sábado, 27 de junho de 2020

LIÇÃO 13: A BATALHA ESPIRITUAL E AS ARMAS DO CRENTE

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I

AS ARMADURAS DO CRENTE

O CINTURÃO DA VERDADE.  O soldado romano sempre usava uma túnica, um vestuário exterior que lhe servia de roupas primárias. Ele geralmente era feito de um pedaço grande, quadrado de material com furos cortados para a cabeça e os braços. Normalmente ele enrolando maior parte do corpo do soldado. Uma vez que a maior parte do combate antiga era mão-de-mão, uma túnica solta era um obstáculo potencial e até mesmo um perigo. Antes de uma batalha que foi, portanto, cuidadosamente apertava-se e enfiado na correia de couro pesado que cingia os lombos do soldado.

O cidadão comum do Oriente Médio teve um problema semelhante com o seu manto. Quando ele estava com pressa ou teve o trabalho pesado para fazer, ele nem teve o manto fora ou colocou-o em torno de sua cintura. Como Deus preparou os filhos de Israel para comer a refeição da Páscoa antes que eles deixaram o Egito, Ele instruiu Moisés a dizer-lhes: "Agora você deve comê-lo desta maneira: Os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão, e o comereis apressadamente" (Ex 12:11). No que diz respeito a Sua segunda vinda, Jesus nos diz para "ser vestido com prontidão" (Lc 12:35), que é, literalmente, "ter vossos lombos cingidos". Pedro usou a mesma expressão quando ele disse: "Portanto, cingi suas mentes [lit.", cingindo os lombos de suas mentes "] para a ação, mantenha sóbrio no espírito, corrigir a sua esperança na graça de ser trazido a você por a revelação de Jesus Cristo" (1 Pe 1:13). Cingir os lombos era um sinal de prontidão, e o soldado que estava falando sério sobre a luta estava certo para garantir a sua túnica com cinto.

O cinto que cingiu tudo firmemente juntos e demonstra a disposição do crente para a guerra é a verdade. Aletheia (verdade), basicamente, refere-se ao conteúdo do que é verdadeiro. O conteúdo de Deusa verdade é absolutamente essencial para o crente em sua batalha contra as ciladas de Satanás. Sem o conhecimento do ensino bíblico, ele é, como o apóstolo já assinalou, sujeito a ser "levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia enganam fraudulosamente" (4:14). Em sua primeira carta a Timóteo, Paulo adverte que "o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios" (Tm 4: 1). As "doutrinas de demônios" ensinadas por seitas e religiões falsas têm sua origem nos "espíritos enganadores" que em Efésios Paulo chama "governantes, ... poderes, ... as forças deste mundo tenebroso, ... [e] as forças espirituais do mal, o celestial locais" (6:12). Esses falsos esquemas de Satanás podem ser combatido com sucesso apenas com a verdade da Palavra de Deus.

Eu acredito que ser cingidos com a verdade ... tem a ver principalmente com a autodisciplina de comprometimento total. É o cristão comprometido, assim como é o soldado empenhado e comprometido o atleta, que está preparado. Vencer na guerra e nos esportes é muitas vezes dito ser o resultado direto do desejo que leva a uma preparação cuidadosa e esforço máximo. É o exército ou a equipe que quer mais para ganhar quem tem mais chance de fazê-lo, mesmo contra grandes chances.

A COURAÇA DA JUSTIÇA. Nenhum soldado romano poderia ir para a batalha sem o seu peitoral, uma resistente peça sem mangas de armadura que lhe cobria o torso completo. Foi muitas vezes feitas de couro ou linho pesado, no qual foram costurados fatias sobrepostas de cascos de animais, ou chifres ou pedaços de metal. Alguns foram feitos de grandes peças de metal moldado ou martelado para se conformar ao corpo. O objetivo desse pedaço de armadura é óbvio para proteger o coração, pulmões, intestinos e outros órgãos vitais.

No pensamento judaico antigo, o coração representou a mente e a vontade e os intestinos foram consideradas a sede das emoções e sentimentos. A mente e as emoções são as duas áreas em que Satanás ataca mais ferozmente crentes. Ele cria um sistema de mundo, um ambiente de pecado pelo qual ele nos tenta a pensar pensamentos errados e de sentir emoções erradas. Ele quer que a nuvem nossas mentes com falsas doutrinas, princípios falsos, e informações falsas a fim de enganar e confundir-nos. Ele também quer confundir as nossas emoções e, assim, perverter os nossos afetos, a moral, a lealdade, metas e compromissos. Ele deseja arrebatar a Palavra de Deus de nossas mentes e substituí-lo com suas próprias ideias perversas. Ele procura minar vida pura e substituí-lo com a imoralidade, a ganância, a inveja, o ódio, e todos os outros vícios. Ele quer que a gente rir do pecado, em vez de chorar sobre ele, e para racionalizá-lo, em vez de confessá-lo e trazê-lo ao Senhor por perdão.

A proteção contra os ataques de Satanás é a couraça da justiça. A justiça deve ser tomada e envolto em torno de todo o nosso ser, por assim dizer, assim como soldados antigos se cobriram com couraças de armadura.

Paulo, obviamente, não está falando aqui de justiça própria, que não é a justiça em todos, mas a pior forma de pecado. É, no entanto, com este tipo de justiça que muitos cristãos vestem-se, pensando que seu próprio caráter e comportamento legalista e realizações agradar a Deus e vai trazer a sua recompensa. Mas, longe de proteger um crente, um manto de justiça própria dá a Satanás uma arma pronta para reprimir e sufocar a nossa vida espiritual e serviço. Farisaísmo como vai certamente manter um crente fora do poder da comunhão com Deus como vai manter um descrente do seu reino (Mt 5:20). A nossa própria justiça, mesmo como crentes, não é nada mais do que vestes sujas (Is 64: 6). Ela não traz nenhum favor de Deus e nenhuma proteção contra Satanás.

