COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I
AS ARMADURAS DO CRENTE
O CINTURÃO DA
VERDADE. O soldado romano sempre usava uma túnica, um vestuário
exterior que lhe servia de roupas primárias. Ele geralmente era feito de um
pedaço grande, quadrado de material com furos cortados para a cabeça e os
braços. Normalmente ele enrolando maior parte do corpo do soldado. Uma vez que
a maior parte do combate antiga era mão-de-mão, uma túnica solta era um
obstáculo potencial e até mesmo um perigo. Antes de uma batalha que foi,
portanto, cuidadosamente apertava-se e enfiado na correia de couro pesado que cingia
os lombos do soldado.
O cidadão comum do Oriente Médio
teve um problema semelhante com o seu manto. Quando ele estava com pressa ou
teve o trabalho pesado para fazer, ele nem teve o manto fora ou colocou-o em
torno de sua cintura. Como Deus preparou os filhos de Israel para comer a
refeição da Páscoa antes que eles deixaram o Egito, Ele instruiu Moisés a
dizer-lhes: "Agora você deve comê-lo desta maneira: Os vossos lombos
cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão, e o comereis
apressadamente" (Ex 12:11). No que diz respeito a Sua segunda vinda, Jesus
nos diz para "ser vestido com prontidão" (Lc 12:35), que é,
literalmente, "ter vossos lombos cingidos". Pedro usou a mesma expressão
quando ele disse: "Portanto, cingi suas mentes [lit.", cingindo os
lombos de suas mentes "] para a ação, mantenha sóbrio no espírito,
corrigir a sua esperança na graça de ser trazido a você por a revelação de
Jesus Cristo" (1 Pe 1:13). Cingir os lombos era um sinal de prontidão, e o
soldado que estava falando sério sobre a luta estava certo para garantir a sua
túnica com cinto.
O cinto que cingiu tudo
firmemente juntos e demonstra a disposição do crente para a guerra é a
verdade. Aletheia (verdade), basicamente, refere-se ao
conteúdo do que é verdadeiro. O conteúdo de Deusa verdade é
absolutamente essencial para o crente em sua batalha contra as ciladas de
Satanás. Sem o conhecimento do ensino bíblico, ele é, como o apóstolo já
assinalou, sujeito a ser "levados ao redor por todo vento de doutrina, pela
artimanha dos homens, pela astúcia enganam fraudulosamente" (4:14). Em sua
primeira carta a Timóteo, Paulo adverte que "o Espírito expressamente diz
que nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos
enganadores, e a doutrinas de demônios" (Tm 4: 1). As "doutrinas de
demônios" ensinadas por seitas e religiões falsas têm sua origem nos
"espíritos enganadores" que em Efésios Paulo chama "governantes,
... poderes, ... as forças deste mundo tenebroso, ... [e] as forças espirituais
do mal, o celestial locais" (6:12). Esses falsos esquemas de Satanás podem
ser combatido com sucesso apenas com a verdade da Palavra de Deus.
Eu acredito que ser cingidos
com a verdade ... tem a ver principalmente com a autodisciplina de
comprometimento total. É o cristão comprometido, assim como é o soldado
empenhado e comprometido o atleta, que está preparado. Vencer na guerra e nos
esportes é muitas vezes dito ser o resultado direto do desejo que leva a uma
preparação cuidadosa e esforço máximo. É o exército ou a equipe que quer mais
para ganhar quem tem mais chance de fazê-lo, mesmo contra grandes chances.
A COURAÇA DA JUSTIÇA. Nenhum soldado romano poderia ir para a batalha sem o seu peitoral,
uma resistente peça sem mangas de armadura que lhe cobria o torso completo. Foi
muitas vezes feitas de couro ou linho pesado, no qual foram costurados fatias
sobrepostas de cascos de animais, ou chifres ou pedaços de metal. Alguns foram
feitos de grandes peças de metal moldado ou martelado para se conformar ao
corpo. O objetivo desse pedaço de armadura é óbvio para proteger o coração,
pulmões, intestinos e outros órgãos vitais.
No pensamento judaico antigo, o
coração representou a mente e a vontade e os intestinos foram consideradas a
sede das emoções e sentimentos. A mente e as emoções são as duas áreas em que
Satanás ataca mais ferozmente crentes. Ele cria um sistema de mundo, um ambiente
de pecado pelo qual ele nos tenta a pensar pensamentos errados e de sentir
emoções erradas. Ele quer que a nuvem nossas mentes com falsas doutrinas,
princípios falsos, e informações falsas a fim de enganar e confundir-nos. Ele
também quer confundir as nossas emoções e, assim, perverter os nossos afetos, a
moral, a lealdade, metas e compromissos. Ele deseja arrebatar a Palavra de Deus
de nossas mentes e substituí-lo com suas próprias ideias perversas. Ele procura
minar vida pura e substituí-lo com a imoralidade, a ganância, a inveja, o ódio,
e todos os outros vícios. Ele quer que a gente rir do pecado, em vez de chorar
sobre ele, e para racionalizá-lo, em vez de confessá-lo e trazê-lo ao Senhor
por perdão.
A proteção contra os ataques de
Satanás é a couraça da justiça. A justiça deve ser tomada e
envolto em torno de todo o nosso ser, por assim dizer, assim como soldados
antigos se cobriram com couraças de armadura.
Paulo, obviamente, não está
falando aqui de justiça própria, que não é a justiça em todos, mas a pior forma
de pecado. É, no entanto, com este tipo de justiça que muitos cristãos
vestem-se, pensando que seu próprio caráter e comportamento legalista e
realizações agradar a Deus e vai trazer a sua recompensa. Mas, longe de
proteger um crente, um manto de justiça própria dá a Satanás uma arma pronta
para reprimir e sufocar a nossa vida espiritual e serviço. Farisaísmo como vai
certamente manter um crente fora do poder da comunhão com Deus como vai manter
um descrente do seu reino (Mt 5:20). A nossa própria justiça, mesmo como
crentes, não é nada mais do que vestes sujas (Is 64: 6). Ela não traz nenhum
favor de Deus e nenhuma proteção contra Satanás.
