quinta-feira, 28 de novembro de 2019

LIÇÃO 9: O REINADO DE DAVI

SUBSÍDIO I

CONSTITUIÇÃO DE DAVI COMO REI

Três Motivos para sua Escolha

Pelo teor bíblico e histórico presente no livro de 2 Samuel, é bem óbvio que o autor destaca com precisão de detalhes a consolidação do reinado de Davi após a morte do rei Saul. Antes de pontuarmos a escolha de Davi como rei por parte do povo, vale dizer que muitas coisas aconteceram. Primeiramente, ele vai para Hebrom e tem uma liderança na parte sul de Judá (2 Sm 2.1-7).
Surge uma guerra civil da parte norte por meio de Abner, o qual queria fazer perdurar a linhagem de Saul e, assim, apoiava Is-Bosete. Abner entendeu, possivelmente por meio das profecias atinentes a Davi, que ele seria o homem que reinaria. No mais, ele não se afinava mais com Is-Bosete e por isso busca apoiar Davi como rei (2 Sm 3.17,18). Logo que deixa de apoiar Is-Bosete, Abner é assassinado (2 Sm 4). Assim se desfazia todo embaraço ao reinado de Davi, de maneira que toda a nação de Israel o busca para ser seu grande líder, o que aconteceu em Hebrom (2 Sm 5.11-14).
Quando Deus tem um plano na vida de um homem, tudo é conduzido na mais perfeita harmonia, sem que seja preciso truque, politicagem, negociatas, acordos ilegítimos. É triste dizer, mas as contendas e brigas no contexto eclesiástico surgem porque muitos querem chegar ao poder de qualquer maneira, sem que sejam escolhidos do Senhor, razão pela qual buscam meios ilegais para sua concretização. Davi chega ao poder com trinta anos de idade, tendo um reinado geral de quarenta anos, tudo porque as coisas aconteceram no tempo e no momento de Deus.
Os anciãos de Israel eram os representantes legais. Daí a expressão “Todo Israel”. Davi tinha o direito de reinar por ser do mesmo sangue e carne que eles, e isso deixava claro que quem iria assumir o reinado não seria um estrangeiro, conforme a própria profecia (Dt 17.15). Podemos então dizer que Davi foi escolhido para ser o grande rei de Israel por três razões: (1) era o escolhido e ungido do Senhor (1 Sm 16; 2 Sm 3.18); (2) era parente deles (Gn 29.14; Jz 9.2); e (3) era um grande soldado e líder (1 Sm 18.7; 21.11; 29.5).
Davi tinha todas as credenciais que o tornavam apto a assumir a liderança do povo de Deus e isso era comprovado por todos. Por vezes, queremos que alguém assuma determinada função simplesmente porque tem inteligência, por ser filho de fulano, beltrano, mas que não foi escolhido por Deus. É bom lembrar que merece o trono aquele que já tem histórico de vida, que o povo tenha conhecimento de algumas batalhas vencidas.

Davi como Pastor e Chefe

Antes de ser rei, Davi tinha sido ungido por Samuel. Antes de lutar contra Golias, ele já tinha travado lutas com animais ferozes e vencido por meio da fé em Deus. Antes de chegar ao trono, já fora provado e aprovado pelo povo como um grande guerreiro. Por isso, não foi à toa o que as mulheres cantavam ao seu respeito: “Saul feriu os seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares” (1 Sm 18.7).
Nos tempos dos reis de Israel, eles eram metaforicamente denominados pastores, pois tinham a missão de proteger, nutrir e lutar pela nação que governavam. No aspecto bíblico, lendo Salmos 78.71,72 e Ezequiel 34.23,24, pode-se compreender perfeitamente a missão de um pastor.
A comissão que vai até Davi em Hebrom — a qual representava as tribos do norte, mas, é claro, outros guerreiros, multidões de Judá ali estavam também — afirma para Davi que, antes de ser rei, ele já era considerado chefe, pois entrava e saía com eles nas batalhas militares. No hebraico, a palavra “chefe” é nagid; fala de alguém que é líder, um capitão, um superintendente. Davi como líder sabia atrair as pessoas para perto de si, como também orientá-las. Podemos dizer que, se Davi fosse um homem sem simpatia, sem a capacidade de reunir pessoas, essa multidão jamais teria ido buscá-lo para reinar sobre a nação.
Deus vai colocar Davi para ser o pastor do seu povo. Observe que pastor, do hebraico, é ra`há, e quer dizer “alimentar, cuidar, apascentar”. Davi não era apenas um chefe mandão, mas um líder amigo, companheiro, que se interessava pelo bem do povo, por isso todos queriam torná-lo rei. Líderes que apenas querem ser chefes, mandar no povo, exigir, cobrar, sem cuidar com verdadeiro amor e carinho, jamais terão o respeito que desejam.
Teologicamente, no aspecto de ser um pastor à frente do rebanho, devemos seguir o modelo de Pedro — ser pastor do rebanho de Deus não por constrangimento, do grego anagskastos, pela força, obrigatoriamente, mas voluntariamente, espontaneamente, do grego hekousios, ou seja, de acordo consigo mesmo, voluntariamente (1 Pe 5.2). Ele diz ainda que não deve ser como tendo domínio sobre ele, do grego katakurieou, colocar sob seu domínio, seu próprio querer, e não o de Cristo (1 Pe 5.3).
Todo obreiro deve ter sempre vivo em mente as palavras de Paulo: quem comprou o rebanho foi Deus com o sangue de seu próprio Filho e, assim, nós somos apenas supervisores, curadores, para verificarmos se as coisas estão sendo feitas como deveriam, e não para impor o nosso querer. Esse é o sentido da palavra bispo, que, do grego, é episkopos (At 20.28).
Precisamos entender que um chefe, na visão atual, é uma pessoa que manda, que deve ser temida, que só aponta erros; toda responsabilidade ele coloca sobre a equipe, se vangloria, comanda, impõe. Nesse aspecto, o pastor jamais pode tomar essa palavra para si, pois sua missão não é mandar, cobrar, exigir, mas, sim, supervisionar. Enquanto que o chefe apenas manda, o líder motiva, inspira pessoas, valoriza habilidades, busca benefício para o seu grupo. Um verdadeiro pastor quer sempre o melhor para o rebanho que pastoreia. Isso está bem claro no Salmo 23.

Entrando em Aliança com o Povo

Todo pastor deve ser consciente de que, sem aliança e apoio do povo, não tem como ter sucesso na liderança. Ainda que esboce as mais brilhantes virtudes, competência, habilidades diversas, sem acordo sincero nada avança. Está claro que Davi era um líder flexível. O texto diz que ele fez um acordo, ou seja, uma aliança, do hebraico berith, acordo, compromisso. É claro, teologicamente esse termo era aplicado para tratar do relacionamento da aliança firmada entre Deus e seu povo, como, por exemplo, no Sinai.
Estudiosos afirmam que se tratava de um contrato institucional, firmado em mútua confiança (1 Sm 10.25). Nessa aliança, a missão do novo rei era proceder conforme havia falado Moisés no tocante aos reis de Israel (Dt 17.14-20). Esse acordo foi firmado primeiramente porque todos tomaram consciência de que Davi era o homem certo para reinar.
É interessante analisar que Davi foi ungido três vezes: a primeira por Samuel, outra por Judá (2 Sm 2.4) e a outra pelos anciãos de Israel (2 Sm 5.3). É claro que a unção de Samuel era algo divino, separando e capacitando com o poder do Espírito Santo para o desempenho da obra, ao passo que as duas unções mencionadas, realizadas por Judá e Israel, se tratavam de cerimônias religiosas, as quais denunciavam que ele poderia assumir o poder como rei.
Um pastor pode fazer acordo com a igreja; o líder de uma convenção pode fazer acordo com o colegiado de pastores, mas que fique claro que tais acordos são para que tanto o líder como seus liderados procedam conforme a Palavra de Deus, e não para fins particulares.
Na atualidade, faz-se necessário o pastor esclarecer aos seus membros, ao assumir uma igreja, que procederá conforme a Santa Palavra de Deus, o Estatuto e o Regimento Interno. Isso é bom para evitar sérios problemas; no mais, é um acordo benéfico para ambos, pastor e igreja.

Texto extraído da obra “O governo divino em mãos humanas”, editada pela CPAD 
COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO

Nesta lição aprenderemos sobre o estabelecimento do reinado de Davi e os principais fatos que marcaram este reino; destacaremos algumas lições práticas que podemos aprender sobre o exercício da monarquia davídica; e, por fim, veremos as similaridades entre o reinado de Davi e o reino messiânico de Cristo.

