”. Essas drogas eram usadas na medicina, mas os mágicos ou bruxos manipulavam os efeitos alucinógenos delas para rituais de magia. A Septuaginta aplica esses termos aos magos e encantadores do Egito como mágicos (Êx 7.11, 22), na corte de Nabucodonosor, como adivinho (Dn 2.27) e como bruxo (Dt 18.10). O significado dessa palavra em Apocalipse 9.21 é mais amplo: “Feiticeiros, incluem todos os que lidam com o ocultismo, poções mágicas, drogas, cartomancia etc.”. Paulo associa essa palavra aos rituais pagãos praticados no vasto império romano, os tais não herdarão o reino de Deus (Gl 5.21; Ap 18.23; 22.15). – 3. pecados de ordem social: inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices e glutonaria. A maioria dessas obras da carne pertence ao campo da rivalidade pessoal, da competição e da hostilidade. Parece ser esse o ambiente entre os crentes da Galácia (Gl 5.13-15). Depois da palavra “invejas” aparece na ARC o termo “homicídios”, que não consta nas outras versões. As palavras gregas phthonoi e phonoi, “invejas, homicídios”, aparecem em vários manuscritos antigos gregos e latinos. Mas, há um número grande de manuscritos que omitem phonoi. Uns consideram a forma longa, “invejas, homicídios”, como inserção de alguns copistas para se harmonizar com Romanos 1.29; outros acham que houve omissão acidental, conhecida como homeoteleuto. Viver no Espírito é subjugar a carne, e isso gera o conflito interno, a luta da carne contra o espírito. O fruto do Espírito é o resultado de uma vida redimida pela fé em Jesus. Não é resultado de uma imposição religiosa ou de qualquer sistema religioso legalista. O Espírito Santo é quem faz essas coisas. É por isso que o apóstolo diz que “contra essas coisas não há lei” (v. 23). Se queremos que o fruto do Espírito se desenvolva em nossa vida, devemos viver uma vida de comunhão pessoal com o Senhor Jesus (Gl 2.20).

O que levou o apóstolo ao assunto foi o contexto das igrejas da Galácia. O abuso da liberdade cristã, a antinomia, de um lado, e o legalismo, de outro, e essas atitudes estavam dando ocasião à carne, levando à falta de amor e à desunião (Gl 5.13-15). Cabe a cada crente fazer uma análise introspectiva para verificar se suas inclinações são carnais ou espirituais. Salomão disse que o homem é aquilo que imagina a sua alma (Pv 23.7). Jesus disse que o homem fala aquilo do que seu coração está cheio (Lc 6.45). O pensamento de cada ser humano norteia seu comportamento. Se a mente é carnal, seu comportamento é carnal, que resulta em morte; se a mente é espiritual, seu comportamento é espiritual, que resulta em vida e paz.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“A maturidade espiritual ajuda-nos a ter bons relacionamentos com as pessoas. Passamos a compreendê-las melhor e a reconhecer a melhor maneira de ministrar a elas. Devemos esforçar-nos para alcançar a união. As pessoas, ao observarem o nosso caráter e conduta, passarão a ter confiança em nós.

[…] O fruto é a maneira de se exercer os dons. Cada fruto vem acondicionado no amor, e qualquer dom, mesmo na sua mais plena manifestação, nada é sem o amor. ‘Por outro lado, a plenitude genuína do Espírito Santo forçosamente produzirá também frutos, por causa da vida renovada e enriquecida da comunhão com Cristo’. Conhecer o amor, poder e graça de Deus, inspiradores de reverente temor, deve fazer de nós vasos de bênçãos cheios de ternura. Não merecemos os dons. Nem por isso Deus se nega a nos revestir de poder. E passamos a ser obreiros do Reino, prontos para trazer a colheita. Subimos a um novo domínio” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 493).

  CONCLUSÃO

Cabe a cada crente fazer uma análise introspectiva para verificar se suas inclinações são carnais ou espirituais. Salomão disse que o homem é aquilo que imagina a sua alma (Pv 23.7). Jesus disse que o homem fala aquilo do que seu coração está cheio (Lc 6.45). O pensamento de cada ser humano norteia seu comportamento. Se a mente é carnal, seu comportamento é carnal, que resulta em morte; se a mente é espiritual, seu comportamento é espiritual, que resulta em vida e paz. – Para vencermos o conflito existente entre a carne e o Espírito, precisamos tão somente nos encher do Espírito Santo e crucificar a nossa carne com suas paixões e concupiscência (Gl 5.24; Ef 5.18). Permita que o Espírito Santo guie você pelo caminho certo e que Ele controle os seus desejos de modo que o fruto seja evidenciado em sua vida. – Se entregarmos todo o controle de nossa vida ao Espírito Santo, Ele, infalivelmente, vai produzir o seu fruto em nós através de uma ação contínua e abundante. Como cristão, tudo que concerne ao caráter santificado, ou seja, a nossa semelhança com Cristo, é a obra do Santo Espírito “até que cristo seja formado em vós” (Gl 4.19).

REFERÊNCIAS

LIÇÕES BÍBLICAS. 1º Trimestre 2020 - Lição 5. Rio de Janeiro: CPAD, 31, jan. 2021.

LIÇÕES BÍBLICAS. 1º Trimestre 2017 - Lição 1. Rio de Janeiro: CPAD, 01, jan. 2017.