Paulo falando aqui da justiça
imputada, a perfeita justiça de Deus se aplica à conta de cada cristão no
momento em que crê em Cristo (Rm. 4: 6, 11, 22-24). Deus fez com que Cristo,
"que não conheceu pecado, o pecado por nós, para que nos tornássemos
justiça de Deus em Cristo" (2 Co 5:21). Assim, estamos permanentemente
vestidos com a justiça, ao longo de nossas vidas na Terra e por toda a
eternidade.
Para colocar a couraça da
justiça é viver no dia a dia, a obediência momento-a-momento para o nosso
Pai celestial. Esta parte da armadura de Deus é uma vida santa, para que Deus
provê o padrão e o poder, mas para o qual precisamos suprir a sua vontade. O
próprio Deus coloca em nós a sua justiça imputada, mas temos que colocar a
nossa justiça em prática.
PÉS CALÇADOS COM O EVANGELHO. Hoje temos sapatos para todos os tipos imagináveis de
atividade. Temos sapatos sociais, sapatos de trabalho, sapatos de lazer. No
atletismo existem sapatos especiais para cada esporte, às vezes vários tipos
para um determinado esporte. Um jogador de tênis pode usar um tipo de sapato em
uma quadra de concreto, um outro tipo de argila, e ainda outro na grama. Da
mesma forma, os jogadores de futebol e beisebol usar sapatos diferentes para
jogar em diferentes superfícies.
Sapatos de um soldado é mais
importante até do que de um atleta porque a sua própria vida pode depender deles.
Como ele segue em bruto, estradas quentes, sobe em cima de pedras irregulares,
atropela os espinhos, e vagueia através streambeds de pedras irregulares, os
pés precisam muita proteção. Um soldado cujos pés estão empolados, cortados ou
inchados não pode lutar bem e muitas vezes nem sequer é capaz de levantar-se em
perigosa situação no campo de batalha. Ele não pode muito bem lidar com sua
espada ou escudo e não pode avançar rapidamente ou até mesmo recuar.
Além de ser feitas resistente e
durável para proteger seus pés, sapatos do soldado romano, ou botas, geralmente
eram impregnadas com pedaços de metal ou pregos para dar-lhe maior tração
enquanto subia um penhasco escorregadio e uma maior estabilidade quanto ele
lutou.
Calçados espiritual do cristão é
igualmente importante na sua luta contra as ciladas do diabo. Se ele tem
cingido cuidadosamente seus lombos com a verdade e vestida a couraça da
justiça, mas não está devidamente calçados seus pés com a preparação
do evangelho da paz, ele está destinado a tropeçar, cair e sofrer muitas
derrotas.
O evangelho da paz é a verdade maravilhosa que em Cristo agora vivemos em paz
com Deus e somos um com Ele. Portanto, quando nossos pés estão calçados
com a preparação do evangelho da paz, estamos firmes na confiança do
amor de Deus por nós, Sua união com a gente, e seu compromisso de lutar por
nós.
O ESCUDO DA FÉ. Soldados romanos
usavam vários tipos de escudos, mas dois eram os mais comuns. O primeiro foi um
pequeno escudo redondo, talvez dois metros de diâmetro, que foi fixada ao braço
por duas tiras de couro. Era relativamente leve e era usado para desviar os
golpes de espada de um adversário na luta corpo-a-corpo.
O segundo tipo era o thureos,
a que Paulo se refere aqui. Esse escudo era projetado para proteger todo
o corpo do soldado, que era consideravelmente menor do que o homem médio hoje.
O escudo era feito de uma peça sólida de madeira e foi coberta com metal
ou couro oleado pesado.
Os soldados que usavam esses
escudos estavam na linha de frente da batalha, e, normalmente, estavam lado a
lado com seus escudos, formando uma enorme falange que se estende desde uma
milha ou mais. Os arqueiros ficavam atrás desta parede de proteção de escudos e
atiravam suas flechas à medida que avançavam contra o inimigo. Qualquer pessoa
que se levantava ou se agachava por trás de tais escudos era protegido da
barragem de flechas inimigas e lanças.
A fé a que
Paulo se refere aqui não é o corpo de crenças cristãs (para o qual o termo é
usado em 4:13 ), mas a confiança básica em Deus a fé em Cristo, que se apropria
de salvação e continua a trazer bênçãos e força, uma vez que confia Ele por
provisão diária e ajuda. A essência do cristianismo é acreditar que Deus existe
e que recompensa aqueles que o buscam (Hb 11: 6); colocando total confiança em
seu Filho como o que foi crucificado, sepultado, que ressuscitou e ascendeu aos
céus; obedecer às Escrituras como a Sua Palavra infalível e autorizada; e está
ansioso para a vinda do Senhor novamente. Grande declaração de Habacuque que
"o justo viverá pela sua fé" (Hb 2: 4) é citado e reafirmou duas
vezes por Paulo (Rm 1:17; Gl 3:11 e uma vez pelo escritor de Hebreus 10: 38).
O CAPACETE DA
SALVAÇÃO. A quinta parte da armadura de
Deus é representado pelo soldado romano “capacete”, sem a qual ele nunca
entraria na batalha. Alguns dos capacetes eram feitos de couro grosso coberto
com placas de metal, e outros eram de metal pesado moldado ou batido. Eles
geralmente tinham peças bochecha para proteger o rosto.
O fato de que o capacete
está relacionado com a salvação indica que golpes de Satanás se
dirigem a segurança do crente e garantia em Cristo. As duas bordas perigosas de
facão espiritual de Satanás são desânimo e dúvida. Para nos desanimar, ele
aponta para nossas falhas, nossos pecados, nossos problemas não resolvidos, a
nossa saúde debilitada, ou para qualquer outra coisa que parece negativo em
nossas vidas, a fim de nos fazer perder a confiança no amor e cuidado de nosso
Pai celestial.