I – O ESTABELECIMENTO DO REINADO DE DAVI EM ISRAEL

1.1 A morte de Isbosete. Abner capitão do exército de Israel, havia constituído o quarto filho de Saul chamado Isbosete, como o substituto de seu pai no trono (2Sm 2.8-10). No entanto, essa coroação foi ilegítima, uma vez que o escolhido por Deus para ser rei era Davi (1Sm 16.1,13; 2Sm 3.9,10), e esta consagração não era da sua competência, visto que Abner era um capitão e não um profeta ou sacerdote (1Sm 10.1; 1Rs 1.39,45; 19.16; 2Rs 9.6; 11.12). Após a morte de Abner (2Sm 3.26,27), houve consternação e confusão ao povo de Israel e a Isbosete (2Sm 4.1). Neste ponto, dois dos capitães das tropas de Saul, chamados Baaná e Recabe, filhos de Rimom da tribo de Benjamim (2Sm 4.2), decidiram conspirar contra Isbosete. Os dois conspiradores foram ao meio-dia, para a casa do rei (2Sm 4.5,6). Ao encontrarem Isbosete reclinado em sua cama, mataram-no covardemente (2Sm 4.7).
1.2 Os anciãos de Israel procuram a Davi. Após a morte de Isbosete, todas as tribos de Israel vieram a Davi (2Sm 5.1,3). Eles lembraram que: (a) Davi já havia se revelado um líder militar sob as ordens de Saul: “[…] sendo Saul ainda rei sobre nós, eras tu o que saías e entravas com Israel […]” (2Sm 5.2-a; ver 1Sm 18.30); e, (b) estavam cientes da promessa que Deus havia feito a Davi: “[…] Tu apascentarás o meu povo de Israel e tu serás chefe sobre Israel” (2Sm 5.2-b). As qualificações para o rei de Israel encontravam-se escritas na lei de Moisés (Dt 17.14-20). O primeiro e mais importante requisito, era ser alguém escolhido pelo Senhor dentre o povo de Israel (Dt 17.15). Israel sabia que Samuel havia ungido Davi para ser rei cerca de vinte anos antes e que era da vontade de Deus que Davi subisse ao trono (1Sm 16.1,13; 2Sm 3.9,10). A nação precisava de um pastor, e Davi era exatamente a pessoa certa para este ofício (1Sm 16.11,19; 17.15,34,35; Sl 78.70-72).
1.3 Davi é ungido o rei de Israel. Abner estava morto, mas havia preparado o caminho para Davi ser proclamado rei das doze tribos (2Sm 3.17-21). Na sequência, os líderes de todas as tribos reuniram-se em Hebrom e coroaram Davi com o seu rei. À luz do contexto, destacamos que: (a) quando Davi era adolescente, havia recebido a unção de Samuel em particular (1Sm 16.13), (b) os anciãos da tribo de Judá o haviam ungido quando se tornou seu rei (2Sm 2.4), e, (c) nessa última reunião porém, os anciãos de todo Israel ungiram Davi e proclamaram-no seu rei (2Sm 5.3). Com a coroação de Davi sobre todo o Israel, o reino estava finalmente reunificado. A Bíblia diz que Davi reinou por quarenta anos, sendo que, sete anos e meio em Hebrom e trinta e três anos em Jerusalém (2Sm 5.4,5).

II – FATOS QUE MARCARAM O REINADO DE DAVI EM ISRAEL

2.1 Jerusalém como capital do reino. Um dos marcos da liderança de Davi sobre Israel, foi a mudança da capital do reino, visto que, Abner e Isbosete haviam estabelecido em Maanaim (2Sm 2.8). A mudança para Jerusalém, foi um ato engenhoso de Davi: (a) por estratégia política, já que a cidade de Jerusalém, chamada de Jebus, era habitada pelos jebuseus (Jz 19.10; 2Sm 5.6; 1Cr 11.4,5) e localizada na fronteira entre Benjamim (a tribo de Saul) e Judá (a tribo de Davi), Jerusalém não havia pertencido a nenhuma das tribos, de modo que ninguém poderia acusar Davi de favoritismo na instituição de sua nova capital; e, (b) pela localização geográfica, construída sobre um monte rochoso, a cidade era uma fortaleza natural cercada de três lados por vales e montes, sendo assim, Jerusalém era símbolo de segurança (2Sm 5.7-9; Sl 48.2; 50.2) (WIERSBE, 2010, p. 309). Após a coquista de Jerusalém, esta se tornou conhecida como a cidade de Davi (2Sm 5.7,9), e ali o monarca estabeleceu sua moradia (2Sm 5.9,11).
2.2 A vitória contra os inimigos. A despeito da presença de Deus manifesta na vida de Davi e a confirmação divina de seu reinado (2Sm 5.10,12), isso não o isentou de enfrentar ataques por parte dos filisteus (2Sm 5.17-25). Aqueles que estiveram satisfeitos em ver a nação divida em dois reinos pequenos e hostis sob os governos de Isbosete e Davi, viram na união das doze tribos de Israel, uma séria ameaça. Ao ouvirem dizer que Davi havia sido ungido rei, os filisteus empreenderam uma batalha contra o monarca (2Sm 5.17,18). Apesar da resistência destes inimigos (2Sm 5.22), Davi foi vitorioso como cumprimento da promessa divina (2Sm 5.19,24,25). Vencendo aos inimigos de Israel que estavam à sua volta: os filisteus (2Sm 8.1; 21.15-22); os moabitas (2Sm 8.2); os arameus e sírios (2Sm 8.3-12); e, os edomitas (2Sm 8.13,14), sempre com a ajuda de Deus (2Sm 8.14).
2.3 A arca da aliança trazida a Jerusalém. Depois da reunificação do reino, Davi trouxe a Arca da Aliança para Jerusalém, trazendo a restauração do culto ao Senhor algo que havia sido negligenciado no reinado de Saul e Isbosete. Uma vez que sua perda ocorrera durante uma das primeiras batalhas contra os filisteus (1Sm 4.5), a determinação de Davi em recuperá- la, seguida de sua impressionante vitória contra os filisteus foi muito significativa. Essa transferência aconteceu em dois estágios: um malsucedido (2Sm 6.1-11) e outro que obteve êxito (2Sm 6.12-19). A Arca da Aliança para os israelitas simbolizava: (a) a presença visível de Deus (Êx 25.22); (b) um sinal da proteção de divina (Js 3.3; 4.10); e, (c) sua presença trazia júbilo e alegria para os israelitas (1Sm 4.4-6; 2Sm 6.15,21).

III – LIÇÕES QUE APRENDEMOS COM O REINADO DE DAVI

3.1 A certeza que Deus cumpre com as sua promessas. Davi havia sido ungido para ser rei ainda muito jovem (1Sm 16.13), mas a sua coroação não aconteceu imediatamente, entre a promessa e o cumprimento há um tempo, uma trajetória a ser percorrida. Muitos desafios Davi enfrentou até tornar-se, de fato, rei sobre todo o Israel, porém, nada pôde impedir que ele reinasse sobre as doze tribos de Israel. Como disse o Senhor a Jeremias: “[…] eu velo sobre a minha palavra para cumpri-la” (Jr 1.12). Davi teve que aprender a esperar pacientemente o tempo de Deus em sua vida (1Sm 22.3; Sl 40.1), cofiando que Deus cumpriria a promessa que lhe havia feito, uma vez que o Senhor é fiel para cumprir com sua palavra (Dt 7.9; Nm 23.19; Sl 33.4; 146.5,6; Is 54.10; 2Tm 2.11-13). Sobre as promessas de Deus, a Bíblia afirma: (a) o Senhor é fiel para as cumprir (Hb 10.23); (b) Ele nunca as esquece (Sl 105.42; Lc 1.54,55); (c) não hão de falhar (Js 23.14; Is 40.8); e, (d) se cumprem no devido tempo (Jr 33.14; At 7.7; Gl 4.4). Diante disso, aprendemos que o homem chamado por Deus deve ser paciente e aguardar o cumprimento das promessas (Hb 6.15).
3.2 A necessidade de depender da direção divina. Era muito comum antes de dar um passo importante, Davi buscar a vontade do Senhor (1Sm 23.2,4; 30.8; 2Sm 2.1), e contra os filisteus após assumir o reinado de Israel não foi diferente. Em se tratando de guerra, Davi não era presunçoso, por isso, consultou ao Senhor para saber se deveria e como atacar os inimigos (2Sm 5.19,23) e os derrotou utilizando exatamente as táticas fornecidas por Deus (2Sm 5.20-21,22-25). O rei Davi foi bem sucedido onde Saul havia fracassado, porque agiu em perfeita obediência ao planos do Senhor (2Sm 5.25). Desse modo, aprendemos que, aos que desejam ser bem sucedidos em todas as áreas de sua vida, precisam nos submeter a direção de Deus (Sl 16.7; 25.12; 37.23; 43.3; 48.14; Pv 2.6-8; 3.6; 16.1,9; 20.24; Is 58.11).
3.3 A humildade de atribuir a Deus as conquistas alcançadas. Desde muito cedo na vida de Davi, havia um reconhecimento público que ele era um instrumento para trazer vitórias nas guerras travadas pelo exército de Israel (1Sm 18.5,6,13-15; 2Sm 5.2). O seu reinado cresceu e se fortaleceu de maneira inimaginável (2Sm 5.10), ganhando popularidade até mesmo entre os estrangeiros (2Sm 5.11), de modo que seu nome se tornou notável entre os homens (1Sm 18.30; 2Sm 7.9; 8.13). No entanto, o rei Davi reconhecia que a razão de todas estas conquistas, se dava pela ação Deus em sua vida (1Sm 17.37,45-47; 18.14; 23.14; 2Sm 5.12,24; 8.14), o mérito era divino e não humano. Todos devem render ao Senhor a glória que lhe é devida (1Cr 16.28; Sl 115.1; Is 42.8; 1Co 10.31; Rm 11.36; 15.18; 2Co 3.5; Fp 4.20).

IV – O REINADO DE DAVI UMA FIGURA DO REINO MESSIÂNICO

Uma vez que Davi na tipologia é uma figura do Messias, o seu reinado prefigura o reino messiânico de Cristo, que será estabelecido no milênio ao final da Grande Tribulação (Ap 20.1-4). Vejamos portanto em ambos os reinos, algumas similaridades:

CONCLUSÃO

A biografia de Davi e sua liderança a frente da nação de Israel, é uma comprovação da fidelidade e soberania de Deus na história humana, onde encontram-se atitudes que agradam ao Senhor, para que assim como Davi, sejamos crentes segundo o coração de Deus.
Prof. Paulo Avelino. Disponível em: https://www.portalebd.org.br