LIÇÕES BÍBLICAS. 1º Trimestre 2005 - Lição 1. Rio de Janeiro: CPAD, 02, jan. 2005.

SOARES, Esequias. O verdadeiro pentecostalismo: a atualidade da doutrina bíblica sobre a atuação do Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

LIÇÃO 4: A ATUALIDADE DOS DONS ESPIRITUAIS

  

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I

   INTRODUÇÃO

Os pontos básicos da presente lição são a necessidade e a função dos dons espirituais na atualidade para demonstração do poder de Deus perante o mundo, a edificação interna da vida da Igreja, seu conforto e crescimento espiritual. – Há inúmeras evidências da manifestação dos dons espirituais ao longo da história da igreja. São evidências históricas e as próprias experiências de milhões de pessoas em todo o mundo, experiências à luz das Escrituras. A presença de milagres é conhecida nos escritos da patrística, nos autores cristãos da Idade Média e na Reforma Protestante. A teologia pentecostal, principalmente o pentecostalismo clássico, é bíblica. A ideia de que os pentecostais baseiam suas crenças nas emoções é equivocada, o que acontece é que a nossa proximidade com Deus é mais estreita, a nossa comunhão com o Senhor não é artificial. Para os pentecostais Deus é mais real. Religião sem milagres é mera filosofia. Esses milagres são fatos, para desacreditá-los os cessacionistas terão que desafiar as testemunhas oculares, e não se basear simplesmente em alguns casos isolados de exageros ou até mesmo meninices.

   I. A NECESSIDADE DOS DONS ESPIRITUAIS HOJE

É necessário ensinar na igreja sobre os dons espirituais para que ninguém fique desinformado sobre o assunto. Por meio deles confessamos o nome de Jesus e somos edificados. O apóstolo introduz a seção afirmando que todos devem se inteirar melhor sobre os dons espirituais.

1. Exortação a conhecer os dons (v.1). O apóstolo Paulo mostra que o ensino sobre os dons espirituais é importante e afirma: “não quero, irmãos, que sejais ignorantes”. Isso não quer dizer falta de experiência sobre o assunto, pois “nenhum dom vos falta” (1 Co 1.7). O que o apóstolo quer dizer com essa declaração introdutória é que esperava dos coríntios, e essa é também a vontade do Espírito ainda na atualidade, que todos os crentes entendam os dons e a sua finalidade.

2. Pneumatikós e chárisma. São os dois termos gregos básicos usados pelo apóstolo para “dons espirituais” (vv. 1-11). O adjetivo pneumatikós, “espiritual”, Paulo emprega de forma substantivada, tōn pneumatikōn, literalmente, “das coisas espirituais” (v.1); o contexto mostra que ele se refere aos dons espirituais. O substantivo chárisma, “dom”, um cognato de cháris, “graça”, cuja ideia é o que foi dado pela graça, aparece duas vezes: “de dons” (v.4); “dons” (v.9). São vários tipos de charísmata no Novo Testamento que o tempo e o espaço não permitem enumerá-los na presente lição.

3. O que são os dons espirituais? A Declaração de Fé das Assembleias de Deus define os dons espirituais como “capacitações especiais e sobrenaturais concedidas pelo Espírito de Deus ao crente para serviço especial na execução dos propósitos divinos por meio da Igreja”.

Esses recursos são operados por meio dos crentes em Jesus (2 Co 4.7; Cl 1.27), enquanto a Igreja estiver na terra (1 Co 13.8-10). Isso envolve todo o aspecto da vida cristã como adoração (1 Co 14.6,26; Fp 3.3), evangelização, operações de milagres (At 13.9-12) e o exercício do ministério (1 Tm 4.14). Eles podem ser concedidos de repente em qualquer fase da experiência cristã, ao ser batizado no Espírito Santo, no início da fé (At 19.5,6) ou ao longo da carreira cristã (1 Tm 4.14). Todos nós devemos buscar os dons espirituais a qualquer momento (1 Co 12.31; 14.13,39).

Ser pentecostal significa crer na atualidade das manifestações do Espírito Santo, e isso envolve o batismo e os dons espirituais. Mas, não é só isso, muitos teólogos e leigos não pentecostais pensam como os pentecostais sobre as manifestações do Espírito na atualidade, principalmente quando afirmam que são batizados no Espírito Santo porque têm o Espírito. No entanto, ter o Espírito Santo não é a mesma coisa que ser batizado. Todos os crentes em Jesus já têm o Espírito, isso já foi explicado no capítulo anterior, mas ser batizado é receber o revestimento de poder do alto como capacitação para testemunhar de Jesus (At 1.8). Muitos afirmam que o batismo no Espírito Santo é também para os nossos dias, mas interpretam tal experiência dessa maneira. Essas pessoas pensam que esse batismo é a mesma coisa que a conversão, e biblicamente não é isso que acontece. E, há pentecostais que se recusam a aceitar o falar em línguas como evidência física inicial do batismo no Espírito Santo, embora acreditem na atualidade da glossolalia como um dom do Espírito, mas não necessariamente como sinal do batismo.