A ESPADA DO
ESPÍRITO. A espada a que Paulo se
refere aqui é o machaira, que variou de comprimento 6-18 polegadas. Foi
a espada comum levada por soldados romanos e foi a principal arma no combate
corpo-a-corpo. Realizada em uma bainha ou bainha ligados aos seus cintos, era sempre
levada à mão e pronto para uso. Foi a espada levada pelos soldados que foram
prender Jesus no Jardim (Mt 26:47), exercido por Pedro quando ele cortou a
orelha do sumo sacerdote (v. 51), e utilizados por carrascos de Herodes quando
colocou Tiago à morte (At 12: 2).
Do Espírito também pode ser traduzida por "pelo Espírito" ou
como "espiritual", referindo-se à natureza da espada, em vez de sua
fonte. A partir do contexto, sabemos que é uma arma espiritual, para ser usado
em nossa luta contra os inimigos espirituais. A mesma frase grega (tou
pneumatos) é traduzida como "espiritual" em Efésios 1: 3 e 5:19.
Embora este significado é perfeitamente coerente com o contexto de 6: 10-17, a
prestação preferida é como um genitivo de origem, do Espírito, indicando
o Espírito Santo como a origem da espada. Como o Espírito da verdade (João
14:17), o Espírito Santo é Professor da verdade residente no crente, que nos
ensina todas as coisas e traz a Palavra de Deus à nossa lembrança (26 v).
A ênfase do
presente “passagem” é sobre a forma como os crentes devem usar a espada do
Espírito. Não é uma arma física concebida pela mente humana ou forjada por
mãos humanas (como observado em 2 Cor. 10: 3-5), mas a arma espiritual perfeita
de origem divina e poder. Como o escudo da fé e também o capacete da salvação, deve
sempre estar à mão, pronta para ser retomada e utilizada quando uma batalha
começa.
Paulo afirma
explicitamente que a espada do Espírito, é a Escritura, a Palavra de
Deus. O pastor e escritor escocês Tomé Guthrie disse: "A Bíblia é um
arsenal de armas celestes, um laboratório de medicamentos infalíveis, uma mina
de riqueza inesgotável. É um guia para cada estrada, um gráfico para cada mar,
um medicamento para cada doença e um bálsamo para cada ferida. Roube-nos da
nossa Bíblia e nosso céu perdeu o seu sol ". [MACARTUR, 2009, pp. 6434-6451]
COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Ao finalizar a
Epístola aos Efésios, o apóstolo convoca a Igreja para lutar e resistir aos
inevitáveis conflitos contra as forças espirituais da maldade. Nessa batalha, a
fim de suportar os ataques e se manter firme na marcha contra o mal, os
soldados de Cristo precisam revestir-se de toda a armadura de Deus. É o que
veremos na presente lição. [Lições Bíblicas, 28 Junho, 2020]
As palavras de Paulo servem de alerta para a necessária
vigilância da Igreja de Cristo. O apóstolo reconhece a existência de uma
furiosa e renhida batalha espiritual, adverte-nos acerca da hostilidade dessas
forças malignas e ensina-nos como combatê-las e vencê-las.
Em contrapartida, as Escrituras asseguram que o povo de Deus
não está à mercê da fúria do inimigo. Deus não deixou a sua Igreja vulnerável
diante das hostes do mal. Ao contrário, uma poderosa armadura espiritual está
disponível a todos os cristãos (Ef 6.11,13). O poder de Deus que ressuscitou
Cristo dos mortos é quem fortalece o povo de Deus; portanto, a Igreja não está
desarmada e nem tampouco despreparada para a batalha [BAPTISTA, 2020, p. 170]
I. O PREPARO ESPIRITUAL
DO CRENTE PARA A BATALHA
1. Fortalecidos no
poder do Senhor. A expressão na
forma passiva “fortalecei-vos no Senhor” (6.10a) indica que não temos poder em
nós mesmos. Esse excelso poder nos é conferido pela comunhão com Deus, em
Cristo, por meio do Espírito Santo (Jo 15.7; 1 Jo 1.3). Por isso precisamos
estar fortalecidos por meio da “renovação da mente” (4.23), da “vida em
santidade” (4.24) e “ser cheio do Espírito” (5.18). A vitória não pode ser
alcançada por outro meio. Conhecer as Escrituras sem a devida obediência e frequentar
os cultos sem a genuína conversão não são suficientes. Não obstante, o poder de
Deus está disponível aos fiéis para “pisar serpentes, e escorpiões, e toda a
força do Inimigo” (Lc 10.19). [Lições Bíblicas, 28 Junho, 2020]
Paulo inicia essa exortação nos seguintes termos: “quanto ao
mais, sejam fortalecidos no Senhor” (6.10a, NAA). No grego, temos aqui uma
variante textual. Alguns manuscritos empregam a expressão to
loipon, que quer
dizer “ademais, quanto ao mais, resta, no demais, finalmente” (ver 2 Co 13.11;
Fp 3.1; 4.8; 2 Ts 3.1), e também tou loipou, que significa “do
restante, daqui para frente” (Gl 6.17).303 Nessa obra, adotamos a última
expressão que indica como deve ser a vida dos cristãos “daqui por diante”. Nesse
sentido, ratifica-se a importância da exortação paulina: temos inimigos a
combater, um capitão por quem pelejar, uma bandeira para defender e regras de
guerra para obedecer. E, para essa batalha espiritual, o cristão deve estar
fortalecido no Senhor (Ef 6.10).
Ninguém pode vencer as hostes da maldade com a própria
força. O cristão é dependente do poder e da força de Deus. Elucida-se que um
dos atributos incomunicáveis de Deus é a Onipotência, isto é, todo o poder vem
do Senhor (Rm 13.1). Isso quer dizer que não há impossível para Ele; tudo Ele
pode absolutamente fazer (Lc 1.57). Nesse sentido, acentua-se que o poder
divino é ilimitado e que jamais poderá ser resistido, impedido ou anulado, seja
pelo ser humano, seja pela natureza, ou mesmo por seres angelicais. Deus é o
El-Shadday (Todo-Poderoso), e esse excelso e imensurável poder é-nos conferido
pela comunhão com Ele em Cristo, por meio do Espírito Santo (Jo 15.7; 1 Jo
1.3).