Paulo falando aqui da justiça imputada, a perfeita justiça de Deus se aplica à conta de cada cristão no momento em que crê em Cristo (Rm. 4: 6, 11, 22-24). Deus fez com que Cristo, "que não conheceu pecado, o pecado por nós, para que nos tornássemos justiça de Deus em Cristo" (2 Co 5:21). Assim, estamos permanentemente vestidos com a justiça, ao longo de nossas vidas na Terra e por toda a eternidade.

Para colocar a couraça da justiça é viver no dia a dia, a obediência momento-a-momento para o nosso Pai celestial. Esta parte da armadura de Deus é uma vida santa, para que Deus provê o padrão e o poder, mas para o qual precisamos suprir a sua vontade. O próprio Deus coloca em nós a sua justiça imputada, mas temos que colocar a nossa justiça em prática.

PÉS CALÇADOS COM O EVANGELHO. Hoje temos sapatos para todos os tipos imagináveis de atividade. Temos sapatos sociais, sapatos de trabalho, sapatos de lazer. No atletismo existem sapatos especiais para cada esporte, às vezes vários tipos para um determinado esporte. Um jogador de tênis pode usar um tipo de sapato em uma quadra de concreto, um outro tipo de argila, e ainda outro na grama. Da mesma forma, os jogadores de futebol e beisebol usar sapatos diferentes para jogar em diferentes superfícies.

Sapatos de um soldado é mais importante até do que de um atleta porque a sua própria vida pode depender deles. Como ele segue em bruto, estradas quentes, sobe em cima de pedras irregulares, atropela os espinhos, e vagueia através streambeds de pedras irregulares, os pés precisam muita proteção. Um soldado cujos pés estão empolados, cortados ou inchados não pode lutar bem e muitas vezes nem sequer é capaz de levantar-se em perigosa situação no campo de batalha. Ele não pode muito bem lidar com sua espada ou escudo e não pode avançar rapidamente ou até mesmo recuar.

Além de ser feitas resistente e durável para proteger seus pés, sapatos do soldado romano, ou botas, geralmente eram impregnadas com pedaços de metal ou pregos para dar-lhe maior tração enquanto subia um penhasco escorregadio e uma maior estabilidade quanto ele lutou.

Calçados espiritual do cristão é igualmente importante na sua luta contra as ciladas do diabo. Se ele tem cingido cuidadosamente seus lombos com a verdade e vestida a couraça da justiça, mas não está devidamente calçados seus pés com a preparação do evangelho da paz, ele está destinado a tropeçar, cair e sofrer muitas derrotas.

O evangelho da paz é a verdade maravilhosa que em Cristo agora vivemos em paz com Deus e somos um com Ele. Portanto, quando nossos pés estão calçados com a preparação do evangelho da paz, estamos firmes na confiança do amor de Deus por nós, Sua união com a gente, e seu compromisso de lutar por nós.

O ESCUDO DA FÉ. Soldados romanos usavam vários tipos de escudos, mas dois eram os mais comuns. O primeiro foi um pequeno escudo redondo, talvez dois metros de diâmetro, que foi fixada ao braço por duas tiras de couro. Era relativamente leve e era usado para desviar os golpes de espada de um adversário na luta corpo-a-corpo.

O segundo tipo era o thureos, a que Paulo se refere aqui. Esse escudo era projetado para proteger todo o corpo do soldado, que era consideravelmente menor do que o homem médio hoje. O escudo era feito de uma peça sólida de madeira e foi coberta com metal ou couro oleado pesado.

Os soldados que usavam esses escudos estavam na linha de frente da batalha, e, normalmente, estavam lado a lado com seus escudos, formando uma enorme falange que se estende desde uma milha ou mais. Os arqueiros ficavam atrás desta parede de proteção de escudos e atiravam suas flechas à medida que avançavam contra o inimigo. Qualquer pessoa que se levantava ou se agachava por trás de tais escudos era protegido da barragem de flechas inimigas e lanças.

A a que Paulo se refere aqui não é o corpo de crenças cristãs (para o qual o termo é usado em 4:13 ), mas a confiança básica em Deus a fé em Cristo, que se apropria de salvação e continua a trazer bênçãos e força, uma vez que confia Ele por provisão diária e ajuda. A essência do cristianismo é acreditar que Deus existe e que recompensa aqueles que o buscam (Hb 11: 6); colocando total confiança em seu Filho como o que foi crucificado, sepultado, que ressuscitou e ascendeu aos céus; obedecer às Escrituras como a Sua Palavra infalível e autorizada; e está ansioso para a vinda do Senhor novamente. Grande declaração de Habacuque que "o justo viverá pela sua fé" (Hb 2: 4) é citado e reafirmou duas vezes por Paulo (Rm 1:17; Gl 3:11 e uma vez pelo escritor de Hebreus 10: 38).

O CAPACETE DA SALVAÇÃO. A quinta parte da armadura de Deus é representado pelo soldado romano “capacete”, sem a qual ele nunca entraria na batalha. Alguns dos capacetes eram feitos de couro grosso coberto com placas de metal, e outros eram de metal pesado moldado ou batido. Eles geralmente tinham peças bochecha para proteger o rosto.

O fato de que o capacete está relacionado com a salvação indica que golpes de Satanás se dirigem a segurança do crente e garantia em Cristo. As duas bordas perigosas de facão espiritual de Satanás são desânimo e dúvida. Para nos desanimar, ele aponta para nossas falhas, nossos pecados, nossos problemas não resolvidos, a nossa saúde debilitada, ou para qualquer outra coisa que parece negativo em nossas vidas, a fim de nos fazer perder a confiança no amor e cuidado de nosso Pai celestial.