– Nada indica nos ensinos paulinos que confirme as ideias cessacionistas de que os dons espirituais ou alguns deles sejam para o período apostólico ou para um período específico qualquer. Enquanto a igreja peregrinar na terra, ela dependerá do poder do Espírito manifestado por meio dos dons sem o qual será impossível cumprir a missão designada pelo Senhor Jesus. Não é possível a igreja se sustentar sozinha, nem foi isso que Jesus estabeleceu, antes enviou o Consolador (Jo 14.16-18). Os dons foram concedidos à igreja, e enquanto ela não terminar a sua jornada na terra, vai depender desses recursos milagrosos para realizar a obra de Deus e testemunhar de Jesus. Os dons continuarão até a vinda de Jesus: “Existem mensagens espirituais, porém elas durarão pouco. Existe o dom de falar em línguas estranhas, mas acabará logo. Existe o conhecimento, mas também terminará. Pois os nossos dons de conhecimento e as nossas mensagens espirituais são imperfeitos. Mas, quando vier o que é perfeito, então o que é imperfeito desaparecerá” (1 Co 13.8-10). A vinda do “que é perfeito” é uma referência à vinda de Cristo.

– Jack Deere, que antes era cessacionista, ex-professor de Antigo Testamento do Dallas Theological Seminary, foi surpreendido pelo poder do Espírito em pleno exercício de suas funções no seminário, que o levou a um reexame sobre a sua posição tradicional e descobriu que Deus “continua a falar e a curar nos dias de hoje”. A nossa conclusão com base nas Escrituras e na experiência da igreja ao longo dos séculos e, de maneira especial na vívida experiência pentecostal a partir do avivamento da Rua Azusa, é que o cessacionismo não tem fundamentação bíblica e é pós-bíblico. – Existem aspectos divergentes da doutrina pentecostal. Por isso, nem todos os autores pentecostais estão totalmente de acordo com a nossa doutrina, pois muitos deles têm suas interpretações diferenciadas em alguns pontos, alguns deles periféricos, que não desmerecem e nem desqualificam o trabalho deles, mas são pontos doutrinários que destoam da fé assembleiana. Os autores assembleianos mais conhecidos são Stanley M. Horton, William Menzies e seu filho Robert P. Menzies e Gary McGee. Os dons espirituais são necessários porque a igreja não avança nenhum passo sem eles. A igreja está numa batalha contra o reino das trevas. O conflito está fora da esfera física, ela é espiritual. O nosso inimigo é invisível aos olhos físicos, detectamos os efeitos maléficos da ação deles. É uma luta que ninguém poder vencer sem ajuda de Deus. Jesus disse: “Porque sem mim vocês não podem fazer nada” (Jo 15.5) o mesmo pode ser dito do Espírito Santo”, o “outro Consolador” (Jo 14.16). E os dons espirituais são “capacitações especiais e sobrenaturais concedidas pelo Espírito de Deus ao crente para serviço especial na execução dos propósitos divinos por meio da Igreja.” São meios pelos quais o Espírito equipa os membros do corpo de Cristo para realizar o que não seria possível por meio dos recursos humanos. Além disso, é por meio deles que confessamos o nome de Jesus e somos edificados.

– O termo grego usado para os dons espirituais nos capítulos 12 ao 14 de 1 Coríntios é chárisma, um cognato de cháris, “graça”, cuja ideia é aquilo que foi dado pela graça por parte de Deus. O apóstolo Paulo não emprega de forma literal a expressão “dons espirituais”, quando introduz o assunto: “Irmãos, não quero que vocês estejam desinformados a respeito dos dons espirituais” (1 Co 12.1), ele emprega a expressão grega: toñ pneumatikoñ, literalmente, “das coisas espirituais”. O adjetivo pneumatikós, “espiritual”, é empregado de forma substantivada pelo apóstolo. Mas, o substantivo chárisma, “dom”, como disse, um cognato de cháris, “graça”, cuja ideia é o que foi dado pela graça, aparece duas vezes nesse parágrafo que trata dos nove dons espirituais (1 Co 12.4-11): “os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo” (v. 4); “a outro, no mesmo Espírito, dons de curar” (v. 9). A maioria dos expositores do Novo Testamento reconhece a legitimidade da tradução de to¯ n pneumatiko¯ n como “dons espirituais”, em várias versões da Bíblia, pois é disso que o apóstolo está tratando. Paulo usa a mesma construção mais adiante (1 Co 14.1).

– Alguns estranham o fato de Paulo lembrar os coríntios a sua procedência pagã nesse contexto (1 Co 12.2). Os destinatários diretos dessa mensagem eram de origem pagã, eles não tinham discernimento espiritual, pois eram guiados pelos “ídolos mudos”. Embora os ídolos sejam mudos (Sl 115.4-7), por trás deles estão os demônios (1 Co 10.20). Veja que a expressão “éreis gentios” mostra que todo aquele que se converte ao Senhor Jesus deixa de ser gentio. Esses irmãos coríntios se converteram a Cristo e agora eram guiados pelo Espírito, o que distribui os dons espirituais. Mais estranho ainda é a declaração: “ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema!” (1 Co 12.3). É possível um raciocínio desse? Sim, pode ser um espírito demoníaco ou um falso mestre, ou ainda, alguém que interpreta de maneira equivocada a maldição da cruz (Gl 3.13). A verdade é que ninguém pode reconhecer o senhorio de Cristo e a sua verdadeira identidade senão pelo Espírito Santo: “E ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo” (v. 3b). Tal declaração é a suprema confissão do Espírito que reconhece a divindade e o senhorio de Cristo (Jo 16.14; Rm 10.9; Fp 2.11).