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO
O pujante reinado Davi não foi circunstancial, aleatório ou por causa de habilidades natas para guerra. No próprio texto bíblico, é dito que suas vitórias e fortalecimento se originavam em Deus (2 Sm 8.6). Os 33 anos que ele reinou em Jerusalém e os sete anos e seis meses que reinou em Hebrom revelam um rei protótipo do Messias que viria. Por isso, Davi é considerado um tipo do Messias. Isso está confirmado pela profecia de Miqueias (5.2), mencionada pelos escribas nos dias de Herodes, pelo texto de 2 Samuel 5.2 e pela profecia de Gênesis 49.10 em relação a Jesus Cristo[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Dezembro, 2019]
O texto de Atos 13.36 na versão atualizada traz a seguinte redação: "Porque, na verdade, tendo Davi servido à sua própria geração, conforme o desígnio de Deus, adormeceu, foi para junto de seus pais e viu corrupção". Paulo faz uma importante afirmação sobre Davi quando diz que ele viveu para servir. O modelo bíblico de liderança é aquele centralizado no caráter, ao contrario do que ensinava Maquiavel que era preferível ao rei ser temido do que ser amado. Elementos do caráter cristão como o temor de Deus, a coragem, a virtude, o altruísmo, a honestidade, etc., são postos em relevo. As técnicas mudam, mas os princípios do caráter não. O sucesso da admirável liderança de Davi veio dos princípios bíblicos observados por ele. Um dos primeiros passos para que possamos entender a questão da liderança cristã é adotarmos a perspectiva correta sobre Deus, Sua Palavra e Sua Obra. O segundo monarca de Israel foi um ajudador do povo, e não o contrário. O modelo de Jesus para a liderança é justamente esse: "servir". Servir foi a missão do filho de Deus (Mt 20.28) e também a de seu ancestral humano, Davi. Há outro fato sobre Davi registrado no texto de Atos 13.22 que merece a nossa reflexão: "Achei Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará toda a minha vontade". Essa frase pode ser interpretada como 'um homem de sua própria escolha' ressaltando a escolha soberana da parte de Deus bem como, à guisa de textos bíblicos tais como 1Sm 2.35; 16.7, entendemos que Davi, o escolhido do Senhor, 'era segundo o coração de Deus' no sentido de estar dedicado à sua vontade e aos seus propósitos. Davi viveu para o Eterno e, consequentemente, viveu também para os outros. A vontade de Deus aparece aqui como "o que se tem determinado e que será feito". Este homem, com seu coração de servo, realizou aquilo que o Senhor esperava. Davi viveu para o Eterno e, consequentemente, viveu também para os outros. Bom estudo e crescimento maduro na fé cristã!
I: DAVI É CONSTITUÍDO REI
1. Três motivos para sua escolha. Ninguém é colocado em uma posição apenas por acaso; tem de haver algum mérito para isso. Davi foi aclamado por toda a tribo de Israel (norte) e ungido rei por três razões. Primeiramente, ele preenchia todas as condições da realeza, o que prontamente excluía a possibilidade de uma liderança estrangeira (Dt 17.15), pois era irmão da nação (1 Cr 11.1). O segundo motivo para escolher Davi foi devido à sua liderança militar (1 Sm 18.16). O terceiro motivo estava pautado em uma promessa da parte de Deus, de que o trono entregue a Davi seria levantado tanto sobre Israel quanto sobre Judá (2 Sm 3.10). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Dezembro, 2019]
O rei foi escolhido e provido por Deus (Dt 17.1 S), que ordena todas as coisas de acordo com o conselho do sua própria vontade (Is 40.14), e não de acordo com o desejo dos homens (8.5-6; 2Sm 2.8-9). Assim, não é correto afirmar que por três motivos Davi foi aclamado rei. Então, por que Deus escolheu Davi para ser rei? Porque viu algo no seu coração. Deus diz a Samuel: “É em Davi que está o coração que eu procuro”. Aos olhos humanos, saltava essas qualidades listadas em Davi; Davi lutou em nome do Senhor e para a glória do Senhor, cujo nome e glória se estenderão até os confins da terra, em todas as nações, Davi sabia que do SENHOR é a guerra (Dt 31.6; jz 7.18). Davi entendia totalmente a questão principal, ou seja, ao desafiar o povo do Senhor, os filisteus na verdade estavam desafiando o Senhor. Parte do reinado de Saul já havia sido transferida para Davi; a saber, Judá; entretanto, Abner jurou que completaria o processo ajudando Davi a obter o restante do reinado - desde Dã até Berseba - essa era uma expressão que representava todo o país (Jz 20.1), ou seja, de Dã, no norte, até Berseba, no sul.
Davi tinha algumas qualidades e características que fizeram com que fosse escolhido por Deus para liderar o Seu povo.
    Demonstrava respeito pela autoridade estabelecida por Deus, pois mesmo quando teve oportunidade de matar Saul (que era seu inimigo e estava determinado a matá-lo), não o fez.
    Tinha desejo de aprender e se sujeitava à vontade de Deus;
    Era um verdadeiro adorador e tinha um coração grato;
    Possuía uma fé absoluta em Deus;
    Era responsável;
    Tinha um profundo amor pela Lei de Deus;
    Revelava coragem e valentia, e não tinha medo de enfrentar gigantes e participar em guerras;
    Era um homem de integridade;
    Tinha temor a Deus.” (respostas)
2. Davi como pastor e chefe. Na Bíblia, a figura do pastor de ovelhas serve para descrever os governantes de Israel. Está escrito que Davi deveria agir como chefe e pastor do rebanho. Na qualidade de chefe (heb. nagid), ele seria um capitão, príncipe, líder; como pastor (heb. ro`eh), ele cuidaria, apascentaria; ele se revelaria um amigo especial (do heb piel). Assim, Deus zelava pelo seu povo (Sl 23; 77.20).
Estava claro que para Davi ter um reinado consolidado bastava apenas ser um líder, um pastor amoroso, não um déspota ou um tirano. O apóstolo Pedro diz que o pastor deve pastorear o rebanho sem qualquer exibição de domínio, mas sendo o exemplo do rebanho (1 Pe 5.3). Paulo disse que não queria dominar a fé de ninguém, antes, desejava ser cooperador da alegria de cada cristão (2 Co 1.24). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Dezembro, 2019]
Quando lemos a Bíblia, encontramos Davi primeiramente como pastor. Ele era o mais novo de seus irmãos e não foi incluído no sacrifício especial organizado por Samuel. No entanto, era ele que Deus havia escolhido, o homem segundo o coração de Deus, e assim ele foi convocado do campo onde estava cuidando do rebanho para ser ungido rei. Deus o chamou para pastorear um rebanho diferente, seu povo de Israel (1Sm 16.1-13; 2Sm 5.2, Sl 78.70-71). O pastorear é uma das ocupações mais antigas. Assim, não é de surpreender que o cuidado de um pastor e seu relacionamento com seu rebanho fosse uma metáfora comum, no antigo Oriente Próximo, para a liderança de pessoas, especialmente a realeza. Além disso, vários deuses das nações eram ocasionalmente mencionados como pastores. Na Bíblia, os líderes civis e religiosos são chamados de pastores, e as imagens estão ligadas à realeza (por exemplo, 1Rs 22.17), especialmente com Davi. Deus é chamado de pastor (por exemplo: Gn 48.15; Sl 23.1; 80.1), e elementos da vida de um pastor ocorrem várias vezes para descrever a atividade de Deus (por exemplo: Sl 31.3; Is 40.11; Mq 7.14). Mesmo depois de deixar as pastagens Davi continuou, em sua vida, a desempenhar a função de pastor. Muito do que ele aprendeu conduzindo ovelhas ele aplicou como líder de homens. É famosa a forma como ele apelou para suas façanhas em guardar o rebanho, e em como ele dependia de Deus, para demonstrar sua capacidade de lutar contra Golias (1Sm 17. 34-37). As experiências de Davi como pastor também são vistas na forma de suas poesias, fornecendo imagens ricas para muitos de seus mais queridos salmos, incluindo o Salmo 23. Davi conhecia o constante cuidado necessário para ser um bom pastor e o aplicou como uma rica metáfora para o constante cuidado de Deus por ele no Salmo 23.” (voltemosaoevangelho)
3. Entrando em aliança com o povo. Ninguém consegue fazer alguma coisa sozinho. Tendo qualidades de bom guerreiro e de bom líder, Davi não poderia governar sem o povo, portanto precisava fazer aliança com todos para ter um reino bem fortalecido. Observe que a aliança que ele firma tem características pastorais, não monárquicas; por isso, foi ungido rei sobre Israel e todos prometeram lealdade ao novo rei (2 Sm 8.10-18; 2 Rs 11.17; 1 Cr 11.3)[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Dezembro, 2019]
Davi governou o seu reino de maneira justa, e no futuro o "Messias" irá governar de maneira semelhante (Is 9.7; Jr 23.3; 33.15). Ao testemunhar as bênçãos de Deus em sua vida, Davi reconheceu o papel do Senhor no estabelecimento do seu reinado. Davi se comprometeu formalmente a cumprir certas obrigações perante os israelitas, inclusive fazer cumprir seus direitos e responsabilidades, tanto de uns para com os outros como para com o Senhor (2Rs 1-1.17). Independentemente da excelência dessa aliança, ela não acabou com o sentimento básico de uma identidade separada sentida por Israel e Judá como a sedição de Seba (2Sm 20.1) e a dissolução do reino unido sob Roboão (1Rs 12.16) demonstrariam mais tarde.
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Neste primeiro tópico é possível trabalhar melhor as habilidades pessoais que Davi tinha e que foram determinantes em seu reinado. Destaque para a classe as características pessoais que o faziam ter condições de ocupar o reinado (ora, Davi não era estrangeiro, mas da tribo de Judá); ele apresentou uma liderança militar ao recrutar soltados para o seu apoio, principalmente, na Caverna de Adulão; era uma pessoa contrita diante de Deus, pois não tardava em buscá-lo; seu estilo fez com que fosse visto como um pastor do povo, um chefe muito próximo. Além disso, ele fez aliança com o povo de Israel para garantir a unidade do seu reinado.Assim, trace um pouco do perfil do rei Davi conforme a exposição do primeiro ponto deste tópico.
II. A CONSOLIDAÇÃO DO REINO DE DAVI
1. A edificação de Jerusalém. Tão logo é ungido rei, Davi se lança ao trabalho. O primeiro intento é tornar sua capital forte e bela. Sua corte e família tornaram-se grandes e notáveis (2 Sm 3.2,5; 5.13-16).
Davi trouxe grandes mudanças ao povo israelita. Quanto a Jerusalém, ele a considerava algo particularmente seu, pois fora conquistada sob a sua liderança. Nesse caso, ela era vista como um espólio próprio. Davi entra logo em luta contra os filisteus para expulsá-los. Sendo ele um líder bem preparado, conhecedor das táticas dos seus opositores, busca a orientação divina e parte para a batalha, ferindo por duas vezes os filisteus. Com a presença de Deus na vida, Davi consegue derrotar seus inimigos e controlar suas fronteiras, mantendo-os sob seu poder[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Dezembro, 2019]
Na Bíblia, Jerusalém é citada mais do que qualquer outra (de Gn 14.18 a Ap 21.10). A cidade ficava no território de Benjamim, perto da fronteira norte de Judá e era muito bem fortificada por causa de sua altitude e dos vales profundos que a cercavam, que a tornavam naturalmente defensável em três lados. Além disso, possuía uma reserva de água abundante, a fonte de Giom, além de ficar perto das rotas comerciais. A cidade havia sido conquistada anteriormente por Judá (Jz 1.8), mas nem Judá nem Benjamim tinham tido sucesso em desalojar permanentemente os habitantes jebuseus (Jz 1.21). Ao tomar Jerusalém, Davi conseguiu eliminar essa cunha estrangeira entre as tribos do norte e as tribos do sul e estabelecer a sua capital. Tanto a cidade de Belém, o local de nascimento de Davi (Lc 2.4), como Jerusalém, o local do governo de Davi, receberam o título de ‘Cidade de Davi’.
2. As reformas religiosas. O capítulo 6 de 2 Samuel trata da ação de Davi em busca da Arca para Jerusalém. O sentimento que o envolve revela grande respeito pelas coisas de Deus, enquanto o rei Saul era insensível para com o sacerdócio. Dentre outras coisas, Davi valorizava tudo aquilo que estava relacionado às ordenanças divinas. Ele respeitava o sacerdócio, a Arca, e procurava preservar toda essa herança espiritual, inclusive elevá-la.
É bom levar em consideração que Davi não tencionava apenas fazer de Jerusalém uma capital religiosa para manter o povo leal a si; não se tratava de estratégia política. Davi era um homem que amava as coisas de Deus. Nas cerimônias religiosas, ele se entregava para adorar ao Senhor, o que por vezes, para alguns, causava escândalo, como o foi para Mical (2 Sm 6.20). Mas procedia assim porque desejava exaltar o seu Deus[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Dezembro, 2019]
A arca não havia apenas sido roubada e profanada pelos filisteus (1Sm 5-6), mas quando foi revolvida, Saul se recusou a seguir a orientação de Deus quanto ela. A Escritura registra uma única ocasião em que Saul buscou a arca do Senhor depois do seu retorno: 1Sm 14.18. Uma das diferenças básicas entre Davi e Saul é que este não demonstrava muita preocupação com o culto ao Senhor e com os ministros do culto, enquanto aquele comprova um zelo especial pela adoração a Deus (Leia os capítulos 6 e 7 de 2 Samuel). Não se pode governar, reinar ou fazer qualquer outra coisa com êxito se há negligência no culto a Deus. Quando Saul lembrou-se de levantar um altar a Deus, já estava todo complicado por causa de suas transgressões às ordens do Senhor. Não esqueçamos esse fato, pois o Eterno considera primeiramente, e antes de qualquer coisa, a obediência (1 Sm 15.22). Davi foi coroado rei de todo o Israel pelos próprios anciãos do povo que reconheceram a unção real sobre sua vida, que zelava pela adoração a Deus acima de tudo. Veja como age um homem que tem seu coração voltado para Deus: Davi, mediante a sua aliança com Hirão e a ajuda deste (1Cr 18.1), pôde construir um palácio para si e casas separadas para as suas esposas e seus filhos. Enquanto a arca permaneceu perto de Jerusalém, na casa de Obede-Edom, durante três meses (1Cr 13.13-14), Davi construiu um novo tabernáculo em Jerusalém a fim do cumprir a palavra do Senhor em Deuteronômio 12.5-7 de uma habitação permanente para esta. Depois deste intervalo de três meses, Davi seguiu as orientações mosaicas para movimentar a arca (Nm 4.1-49; Dt 10.8; 18.5). Essas orientações tinham sido violadas quando a arca foi transportada de Quiriate-Jearim até Obede-Edom, tendo custado a vida de Uzá (1Cr 13.6-11).
Quanto ao fato de Davi vir à frente do cortejo, dançando despido das vestes reais, demonstra que os hebreus, como outros povos antigos e modernos, possuíam suas maneiras físicas de expressar a alegria religiosa enquanto louvavam à Deus. O desprezo de Mical por Davi é explicado pelo seu comentário sarcástico no versículo 20; Ela considerou a dança alegre e desenfreada de Davi como conduta inadequada com a dignidade e seriedade de um rei, pois o expunha de muitas maneiras.
3. A suprema aliança davídica. Quem profetizou sobre a aliança davídica foi Natã. Assim como Deus falara que abençoaria a família de Abraão, não seria diferente com Davi; ele e sua família teriam um grande nome (2 Sm 7.1-15). Podemos ver que três coisas importantes iriam caracterizar a aliança davídica: a) a firmeza da sua família na terra; b) seus sucessores teriam a presença de Deus; e c) uma dinastia eterna (2 Sm 7.11-16)[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Dezembro, 2019]
2 Samuel 7.1-17, assim como 1Cr 17.1-15, registram o estabelecimento da aliança davídica, a promessa incondicional do Senhor a Davi e sua posteridade. Embora não seja chamada de aliança aqui, mas somente em 2Sm 23.5. Essa promessa é de vital importância para o entendimento da promessa irrevogável de Deus em que um rei da linhagem de Davi governará para sempre. É estimado que mais de 40 passagens bíblicas individuais estejam diretamente relacionadas a esses versículos (SI 89; 110; 132); portanto, essa passagem é de especial importância no Antigo Testamento. Seu cumprimento definitivo acontecerá na segunda vinda de Cristo, quando ele estabelecer o reino do milênio na terra (Ez 37; Zc 14; Ap 19). Essa é a quarta das cinco alianças irrevogáveis e incondicionais feitas por Deus. As primeiras três são:
1) A aliança noaica (Gn 9.8-17);
2) A aliança abraâmica (Gn 15.12-21) e
3) a aliança levítica ou sacerdotal (Nm 3.1-18; 18.1-20; 25.10-13).
A nova aliança, que realmente proveu a redenção, foi revelada mais tarde por intermédio de Jeremias (Jr 31.31-34) e foi cumprida pela morte e ressurreição de Jesus Cristo (Mt 26.28) - “tua casa... teu reino... teu trono” (2Sm 7.16) - esses 3 termos foram cumpridos em Jesus (Lc 1.32b-33).
SUBSÍDIO HISTÓRICO-CULTURAL
Um pouco da monarquia antes do reinado de Davi: “O surgimento da monarquia sob Saul fez pouco para curar a crescente brecha entre Judá e as tribos do norte. Durante o seu reinado, o abismo entre as tribos tomava proporções consideravelmente grandes. Por exemplo, o historiador aponta que, quando Saul fez uma convocação geral para livrar Jabes-Gileade de Amom, trezentos mil homens vieram de Israel, mas apenas trinta mil de Judá (1 Sm 11.8). Quando realizou a campanha contra os amalequitas, Saul contou ‘duzentos mil homens de pé, e dez mil homens de Judá” (1 Sm 15.4). Os números são reveladores, mostrando que Judá proveu um número bastante reduzido de soldados em comparação com Israel, um fato comprometedor para a própria Judá, uma vez que os amalequitas viveram por muitos anos em sua fronteira ao sul. Estaria Judá mostrando sinais de uma postura anti-Saul? Além disso, depois de Davi ter matado o gigante Golias, ‘os homens de Israel e Judá’ perseguiram os filisteu (1 Sm 17.52) e, quando Davi foi colocado na corte de Saul, ‘todo o Israel e Judá amava a Davi’ (1 Sm 18.16). Está claro que Israel e Judá eram tidos como duas entidades particulares que seguiam seus interesses separadamente” (MERRIL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 6.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, pp.239,40). Com o reinado de Davi essa realidade mudou

