SUBSÍDIO I
CONSTITUIÇÃO DE DAVI COMO REI
Três Motivos para sua Escolha
Pelo teor bíblico e histórico presente no livro de 2 Samuel, é bem óbvio que
o autor destaca com precisão de detalhes a consolidação do reinado de Davi após
a morte do rei Saul. Antes de pontuarmos a escolha de Davi como rei por parte
do povo, vale dizer que muitas coisas aconteceram. Primeiramente, ele vai para
Hebrom e tem uma liderança na parte sul de Judá (2 Sm 2.1-7).
Surge uma guerra civil da parte norte por meio de Abner, o qual queria fazer
perdurar a linhagem de Saul e, assim, apoiava Is-Bosete. Abner entendeu, possivelmente
por meio das profecias atinentes a Davi, que ele seria o homem que reinaria. No
mais, ele não se afinava mais com Is-Bosete e por isso busca apoiar Davi como
rei (2 Sm 3.17,18). Logo que deixa de apoiar Is-Bosete, Abner é assassinado (2
Sm 4). Assim se desfazia todo embaraço ao reinado de Davi, de maneira que toda
a nação de Israel o busca para ser seu grande líder, o que aconteceu em Hebrom
(2 Sm 5.11-14).
Quando Deus tem um plano na vida de um homem, tudo é conduzido na mais
perfeita harmonia, sem que seja preciso truque, politicagem, negociatas, acordos
ilegítimos. É triste dizer, mas as contendas e brigas no contexto eclesiástico
surgem porque muitos querem chegar ao poder de qualquer maneira, sem que sejam
escolhidos do Senhor, razão pela qual buscam meios ilegais para sua concretização.
Davi chega ao poder com trinta anos de idade, tendo um reinado geral de
quarenta anos, tudo porque as coisas aconteceram no tempo e no momento de Deus.
Os anciãos de Israel eram os representantes legais. Daí a expressão “Todo Israel”.
Davi tinha o direito de reinar por ser do mesmo sangue e carne que eles, e isso
deixava claro que quem iria assumir o reinado não seria um estrangeiro,
conforme a própria profecia (Dt 17.15). Podemos então dizer que Davi foi escolhido
para ser o grande rei de Israel por três razões: (1) era o escolhido e ungido
do Senhor (1 Sm 16; 2 Sm 3.18); (2) era parente deles (Gn 29.14; Jz 9.2); e (3)
era um grande soldado e líder (1 Sm 18.7; 21.11; 29.5).
Davi tinha todas as credenciais que o tornavam apto a assumir a liderança do
povo de Deus e isso era comprovado por todos. Por vezes, queremos que alguém
assuma determinada função simplesmente porque tem inteligência, por ser filho
de fulano, beltrano, mas que não foi escolhido por Deus. É bom lembrar que
merece o trono aquele que já tem histórico de vida, que o povo tenha
conhecimento de algumas batalhas vencidas.
Davi como Pastor e Chefe
Antes de ser rei, Davi tinha sido ungido por Samuel. Antes de lutar contra
Golias, ele já tinha travado lutas com animais ferozes e vencido por meio da fé
em Deus. Antes de chegar ao trono, já fora provado e aprovado pelo povo como um
grande guerreiro. Por isso, não foi à toa o que as mulheres cantavam ao seu
respeito: “Saul feriu os seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares” (1 Sm
18.7).
Nos tempos dos reis de Israel, eles eram metaforicamente denominados pastores,
pois tinham a missão de proteger, nutrir e lutar pela nação que governavam. No
aspecto bíblico, lendo Salmos 78.71,72 e Ezequiel 34.23,24, pode-se compreender
perfeitamente a missão de um pastor.
A comissão que vai até Davi em Hebrom — a qual representava as tribos do
norte, mas, é claro, outros guerreiros, multidões de Judá ali estavam também —
afirma para Davi que, antes de ser rei, ele já era considerado chefe, pois
entrava e saía com eles nas batalhas militares. No hebraico, a palavra “chefe” é
nagid; fala de alguém que é líder, um capitão, um superintendente. Davi
como líder sabia atrair as pessoas para perto de si, como também orientá-las.
Podemos dizer que, se Davi fosse um homem sem simpatia, sem a capacidade de
reunir pessoas, essa multidão jamais teria ido buscá-lo para reinar sobre a nação.
Deus vai colocar Davi para ser o pastor do seu povo. Observe que pastor, do
hebraico, é ra`há, e quer dizer “alimentar, cuidar, apascentar”. Davi não
era apenas um chefe mandão, mas um líder amigo, companheiro, que se interessava
pelo bem do povo, por isso todos queriam torná-lo rei. Líderes que apenas
querem ser chefes, mandar no povo, exigir, cobrar, sem cuidar com verdadeiro
amor e carinho, jamais terão o respeito que desejam.