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Inicie a aula de hoje perguntando o que são os dons espirituais. Ouça as respostas dos alunos. Após a escuta, exponha o tópico a fim de unificar as informações. Leve em conta que esse tópico refletirá o conceito da expressão “dons espirituais”. É muito importante que cada aluno compreenda com perfeição tal conceito a fim de que ele não tenha dificuldade de compreender as diferentes classes de dons presentes no Novo Testamento. Há uma boa definição de dons espirituais que está presente neste tópico, conforme a nossa Declaração de Fé: “capacitações especiais e sobrenaturais concedidas pelo Espírito de Deus ao crente para serviço especial na execução dos propósitos divinos por meio da Igreja”. Ao final da exposição do tópico, revise o conceito de dons espirituais e certifique que os alunos o compreenderam bem. 

  II. A FUNÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS

O uso dos dons espirituais é essencial nas reuniões cristãs, na vida pessoal e no serviço da evangelização. Isso era uma realidade na época dos apóstolos e continua um fato na atualidade.

1. As listas dos dons. Há quem acredite que existem apenas nove dons espirituais, pois interpreta como únicos os apresentados nos vv.8-10. Mas, o apóstolo apresenta mais duas listas de dons espirituais nesse mesmo capítulo, uma com oito dons (v.28) e outra com sete, incluindo algumas repetições da primeira lista (vv.29,30). Há ainda uma lista em Romanos e outra em Efésios (Rm 12.6-8; Ef 4.8-11). Há quem afirme que a primeira lista é completa e as demais seriam expressões ou explicações desses nove dons. Em nenhum lugar o apóstolo limita o número de dons. Essa explicação está de acordo com a Declaração de Fé das Assembleias de Deus.

2. Classificação teológica. Os dons mencionados em seguida são classificados em três grupos de três dons (vv.8-11). A divisão mais conhecida é a seguinte: a) dons de revelação, palavra da sabedoria, palavra da ciência e discernimento dos espíritos; b) dons de poder, fé, dons de curar e operações de maravilhas; c) dons de inspiração, profecia, variedade de línguas e interpretação. Essa é uma das várias classificações, todas elas são didáticas.

3. Classificação bíblica. Stanley M. Horton segue a divisão funcional feita pelo próprio apóstolo, em três grupos, dois, cinco e dois, que duas vezes o adjetivo grego, héteros, “outro de tipo diferente” como “e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé” (v.9); “e a outro, a variedade de línguas” (v. 10b). Nas outras vezes, o termo usado para “outros” é állos, “outro de mesmo tipo”. Se isso significa uma classificação ou divisão, seriam em três grupos, dois, cinco, dois, assim: a) dons do ensino ou pregação: palavra da sabedoria e palavra da ciência; b) dons de ministério: fé, dons de curar, operação de maravilhas, a profecia e dom de discernir os espíritos; c) dons de adoração: variedade de línguas e interpretação de línguas.

4. “Para o que for útil” (v.7). O Espírito Santo distribui os dons aos crentes “a cada um para o que for útil”, proveitoso para edificação espiritual e crescimento numérico da igreja. A função dos dons espirituais é tornar a manifestação do poder de Deus cada vez mais real e dinâmica para a edificação do corpo de Cristo, é antes de tudo autenticar a obra de Cristo (At 2.33). Não existe um reservatório ou um depósito de dons na igreja ou nos crentes para que cada um faça uso a seu bel-prazer. O Espírito reparte “particularmente a cada um como quer” (v.11). Os dons, portanto, não são atestados de espiritualidade e nem de santidade; eles são concedidos para a edificação da igreja e o aperfeiçoamento espiritual dos crentes. Muito cuidado, pois a soberba espiritual é a pior de todas e é pecado. Soli Deo gloria, “somente a Deus a glória” (Is 42.8; Ef 3.20,21). 

A função dos dons espirituais é tornar a manifestação do poder de Deus cada vez mais real e dinâmica para a edificação do corpo de Cristo, e, antes de tudo, autenticar a obra de Cristo (At 2.33). O apóstolo Paulo apresenta cinco listas dos dons espirituais (Rm 12.6-8; 1 Co 12.8-10; 1 Co 12.28; 1 Co 12.29, 30; Ef 4.11), mas nenhuma delas é completa, todas são diferentes, seu propósito não é descrever e nem definir nenhum deles, mas no caso dos coríntios, o objetivo é corrigir a percepção deles sobre o uso dos dons. O Novo Testamento não revela quantos dons espirituais existem. Como bem ensinou Stanley M. Horton: “O propósito de Paulo, porém, não é oferecer uma lista abrangente, nem descrever os dons”. Muita gente pensa que esses dons são nove com base na lista de 1 Coríntios 12.8-10. O apóstolo não está afirmando que são nove, antes eram esses os dons em que havia abusos pelos coríntios e por essa razão eles são mencionados nessa lista. A explicação deles vem em seguida e nos dois capítulos subsequentes.

– Na lista de Romanos 12.6-8 aparecem sete dons espirituais, entre os quais, especiais e normais, quais são eles? Profecia, ministério, ensino, exortação, contribuição, presidência e misericórdia. Podemos considerar os dons de Profecia e de ensino como milagres.