A ESPADA DO ESPÍRITO. A espada a que Paulo se refere aqui é o machaira, que variou de comprimento 6-18 polegadas. Foi a espada comum levada por soldados romanos e foi a principal arma no combate corpo-a-corpo. Realizada em uma bainha ou bainha ligados aos seus cintos, era sempre levada à mão e pronto para uso. Foi a espada levada pelos soldados que foram prender Jesus no Jardim (Mt 26:47), exercido por Pedro quando ele cortou a orelha do sumo sacerdote (v. 51), e utilizados por carrascos de Herodes quando colocou Tiago à morte (At 12: 2).

Do Espírito também pode ser traduzida por "pelo Espírito" ou como "espiritual", referindo-se à natureza da espada, em vez de sua fonte. A partir do contexto, sabemos que é uma arma espiritual, para ser usado em nossa luta contra os inimigos espirituais. A mesma frase grega (tou pneumatos) é traduzida como "espiritual" em Efésios 1: 3 e 5:19. Embora este significado é perfeitamente coerente com o contexto de 6: 10-17, a prestação preferida é como um genitivo de origem, do Espírito, indicando o Espírito Santo como a origem da espada. Como o Espírito da verdade (João 14:17), o Espírito Santo é Professor da verdade residente no crente, que nos ensina todas as coisas e traz a Palavra de Deus à nossa lembrança (26 v).

A ênfase do presente “passagem” é sobre a forma como os crentes devem usar a espada do Espírito. Não é uma arma física concebida pela mente humana ou forjada por mãos humanas (como observado em 2 Cor. 10: 3-5), mas a arma espiritual perfeita de origem divina e poder. Como o escudo da fé e também o capacete da salvação, deve sempre estar à mão, pronta para ser retomada e utilizada quando uma batalha começa.

Paulo afirma explicitamente que a espada do Espírito, é a Escritura, a Palavra de Deus. O pastor e escritor escocês Tomé Guthrie disse: "A Bíblia é um arsenal de armas celestes, um laboratório de medicamentos infalíveis, uma mina de riqueza inesgotável. É um guia para cada estrada, um gráfico para cada mar, um medicamento para cada doença e um bálsamo para cada ferida. Roube-nos da nossa Bíblia e nosso céu perdeu o seu sol ". [MACARTUR, 2009, pp. 6434-6451]

 

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

   INTRODUÇÃO

Ao finalizar a Epístola aos Efésios, o apóstolo convoca a Igreja para lutar e resistir aos inevitáveis conflitos contra as forças espirituais da maldade. Nessa batalha, a fim de suportar os ataques e se manter firme na marcha contra o mal, os soldados de Cristo precisam revestir-se de toda a armadura de Deus. É o que veremos na presente lição. [Lições Bíblicas, 28 Junho, 2020]

As palavras de Paulo servem de alerta para a necessária vigilância da Igreja de Cristo. O apóstolo reconhece a existência de uma furiosa e renhida batalha espiritual, adverte-nos acerca da hostilidade dessas forças malignas e ensina-nos como combatê-las e vencê-las.

Em contrapartida, as Escrituras asseguram que o povo de Deus não está à mercê da fúria do inimigo. Deus não deixou a sua Igreja vulnerável diante das hostes do mal. Ao contrário, uma poderosa armadura espiritual está disponível a todos os cristãos (Ef 6.11,13). O poder de Deus que ressuscitou Cristo dos mortos é quem fortalece o povo de Deus; portanto, a Igreja não está desarmada e nem tampouco despreparada para a batalha [BAPTISTA, 2020, p. 170]

   I. O PREPARO ESPIRITUAL DO CRENTE PARA A BATALHA

1. Fortalecidos no poder do Senhor. A expressão na forma passiva “fortalecei-vos no Senhor” (6.10a) indica que não temos poder em nós mesmos. Esse excelso poder nos é conferido pela comunhão com Deus, em Cristo, por meio do Espírito Santo (Jo 15.7; 1 Jo 1.3). Por isso precisamos estar fortalecidos por meio da “renovação da mente” (4.23), da “vida em santidade” (4.24) e “ser cheio do Espírito” (5.18). A vitória não pode ser alcançada por outro meio. Conhecer as Escrituras sem a devida obediência e frequentar os cultos sem a genuína conversão não são suficientes. Não obstante, o poder de Deus está disponível aos fiéis para “pisar serpentes, e escorpiões, e toda a força do Inimigo” (Lc 10.19). [Lições Bíblicas, 28 Junho, 2020]

Paulo inicia essa exortação nos seguintes termos: “quanto ao mais, sejam fortalecidos no Senhor” (6.10a, NAA). No grego, temos aqui uma variante textual. Alguns manuscritos empregam a expressão to loipon, que quer dizer “ademais, quanto ao mais, resta, no demais, finalmente” (ver 2 Co 13.11; Fp 3.1; 4.8; 2 Ts 3.1), e também tou loipou, que significa “do restante, daqui para frente” (Gl 6.17).303 Nessa obra, adotamos a última expressão que indica como deve ser a vida dos cristãos “daqui por diante”. Nesse sentido, ratifica-se a importância da exortação paulina: temos inimigos a combater, um capitão por quem pelejar, uma bandeira para defender e regras de guerra para obedecer. E, para essa batalha espiritual, o cristão deve estar fortalecido no Senhor (Ef 6.10).

Ninguém pode vencer as hostes da maldade com a própria força. O cristão é dependente do poder e da força de Deus. Elucida-se que um dos atributos incomunicáveis de Deus é a Onipotência, isto é, todo o poder vem do Senhor (Rm 13.1). Isso quer dizer que não há impossível para Ele; tudo Ele pode absolutamente fazer (Lc 1.57). Nesse sentido, acentua-se que o poder divino é ilimitado e que jamais poderá ser resistido, impedido ou anulado, seja pelo ser humano, seja pela natureza, ou mesmo por seres angelicais. Deus é o El-Shadday (Todo-Poderoso), e esse excelso e imensurável poder é-nos conferido pela comunhão com Ele em Cristo, por meio do Espírito Santo (Jo 15.7; 1 Jo 1.3).