III. A GRANDEZA POLÍTICA DO REINADO DE DAVI
1. As realizações militares. Nas Escrituras, há registros das diversas ações militares de Davi (2 Sm 8.1-14). Muitos denominam esse texto de “o Davi que ataca”. Note que a tônica dos versículos é sobre os verbos “feriu”, “sujeitou”, “matou”, “tomou”. Sua ação começa com o desbaratamento dos filisteus, mas vai se alastrando até fazer fronteira com outros povos, já nos limites de Israel. A lista de povos vencidos inclui: filisteus, moabitas, sírios, edomitas.
Não demorou para que importantes possessões gentílicas estivessem sob o controle de Davi. Como é maravilhoso ter um líder cujo coração e força são dominados pelo Senhor! Deus deseja levantar líderes segundo o seu coração!  [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Dezembro, 2019]
2Sm 8.1 -14 esboçam a expansão do reino de Davi sob a mão do Senhor – “e o Senhor dava vitórias a Davi, por onde quer que ia” (v.6 e 14). Os maiores inimigos de Israel foram todos derrotados à medida que o reino de Davi foi se expandindo ao norte, sul, leste e oeste (1Cr 18.1-13). É interessante notar que essas conquistas ocorreram antes do acontecimento narrados no capítulo 7. “Um dos pontos fortes de Davi era sua convicção de que a ajuda e a direção de Deus eram absolutamente essenciais para o sucesso na batalha. Por isso, sua prática regular era consultar ao Senhor. Para cumprirmos o propósito de Deus para nossa vida também devemos buscar a direção de Deus, por meio da oração e do Espírito Santo que em nós habita (Rm 8.1-17). Era preocupação de Davi retirar de Israel toda idolatria, tudo o que não fosse da aceitação de Deus. Era preciso destruir os inimigos, os povos pagãos deveriam ser extinguidos do meio de Israel e as Terras dadas pelo Senhor a Israel deveriam ser possuídas e levadas a serem santificadas a Deus” (Lição 07 - A Expansão do Reino - Lições Bíblicas Jovens e Adultos - 4º trimestre de 2009; Davi - As vitórias e as derrotas de um homem de Deus)
2. As administrações de Davi. Foram muitas as mudanças realizadas por Davi, que o fizeram destacar-se no campo militar, político, administrativo e religioso. Lendo o capítulo 8.15-18 e 20.23-26, observamos como Davi fez importantes mudanças na área administrativa.
No comando de suas tropas, estava à frente Joabe; havia uma guarda real, um superintendente da corveia, que lidava com os estrangeiros. No campo religioso, Davi tinha dois sacerdotes: Zadoque e Aimeleque (2 Sm 8.17); um cronista, um escrivão (1 Cr 24.3), os quais eram responsáveis pelos registros e documentos do Estado, dentre outras nuanças administrativas.
Esse corpo administrativo não era autônomo; todos agiam com a permissão do rei e, por ele, eram supervisionados; cada setor só poderia agir ou fazer algo com a anuência dele. Davi procurou montar um setor administrativo que o pudesse auxiliar no seu reinado.
O sucesso de um obreiro depende de oração, pregação, ensino, mas também de saber administrar com eficiência as coisas de Deus; para isso são chamados (Tt 1.5). Paulo diz que dois tipos de obreiro precisam ser bem remunerados: os que se afadigam na Palavra e os que administram bem (1 Tm 5.17)[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Dezembro, 2019]
Davi governou o seu reino de maneira justa, e não poderia ser de outra forma, já que ele é um tipo do Messias que viria; No futuro o "Messias" irá governar de maneira semelhante {Is 9.7; Jr 23.3; 33.15). Joabe era o Capitão do exército de Davi, era seu ‘ministro da Defesa’ e ‘Comandante das Forças Armadas’ do reino; Josafá era o cronista, o responsável por manter os registros do Estado e era possivelmente o mensageiro real (1 Rs 4.3). Zadoque, filho de Aitube, era um sacerdote levita descendente de Arão por meio de Eleazar (1 Cr 6.3-8.50-53) que, junto com a sua casa, foi o cumprimento do oráculo do homem de Deus em 1Sm 2.35. Mais tarde, ele se tornou o único sumo sacerdote do reino de Salomão, cumprindo a promessa de Deus a Fineias (Nm 25.10-13). Abiatar foi sacerdote de Davi junto com Zadoque, traçava sua linhagem de Eli {1Rs 2.27) até Itamar (1Cr 24.3). Com a remoção de Abiatar (1Rs 2.26-27), a maldição de Deus sobre Eli foi concluída (1Sm 2.33), e a promessa de Deus a Fineias, da linhagem de Eleazar, foi cumprida (Nm 25.10-13; 1Sm 2.35). Seraías servia como escrivão oficial de Davi. Benaia serviu como comandante da guarda pessoal de Davi. No reinado de Salomão ele foi elevado ao posto de Comandante do Exército (1Rs 2.34-35; 4.4), depois de ter matado Joabe. comandante de Davi. Esta guarda real era um grupo formado por mercenários (1Sm 30.14). Embora o texto hebraico fizesse referência aos filhos de Davi como sacerdotes, a Septuaginta refere-se a eles como "príncipes da corte". Esta última interpretação é sustentada por 1Cr 18.17, que se refere aos filhos de Davi como "primeiros ao lado do rei", eram então, os ministros do rei.
3. O culto público. Davi fez consideráveis mudanças no culto público. Os sacerdotes eram Zadoque e Aimeleque (2 Sm 8.17). Crê-se que Abiatar já estivesse aposentado (2 Sm 15.24). Historicamente, pode-se entender que, no aspecto religioso, as cerimônias desenvolveram-se com a família sacerdotal de Arão. Davi faz tais mudança, porque tinha interesse pelo culto; ele o faz com todo cuidado, amor e reverência, tendo sempre como objetivo a maior glória de Deus. Veja o relato completo das realizações litúrgicas de Davi em 1 Crônicas 23.1-30.
A organização do culto é algo que deve ser pensado com todo cuidado, pois os que o fazem de qualquer jeito, por vontade própria, sem a prescrição das normas divinas, poderão sofrer consequências da parte de Deus. Foi o que aconteceu com Nadabe e Abiú, que, querendo fazer culto por conta própria, foram fulminados pelo fogo do Senhor (Lv 10.1,2)[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Dezembro, 2019]
Davi trouxe a Arca para Jerusalém, estando ainda, o tabernáculo em Gibeon (ou Gabaon; ou Gibeão), com o intuito de reunir tanto a Arca quanto o Tabernáculo em um único templo na novisssíma capital do reino e em breve, o centro cultual de Israel. Não coube a Davi a honra de construir uma casa para o Senhor, e nesse intervalo, Israel contou com dois lugares de adoração e dois sumo-sacerdotes, um em Gibeon e outro na capital (1Cr 15.11). O cronista toma em consideração essa situação e justifica dizendo que a Tenda do Deserto tinha ficado erguida lá (21.29; 2Cr 1.3), em consequencia, ele reparte o efetivo levitico entre o santuário de Gibeon e o novo santuário da Arca, em Jerusalém. O traslado foi marcado pela beleza ritual, pela separação (santificação) de um efetivo de 862 sacerdotes e levitas. Davi revigora nesse ato o que a nação esqueceu ou desprezou. É com Davi que observamos os primeiros passos rumo ao retorno da verdadeira adoração a Jeová. A liturgia judaica era complexa e inflexível. O que é liturgia? A história do termo começa com uma palavra composta: ‘Leitourgia’ de ‘ergón’ (obra) e ‘leitos’ (adjetivo derivado de ‘leos’ ou ‘laos’ - povo). Este termo significava ou indicava nas democracias gregas (segundo o grego clássico e helênico): ‘a prestação de um serviço por parte dos cidadãos de classe média no benefício da coletividade’. A Septuaginta emprega o termo ‘leitourgía’ e seus derivados para designar o serviço do templo por parte dos sacerdotes e levitas, enquanto que os termos correspondentes em hebraico são usados também para serviços que não sejam de culto. Segundo um enfoque puramente semântico, literalmente pode significar festa, celebração, e ainda culto (Latreia). No Antigo Testamento, o equivalente para liturgia é festa (‘Hag’: dança e ‘Saret’: serviço) e ‘Aboda’ (obra, serviço) que também se usa para atos litúrgicos. Na maioria dos casos a liturgia se interpreta como “forma de culto” e é obvio que a forma em si não assegura a realidade espiritual do culto, mas a falta de forma tampouco. A forma deveria servir como ajuda aos fiéis na adoração a Deus. De forma geral, quando pensamos em nossa relação com o culto, fazemo-lo em termos de receber, de obter algo. Mas da perspectiva da liturgia, o culto tem muito mais a ver com dar e oferecer do que com receber ou obter. Liturgia é o que podemos oferecer a Deus no culto aceitável, genuinamente autêntico e que expressa nossa submissão, dependência e serviço a Ele.
SUBSÍDIO HISTÓRICO-CULTURAL
“É quase certo que durante esse período (980-976) Davi tenha dado início ao seu programa de construções (2 Sm 5.9-12), o que incluiria, depois de tudo pronto, os planos para edificação do templo. É óbvio que no reino de Davi houve construções, palácios e edifícios públicos; porém, os envolvimentos com a expansão do império e os acontecimentos que assolavam sua família impediram a infra-estrutura impressiva característica de um monarca de sua estatura. A reconciliação com Absalão deu-lhe a oportunidade esperada, que era transformar a cidade de Jerusalém no centro religioso e político” (MERRIL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 6.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.277).
CONCLUSÃO
O reinado de Davi, e de seu filho, Salomão, ficou conhecido como a era de ouro de Israel. Mas na verdade, o rei Davi sabia que a fonte verdadeira de toda a grandeza do reino vinha de Deus: “Porque quem sou eu, e quem é o meu povo para que pudéssemos dar voluntariamente estas coisas? Porque tudo vem de ti, e das tuas mãos to damos (1 Cr 29.14)[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Dezembro, 2019]
Davi responde à oferta fenomenal registrada em 1 Crônicas 29.6-9 expressando sacrifícios surpreendentes de riqueza com louvores em que ele reconhece que todas as coisas pertencem a Deus e dele vêm. Ele concluiu que Deus é tudo e que o homem é nada, como está no Sl 8. Essa oração magnífica de agradecimento dá a Deus todo o crédito, até mesmo pela generosidade do povo.

Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

LIÇÃO 8: O EXÍLIO DE DAVI


SUBSÍDIO I

AS CARACTERÍSTICAS DO EXÍLIO DE DAVI

A Caverna de Adulão

No dicionário organizado por J. D. Douglas, a definição de caverna do termo hebraico é mea´rah, que pode ser entendido como covil, buraco. Formada por pedras calcárias e de giz, servia como habitação, esconderijo, cisterna, sepulcro. Biblicamente falando, pode-se notar que diversos personagens aparecem habitando em cavernas, como foi o caso de Ló (Gn 19.30). No tocante a ser usada como sepulcro, podemos citar o caso de Abraão, Isaque, Rebeca, Lia, Jacó, os quais foram sepultados na Caverna de Macpela (Gn 23.19; 25.9; 49.29-32; 50.13). No caso de esconderijo, elas foram usadas por Elias e Davi (1 Rs 19.9; 1 Sm 22.1).
No seu aspecto literal, a caverna de Adulão era denominada antigamente fortaleza. Acredita-se que o nome caverna surge pela corruptela do texto hebraico. Essa caverna ficava 32 quilômetros a sudeste de Jerusalém e pouco mais que isso de Gate. Esse lugar tornou-se o exílio de Davi, tanto antes como depois de grandes passagens (2 Sm 23.13-17).
A causa de Davi dirigir-se para essa fortaleza deveu-se ao ódio e ao ciúme declarado de Saul contra sua pessoa. Isso se comprova facilmente no ato da matança que ele faz com os sacerdotes de Nobe por considerar que o sumo sacerdote dera apoio ao fugitivo Davi (1 Sm 21.1-27). O fim de Saul será triste porque ele colhe aquilo que plantou (Gl 6.7).