– Uma peculiaridade dessa lista é que cada dom é seguido de uma explicação, ainda que com uma simples frase. O dom de profecia é o único que aparece em todas as listas e é o que aparece com maior frequência nas epístolas paulinas, principalmente em 1 Coríntios nos capítulos 12 a 14. Esse tema será retomado mais adiante. Os charísmata, plural de chárisma, dessa lista, aparecem em dois grupos, o dom de profecia pertence ao grupo dos dons extraordinários e os outros como ordinários. O “ministério”, ou serviço, diakonia, em grego, de onde vem a nossa palavra, “diácono”.

– O dom de ensino não se constitui simplesmente num exercício intelectual sem depender do Espírito Santo, como disse Craig S. Keener: “se fosse assim, uma pessoa não salva poderia ter esse mesmo ‘dom’. O dom de ensino é uma dádiva especial da graça que, como 1 Coríntios 12.8-11 mostra, também é uma concessão especial de poder do Espírito de Deus”. A exortação paráklesis, “consolação, conforto, exortação, admoestação”, lembra bem o Paracleto, o Consolador prometido por Jesus (Jo 14.16).

– O que contribui, ou reparte, conforme a ARC, aquele que compartilha seus recursos pessoais para o bem dos demais, isso deve ser realizado com sinceridade “da maneira de Barnabé, e não de Ananias e Safira (Atos 4.36, 37; 5.1-3)”, como bem observou Stanley Horton, “Barnabé, conforme você se lembra, era cheio do Espírito Santo, ao passo que Ananias era mentiroso”. Ainda hoje há os que contribuem porque outros o fazem ou porque esperam alguma recompensa. O Espírito capacita os membros do corpo de Cristo para que cada um proceda de acordo com a vontade de Deus e seja uma bênção para a comunidade. – Presidir é liderar, deve ser o mesmo chamado “administrar” (1 Co 12.28), ou “governos”, na ARC, visto que há certos graus de superposições entre os dons nessas diferentes listas. O dom de presidir deve ser exercido com cuidado, diligência e zelo. A misericórdia se parece com o dom de repartir, mas isso se refere ao cuidado de doentes, idosos e dos pobres. É um dom exercido com gozo no coração e alegria e não como um fardo pesado, as igrejas estão cheias dessas pessoas. O Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento observa bem que nessa lista, cada dom começa com um “se”; que significa, “se você tem um dom use”; os últimos dons da lista começam cada um com “o que”. Esses dons são dados segundo a graça que cada um recebeu.

– Há quem acredite que existem apenas nove dons espirituais, pois interpreta como únicos os apresentados em 1 Coríntios 12.8-10. Mas, o apóstolo apresenta mais duas listas de dons espirituais nesse mesmo capítulo, uma com oito dons (v. 28) e outra com sete, incluindo algumas repetições da primeira lista (vv. 29, 30). Isso sem contar a lista de Romanos 12.6-8, de Efésios (Ef 4.11) e uma lista petrina (1 Pe 4.11). Há quem afirme que a lista de 1 Coríntios 12.8-10 é completa e as demais seriam expressões ou explicações desses nove dons. Em nenhum lugar o apóstolo limita o número de dons, e nisto cremos e professamos: “Os dons espirituais são vários, e nenhuma lista deles no Novo Testamento pretende ser exaustiva; e nem mesmo existe a expressão “estes sãos os dons espirituais”.

– Esta é a lista mais conhecida e mais disputada pelos pentecostais e se destaca das demais listas porque esses nove dons “pertencem a uma categoria exclusiva que demanda uma ação direta do Espírito Santo, independentemente da contribuição humana, embora se utilize do ser humano para se expressar”. A Declaração de Fé das Assembleias de Deus, traz uma breve explicação sobre cada um desses nove dons no capítulo XX, intitulado: “Sobre os dons do Espírito Santo”. O propósito do apóstolo Paulo não é fazer uma exposição doutrinária sobre o assunto. O que ele está fazendo é uma correção de abusos desses dons na comunidade cristã de Corinto e dessa forma esses dons vêm à tona, essa é a razão do tema carismático aparecer na epístola.

– Na opinião de Gordon Chown, onde há vida exuberante ocorre alguma desordem, causada pelo crescimento poderoso, mas que isso não é razão para descartar o valor dos dons. O pensamento sobre a igreja de Corinto de acordo com os expositores do Novo Testamento: “o fogo do avivamento ardia em Corinto, e alguma centelhas caíam fora lareira, ameaçando o tapete. Paulo não pensou em chamar o corpo de bombeiros para apagar o fogo, apenas ofereceu a igreja um jogo de ferramenta para lidar com a lareira: as medidas disciplinares e as exortações para a busca dos dons”. Essa ilustração é esclarecedora e a estratégia paulina é atual para evitar a mornidão espiritual que já acontece em alguns lugares. – Paulo revela a natureza desses dons e sua procedência divina, no Deus Trino e uno (1 Co 12.4-6) e nos instrui sobre o seu uso correto (1 Co 12.7, 11). Os nove dons desta lista estão classificados de diversas maneiras, mas se trata de classificações didáticas e posteriores, organizadas por teólogos ao longo dos séculos. Todas as diferentes classificações dividem os dons em três grupos. A divisão mais conhecida é a seguinte: a) dons de revelação, palavra da sabedoria, palavra da ciência e discernimento dos espíritos; b) dons de poder, fé, dons de curar e operações de maravilhas; c) dons de inspiração, profecia, variedade de línguas e interpretação. Outros, como Gordon Chown, consideram o terceiro grupo como dons de inspiração e Walter Brunelli, como dons de locução.