Por conseguinte, o apóstolo convoca os cristãos a estarem fortalecidos
nesse poder. A combinação pleonástica “força do seu poder” denota a grandeza da
capacidade divina que está à disposição do crente. Portanto, para pelejar e ser
vitorioso nessa batalha, o cristão precisa buscar o revestimento de tal poder.
O combate é intrépido, feroz e belicoso. Os inimigos são os seres espirituais
da maldade (Ef 6.12). As Escrituras ensinam que tanto os seres espirituais bons
quanto os maus possuem “poder extraordinário [...], estão acima dos seres
humanos”. Assim, somente um crente tolo e que não conhece as Sagradas Escrituras
tenta vencer o Diabo e os seus demônios pela sua própria força.
Portanto, conforme se infere da orientação paulina nos
versículos anteriores, os cristãos devem ser fortalecidos por meio da “renovação
da mente” (Ef 4.23); da “vida em santidade” (4.24) e “ser cheio do Espírito”
(5.18). A vitória não pode ser alcançada por outro meio. Conhecer as Escrituras
sem a devida obediência e frequentar os cultos sem a genuína conversão não são
suficientes. No conflito com os poderes demoníacos, os cristãos têm de utilizar,
de forma imediata e contínua, o poder de Cristo para terem vitória. [BAPTISTA, 2020, p. 170]
2. Vigilantes em
toda a oração e súplica. Paulo enfatiza a
necessidade de uma vida cristã permeada pela prática da oração. Não é possível
entrar em combate sem a cobertura de tão preciosa arma espiritual (Lc 21.36). A
expressão “orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito” (6.18)
significa clamar pelo favor divino em qualquer circunstância e oportunidades.
Esse clamor deve estar acompanhado de vigilância (Is 59.1,2), pois esta
preserva o crente das astutas ciladas do Inimigo (Sl 124.7). Vigiemos em oração
e súplica! [Lições Bíblicas, 28
Junho, 2020]
Satanás faz uso de variados ardis e toda sorte de sutilezas
e, por isso, ataca de formas e de modos diferentes. O adversário é astuto, dissimulado,
vingativo, covarde, depravado, caluniador, odioso e mentiroso. Por conseguinte,
o apóstolo exorta os salvos a buscarem a Deus com toda a oração e súplica no
Espírito, em todo o tempo (Ef 6.18). Isso engloba toda forma de clamar pelo
favor divino em qualquer circunstância e em todas as oportunidades. A oração
faz parte do conflito contra Satanás, e deixar de orar é o equivalente a
render-se ao inimigo. A exortação inclui orar no Espírito. Indica que somos assistidos
por Ele em nossa fraqueza para orar como convém (Rm 8.26). O Comentário
de Aplicação Pessoal (p. 355) destaca que “o Espírito intercede por nós (Rm 8.27); o
Espírito torna Deus acessível (Ef 2.18); o Espírito nos dá confiança quando
oramos (Rm 8.15-16; Gl 4.6). Ele nos inspira e guia [...]. Ele nos ajuda a nos
comunicarmos com Deus e também nos traz a resposta dEle”.
O apóstolo ainda acrescenta à oração a necessidade da
vigilância e da constância: “Orando em todo tempo com toda oração e súplica no
Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos os santos”
(6.18). Isso sinaliza que o cristão não deve subestimar as forças de Satanás em
momento algum. A vigilância preserva o crente das astutas ciladas do inimigo
(Sl 124.7). O clamor, portanto, deve estar acompanhado de alerta constante para
que as orações não sejam impedidas (Is 59.1,2). A intercessão não pode ser
egoísta, mas deve ser mútua em favor de todos os salvos (Tg 5.16). Se alguém
insistir em lutar com as próprias forças, tombará no campo de batalha (2 Tm
2.4,5). A vitória contra o mal somente é possível por meio do fortalecimento do
poder de Deus, resistência ao pecado, oração e vigilância constante. [BAPTISTA, 2020, p. 173]
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
“A exortação apostólica:
‘fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder’ (Ef 6.10) diz que os crentes
devem buscar essa força não neles mesmos, mas no Senhor Jesus; por essa razão,
o apóstolo Paulo emprega o verbo grego na voz passiva, endynamosthe,
‘sede dotados de força em, sede fortalecidos’, do verbo endynamoo,
‘fortalecer em’. Esse poder não vem de nós mesmos, mas de uma força externa, do
próprio Deus, Jesus disse: ‘sem mim nada podereis fazer’ (Jo 15.5). A
combinação pleonástica, ‘força do seu poder’, dá mais relevo ao pensamento, uma
expressão que Paulo já havia usado na epístola (1.19). Ele está falando sobre
força e poder no campo espiritual, não sobre força física (2 Co 10.4). O Senhor
Jesus capacitou os cristãos, pelo Espírito Santo, para vencer todo o mal e toda
a tentação interna, os desejos da carne, e toda a tentação externa, tudo aquilo
que vem diretamente do poder das trevas. Essa capacitação envolve o
discernimento para compreender as astúcias malignas (2 Co 2.11) e também o
poder sobre os demônios (Lc 10.17,19)” (SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. Batalha Espiritual: O Povo
de Deus e a Guerra Contra as Potestades do Mal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD,
2018, p. 29).
II. CONHECENDO
O CAMPO DA BATALHA ESPIRITUAL
1. As astutas
ciladas do Diabo. A expressão “ciladas
do diabo” (6.11) indica as “armadilhas” articuladas perversamente pelo reino
das trevas. O líder desse reino é identificado como diábolos, que
significa “caluniador” e “acusador” (Mt 4.1; Jo 8.44; 1 Pe 5.8). Tomado de
fúria e por meio do espírito do erro, ele prepara laços com o propósito de
destruir a Igreja de Cristo. Algumas de suas astúcias são: (1) Confundir a
mentira com a verdade (Gn 3.4,5); (2) deturpar as Escrituras (Mt 4.6); (3)
dissimular e induzir a dissimulação (2 Co 11.13,14); (4) fazer falsos sinais (2
Ts 2.9); (5) fazer acusações (Ap 12.10); (6) semear incredulidade (2 Co 4.4);
(7) promover ideologias anticristãs (2 Ts 2.3,4). Diante desse quadro, o texto
sagrado ordena: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus!”. [Lições Bíblicas, 28 Junho, 2020]
A palavra aqui traduzida por ciladas é do grego methodeia, que quer dizer
“esquemas”, “planos”, “astúcias” e, na linguagem militar, “estratagemas”. O
termo indica o uso de “meios astutos” com a intenção de ludibriar e
surpreender. A versão ARC traz o pleonasmo “astutas ciladas”, e as versões ARA,
NVI, TB e NAA traduzem simplesmente como “ciladas”.