Por conseguinte, o apóstolo convoca os cristãos a estarem fortalecidos nesse poder. A combinação pleonástica “força do seu poder” denota a grandeza da capacidade divina que está à disposição do crente. Portanto, para pelejar e ser vitorioso nessa batalha, o cristão precisa buscar o revestimento de tal poder. O combate é intrépido, feroz e belicoso. Os inimigos são os seres espirituais da maldade (Ef 6.12). As Escrituras ensinam que tanto os seres espirituais bons quanto os maus possuem “poder extraordinário [...], estão acima dos seres humanos”. Assim, somente um crente tolo e que não conhece as Sagradas Escrituras tenta vencer o Diabo e os seus demônios pela sua própria força.

Portanto, conforme se infere da orientação paulina nos versículos anteriores, os cristãos devem ser fortalecidos por meio da “renovação da mente” (Ef 4.23); da “vida em santidade” (4.24) e “ser cheio do Espírito” (5.18). A vitória não pode ser alcançada por outro meio. Conhecer as Escrituras sem a devida obediência e frequentar os cultos sem a genuína conversão não são suficientes. No conflito com os poderes demoníacos, os cristãos têm de utilizar, de forma imediata e contínua, o poder de Cristo para terem vitória. [BAPTISTA, 2020, p. 170]

2. Vigilantes em toda a oração e súplica. Paulo enfatiza a necessidade de uma vida cristã permeada pela prática da oração. Não é possível entrar em combate sem a cobertura de tão preciosa arma espiritual (Lc 21.36). A expressão “orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito” (6.18) significa clamar pelo favor divino em qualquer circunstância e oportunidades. Esse clamor deve estar acompanhado de vigilância (Is 59.1,2), pois esta preserva o crente das astutas ciladas do Inimigo (Sl 124.7). Vigiemos em oração e súplica! [Lições Bíblicas, 28 Junho, 2020]

Satanás faz uso de variados ardis e toda sorte de sutilezas e, por isso, ataca de formas e de modos diferentes. O adversário é astuto, dissimulado, vingativo, covarde, depravado, caluniador, odioso e mentiroso. Por conseguinte, o apóstolo exorta os salvos a buscarem a Deus com toda a oração e súplica no Espírito, em todo o tempo (Ef 6.18). Isso engloba toda forma de clamar pelo favor divino em qualquer circunstância e em todas as oportunidades. A oração faz parte do conflito contra Satanás, e deixar de orar é o equivalente a render-se ao inimigo. A exortação inclui orar no Espírito. Indica que somos assistidos por Ele em nossa fraqueza para orar como convém (Rm 8.26). O Comentário de Aplicação Pessoal (p. 355) destaca que “o Espírito intercede por nós (Rm 8.27); o Espírito torna Deus acessível (Ef 2.18); o Espírito nos dá confiança quando oramos (Rm 8.15-16; Gl 4.6). Ele nos inspira e guia [...]. Ele nos ajuda a nos comunicarmos com Deus e também nos traz a resposta dEle”.

O apóstolo ainda acrescenta à oração a necessidade da vigilância e da constância: “Orando em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos os santos” (6.18). Isso sinaliza que o cristão não deve subestimar as forças de Satanás em momento algum. A vigilância preserva o crente das astutas ciladas do inimigo (Sl 124.7). O clamor, portanto, deve estar acompanhado de alerta constante para que as orações não sejam impedidas (Is 59.1,2). A intercessão não pode ser egoísta, mas deve ser mútua em favor de todos os salvos (Tg 5.16). Se alguém insistir em lutar com as próprias forças, tombará no campo de batalha (2 Tm 2.4,5). A vitória contra o mal somente é possível por meio do fortalecimento do poder de Deus, resistência ao pecado, oração e vigilância constante. [BAPTISTA, 2020, p. 173]

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

“A exortação apostólica: ‘fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder’ (Ef 6.10) diz que os crentes devem buscar essa força não neles mesmos, mas no Senhor Jesus; por essa razão, o apóstolo Paulo emprega o verbo grego na voz passiva, endynamosthe, ‘sede dotados de força em, sede fortalecidos’, do verbo endynamoo, ‘fortalecer em’. Esse poder não vem de nós mesmos, mas de uma força externa, do próprio Deus, Jesus disse: ‘sem mim nada podereis fazer’ (Jo 15.5). A combinação pleonástica, ‘força do seu poder’, dá mais relevo ao pensamento, uma expressão que Paulo já havia usado na epístola (1.19). Ele está falando sobre força e poder no campo espiritual, não sobre força física (2 Co 10.4). O Senhor Jesus capacitou os cristãos, pelo Espírito Santo, para vencer todo o mal e toda a tentação interna, os desejos da carne, e toda a tentação externa, tudo aquilo que vem diretamente do poder das trevas. Essa capacitação envolve o discernimento para compreender as astúcias malignas (2 Co 2.11) e também o poder sobre os demônios (Lc 10.17,19)” (SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. Batalha Espiritual: O Povo de Deus e a Guerra Contra as Potestades do Mal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p. 29).

  II. CONHECENDO O CAMPO DA BATALHA ESPIRITUAL

1. As astutas ciladas do Diabo. A expressão “ciladas do diabo” (6.11) indica as “armadilhas” articuladas perversamente pelo reino das trevas. O líder desse reino é identificado como diábolos, que significa “caluniador” e “acusador” (Mt 4.1; Jo 8.44; 1 Pe 5.8). Tomado de fúria e por meio do espírito do erro, ele prepara laços com o propósito de destruir a Igreja de Cristo. Algumas de suas astúcias são: (1) Confundir a mentira com a verdade (Gn 3.4,5); (2) deturpar as Escrituras (Mt 4.6); (3) dissimular e induzir a dissimulação (2 Co 11.13,14); (4) fazer falsos sinais (2 Ts 2.9); (5) fazer acusações (Ap 12.10); (6) semear incredulidade (2 Co 4.4); (7) promover ideologias anticristãs (2 Ts 2.3,4). Diante desse quadro, o texto sagrado ordena: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus!”. [Lições Bíblicas, 28 Junho, 2020]

A palavra aqui traduzida por ciladas é do grego methodeia, que quer dizer “esquemas”, “planos”, “astúcias” e, na linguagem militar, “estratagemas”. O termo indica o uso de “meios astutos” com a intenção de ludibriar e surpreender. A versão ARC traz o pleonasmo “astutas ciladas”, e as versões ARA, NVI, TB e NAA traduzem simplesmente como “ciladas”.