– Parece haver uma classificação interna, na forma em que o texto foi construído pelo apóstolo em três grupos, dois, cinco e dois. Duas vezes o adjetivo grego héteros, “outro de tipo diferente” intercala os grupos, assim: “e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé” (1 Co 12.9); “e a outro, a variedade de línguas” (1 Co 12.10b). Nas outras vezes, o termo usado para “outros” é állos, “outro de mesmo tipo”. Nesse caso, héteros seria o elemento divisor. Se isso puder significar uma classificação ou divisão, seriam em três grupos, dois, cinco, dois, assim: a) dons do ensino ou pregação, palavra da sabedoria e palavra da ciência; b) dons de ministério, fé, dons de curar, operação de maravilhas, a profecia e dom de discernir os espíritos; c) dons de adoração, variedade de línguas e interpretação de línguas. Stanley M. Horton segue essa divisão funcional feita pelo próprio apóstolo Paulo.

– Vamos ao resumo da Declaração de Fé das Assembleias de Deus: 1. As Diversidades. São três as classes de manifestações dos dons espirituais: diversidade de dons, diversidade de ministérios e diversidade de operações. A diversidade de dons tem sua origem no Espírito Santo: “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo” (1 Co 12.4). A diversidade de ministérios ou serviços tem sua fonte no Senhor Jesus: “E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo” (1 Co 12.5); e as operações ou atividades vêm de Deus: “E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos” (1 Co 12.6). O termo “Deus” vem em grego acompanhado do artigo que mostra ser uma referência a Deus Pai. Cada pessoa da Trindade desempenha um papel essencial na manifestação dos dons. É uma diversidade na unidade, assim como adoramos um só Deus em trindade e trindade em unidade. Os termos “dons”, “ministérios” e “operações” estão associados a cada pessoa da Trindade; contudo, é o Espírito Santo quem opera todas as coisas: “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer” (1 Co 12.11). 2. A distribuição dos dons. Os dons espirituais são poderes sobrenaturais do Espírito para que a Igreja atue como um todo no mundo; são concessões da graça do Espírito conforme a medida da fé de cada um: “De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada: se é profecia, seja ela segundo a medida da fé” (Rm 12.6). Os dons são distribuídos pelo Espírito para o perfeito funcionamento da Igreja, que é o corpo espiritual de Cristo: “Ora, vós sois o corpo de Cristo e seus membros em particular” (1 Co 12.27). Na diversidade, cada dom é concedido para o que for útil. Eles não são atestados pessoais de santidade que induzem as pessoas a acreditar que são mais santas ou mais espirituais que outras; também não transformam as pessoas em superespirituais, nem as tornam melhores ou superiores a outros crentes; não são para exibição ou superioridade particular no seio da Igreja, mas são para a glória de Deus. Nenhum dom individualiza qualquer crente, porque o mérito será sempre do Senhor. Os dons fortalecem a unidade da Igreja, promovendo a comunhão dos membros do corpo de Cristo: “Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também” (1 Co 12.12). O corpo humano possui muitos membros, todos eles indispensáveis para o seu perfeito funcionamento. Cada cristão é parte integrante da Igreja e tem uma função a realizar. Nenhum membro tem utilidade fora do corpo. Cremos que um membro não se isola no corpo, mas faz parte de uma multiplicidade que o torna indispensável. 3. A palavra da sabedoria e a palavra da ciência. A lista em 1 Coríntios 12.8-10 começa com esses dons: “Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência” (1 Co 12.8). O dom da sabedoria é um recurso extraordinário proveniente do Espírito Santo, cuja finalidade é a solução de problemas igualmente extraordinários. Como dom espiritual, é uma espécie de sabedoria dada por Deus. É a capacitação do Espírito Santo na vida da Igreja para orientação e conselho aos crentes sobre dificuldades, cuja solução está fora do seu alcance no dia-a-dia da igreja, no trato com as pessoas descrentes e na pregação do evangelho. A palavra do conhecimento ou da ciência diz respeito ao conhecimento das coisas de Deus. Esse dom consiste em uma ciência manifestada unicamente pelo Espírito Santo: “como me foi este mistério manifestado” (Ef 3.3), pelo qual podemos saber, compreender e, assim, conhecer aquilo que, pelo entendimento humano, jamais poderíamos alcançar. 4. A fé e os dons de curar. Em seguida, aparecem mais dois dons: “e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar” (1 Co 12.9). O dom da fé distingue-se da fé salvífica e da fé como o fruto do Espírito; trata-se de uma fé especial usada num momento específico. Quanto aos dons de curas, são manifestações do poder do Espírito Santo que operam de maneira multiforme para cura de doenças e enfermidades do corpo, da alma ou psicossomáticas, sempre concedidas pelo Espírito Santo à pessoa que irá ministrá-la, pois é Deus quem cura e somente a Ele pertence a glória. 5. Os outros dons. A lista chega ao seu fim com os seguintes dons: “e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas” (1 Co 12.10). A expressão “operação de maravilhas” está no plural em grego e significa “obras poderosas” ou “de poder”, o que sugere grande variedade de milagres. O milagre já é, em si mesmo, a intervenção divina na ordem natural das coisas, mas aqui diz respeito a sinais poderosos e extraordinários. O dom de profecia é diferente da profecia anunciada pelos profetas do Antigo Testamento. A revelação canônica já se encerrou, mas Deus continua a falar por meio da Bíblia. O Senhor proveu outros recursos por meio dos quais se comunica com os seres humanos, dentre eles o dom de profecia, como manifestação momentânea do Espírito Santo na vida de qualquer crente batizado no Espírito Santo. O seu objetivo é a “edificação, exortação e consolação” (1 Co 14.3). Por meio desse dom, o Senhor continua comunicando-se com seus servos e servas de forma individual, mas a profecia decorrente do dom não serve de fonte de autoridade, como a dos profetas e dos apóstolos bíblicos, pois é possível alguém ampliar a mensagem sem autorização do Espírito, sendo, inclusive, passível de julgamento: “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem” (1 Co 14.29); “E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas” (1 Co 14.32). O dom de discernir os espíritos é um recurso do Espírito Santo contra as falsificações dos demônios. A expressão “discernir os espíritos” está no plural em grego, como acontece com os dons de curar e de operação de maravilhas, pois esse dom pode manifestar-se de várias maneiras. A essência das línguas como evidência inicial do batismo no Espírito Santo é a mesma do dom de variedade de línguas. A diferença entre dom e sinal está na função. A variedade de línguas é manifestada na oração particular para edificar o crente individualmente; na oração pública, a edificação é geral; nesse caso, há necessidade do dom de interpretação de línguas.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“[…] Os dons são encarnacionais. Isto é, Deus opera através dos seres humanos. Os crentes submetem a Deus sua mente, coração, alma e forças. Consciente e deliberadamente, entregam tudo a Ele. O Espírito, então, os capacita de modo sobrenatural a ministrar acima das suas capacidades humanas e, ao mesmo tempo, a expressar cada dom através de sua experiência de vida, caráter, personalidade e vocabulário. Os dons manifestos precisam ser avaliados. Isto não diminui em nada a sua eficácia, pelo contrário, dá à congregação a oportunidade de testar, pela Bíblia, sua veracidade e valor para a edificação.