Os Proscritos da Caverna de Adulão

Os proscritos, ou seja, degredados, banidos, que se juntaram a Davi, num total de 400 homens, eram de três classes: (a) aqueles que se achavam em aperto, do hebraico matsowq, “apuro, pressão, dificuldade ou perseguição”; (b) os que deviam dinheiro a juros, do hebraico nasha; e (c) homens amargurados, do hebraico marah. Era desses que Davi seria líder.
É bom entender que os que se ajuntaram a Davi estavam na mesma situação que ele: eram considerados fora da lei e não estavam contentes com o governo de Saul. Então, com eles Davi forma um exército que trabalhará a seu favor. Não foi difícil liderá-los por duas razões: primeiro, estavam nas mesmas condições de Davi; segundo, tinham consciência de que Davi era a grande esperança de mudança. Eles iriam trabalhar no mesmo propósito. Caso Davi crescesse, eles também cresceriam, e foi o que aconteceu. Ao subir Davi ao trono, não foram esquecidos pelo seu rei.
Quando líder e servo trabalham com os mesmos ideais, objetivos, o sucesso é garantido. Paulo disse à igreja de Filipos que Timóteo tinha seus mesmos sentimentos, por isso cuidaria bem deles (Fp 2.19-23). Vale dizer que esse grupo de homens passou a servir a Davi com submissão porque a primeira coisa que ele fez foi valorizar cada um. Isso pode ser comprovado pelo elogio que Davi faz quando menciona em sua lista os grandes valentes, que, em destaque, pode-se pontuar três (2 Sm 23.13,14; 1 Cr 11.15.16), enquanto o sistema os perseguia.
Por vezes achamos por demais difícil liderar igreja, um grupo de pessoas; todavia, quando o pastor ou líder procura valorizar o talento, a capacidade de seus servos, sendo humilde em tudo, fica mais fácil. É nesse sentido que é bom atentar para o que Jesus disse em Mateus 10.44. Liderança firmada na autocracia, na inflexibilidade, que apenas exige, cobra, sem valorizar o outro, jamais permanecerá de pé. É bom lembrar que Pedro nivelou-se aos demais presbíteros e, para alcançar o respeito dos seus liderados, servia de exemplo (1 Pe 5).

O Simbolismo da Caverna de Adulão

O exílio no seu sentido literal fala de expatriação forçada, de ser afastado para um lugar remoto. No seu aspecto figurativo, o isolamento pode ser usado no sentido de ausentar-se socialmente do convívio de certas pessoas ou grupos. Davi buscou a caverna de Adulão como refúgio para proteger-se de Saul e a ele se juntam 400 homens que estavam em busca de mudança.
Metaforicamente, a caverna de Adulão foi uma bênção para Davi e os homens que ali se encontravam passaram a entender que não valia a pena viver fugindo, tomando atalhos, recorrendo a meios escusos, mas que precisavam de mudança. Em nossa vida, especialmente quando estamos gozando de boa posição, nome, título, fama, esquecemos quem somos e, por vezes, somos levados a situações conflitantes, perseguições, contrariedades, crises, as quais nos levam às cavernas do recôndito de nossa alma, para que reflitamos e sejamos forjados outra vez para voltarmos ao caminho certo da vida. Na caverna, somos confrontados com nós mesmos. Entramos ali porque tememos nossos inimigos, fugimos de algo que nos persegue e com o qual não conseguimos lidar. Na caverna, somos desafiados a entender que não somos os melhores, nem super-homens, mas, sim, que dependemos de Deus e de outros para avançarmos.