Não obstante, Foulkes (2014, p. 142) alerta ser essa a primeira indicação da dificuldade da luta. Não se trata de uma luta contra as forças do homem, mas contra os estratagemas de um inimigo espiritual, contra os planos sutis do inimigo das almas. O adversário é astuto, sagaz e ardiloso, isto é, “cheio de astúcias”. Astúcia é um vocábulo derivado do grego kubos, que denota “dados que jogam” e significa metaforicamente “artifício ou truque”. O substantivo astuto indica “conduta sem escrúpulos”, sempre usado no Novo Testamento no sentido de algo ruim.

Em consequência, as artimanhas malignas não vão ocorrer de forma perceptível a todas as pessoas. Somente os espirituais e amadurecidos na fé recebem capacidade para discernir os ardis de Satanás (Hb 5.13-14). Em vista disso, a sabedoria humana não é eficaz na batalha espiritual. A Escritura assevera que o homem natural (carnal) não compreende as coisas do Espírito, porque se discernem espiritualmente (1 Co 2.13-14). Nesse seguimento, ratifica-se que o apóstolo dos gentios usa a expressão “ciladas do diabo” (Ef 6.11c) para esclarecer a ferocidade da batalha e manter os cristãos em permanente estado de alerta. As ciladas são constituídas de “armadilhas” perversamente articuladas pelo reino das trevas. Nelas estão inclusas as múltiplas tentações, a incredulidade, o pecado em geral e a conformidade com o relativismo moral.

Certamente que a lista acima não é exaustiva; contudo, percebe-se em cada um desses estratagemas a presença de sutileza e sagacidade maligna. O engano, a mentira e o disfarce são especialidades do Diabo; ele é o pai da mentira (Jo 8.44). E, nesse propósito de engodar, ele está sempre à espreita “bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pe 5.8).

Paulo identifica esse adversário de nossas almas com o termo grego diábolos, que significa “caluniador” e “acusador” (Mt 4.1; Jo 8.44; 1 Pe 5.8). E, conforme assevera o Dicionário Vine, “desse termo é derivada a palavra “diabo” em português, e só deveria ser aplicado a Satanás como nome próprio. Já o termo daimõn sempre deve ser traduzido por ‘demônio’. Desse modo, há um diabo, mas muitos demônios”.

Consequentemente, o Diabo é apresentado como o maioral das hostes espirituais da maldade. Ele comanda o mundo das trevas, o reino do mal que se opõe a Deus. Por ser mestre do ludíbrio e do engodo, “o diabo não lutará honestamente; ele se vale de esquemas e truques ardilosos”. Mercê dessa realidade, o texto sagrado ordena: “Revesti-vos de toda a armadura de Deus!” (Ef 6.11). Nossa habilidade em oferecer resistência às “astutas ciladas do diabo” dependerá de nossa obediência no uso correto da armadura de Deus. [BAPTISTA, 2020, p. 174]

2. O conflito contra o reino das trevas. Paulo enfatiza que esse conflito não é “contra carne e sangue” (6.12). Não se trata de lutar contra o ser humano, mas contra o reino das trevas nas “regiões celestes”. Essas declarações indicam que a batalha não é física, mas travada no mundo espiritual. O conflito é contra as hostes que, debaixo da autoridade do Diabo, mantêm os homens na escuridão (1 Jo 5.19). Nessa metáfora, fica claro que o cenário do campo de batalha do soldado é espiritual (6.11,12), ao mesmo que se revela a natureza pessoal do conflito, pois essa luta se dá tanto na área individual quanto na área coletiva da igreja (1 Pe 5.8,9). [Lições Bíblicas, 28 Junho, 2020]

Soares (2018, p. 31) frisa que o termo “carne” tem significados distintos nas Escrituras, mas a combinação “carne e sangue” é um hebraísmo que diz respeito ao ser humano e, flexionadas dessa maneira, “carne e sangue” só aparecem mais duas vezes em todo o Novo Tratamento (Mt 16.17; 1 Co 15.50).

Hendriksen (2013. p. 323) arrazoa que o texto indica a desigualdade dessa batalha, uma vez que a luta não é natural, não é contra homens frágeis, mas contra uma hoste extraterrena inumerável de espíritos malignos, e o Diabo é quem controla pessoalmente todas essas legiões e procura atacar os cristãos. Stott (2007, p. 200) enfatiza que as forças organizadas contra nós não são de pessoas, mas de inteligências cósmicas; nossos inimigos não são humanos, mas demoníacos.

Diante disso, fica explícito que a batalha não é física, e sim espiritual, travada no mundo espiritual. O conflito é contra as hostes do mal, que, debaixo da autoridade do Diabo, mantêm os homens na escuridão (1 Jo 5.19). Nessa mista metáfora, o cenário abrange o campo de batalha com a terminologia militar “estar firme contra as manobras do inimigo” (Ef 6.11) e também o contexto de um lutador na arena por meio da expressão “temos que lutar” (6.12). Isso ilustra a natureza pessoal do conflito “face a face” e também significa que a luta dá-se em todas as áreas, sendo tanto coletiva quanto individual (1 Pe 5.8-9). [BAPTISTA, 2020, p. 176]

3. As agências das potestades do ar. Paulo identifica as forças do mal que marcham contra a Igreja como “principados, potestades, príncipes das trevas deste século e hostes espirituais da maldade” (6.12). Esses seres são caracterizados por três aspectos:

a) Eles são poderosos. Os títulos “principados e potestades” indicam poder, primazia e autoridade para agir; “príncipes das trevas” são líderes de anjos decaídos, que sob o comando do Diabo exercem domínio;

b) Eles são malignos. Esses agentes formam “as hostes espirituais da maldade”. Refere-se a demônios que empregam seu poder destrutivamente para o mal;

c) Eles são astutos. São cheios de sutilezas e maquinam a queda da Igreja.