  O princípio encarnacional é visto na revelação de Deus à raça humana. Jesus é o Emanuel, Deus conosco (plenamente Deus e plenamente humano). A Bíblia é ao mesmo tempo um livro divino e um livro humano. É divina, inspirada por Deus, autorizadora e inerrante. É humana, pois reflete os antecedentes, situações vivenciais, personalidades e ministérios dos escritores. A Igreja é uma instituição tanto divina quanto humano. Deus estabeleceu a Igreja, pois de outra forma ela nem existiria. Apesar disso, sabemos que a Igreja é bastante humana. Deus opera através de vasos de barro (2 Co 4.7). O mistério que permaneceu oculto através das gerações e agora foi revelado aos gentios é ‘Cristo em vós, esperança da glória’ (Cl 1.27)” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10.d. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 470).

  III. OS DONS REVELAM A UNIDADE NA DIVERSIDADE

O apóstolo esclarece que a diversidade de dons é uma necessidade e enfatiza que ela tem suas raízes no Deus trino. Isso à medida em que o Pai, o Filho e o Espírito Santo manifestam suas atividades para a edificação da igreja.

1. Diferentes dons. Nós precisamos saber que são diferentes os dons da graça concedidos segundo a medida da fé: “De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada: se é profecia, seja ela segundo a medida da fé” (Rm 12.6). São três classes de manifestações as quais revelam a atuação do Deus trino: diversidade de dons, atribuído ao Espírito; diversidade de ministérios, relacionada ao Filho e diversidade de operações, como a ação do Pai (vv.4-6). Mas é o Espírito a fonte de todos os dons, que distribui os dons para edificação da igreja (v.7).

2. Unidade. Temos diversidades de dons, de ministérios e de operações: “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer” (v. 11). O termo “diversidade” é repetido uma vez para cada Pessoa divina. Mas, em cada uma aparece a expressão: “mas o Espírito é o mesmo, mas o Senhor é o mesmo, mas é o mesmo Deus”. O único Espírito, o único Senhor e único Deus referem-se às três Pessoas da Trindade, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que aparecem de forma espontânea e automática (Mt 28.19; 2 Co 13.13; Ef 4.4-6; 1 Pe 1.2).

– Nos versículos 4 a 6, o apóstolo Paulo revela as fontes dessas manifestações espirituais. O apóstolo esclarece que a diversidade de dons é uma necessidade e enfatiza que ela tem suas raízes no Deus trino. Isso à medida em que o Pai, o Filho e o Espírito Santo manifestam suas atividades para a edificação da igreja.

– A Trindade é a base que nos permite afirmar a diversidade da igreja dentro da unidade. A unidade na diversidade na distribuição dos dons espirituais serve com base para a unidade na diversidade da igreja, o corpo de Cristo. São três classes de manifestações as quais revelam a atuação do Deus trino: diversidade de dons, atribuído ao Espírito; diversidade de ministérios, relacionada ao Filho e diversidade de operações, como a ação do Pai (1 Co 12.4-6). Mas, é o Espírito a fonte de todos os dons, que os distribui para edificação da igreja (v. 7). Temos diversidades de dons, de ministérios e de operações: “Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas essas coisas, distribuindo-as a cada um, individualmente, conforme ele quer” (1 Co 12.11). O termo “diversidade” é repetido uma vez para cada Pessoa divina. Mas, em cada uma aparece a expressão: “mas o Espírito é o mesmo, mas o Senhor é o mesmo, mas é o mesmo Deus”. O único Espírito, o único Senhor e único Deus referem-se às três Pessoas da Trindade, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que aparecem de forma espontânea e automática (Mt 28.19; 2 Co 13.13; Ef 4.4-6; 1 Pe 1.2).