Não obstante, Foulkes (2014, p. 142) alerta ser essa a
primeira indicação da dificuldade da luta. Não se trata de uma luta contra as
forças do homem, mas contra os estratagemas de um inimigo espiritual, contra os
planos sutis do inimigo das almas. O adversário é astuto, sagaz e ardiloso,
isto é, “cheio de astúcias”. Astúcia é um vocábulo derivado do grego kubos, que denota “dados que
jogam” e significa metaforicamente “artifício ou truque”. O substantivo astuto indica
“conduta sem escrúpulos”, sempre usado no Novo Testamento no sentido de algo
ruim.
Em consequência, as artimanhas malignas não vão ocorrer de forma
perceptível a todas as pessoas. Somente os espirituais e amadurecidos na fé
recebem capacidade para discernir os ardis de Satanás (Hb 5.13-14). Em vista
disso, a sabedoria humana não é eficaz na batalha espiritual. A Escritura
assevera que o homem natural (carnal) não compreende as coisas do Espírito,
porque se discernem espiritualmente (1 Co 2.13-14). Nesse seguimento,
ratifica-se que o apóstolo dos gentios usa a expressão “ciladas do diabo” (Ef
6.11c) para esclarecer a ferocidade da batalha e manter os cristãos em
permanente estado de alerta. As ciladas são constituídas de “armadilhas”
perversamente articuladas pelo reino das trevas. Nelas estão inclusas as
múltiplas tentações, a incredulidade, o pecado em geral e a conformidade com o relativismo
moral.
Certamente que a lista acima não é exaustiva; contudo,
percebe-se em cada um desses estratagemas a presença de sutileza e sagacidade
maligna. O engano, a mentira e o disfarce são especialidades do Diabo; ele é o
pai da mentira (Jo 8.44). E, nesse propósito de engodar, ele está sempre à
espreita “bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pe 5.8).
Paulo identifica esse adversário de nossas almas com o termo
grego diábolos, que significa
“caluniador” e “acusador” (Mt 4.1; Jo 8.44; 1 Pe 5.8). E, conforme assevera o Dicionário
Vine, “desse termo
é derivada a palavra “diabo” em português, e só deveria ser aplicado a Satanás
como nome próprio. Já o termo daimõn sempre deve ser
traduzido por ‘demônio’. Desse modo, há um diabo, mas muitos demônios”.
Consequentemente, o Diabo é apresentado como o maioral das hostes
espirituais da maldade. Ele comanda o mundo das trevas, o reino do mal que se
opõe a Deus. Por ser mestre do ludíbrio e do engodo, “o diabo não lutará
honestamente; ele se vale de esquemas e truques ardilosos”. Mercê dessa
realidade, o texto sagrado ordena: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus!”
(Ef 6.11). Nossa habilidade em oferecer resistência às “astutas ciladas do
diabo” dependerá de nossa obediência no uso correto da armadura de Deus. [BAPTISTA, 2020, p. 174]
2. O conflito
contra o reino das trevas. Paulo enfatiza que
esse conflito não é “contra carne e sangue” (6.12). Não se trata de lutar
contra o ser humano, mas contra o reino das trevas nas “regiões celestes”. Essas
declarações indicam que a batalha não é física, mas travada no mundo
espiritual. O conflito é contra as hostes que, debaixo da autoridade do Diabo,
mantêm os homens na escuridão (1 Jo 5.19). Nessa metáfora, fica claro que o
cenário do campo de batalha do soldado é espiritual (6.11,12), ao mesmo que se
revela a natureza pessoal do conflito, pois essa luta se dá tanto na área
individual quanto na área coletiva da igreja (1 Pe 5.8,9). [Lições Bíblicas, 28 Junho, 2020]
Soares (2018, p. 31) frisa que o termo “carne” tem significados
distintos nas Escrituras, mas a combinação “carne e sangue” é um hebraísmo que
diz respeito ao ser humano e, flexionadas dessa maneira, “carne e sangue” só
aparecem mais duas vezes em todo o Novo Tratamento (Mt 16.17; 1 Co 15.50).
Hendriksen (2013. p. 323) arrazoa que o texto indica a
desigualdade dessa batalha, uma vez que a luta não é natural, não é contra
homens frágeis, mas contra uma hoste extraterrena inumerável de espíritos malignos,
e o Diabo é quem controla pessoalmente todas essas legiões e procura atacar os
cristãos. Stott (2007, p. 200) enfatiza que as forças organizadas contra nós
não são de pessoas, mas de inteligências cósmicas; nossos inimigos não são
humanos, mas demoníacos.
Diante disso, fica explícito que a batalha não é física, e
sim espiritual, travada no mundo espiritual. O conflito é contra as hostes do
mal, que, debaixo da autoridade do Diabo, mantêm os homens na escuridão (1 Jo
5.19). Nessa mista metáfora, o cenário abrange o campo de batalha com a
terminologia militar “estar firme contra as manobras do inimigo” (Ef 6.11) e
também o contexto de um lutador na arena por meio da expressão “temos que
lutar” (6.12). Isso ilustra a natureza pessoal do conflito “face a face” e
também significa que a luta dá-se em todas as áreas, sendo tanto coletiva
quanto individual (1 Pe 5.8-9). [BAPTISTA,
2020, p. 176]
3. As agências das
potestades do ar. Paulo identifica
as forças do mal que marcham contra a Igreja como “principados, potestades, príncipes
das trevas deste século e hostes espirituais da maldade” (6.12). Esses seres
são caracterizados por três aspectos:
a) Eles são
poderosos. Os títulos “principados e
potestades” indicam poder, primazia e autoridade para agir; “príncipes das
trevas” são líderes de anjos decaídos, que sob o comando do Diabo exercem
domínio;
b) Eles são
malignos. Esses agentes formam “as hostes
espirituais da maldade”. Refere-se a demônios que empregam seu poder
destrutivamente para o mal;
c) Eles são
astutos. São cheios de sutilezas e
maquinam a queda da Igreja.