Apesar desse imenso império do mal, a Igreja é exortada a não temer. Somos incentivados a lutar e, sobretudo, a vencer, pois o Senhor da Igreja está elevado ao nível “acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio” (1.21). [Lições Bíblicas, 28 Junho, 2020]

Embora esses poderes sejam limitados pela sobre-excelente grandeza do poder de nosso Deus, eles não devem ser desprezados ou ignorados pelos servos de Cristo Jesus. A batalha espiritual é uma realidade registrada nas Escrituras Sagradas e não pode ser negada. Também é necessário tomar cuidado com os extremismos e as extravagâncias nesse assunto. Assim, a crença ou a descrença na ação demoníaca não exime o homem da responsabilidade das suas ações. De um lado, os que vivem alienados das investidas de Satanás tornam-se presas fáceis do astuto tentador, e, de outro, aqueles que vivem o fascínio de “batalhas cósmicas” não bíblicas, muito próximas do esoterismo e do ocultismo, também estão fadados ao engano.

Por conseguinte, ratifica-se que os cristãos estão em constante combate contra as hostes comandadas por Satanás. Na classificação paulina, o termo “principados” é a forma plural do grego arché, com a ideia de primazia de poder ou domínio, e o termo “potestades” é plural de exoussía, que denota liberdade para agir e autoridade para presidir. A expressão refere-se a governos ou autoridades tanto na esfera terrestre quanto na espiritual.

“Príncipes destas trevas” significam literalmente “governantes do mundo” que, ao lado de Satanás, governam sobre a atual Ordem Mundial, organizada em rebelião contra Deus. Stott lembra que eles também são chamados de “os dominadores deste mundo tenebroso”, o que pode ser referência ao título de “príncipe deste mundo”, que Jesus atribuiu ao Diabo (Jo 16.11), bem como a declaração de João de que “todo o mundo está no maligno” (1 Jo 5.19).322 Quanto às “hostes espirituais da maldade”, compreende-se as vastas hostes de demônios que servem aos propósitos iníquos de Satanás para a destruição geral.

Apesar desse imenso império do mal, a Igreja é exortada a não temer. O Dicionário de Paulo e suas Cartas salienta que, “em contraste com o poder do domínio sobrenatural hostil, Paulo enfatiza a superioridade do poder de Deus e a supremacia de Cristo (Ef 1.19-23; 4.8-10). Ele demonstra que os fiéis têm acesso a esse poder em virtude de sua união com Cristo”. Doravante, somos incentivados a lutar e, sobretudo, vencer, pois o Senhor da Igreja está elevado ao nível “acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio” (1.21). [BAPTISTA, 2020, p. 177]

SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO

“O apóstolo Paulo emprega skotos para se referir ao reino satânico. Ele especifica os principais agentes no reino das trevas e conclui dizendo que eles formam ‘as hostes espirituais da maldade’ (Ef 6.12). Essa expressão refere-se aos ‘espíritos malignos’, um termo presente no pensamento judaico e também no Novo Testamento. Essas hostes são comandantes do exército de Satanás: principado, potestades e dominadores deste mundo tenebroso, contra quem temos de lutar fortalecidos no Senhor e na força do seu poder e revestidos da armadura completa de Deus (Ef 6.10,11).

A expressão ‘lugares celestiais’ ou ‘regiões celestiais’ no presente contexto nos chama atenção, pois parece indicar o céu o lugar onde Cristo habita, a morada dos crentes. No entanto, o apóstolo escreve: ‘contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais’, termo que aparece cinco vezes em Efésios e em nenhum outro lugar no Novo Testamento (1.3,20; 2.6; 3.10; 6.12). No mundo antigo, as pessoas acreditavam que o céu tinha diferentes níveis ocupados por uma diversidade de seres espirituais. No nível mais elevado, habitava Deus com os seres mais puros. Ou seja, as ‘regiões celestiais’ podem significar onde Deus está ou onde estão os poderes espirituais. O sentido dessas palavras depende do contexto onde elas aparecem” (SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. Batalha Espiritual: O Povo de Deus e a Guerra Contra as Potestades do Mal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, pp. 33,34).

  III. AS ARMAS ESPIRITUAIS INDISPENSÁVEIS AO CRENTE

1. A armadura completa de Deus. A imagem que o apóstolo usa é a de uma linguagem retirada do contexto militar romano. A expressão “toda a armadura” traduz o termo grego panóplia, que significa “a armadura completa de um soldado fortemente armado” (6.11,13). Na Carta, a orientação não é para usar armas próprias, mas tomar o equipamento dado por Deus, resistir bravamente e marchar contra as potestades do ar. [Lições Bíblicas, 28 Junho, 2020]

Conforme a exortação bíblica, é por meio do emprego dessas armas poderosas que o cristão pode oferecer resistência contra as astutas ciladas do Diabo e permanecer firme no dia mau (6.11,13).

Ressalta-se que a determinação de Paulo é textualmente “revestir-se” da armadura de Deus (6.11). O termo grego endysasthe quer dizer “estar vestido com”. O verbo é imperativo e está conjugado no plural e no tempo aoristo e sinaliza que os eleitos devem vestir a armadura continuamente (em todo o tempo).