– Não é intenção do apóstolo explicar ou fazer alguma apologia à Trindade, ela simplesmente aparece de forma natural. É uma diversidade na unidade. Paulo cataloga nove charismatõn, “dons” do Espírito Santo (1 Co 12.7-11). Depois disso, apresenta uma explicação por meio de metáfora comparando a Igreja e seus membros a um corpo com seus membros e suas funções mostrando a diversidade na unidade. Os vv. 12 e 13 formam o elo entre os dons e os membros do corpo de Cristo, que o apóstolo usa uma linguagem metafórica nessa ilustração. A ilustração do corpo humano com a Igreja nos versículos seguintes, além de mostrar a unidade na diversidade, nos ensina também que precisamos uns dos outros (1 Co 12.21), diferimos uns dos outros (1 Co 12.18) e precisamos cuidar uns dos outros (1 Co 12.25). Isso é Igreja.

– Convém relembrar que os dons são importantes. É a vontade de Deus que os irmãos e as irmãs não ignorem os dons espirituais (1 Co 12.1) que busquemos os melhores dons (12.31) e “não desprezem as profecias” (1 Ts 5.20). Os dons são comparados a um andaime numa construção, a igreja é comparada a um edifício (1 Co 3.10-12; Ef 2.20-22). Não é possível uma construção prosseguir sem o andaime, mas uma vez concluída a obra, o andaime é dispensado. No céu não haverá necessidade dos dons, mas eles são uma necessidade imperiosa na vida da igreja hoje, ela precisa do poder do alto para combater o reino espiritual das trevas (Ef 6.10-12). Segundo Apocalipse 21 e 22, no mundo vindouro não há necessidade desses recursos do Espírito.

– Jamais devemos nos esquecer que os dons não podem substituir o “fruto” do Espírito. O amor é mais importante que os dons. O amor continua até a eternidade, mas os dons são até a vinda de Cristo. O amor não é um dom, mas fruto do Espírito, são duas coisas diferentes: “Portanto, esforcem-se para ter amor. Procurem também ter dons espirituais, especialmente o de anunciar a mensagem de Deus” (1 Co 14.1). Esse tema será retomado no capítulo seguinte, “O fruto do Espírito: o eu crucificado”. O apóstolo chama o amor de “o caminho que é o melhor de todos” (1 Co 12.31), ou “um caminho mais excelente” (ARC). Em seguida, Paulo usa alguns dons representativos como línguas, profecia, palavra da ciência e fé (1 Co 13.1-3) para mostrar a superioridade do amor e que os dons sem o amor são ineficazes.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“[…] O Espírito Santo concede os dons. As Pessoas da Deidade desempenham papéis diferentes, porém cooperam vitalmente entre si e se harmonizam numa unidade perfeita de expressão.

A Igreja deve refletir a natureza do Senhor, a quem ela serve. Não há cisma, divisão, orgulho carnal, glorificação do próprio-eu, luta pela primazia ou usurpação de direitos no âmbito da Trindade. Não devemos fazer o que nossa vontade ordena, mas o que vemos Deus fazendo (Jo 5.19). Quanta diferença faria na maneira de compartilharmos os dons! Ministrados corretamente, os dons revelam a coordenação, a unidade criativa na diversidade e a sabedoria e poder que o Espírito harmoniza. Por toda parte vemos a diversidade. A Igreja pode vir a enfrentar situações as mais diferentes. Mas podemos dispor dessa obra do Espírito, que nos harmoniza numa unidade maior, se nos prostrarmos diante do Deus de tremenda santidade, poder e propósitos” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 396).

  CONCLUSÃO

A manifestação dos dons espirituais vai continuar durante todo o tempo em que a igreja peregrinar na terra, isto é, até a vinda de Cristo (1 Co 13.8-10). Essa é uma verdade pentecostal. A igreja atual necessita tanto do poder de Deus como nos dias apostólicos. A missão da igreja de hoje em nada difere de sua missão no passado. Hoje não é diferente, e dependemos do poder sobrenatural na virtude do Espírito (Rm 15.19). – Os textos paralelos de Romanos 12, 1 Coríntios 12 e 13 e Efésios 4 focalizam o modo de viver do crente cheio do Espírito - procurando seu lugar no corpo de Cristo, exercendo os dons com amor, testemunhando e servindo, tudo como antegozo da vinda do Senhor. Este é o propósito e vocação da Igreja. A Igreja é uma escola. Quando os crentes se reúnem, aprendem a ministrar dons espirituais e a ser discípulos de Cristo. Saindo para ministrar ao mundo, aplicam o poder de Deus às situações da vida. Devemos ser receptivos à voz do Espírito, que pode falar através de nós a qualquer momento.

REFERÊNCIAS

LIÇÕES BÍBLICAS. 1º Trimestre 2020 - Lição 4. Rio de Janeiro: CPAD, 24, jan. 2021.

HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: 2009.

SOARES, Esequias. O verdadeiro pentecostalismo: a atualidade da doutrina bíblica sobre a atuação do Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.

SOARES, Esequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p. 132.

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.