Apesar desse
imenso império do mal, a Igreja é exortada a não temer. Somos incentivados a
lutar e, sobretudo, a vencer, pois o Senhor da Igreja está elevado ao nível
“acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio” (1.21). [Lições Bíblicas, 28 Junho, 2020]
Embora esses poderes sejam limitados pela sobre-excelente grandeza
do poder de nosso Deus, eles não devem ser desprezados ou ignorados pelos
servos de Cristo Jesus. A batalha espiritual é uma realidade registrada nas
Escrituras Sagradas e não pode ser negada. Também é necessário tomar cuidado
com os extremismos e as extravagâncias nesse assunto. Assim, a crença ou a
descrença na ação demoníaca não exime o homem da responsabilidade das suas
ações. De um lado, os que vivem alienados das investidas de Satanás tornam-se
presas fáceis do astuto tentador, e, de outro, aqueles que vivem o fascínio de “batalhas
cósmicas” não bíblicas, muito próximas do esoterismo e do ocultismo, também
estão fadados ao engano.
Por conseguinte, ratifica-se que os cristãos estão em
constante combate contra as hostes comandadas por Satanás. Na classificação
paulina, o termo “principados” é a forma plural do grego arché, com a ideia de
primazia de poder ou domínio, e o termo “potestades” é plural de exoussía, que denota liberdade
para agir e autoridade para presidir. A expressão refere-se a governos ou autoridades
tanto na esfera terrestre quanto na espiritual.
“Príncipes destas trevas” significam literalmente
“governantes do mundo” que, ao lado de Satanás, governam sobre a atual Ordem Mundial,
organizada em rebelião contra Deus. Stott lembra que eles também são chamados
de “os dominadores deste mundo tenebroso”, o que pode ser referência ao título
de “príncipe deste mundo”, que Jesus atribuiu ao Diabo (Jo 16.11), bem como a declaração
de João de que “todo o mundo está no maligno” (1 Jo 5.19).322 Quanto às “hostes
espirituais da maldade”, compreende-se as vastas hostes de demônios que servem
aos propósitos iníquos de Satanás para a destruição geral.
Apesar desse imenso império do mal, a Igreja é exortada a
não temer. O Dicionário de Paulo e suas Cartas salienta que, “em contraste com o poder do domínio
sobrenatural hostil, Paulo enfatiza a superioridade do poder de Deus e a
supremacia de Cristo (Ef 1.19-23; 4.8-10). Ele demonstra que os fiéis têm
acesso a esse poder em virtude de sua união com Cristo”. Doravante, somos incentivados
a lutar e, sobretudo, vencer, pois o Senhor da Igreja está elevado ao nível
“acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio” (1.21). [BAPTISTA, 2020, p. 177]
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“O apóstolo Paulo
emprega skotos para se referir ao reino satânico. Ele especifica os
principais agentes no reino das trevas e conclui dizendo que eles formam ‘as
hostes espirituais da maldade’ (Ef 6.12). Essa expressão refere-se aos
‘espíritos malignos’, um termo presente no pensamento judaico e também no Novo
Testamento. Essas hostes são comandantes do exército de Satanás: principado, potestades
e dominadores deste mundo tenebroso, contra quem temos de lutar fortalecidos no
Senhor e na força do seu poder e revestidos da armadura completa de Deus (Ef
6.10,11).
A expressão ‘lugares
celestiais’ ou ‘regiões celestiais’ no presente contexto nos chama atenção,
pois parece indicar o céu o lugar onde Cristo habita, a morada dos crentes. No
entanto, o apóstolo escreve: ‘contra as hostes espirituais da maldade, nos
lugares celestiais’, termo que aparece cinco vezes em Efésios e em nenhum outro
lugar no Novo Testamento (1.3,20; 2.6; 3.10; 6.12). No mundo antigo, as pessoas
acreditavam que o céu tinha diferentes níveis ocupados por uma diversidade de
seres espirituais. No nível mais elevado, habitava Deus com os seres mais
puros. Ou seja, as ‘regiões celestiais’ podem significar onde Deus está ou onde
estão os poderes espirituais. O sentido dessas palavras depende do contexto
onde elas aparecem” (SOARES, Esequias;
SOARES, Daniele. Batalha Espiritual: O Povo de Deus e a Guerra Contra
as Potestades do Mal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, pp. 33,34).
III. AS ARMAS ESPIRITUAIS
INDISPENSÁVEIS AO CRENTE
1. A armadura completa
de Deus. A imagem que o apóstolo usa é a
de uma linguagem retirada do contexto militar romano. A expressão “toda a
armadura” traduz o termo grego panóplia, que significa “a armadura
completa de um soldado fortemente armado” (6.11,13). Na Carta, a orientação não
é para usar armas próprias, mas tomar o equipamento dado por Deus, resistir
bravamente e marchar contra as potestades do ar. [Lições Bíblicas, 28 Junho, 2020]
Conforme a exortação bíblica, é por meio do emprego dessas
armas poderosas que o cristão pode oferecer resistência contra as astutas
ciladas do Diabo e permanecer firme no dia mau (6.11,13).
Ressalta-se que a determinação de Paulo é textualmente “revestir-se”
da armadura de Deus (6.11). O termo grego endysasthe quer dizer “estar
vestido com”. O verbo é imperativo e está conjugado no plural e no tempo
aoristo e sinaliza que os eleitos devem vestir a armadura continuamente (em
todo o tempo).