Texto extraído da obra “O governo divino em mãos humanas”, editada pela CPAD 

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO
Nem sempre as vivências marcadas por situações traumáticas podem ser vistas como negativas. Por vezes, elas servem para tirar as cascas das aparências, a infantilidade, o esquecimento de nós mesmos, a fim de levar-nos à essência real da vida. O exílio fala de expatriação forçada ou livre, isolamento social, solidão. A conotação nem sempre é pejorativa, pois, nas Escrituras Sagradas, o exílio recebeu conotações positivas e negativas. O exílio pode ser o lugar onde nosso caráter será testado, onde nossa própria identidade será descoberta, onde nossa lucidez mental e espiritual terá a sua aurora (Pv 4.18). A caverna de Adulão não será apenas o exílio de Davi, mas, sim, o lugar que moldará o seu caráter, preparando-o para uma missão maior: a liderança de Israel[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 8, 24 Novembro, 2019]
A caverna é uma espécie de gruta na rocha que servia de abrigo e de refugio para animais, peregrinos e forasteiros que recorrem para se protegerem de perigos e descansarem de suas árduas, fatigantes e exaustivas jornadas. E em tempos de guerra serviam de lugares de refúgio (Jz 6.2). na caminhada da vida às vezes recorremos a algumas cavernas, quando nos sentimos: esgotados e sufocados com as lutas diárias; quando somos: perseguidos e ameaçados pelos inimigos; e em fim, quando nos encontramos: inseguros, abatidos, debilitados, deprimidos, desanimados e amedrontados. Procuramos a caverna em busca de refugio e refrigério. Depois da aliança com Jônatas, ciente que Saul queria matá-lo por inveja, Davi sai em busca de um lugar para se esconder” (CAVERNA DE ADULÃO). “A palavra Adulão tem dois significados: 1. justiça do povo; 2. refúgio, esconderijo. Essas não são duas maravilhosas alusões à cruz do Calvário e à futura história de Israel? Será feita justiça a Israel, e isso no dia da Grande Tribulação quando o povo judeu se refugiará no Senhor e quando seus olhos virem Aquele a quem haviam rejeitado. A salvação de Israel passa pelo Calvário (Adulão)! Mas também a nós, que cremos em Jesus Cristo, foi concedida ali a justiça que tem validade diante de Deus. Fomos justificados pelo sangue do Cordeiro (Rm 3.25-26). E na cruz igualmente encontramos refúgio. “O Deus eterno é a tua habitação” (Dt 33.27).” (chamada). Bom estudo e crescimento maduro na fé cristã!
I: AS CARACTERÍSTICAS DO EXÍLIO DE DAVI
1. A caverna de Adulão. Lugares, pessoas, situações — tudo serve para o nosso crescimento social e espiritual. Davi deixa o território e vai para uma região que conhecia muito bem: a caverna de Adulão. O nome Adulão quer dizer refúgio; era assim denominado por causa de uma cidade em suas proximidades. Situada na Sefelá, a planície de Judá, distando de Jerusalém aproximadamente 26 km ao sudoeste e 20 km ao sudeste de Gate. No período dos patriarcas tinha sido uma cidade cananeia (Gn 38.1) e, na época das batalhas de Josué, quando da ocupação da terra, ela foi capturada (Js 12.15). Houve fatos importantes na caverna de Adulão. Ali, ela foi fortificada por Roboão (2Cr 11.7); depois do cativeiro foi reocupada pelos filhos de Judá (Ne 11.30) e sua existência foi comprovada nos dias do profeta Miqueias (1.15). Hoje ela é chamada de Aid-el-Ma[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 8, 24 Novembro, 2019]
A caverna de Adulão ficava nos arredores da cidade de mesmo nome, a oeste do pé da montanha de Judá (Js 15.3.3), cerca 27 km a sudoeste de Jerusalém e 16 km sudeste de Gate, vale de Elá, entre Jerimote e Socó, próximo ao local da épica batalha entre Davi e Golias. O nome ‘Adulão’ significa ‘lugar fechado’, ‘refúgio’ ou ‘justiça do povo’. “Adulão é uma cidade mencionada na Bíblia. Ela foi uma das cidades reais dos Cananeus (Josué 12:15; 15:35). Ela permaneceu próxima à estrada a qual posteriormente tornou-se a Estrada romana no Vale de Elá, a cena da vitória memorável de David sobre Golias (1 Samuel 17:2) e não distante de Gate. Foi uma das cidades que Roboão fortificou contra o Egito (2 Crônicas 11:7). Miqueias a chamou de "a glória de Israel" (Miqueias 1:15). Foi em uma de suas cavernas que Davi se refugiou quando estava fugindo do rei Saul (1 Samuel 22:1).” (Wikipédia)
2. Os exilados da caverna de Adulão. Muitos se dirigiam para ali, a fim de fazer companhia a Davi. Primeiramente, seus irmãos e toda a casa de seu pai, posto que estavam ameaçados pelo rei Saul, devido à ligação com Davi. Outros que foram à procura de Davi na caverna eram os homens que se encontravam em dificuldades. Como Davi conseguiu firmar sua liderança nessas condições? Na verdade, não foi apenas uma ação sua; todos os que se juntaram a ele estavam ansiosos por uma existência mais favorável. Davi treinou esse grupo, aparentemente sem sucesso; obteve êxito, pois todos ali buscavam uma vida melhor, tinham os mesmos ideais e, sendo assim, mantiveram-se fiéis a Davi, fazendo de tudo pelo seu líder (2Sm 23.8-39). Os cristãos, como soldados reunidos por Cristo, devem lutar com os mesmos objetivos, não tendo cada um sua própria prioridade, mas a de Cristo (Fp 2.4,21). Se esse for o espírito, Deus dará o sucesso e o crescimento da obra[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 8, 24 Novembro, 2019]
A família de Davi logo sentiu o peso da ira de Saul contra o herói proeminente de sua raça e temendo o destino que muitas vezes atingia famílias inteiras pelas falhas de um dos membros mais ilustres, fugiram de suas casas e se juntaram a Davi e ao pequeno exército de ‘foras da lei’. No exílio, Davi deu início à sua guarda de elite composta por um grupo de valentes, em 1 Cr 11.11 aparece "trezentos", antes rejeitados, sob a liderança de Davi, tornaram-se valorosos guerreiros e foram os guerreiros mais corajosos e soldados mais extraordinários de Davi. Seus nomes estão listados em 2Sm 23.8 e aparece também em 1 Cr 11.11 -41, com algumas variações. De acordo com 1 Cr 11.10, esses homens ajudaram Davi a se tornar rei. A relação desses homens é apresentada em três grupos: primeiro, "os três" (vs. 8-12); segundo, dois mais honrados que "os trinta", mas não relacionados aos "três’' (vs. 18-23); terceiro, "os trinta" que, na verdade, são 32 (vs. 24-39). Essa relação foi aumentada em 16 nomes em 1Cr 11.41-47.
3. O simbolismo da caverna de Adulão. Foi ali que os dons de Davi como líder foram postos em prática. Ele treinou e preparou 400 homens para lutar no dia a dia, e não demorou para que esse número subisse a 600. Isto quer dizer que todos quantos vinham ter com ele não eram rejeitados. Davi é o modelo de líder que recebe homens angustiados pela vida, para torná-los capazes para o serviço. A grande lição de Davi para esses homens é que os que desejassem reinar com ele deveriam aprender a sofrer com ele, visando sempre o Reino de Deus. No simbolismo espiritual, podemos comparar Davi a Cristo. Nosso Senhor se dirigiu aos miseráveis, aos cansados, aos oprimidos, aos amargurados, aos publicanos e aos pecadores, e todos foram transformados pelo seu poder e passaram a fazer parte do seu reino (Mt 11.28,29; Lc 15.1; Mt 22.9,10). Assim, quem deseja reinar com Cristo precisa também sofrer com Ele (2Tm 2.12). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 8, 24 Novembro, 2019]
Davi recorreu à caverna de Adulão para se proteger das constantes perseguições, ameaças e afrontas do rejeitado Saul, sem o Espírito Santo agora sofria de pura inveja da graça e unção que Deus derramara sobre a vida de Davi, e procurava a todo custo tirar sua vida e de sua família. Davi conseguiu se esconder na caverna de Adulão, para não ser encontrado por Saul e seu exército. Na caverna, Davi que se vê rodeado por quatrocentos homens com toda sorte de problemas. Davi estava ali naquela caverna por causa da perseguição do ex ungido Saul, e ali foi um lugar de tratamento de Deus na vida de Davi. Na caverna Davi procurou refúgio e segurança – Deus é o nosso refugio e segurança (Sl 46.1). Deus é o nosso esconderijo (Sl 91.1). Às vezes é preciso se recuar em Deus para continuar vivendo.
O trabalho em equipe é um princípio básico da liderança eficaz, inclusive na causa do Senhor. Se quisermos ser bem-sucedidos na obra de Deus não devemos esquecer esse princípio. O modelo de liderança utilizado por Davi em nada fica a desejar se comparado às modernas tendências em liderança da nossa sociedade globalizada. O modelo davídico de liderança é aquele centralizado no caráter. As técnicas mudam, mas os princípios do caráter não.
Quando Jesus pediu em sua oração sacerdotal que os discípulos fossem um (Jo 17.11), quebrou um dos maiores dissidentes fomentadores de disputa nas equipes, não fugindo a essa regra os seus discípulos por quem Ele até orava nesse sentido (Mt 20.24). Não é de admirarmos que sua oração intercessória abrangesse todos os cristãos que surgissem dali para frente: [...] (Jo 17.20-23). Jesus, que é presciente, sabia da máxima que impera na sociedade atual: 'Viver é fácil, difícil é conviver'. O que mais impede uma equipe de funcionar eficazmente e com eficiência é o individualismo e partidarismo"”(CARVALHO, César Moisés. Marketing para a Escola Dominical. RJ: CPAD, 2009, p.184-5).
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Inicie a aula desta semana falando um pouco da palavra "Exílio". Basicamente, a palavra refere-se à expatriação forçada de alguém por causa de uma perseguição do Estado e o local em que essa pessoa passará a viver. Use exemplos das próprias Escrituras para introduzir o assunto. 0 povo de Israel viveu em exílio em grande parte da história bíblica. É um período caracterizado pela absorção de outras culturas, distanciamento da terra de origem. Todo esse sentimento estava sobre Davi quando este exilou-se na Caverna de Adulão.
II. DAVI E O AMOR COM OS PAIS
1. Protegendo seus pais. Davi não é conhecido apenas como um grande líder, mas também como um bom filho. Ele teve todo um cuidado especial para com os seus pais. Foi até Moabe, porque sabia que eles precisavam de um lugar seguro para habitar e, desse modo, estava se afastando dos territórios de Saul. Há um propósito especial em Davi procurar Moabe. Diversos escritores afirmam que isso se deve aos laços familiares através de Rute, que era a avó moabita de Jessé, pai de Davi. A inclusão de Mispa deve-se ao fato de ser esta a cidade real de Moabe; sua citação está restrita aqui e o seu significado é “torre de vigília”; deixando seus pais em segurança, uma expressão grandiosa sai dos lábios de Davi: “Até que saiba o que Deus há de fazer de mim”. Davi ama a Deus, tinha grande amor e carinho pelo seus pais, e não se descuidava de seus companheiros de luta. Os filhos, principalmente durante a velhice dos pais, devem honrá-los em tudo, a despeito das lutas e crises que estiverem enfrentando (Sl 127.3). Davi não chegou ao trono apenas porque sabia cuidar dos outros, nem porque era um bom guerreiro, mas, também, porque era um bom filho[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 8, 24 Novembro, 2019]
Mispa significa "torre de vigia", ou "lugar de observação". Localizada numa das alturas do planalto a leste do mar Morto, esse local não pode ser identificado com exatidão, ao seu rei. Esse regente era provavelmente um inimigo mútuo do rei Saul. Davi tinha sangue moabita de sua bisavó Rute e, portanto, buscou refúgio para seu pai e sua mãe em Moabe (Rt 1.4-18; 4.13-22). Davi evidentemente buscava hospitalidade entre seus parentes em Moabe. Jesse, seu pai, era o neto de Rute. A distância do sul de Judá, onde os fugitivos estavam vagando não era grande. O rei de Moabe, sendo um dos inimigos de Saul, seria o melhor lugar para abrigar uma pessoa de quem ele poderia pelo menos esperar amizade, se não serviços consideráveis.
Os filhos são uma bênção da parte de Deus (Sl 127.3). Essa palavra (bênção) faz alusão à promessa que Deus fez a Abraão de tornar sua descendência como o pó da terra e as estrelas dos céus (Gn 13.16; 15.5). “A Constituição Federal consagra o princípio da dignidade da pessoa humana, que deve nortear, inclusive, as relações familiares. A família, de fato, é o núcleo da sociedade e é a responsável pelo desenvolvimento do indivíduo. A entidade familiar não tem somente o papel reprodutivo, mas também é fonte de afeto e solidariedade, atributos que ultrapassam os meros laços sanguíneos. A regra constitucional prevista no art. 229 é objetiva: estabelece que assim como os pais têm o dever de cuidar dos filhos enquanto menores, os filhos maiores devem amparar os pais na sua velhice.” (lex.com).
Em Efésios 6.1-3, Paulo orienta aos filhos: “obedecei... no Senhor” (Veja Cl 3.20). No lar, o filho deve, de bom grado, estar debaixo da autoridade de seus pais em submissão obediente a eles como agentes do Senhor colocados sobre ele, e obedecer a seus pais como se estivesse obedecendo ao próprio Senhor. A razão aqui é, simplesmente, que esse foi o modo planejado e exigido por Deus (Os 14.9) Enquanto o versículo 1 fala a respeito da ação, os versículos 2 e 3 fala a respeito da atitude, pois Paulo lida com o motivo por detrás da ação. Quando Deus entregou a sua lei nos Dez Mandamentos, a primeira lei que orientava os relacionamentos humanos foi essa (Êx 20.12; Dt 5.16). É o único mandamento dentre os dez que se refere à família porque esse princípio por si só assegura o cumprimento da família (Êx 21.15,17; Lv 20.9; Mt 15.3-6). Provérbios afirma esse princípio (Pv 1.8; 3.1; 4.1-4; 7.1-3; 10.1; 17.21; 19.13,26; 28.24). Embora a submissão aos pais deva ser, primeiramente, por amor ao Senhor, ele, graciosamente, acrescentou uma promessa de bênção especial para aqueles que obedecem a esse mandamento.