Por conseguinte, em vista disso, para que se possa resistir debaixo do ataque mais rigoroso e manter a posição no conflito sem ser abatido, o cristão deve tomar toda a armadura de Deus, ou seja, “a armadura inteira, que indica o equipamento completo, protegendo dos pés à cabeça, tanto ofensiva quanto defensivamente”. [RIBAS, 2009, p. 352]

2. As armas indispensáveis de defesa. Vejamos aqui uma lista de armas espirituais disponíveis aos soldados do Senhor: - Dando continuidade às orientações em linguagem militar, Paulo apresenta metaforicamente uma lista de peças que compõem a armadura vestida pelo soldado romano e, em seguida, mostra a sua aplicação espiritual. São todas essas partes descritas por Paulo que os crentes devem revestir-se no conflito contra as hostes do mal. Soares avalia que Paulo “não foi exaustivo ao elencar os instrumentos bélicos de sua geração. Ele mostra que Deus proveu os recursos necessários para a nossa proteção [...]. São armas espirituais à altura do inimigo que temos de enfrentar”.

a) Cingidos os vossos lombos com a verdade (v.14). Retrata a peça usada para dar mobilidade ao soldado no combate. Nesse sentido, faz referência à verdade da doutrina de Cristo e à integridade do soldado (2 Co 13.8). - O cinto era um aparato de couro que garantia que a túnica do soldado permanecesse presa durante a luta, que ajudava a proteger o corpo e que mantinha a espada no seu lugar quando o soldado não estivesse lutando. Foulkes ressalta que a verdade é o que nos dá liberdade e que a falta de perfeita sinceridade embaraça-nos a cada movimento. O cinto que cinge tudo firmemente demonstra a disposição do crente para a guerra é a verdade. Aletheia (verdade), basicamente, refere-se ao conteúdo do que é verdadeiro. O conteúdo de Deusa verdade é absolutamente essencial para o crente em sua batalha contra as ciladas de Satanás. Sem o conhecimento do ensino bíblico, ele é, como o apóstolo já assinalou, sujeito a ser “levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia enganam fraudulosamente”. Os falsos esquemas de Satanás pode ser combatidos com sucesso apenas com a verdade da Palavra de Deus.

b) Vestida a couraça da justiça (6.14). Trata-se de uma malha impenetrável de proteção aos órgãos vitais. Refere-se à justiça de Cristo e à retidão do soldado no campo de batalha (Rm 5.1; 2 Co 6.7).   A proteção contra os ataques de Satanás é a couraça da justiça. A justiça deve ser tomada e envolto em torno de todo o nosso ser, por assim dizer, assim como soldados antigos se cobriram com couraças de armadura. Segundo Hendriksen, a couraça cobria o corpo do pescoço até as coxas e consistia de duas partes: uma cobrindo a frente, e a outra as costas (1 Sm 17.5,38; 1 Rs 22.34; 2 Cr 26.14).332 Couraça refere-se à justiça de Cristo, à vida santa e à retidão moral do soldado (Rm 5.1; 6.13; 14.17; 2 Co 6.7). Sem essa proteção, não é possível defender-se das acusações de Satanás. Para colocar a couraça da justiça é viver no dia a dia, a obediência momento-a-momento para o nosso Pai celestial. Esta parte da armadura de Deus é uma vida santa, para que Deus provê o padrão e o poder, mas para o qual precisamos suprir a vontade. O próprio Deus coloca em nossa justiça imputada, mas temos que colocar na nossa justiça prática.

c) Calçados os pés na preparação do evangelho da paz (6.15). Confeccionada em couro, a “meia-bota” tinha solas cravejadas para dar estabilidade. Refere-se à firmeza que o Evangelho proporciona e à prontidão do soldado em testemunhar de Cristo (Rm 1.16). - Segundo Stott, trata-se da caliga, a “meia-bota” do legionário romano. Confeccionada em couro, deixava os dedos dos pés livres, tinha solas cravejadas para dar estabilidade e era fixada nos calcanhares e nas canelas com tiras de couro. Refere-se à firmeza que o evangelho proporciona e à prontidão do soldado em testemunhar de Cristo (Rm 1.16). Portanto, precisamos manter bem amarradas nossas botas do evangelho de Cristo – a palavra da cruz, que é o poder de Deus (Rm 1.16; 1 Co 1.18).  O calçados espiritual do cristão é muito importante na sua luta contra as ciladas do diabo. Se ele tem cingido cuidadosamente seus lombos com a verdade e vestida a couraça da justiça, mas não devidamente calçados seus pés com a preparação do evangelho da paz, ele está destinado a tropeçar, cair e sofrer muitas derrotas.

d) Tomando, sobretudo, o escudo da fé (6.16). Longo, retangular, feito de madeira e couro, o escudo protege o corpo inteiro dos dardos incendiários. Refere-se à fé inabalável em Deus, que detém a eficácia das calúnias, dúvidas e rebeliões disparadas pelo Diabo (Pv 30.5). – Além da madeira e do couro, às vezes com uma armação de ferro. Ele media aproximadamente 1,30m de altura e 66 cm de largura e protegia o corpo inteiro dos dardos incendiários. Refere-se à fé inabalável em Deus que extingue a eficácia das calúnias, dúvidas e rebeliões disparadas pelo Diabo (Pv 30.5). Matthew Henry considera que “a fé é tudo em todos em qualquer momento de tentação. A couraça protege os órgãos vitais; mas com o escudo revertemos qualquer ataque”.

e) O capacete da salvação (6.17). Pesado, resistente e fabricado com bronze ou ferro, o capacete serve de proteção para a cabeça. Refere-se à certeza da salvação que já recebemos em Cristo e a convicção da plena salvação no último dia (1 Ts 5.8,9). [Lições Bíblicas, 28 Junho, 2020] - Com toda a resistência que tinha apenas um machado ou um martelo poderia rachá-lo. Refere-se à certeza da salvação que já recebemos em Cristo e à convicção da plena salvação no derradeiro dia (1 Ts 5.8-9). Considera-se que a mente do crente é o maior campo de batalha da guerra espiritual. Desse modo, a salvação protege nossa mente dos ataques inimigos.