Por conseguinte, em vista disso, para que se possa resistir debaixo
do ataque mais rigoroso e manter a posição no conflito sem ser abatido, o
cristão deve tomar toda a armadura de Deus, ou seja, “a armadura inteira, que
indica o equipamento completo, protegendo dos pés à cabeça, tanto ofensiva
quanto defensivamente”. [RIBAS, 2009, p. 352]
2. As armas indispensáveis de defesa. Vejamos aqui uma lista de armas espirituais disponíveis aos soldados do Senhor: - Dando continuidade às orientações em linguagem militar, Paulo apresenta metaforicamente uma lista de peças que compõem a armadura vestida pelo soldado romano e, em seguida, mostra a sua aplicação espiritual. São todas essas partes descritas por Paulo que os crentes devem revestir-se no conflito contra as hostes do mal. Soares avalia que Paulo “não foi exaustivo ao elencar os instrumentos bélicos de sua geração. Ele mostra que Deus proveu os recursos necessários para a nossa proteção [...]. São armas espirituais à altura do inimigo que temos de enfrentar”.
a) Cingidos os
vossos lombos com a verdade (v.14). Retrata a peça
usada para dar mobilidade ao soldado no combate. Nesse sentido, faz referência
à verdade da doutrina de Cristo e à integridade do soldado (2 Co 13.8). - O cinto era um aparato
de couro que garantia que a túnica do soldado permanecesse presa durante a
luta, que ajudava a proteger o corpo e que mantinha a espada no seu lugar
quando o soldado não estivesse lutando. Foulkes ressalta que a verdade é o que
nos dá liberdade e que a falta de perfeita sinceridade embaraça-nos a cada
movimento. O cinto que cinge tudo
firmemente demonstra a disposição do crente para a guerra é a verdade. Aletheia
(verdade), basicamente, refere-se ao conteúdo do que é verdadeiro. O
conteúdo de Deusa verdade é absolutamente essencial para o crente em sua
batalha contra as ciladas de Satanás. Sem o conhecimento do ensino bíblico, ele
é, como o apóstolo já assinalou, sujeito a ser “levados ao redor por todo vento
de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia enganam fraudulosamente”. Os
falsos esquemas de Satanás pode ser combatidos com sucesso apenas com a verdade
da Palavra de Deus.
b) Vestida a
couraça da justiça (6.14). Trata-se de uma malha
impenetrável de proteção aos órgãos vitais. Refere-se à justiça de Cristo e à
retidão do soldado no campo de batalha (Rm 5.1; 2 Co 6.7). – A proteção contra os
ataques de Satanás é a couraça da justiça. A justiça deve ser
tomada e envolto em torno de todo o nosso ser, por assim dizer, assim como
soldados antigos se cobriram com couraças de armadura. Segundo Hendriksen, a
couraça cobria o corpo do pescoço até as coxas e consistia de duas partes: uma
cobrindo a frente, e a outra as costas (1 Sm 17.5,38; 1 Rs 22.34; 2 Cr
26.14).332 Couraça refere-se à justiça de Cristo, à vida santa e à retidão
moral do soldado (Rm 5.1; 6.13; 14.17; 2 Co 6.7). Sem essa proteção, não é
possível defender-se das acusações de Satanás. Para
colocar a couraça da justiça é viver no dia a dia, a obediência momento-a-momento para o nosso Pai celestial.
Esta parte da armadura de Deus é uma vida santa, para que Deus provê o padrão e
o poder, mas para o qual precisamos suprir a vontade. O próprio Deus coloca em
nossa justiça imputada, mas temos que colocar na nossa justiça prática.
c) Calçados os pés
na preparação do evangelho da paz (6.15). Confeccionada em couro, a “meia-bota” tinha solas cravejadas para dar
estabilidade. Refere-se à firmeza que o Evangelho proporciona e à prontidão do
soldado em testemunhar de Cristo (Rm 1.16). - Segundo Stott, trata-se
da caliga, a “meia-bota” do
legionário romano. Confeccionada em couro, deixava os dedos dos pés livres, tinha
solas cravejadas para dar estabilidade e era fixada nos calcanhares e nas
canelas com tiras de couro. Refere-se à firmeza que o evangelho proporciona e à
prontidão do soldado em testemunhar de Cristo (Rm 1.16). Portanto, precisamos
manter bem amarradas nossas botas do evangelho de Cristo – a palavra da cruz,
que é o poder de Deus (Rm 1.16; 1 Co 1.18). O calçados espiritual do
cristão é muito importante na sua luta contra as ciladas do diabo. Se ele tem
cingido cuidadosamente seus lombos com a verdade e vestida a couraça da
justiça, mas não devidamente calçados seus pés com a preparação do
evangelho da paz, ele está destinado a tropeçar, cair e sofrer muitas
derrotas.
d) Tomando,
sobretudo, o escudo da fé (6.16). Longo, retangular,
feito de madeira e couro, o escudo protege o corpo inteiro dos dardos
incendiários. Refere-se à fé inabalável em Deus, que detém a eficácia das
calúnias, dúvidas e rebeliões disparadas pelo Diabo (Pv 30.5). – Além da madeira e do
couro, às vezes com uma armação de ferro. Ele media aproximadamente 1,30m de
altura e 66 cm de largura e protegia o corpo inteiro dos dardos incendiários. Refere-se
à fé inabalável em Deus que extingue a eficácia das calúnias, dúvidas e rebeliões
disparadas pelo Diabo (Pv 30.5). Matthew Henry considera que “a fé é tudo em
todos em qualquer momento de tentação. A couraça protege os órgãos vitais; mas
com o escudo revertemos qualquer ataque”.
e) O capacete da
salvação (6.17). Pesado, resistente
e fabricado com bronze ou ferro, o capacete serve de proteção para a cabeça.
Refere-se à certeza da salvação que já recebemos em Cristo e a convicção da
plena salvação no último dia (1 Ts 5.8,9). [Lições Bíblicas, 28 Junho, 2020] - Com toda a resistência
que tinha apenas um machado ou um martelo poderia rachá-lo. Refere-se à certeza
da salvação que já recebemos em Cristo e à convicção da plena salvação no
derradeiro dia (1 Ts 5.8-9). Considera-se que a mente do crente é o maior campo
de batalha da guerra espiritual. Desse modo, a salvação protege nossa mente dos
ataques inimigos.