2. A recompensa bíblica para os filhos obedientes. Desde o Antigo Testamento, a ênfase é que Deus abençoa sempre os filhos obedientes, pois é o primeiro mandamento com promessa (Êx 20.12; Dt 5.16). Esse ensino foi ministrado por Paulo (Ef 6.2,3). Nosso Senhor manifestou-se contra os filhos que não cuidavam dos seus pais (Mt 15.5-7). Tais filhos simulada e mentirosamente dedicavam a Deus todos os seus bens, para não honrarem nem sustentarem os seus pais, quebrando, assim, o mandamento. Os filhos devem aprender a serem gratos aos seus pais em tudo, dando-lhes honra, dignidade e cuidados materiais. Isso é mandamento de Deus[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 8, 24 Novembro, 2019]
A Bíblia tem muito a dizer sobre como cuidar de pais idosos e outros membros da família que não são capazes de cuidar de si. A igreja cristã primitiva agia como a agência de serviços sociais para os outros crentes. Eles cuidavam dos pobres, dos doentes, das viúvas e dos órfãos que não tinham mais ninguém para cuidar deles. Os cristãos que tinham parentes passando por necessidade tinham a responsabilidade de atender a essas necessidades. Infelizmente, cuidar de nossos pais em sua velhice não é mais uma obrigação que muitos de nós estão dispostos a aceitar. Os idosos podem ser vistos como fardos em vez de bênçãos. Às vezes, quando os nossos próprios pais precisam de ajuda, somos rápidos para esquecer os sacrifícios que fizeram por nós. Em vez de abrir a porta de nossas casas para recebê-los - sempre que seguro e viável - podemos colocá-los em comunidades de aposentados ou lares de idosos, por vezes contra a sua vontade. Talvez não valorizemos a sabedoria que adquiriram em suas longas vidas, e podemos ignorar os seus conselhos como "ultrapassados". Quando honramos e cuidamos dos nossos pais, estamos servindo a Deus também. A Bíblia diz: "Honra as viúvas verdadeiramente viúvas. Mas, se alguma viúva tem filhos ou netos, que estes aprendam primeiro a exercer piedade para com a própria casa e a recompensar a seus progenitores; pois isto é aceitável diante de Deus. Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente" (1 Timóteo 5:3-4, 8). Nem todos os idosos precisam ou querem ajuda constante na casa dos seus filhos. Eles podem preferir viver em uma comunidade com outras pessoas da sua idade, ou talvez sejam capazes de total independência. Independentemente das circunstâncias, ainda temos obrigações para com nossos pais. Se estão em necessidade de assistência financeira, devemos ajudá-los. Se estão doentes, devemos cuidar deles. Se precisam de um lugar para ficar, devemos oferecer a nossa casa. Se precisam de ajuda com a casa e/ou trabalho no jardim, devemos nos prontificar para ajudar. E se estão sob os cuidados de uma casa de repouso, é preciso avaliar as condições de vida para garantir que nossos pais estão recebendo os cuidados de forma correta e amorosa. Nunca devemos permitir que os cuidados do mundo ofusquem as coisas mais importantes – servir a Deus através de servir às pessoas, especialmente as das nossas próprias famílias. A Bíblia diz: "Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra" (Efésios 6:2-3).” (gotquestions)
SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ
O texto bíblico narra quando Samuel foi à casa de Jessé, pai de Davi. 0 motivo da visita era ungir o novo rei. Nesse caso, Davi não fora a primeira opção apresentada pelo pai ao profeta (1 Sm 16.11-13). Entretanto, o jovem amava-o e honrava-o. Assim, é importante destacar uma atitude cristã que os pais devem ter para com o seus filhos, conforme escreve o Dr. Stephen Adei: "No entanto, dar uma visão a um filho não é tão fácil quanto parece. Isto é porque os pais, às vezes, procuram viver as suas próprias aspirações, não satisfeitas, em seus filhos. Um adolescente certa vez confessou: 'Tudo o que eu quero estudar é francês, mas meus pais insistem que eu estude medicina. Vou fazer isso, desde que seja em francês'. Uma das maiores injustiças que podemos fazer aos nossos filhos é impor a eles uma visão que é contrária à sua tendência. Devemos desafiar nossos filhos a explorar seus interesses, mas não tentar impor a eles a nossa visão, especialmente na sua escolha de carreiras. Como podemos fazer isso? Devemos incentivá-los a ser holísticos, isto é, não focados indevidamente na área acadêmica e profissional, mas na maturidade cristã. Permitir que tenham uma visão de servos do Senhor em relação a todos os outros aspectos - profissões, ganhos, casamento, etc. - sendo subordinados a ela" (ADEI, Stephen. Seja o Líder que sua Família precisa, 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.129).
III. MORRENDO POR DAVI
1. A inconsistência de Saul. Saul não teve nenhuma caverna para forjar sua vida, não lidou com situações conflitantes, tinha apenas aparência de líder, mas não era um homem segundo o coração de Deus. Os homens que estavam com Saul, ainda que não vivessem as mesmas condições dos que estavam com Davi, não se sentiam tranquilos, pois ele suspeitava da lealdade de todos, inclusive a de seu filho. Saul orgulhava-se de ter dado honras à tribo de Benjamim, presentes e posições na liderança; algo que Davi, filho de Jessé, jamais faria. Saul não sabia que lealdade não se compra com presentes, dinheiro, mas nasce naturalmente pela sinceridade, verdade e caráter de um líder genuíno. Só os líderes inseguros fazem cobranças exageradas, dão presentes em troca de lealdade, se inquietam com os que podem “representar risco” à sua posição. Quando os líderes são verdadeiramente chamados por Deus é maravilhoso que as pessoas os honrem e os considerem como homens de Deus. O escritor aos hebreus fala da necessidade de se considerar os líderes (Hb 13.7)[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 8, 24 Novembro, 2019]
Davi significa “amado e respeitado por Deus”, enquanto Saul significa “pedido a Deus”. Ambos eram de boa aparência e foram ungidos pelo profeta Samuel, ambos reinaram quarenta anos. Suas semelhanças, porém, terminam aí. Davi foi um rei escolhido por Deus e não pelos homens, enquanto Saul foi pedido pelos homens, fora da prioridade de Deus. Muitas foram as diferenças entre esses dois reis, esses dois líderes. Eles tomaram caminhos diferentes, fizeram coisas diferentes, viveram de forma diferente, colheram resultados diferentes e morreram de forma diferente. Porém, a diferença primordial entre eles não consiste em experiências e ou vivências, mas em obediência! Saul era persistente na desobediência, enquanto Davi tinha um coração obediente. Saul escolhia o que obedecer das ordens de Deus.
Em Hebreus 13.7, além da lista dos fiéis do capítulo 11, o escritor faz os hebreus se lembrarem de seus próprios líderes fiéis dentro da igreja.
2. O preço de proteger Davi. Saul convocou Aimeleque e seus sacerdotes para que se apresentassem em Gibeá. Não houve da parte de Aimeleque reação nervosa; ele se declara limpo, pois tinha consciência de que apenas ajudara Davi por tê-lo em grande consideração e por saber que era um soldado da confiança de Saul, aliás, da família real, genro do rei. Apesar dessa declaração sincera, Saul considerou-a um ato de traição, pois Aimeleque havia ajudado Davi, não informando ao rei os seus movimentos. Assim, ele e seus companheiros deveriam morrer. Houve uma recusa dos soldados em atacar os sacerdotes, os ungidos de Deus. Foi alguém de fora, um edomita chamado Doegue, que cometeu esse crime brutal. Observe o disparate de Saul: Deus ordenou que ele matasse os amalequitas e não o fez; mas agora extermina prontamente a família de sacerdotes, sem piedade alguma. Apenas um filho de Aimeleque, Abiatar, sobreviveu, salvou o éfode santo e foi ter com Davi (1Sm 23.6). A amizade entre Davi e Abiatar foi duradoura, ao longo de todo o seu reinado (1Rs 2.26,27), pois a família de Abiatar morreu para proteger Davi[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 8, 24 Novembro, 2019]
Nessa audiência, Saul insistiu falsamente que Aimeleque havia feito um pacto com seu inimigo Davi. Aimeleque respondeu defendendo o caráter de Davi como leal a Saul. É importante aqui relembrarmos a maldição à casa de Eli (1Sm 2.31), a morte de Aimeleque e seus filhos cumpre essa maldição, com a exceção de Abiatar, o único sobrevivente da Chacina em Nobe, onde Doegue, criado de Saul, matou 85 sacerdotes. Abiatar foi um Sumo Sacerdote de Israel, exilado por Salomão (o único caso histórico da deposição de um sumo sacerdote) e banido para sua casa em Anatote, por ter favorecido, depois da morte de Davi, as pretensões de Adonias ao trono de Israel (1Rs 2.26-29). Embora Saul tivesse condenado Aimeleque e os sacerdotes à morte, seus servos tinham suficiente sabedoria para não levantarem suas armas contra os sacerdotes do Senhor, cabendo a Doegue esse papel assassino. “Também a Nobe, cidade destes sacerdotes, passou a fio de espada: homens, e mulheres, e meninos, e crianças de peito, e bois, e jumentos, e ovelhas” (1Sm 22.19). O que Saul fracassou em fazer com justiça aos amalequitas (15.3,8-9), ele fez injustamente com os cidadãos de Nobe.
3. A sina de Doegue. Alguns estudiosos acreditam que o Salmo 52 foi pronunciado por Davi predizendo o destino de Doegue. Davi inicia o salmo mostrando que o ímpio ama a malícia e despreza a bondade de Deus. O caráter do ímpio é descrito pelo salmista assim: a) sua língua intenta o mal (Pv 10.31); b) traça enganos (Jó 15.35); c) despreza o bem e ama o mal (Jr 9.4-5); d) não é reto no seu falar. Tudo indica que o destinatário do salmista Davi é uma pessoa prepotente, arrogante; sua língua era usada como arma para revelar o que estava dentro do seu coração perverso. Por vezes, o ímpio se mostra perante as pessoas deste mundo com o espírito de grandeza, soberba; busca sempre ser reconhecido e se apresenta como poderoso; suas obras são perversas. O salmista deixa claro que Deus punirá esse ímpio arrogante. Note que isso será feito de modo poderoso e pode ser visto pela presença dos seguintes verbos bíblicos: destruir, arrancar, arrebatar, desarraigar. O ímpio pecador será varrido da face da terra[Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 8, 24 Novembro, 2019]
O salmo 52 é uma lição poética sobre a futilidade do mal, o triunfo final do justo e o controle soberano de Deus sobre os acontecimentos morais da História. O fato na vida de Davi que o motivou a escrever esse salmo está registrado em 1Sm 21—22. Logo no versículo 1, ‘homem poderoso’, é uma referência a Doegue, chefe dos pastores, que contou a Saul que os sacerdotes de Nobe haviam ajudado Davi enquanto ele era um fugitivo (1Sm 22.9,18-19).
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
"Irado, não convencido e tomado por um ódio selvagem, o rei ordenou a execução de todo o grupo de sacerdotes. Quando seus próprios soldados se recusaram a obedecer, o rei ordenou que Doegue executasse o crime. O edomita assassinou oitenta e cinco sacerdotes, e destruiu a cidade sacerdotal de Nobe com todos os seus habitantes (17-19). Existe um vivido contraste entre a recusa dos próprios homens de Saul e a perversa disposição de Doegue - o que ressaltou a atrocidade do acontecimento. Vestiam éfode de linho (18), ou seja, eram sacerdotes do Senhor. Os de peito (19) eram bebês de colo. Abiatar, um dos filhos de Aimeleque, conseguiu escapar do massacre e fugiu ao encontro do grupo de Davi, a quem relatou o brutal crime que Saul incitara (20,21). 0 filho de Jessé foi tomado pela tristeza, e contou a Abiatar sobre o seu medo quando reconheceu Doegue em Nobe, durante a sua primeira e precipitada fuga (21.1-9). Ele confessou ser a causa da morte de todos os sacerdotes e do povo de Nobe, embora não intencionalmente (22)" (Comentário Bíblico Beacon: 2 Josué a Ester. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.218).
CONCLUSÃO
Deus usa instrumentos falhos para fazer a sua obra nesta terra, como disse Paulo em 1 Coríntios 1.28: "E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são". Antes, porém, esses instrumentos devem ser trabalhados, forjados pelo auxílio do Espírito Santo, a fim de que sejam vasos de honra no trabalho do Senhor. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 8, 24 Novembro, 2019]
Não podemos esquecer que as cavernas, assim como os vales e desertos da vida não são permanentes e sim temporários. Portanto, saiba que por mais pedregosos que seja os vales, por mais extensos que seja os desertos, e por mais sombrios que seja as cavernas, são apenas lugares de passagens, não são e jamais será o estado definitivo de nossas vidas, mas sim momentos de aprendizados, amadurecimento e crescimento para a gloria de Deus!

Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br