3. A imprescindível arma ofensiva. Finalmente, “a espada do Espírito” (6.17), a única arma disponível tanto para a defesa quanto para o ataque. O termo grego para ela é machaira, identificada como espada curta. Isso significa que o combate é pessoal, o enfrentamento é diário e acontece “corpo a corpo”. A espada do Espírito é identificada como sendo a “Palavra de Deus” inspirada e penetrante (2 Tm 3.16; Hb 4.12). Ela deve ser usada tanto para resistir às ciladas do Diabo (Mt 4.1-10) quanto para derrubar as fortalezas de Satanás (Mt 10.19,20; 2 Co 10.4). [Lições Bíblicas, 28 Junho, 2020]

Após descrever em detalhes as partes que compõem as armas de defesa da panóplia, provavelmente na ordem em que eram vestidas pelo soldado romano, Paulo reserva “a espada como arma mais enfática, e obviamente ofensiva, para a culminação final”. O Comentário de Aplicação Pessoal traz informação que o uso da espada curta e afiada era uma das maiores inovações militares de Roma. A lâmina dupla tornava-as ideais para a estratégia de “cortar e espetar”. Nessa perspectiva, Paulo ilustra essa arma como “a espada do Espírito” (Ef 6.17b).

Na realidade, conforme a ilustração paulina, essa é a única arma que não é usada exclusivamente como defesa. Ela está disponível para ser empregada tanto para a defesa quanto para o ataque. O termo grego machaira identifica-a, como já observado, como a espada curta dos romanos, que media entre 30 e 35cm. Ela era usada no combate à curta distância, isto é, “corpo-a-corpo”. Isso sinaliza que o enfrentamento é inevitável e que o inimigo está à espreita – mais perto do que se imagina (ver 1 Pe 5.8).

A espada é identificada como a “Palavra de Deus”. Shedd (2005, p. 74) avalia que se refere à “mensagem do Evangelho, quando ela vem sendo aplicada pelo Espírito de Deus, e quando isso acontece, verifica-se que a transformação de Cristo se manifesta”. Stott (2007, p. 217) considera que “ainda hoje é a espada divina porque o Espírito ainda a emprega para cortar as defesas das pessoas, ferir suas consciências e despertá-las espiritualmente com a sua ação penetrante”.

Mercê desses fatos, ratifica-se que o Espírito dá à Palavra o seu poder, tornando-a efetiva, inspirada, cortante e penetrante (2 Tm 3.16; Hb 4.12). A espada do Espírito sonda a consciência e subjuga os impulsos do pecado. Weslley comenta que “temos de atacar Satanás e também nos defender; o escudo numa mão e a espada na outra. Quem luta contra os poderes do inferno precisa de ambos”. Portanto, ela deve ser usada tanto para resistir às ciladas do Diabo (Mt 4.1-10), como para derribar as fortalezas de Satanás (Mt 10.19-20; 2 Co 10.4). [BAPTISTA, 2020, p. 182]

SUBSÍDIO PEDAGÓGICO

Professor(a), reproduza no quadro o esquema abaixo. Leia o texto bíblico com os alunos e apresente as partes da armadura e sua função. Explique que a imagem que o apóstolo utiliza é a de uma vestimenta militar romana. Reforce o fato de que a armadura espiritual é indispensável ao crente na luta diária contra as muitas ciladas do Inimigo.

A ARMADURA DE DEUS PARA NÓS

PARTE DA ARMADURA

FUNÇÃO

Cinto

Verdade

Couraça da justiça

Retidão

Sapatos

A paz que vem das boas-novas

Escuto

Capacete

Salvação

Espada

Palavra de Deus

  CONCLUSÃO

A vitória da Igreja de Cristo contra as forças do mal é garantida pela sobre-excelente grandeza do poder de Deus (1.19). Os ardis de Satanás não podem ser subestimados, porém, o reino das trevas não deve amedrontar o cristão. A Escritura convoca o salvo a combater e a vencer as potestades do ar, revestido com a armadura de Deus (6.11). [Lições Bíblicas, 28 Junho, 2020]

O verdadeiro cristão descrito em Efésios 1-3 que vive a vida fiel descrito em 4: 1-6: 9 pode ter certeza que ele vai estar envolvido na guerra espiritual descrito em 6: 10-20. A vida de fé cristã é uma batalha; isso é uma guerra em grande escala, porque quando Deus começa a abençoar, Satanás começa a atacar.

Se estamos caminhando digno de nossa vocação, com humildade, em vez de orgulho, na unidade em vez de divisão, na nova auto vez que o antigo, no amor, em vez de luxúria, à luz em vez de trevas, em sabedoria, em vez de loucura, na plenitude do Espírito e não a embriaguez de vinho, e em submissão mútua, em vez de independência de autosserviço, então podemos estar absolutamente certos de que teremos oposição e conflito. Entretanto, se estivermos com toda a armadura de Deus seremos vitoriosos no nome de Jesus.

REFERÊNCIAS

BAPTISTA, Douglas. A Igreja Eleita: redimida pelo sangue de Cristo e selada com o Espírito Santo da Promessa. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.

FOULKES, Francis. Efésios Introdução e Comentário. São Paulo: Edições Vida Nova, 2014, p. 142.

LIÇÕES BÍBLICAS CPAD, Revista Adultos, 2º Trimestre 2020. Lição 13, 28 Junho, 2020.

MACARTUR, John. Comentário do Novo Testamento: Efésios. Rio de Janeiro: Vida Nova, 2009.

RIBAS, Degmar (Trad.). Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, vol. 2.

SHEDD, Russel. Epístolas da Prisão: uma análise. São Paulo: Edições Vida Nova, 2005.

SOARES, Esequias (Org.) Declaração de Fé das Assembleias de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p. 86.

SOARES, Esequias. Batalha Espiritual. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.

STOTT, John. A Mensagem de Efésios. São Paulo: ABU Editora, 2007.

VINE, W. E. Dicionário Vine. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, p. 771.