3. A
imprescindível arma ofensiva. Finalmente, “a
espada do Espírito” (6.17), a única arma disponível tanto para a defesa quanto
para o ataque. O termo grego para ela é machaira, identificada como
espada curta. Isso significa que o combate é pessoal, o enfrentamento é diário
e acontece “corpo a corpo”. A espada do Espírito é identificada como sendo a
“Palavra de Deus” inspirada e penetrante (2 Tm 3.16; Hb 4.12). Ela deve ser usada
tanto para resistir às ciladas do Diabo (Mt 4.1-10) quanto para derrubar as
fortalezas de Satanás (Mt 10.19,20; 2 Co 10.4). [Lições Bíblicas, 28 Junho, 2020]
Após descrever em detalhes as partes que compõem as armas de
defesa da panóplia, provavelmente na ordem em que eram vestidas pelo soldado
romano, Paulo reserva “a espada como arma mais enfática, e obviamente ofensiva,
para a culminação final”. O Comentário de Aplicação Pessoal traz informação que o
uso da espada curta e afiada era uma das maiores inovações militares de Roma. A
lâmina dupla tornava-as ideais para a estratégia de “cortar e espetar”. Nessa
perspectiva, Paulo ilustra essa arma como “a espada do Espírito” (Ef 6.17b).
Na realidade, conforme a ilustração paulina, essa é a única
arma que não é usada exclusivamente como defesa. Ela está disponível para ser
empregada tanto para a defesa quanto para o ataque. O termo grego machaira
identifica-a,
como já observado, como a espada curta dos romanos, que media entre 30 e 35cm.
Ela era usada no combate à curta distância, isto é, “corpo-a-corpo”. Isso sinaliza
que o enfrentamento é inevitável e que o inimigo está à espreita – mais perto
do que se imagina (ver 1 Pe 5.8).
A espada é identificada como a “Palavra de Deus”. Shedd (2005, p. 74)
avalia que se refere à “mensagem do Evangelho, quando ela vem sendo aplicada
pelo Espírito de Deus, e quando isso acontece, verifica-se que a transformação
de Cristo se manifesta”. Stott (2007, p. 217) considera que “ainda hoje é a
espada divina porque o Espírito ainda a emprega para cortar as defesas das
pessoas, ferir suas consciências e despertá-las espiritualmente com a sua ação
penetrante”.
Mercê desses fatos, ratifica-se que o Espírito dá à Palavra
o seu poder, tornando-a efetiva, inspirada, cortante e penetrante (2 Tm 3.16;
Hb 4.12). A espada do Espírito sonda a consciência e subjuga os impulsos do
pecado. Weslley comenta que “temos de atacar Satanás e também nos defender; o
escudo numa mão e a espada na outra. Quem luta contra os poderes do inferno
precisa de ambos”. Portanto, ela deve ser usada tanto para resistir às ciladas
do Diabo (Mt 4.1-10), como para derribar as fortalezas de Satanás (Mt 10.19-20;
2 Co 10.4). [BAPTISTA,
2020, p. 182]
SUBSÍDIO PEDAGÓGICO
Professor(a), reproduza
no quadro o esquema abaixo. Leia o texto bíblico com os alunos e apresente as
partes da armadura e sua função. Explique que a imagem que o apóstolo utiliza é
a de uma vestimenta militar romana. Reforce o fato de que a armadura espiritual
é indispensável ao crente na luta diária contra as muitas ciladas do Inimigo.
A ARMADURA DE DEUS
PARA NÓS |
|
PARTE DA ARMADURA |
FUNÇÃO |
Cinto |
Verdade |
Couraça da justiça |
Retidão |
Sapatos |
A paz que vem das boas-novas |
Escuto |
Fé |
Capacete |
Salvação |
Espada |
Palavra de Deus |
CONCLUSÃO
A vitória da Igreja
de Cristo contra as forças do mal é garantida pela sobre-excelente grandeza do
poder de Deus (1.19). Os ardis de Satanás não podem ser subestimados, porém, o
reino das trevas não deve amedrontar o cristão. A Escritura convoca o salvo a
combater e a vencer as potestades do ar, revestido com a armadura de Deus
(6.11). [Lições Bíblicas, 28
Junho, 2020]
O verdadeiro cristão descrito em
Efésios 1-3 que vive a vida fiel descrito em 4: 1-6: 9 pode ter certeza que ele
vai estar envolvido na guerra espiritual descrito em 6: 10-20. A vida de fé
cristã é uma batalha; isso é uma guerra em grande escala, porque quando Deus
começa a abençoar, Satanás começa a atacar.
Se estamos caminhando digno de nossa vocação, com humildade, em vez de orgulho, na unidade em vez de divisão, na nova auto vez que o antigo, no amor, em vez de luxúria, à luz em vez de trevas, em sabedoria, em vez de loucura, na plenitude do Espírito e não a embriaguez de vinho, e em submissão mútua, em vez de independência de autosserviço, então podemos estar absolutamente certos de que teremos oposição e conflito. Entretanto, se estivermos com toda a armadura de Deus seremos vitoriosos no nome de Jesus.
REFERÊNCIAS
BAPTISTA, Douglas. A Igreja Eleita: redimida pelo sangue de Cristo e selada com o Espírito Santo da Promessa. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
FOULKES, Francis. Efésios Introdução e Comentário. São Paulo: Edições Vida Nova, 2014, p. 142.
LIÇÕES BÍBLICAS CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 13, 28 Junho, 2020.
MACARTUR, John. Comentário do Novo Testamento: Efésios. Rio de Janeiro: Vida Nova, 2009.
RIBAS, Degmar (Trad.). Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, vol. 2.
SHEDD, Russel. Epístolas da Prisão: uma análise. São Paulo: Edições Vida Nova, 2005.
SOARES, Esequias (Org.) Declaração de Fé das Assembleias de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p. 86.
SOARES, Esequias. Batalha Espiritual. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
STOTT, John. A Mensagem de Efésios. São Paulo: ABU Editora, 2007.
VINE, W. E. Dicionário Vine. Rio de Janeiro: CPAD,
2002, p. 771.