Teologicamente, no aspecto de ser um pastor à frente do rebanho, devemos seguir
o modelo de Pedro — ser pastor do rebanho de Deus não por constrangimento, do
grego anagskastos, pela força, obrigatoriamente, mas voluntariamente,
espontaneamente, do grego hekousios, ou seja, de acordo consigo mesmo,
voluntariamente (1 Pe 5.2). Ele diz ainda que não deve ser como tendo domínio
sobre ele, do grego katakurieou, colocar sob seu domínio, seu próprio
querer, e não o de Cristo (1 Pe 5.3).
Todo obreiro deve ter sempre vivo em mente as palavras de Paulo: quem comprou
o rebanho foi Deus com o sangue de seu próprio Filho e, assim, nós somos apenas
supervisores, curadores, para verificarmos se as coisas estão sendo feitas como
deveriam, e não para impor o nosso querer. Esse é o sentido da palavra bispo,
que, do grego, é episkopos (At 20.28).
Precisamos entender que um chefe, na visão atual, é uma pessoa que manda,
que deve ser temida, que só aponta erros; toda responsabilidade ele coloca
sobre a equipe, se vangloria, comanda, impõe. Nesse aspecto, o pastor jamais
pode tomar essa palavra para si, pois sua missão não é mandar, cobrar, exigir,
mas, sim, supervisionar. Enquanto que o chefe apenas manda, o líder motiva,
inspira pessoas, valoriza habilidades, busca benefício para o seu grupo. Um
verdadeiro pastor quer sempre o melhor para o rebanho que pastoreia. Isso está
bem claro no Salmo 23.
Entrando em Aliança com o Povo
Todo pastor deve ser consciente de que, sem aliança e apoio do povo, não tem
como ter sucesso na liderança. Ainda que esboce as mais brilhantes virtudes,
competência, habilidades diversas, sem acordo sincero nada avança. Está claro
que Davi era um líder flexível. O texto diz que ele fez um acordo, ou seja, uma
aliança, do hebraico berith, acordo, compromisso. É claro, teologicamente
esse termo era aplicado para tratar do relacionamento da aliança firmada entre
Deus e seu povo, como, por exemplo, no Sinai.
Estudiosos afirmam que se tratava de um contrato institucional, firmado em
mútua confiança (1 Sm 10.25). Nessa aliança, a missão do novo rei era proceder
conforme havia falado Moisés no tocante aos reis de Israel (Dt 17.14-20). Esse
acordo foi firmado primeiramente porque todos tomaram consciência de que Davi
era o homem certo para reinar.
É interessante analisar que Davi foi ungido três vezes: a primeira por Samuel,
outra por Judá (2 Sm 2.4) e a outra pelos anciãos de Israel (2 Sm 5.3). É claro
que a unção de Samuel era algo divino, separando e capacitando com o poder do
Espírito Santo para o desempenho da obra, ao passo que as duas unções
mencionadas, realizadas por Judá e Israel, se tratavam de cerimônias
religiosas, as quais denunciavam que ele poderia assumir o poder como rei.
Um pastor pode fazer acordo com a igreja; o líder de uma convenção pode fazer
acordo com o colegiado de pastores, mas que fique claro que tais acordos são
para que tanto o líder como seus liderados procedam conforme a Palavra de Deus,
e não para fins particulares.
Na atualidade, faz-se necessário o pastor esclarecer aos seus membros, ao assumir
uma igreja, que procederá conforme a Santa Palavra de Deus, o Estatuto e o
Regimento Interno. Isso é bom para evitar sérios problemas; no mais, é um
acordo benéfico para ambos, pastor e igreja.
Texto extraído da
obra “O governo
divino em mãos humanas”, editada pela CPAD
COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Nesta lição aprenderemos sobre o
estabelecimento do reinado de Davi e os principais fatos que marcaram este
reino; destacaremos algumas lições práticas que podemos aprender sobre o
exercício da monarquia davídica; e, por fim, veremos as similaridades entre o
reinado de Davi e o reino messiânico de Cristo.
I – O ESTABELECIMENTO DO REINADO DE DAVI EM ISRAEL
1.1 A morte de Isbosete. Abner capitão do exército de Israel, havia constituído o
quarto filho de Saul chamado Isbosete, como o substituto de seu pai no trono
(2Sm 2.8-10). No entanto, essa coroação foi ilegítima, uma vez que o escolhido
por Deus para ser rei era Davi (1Sm 16.1,13; 2Sm 3.9,10), e esta consagração
não era da sua competência, visto que Abner era um capitão e não um profeta ou
sacerdote (1Sm 10.1; 1Rs 1.39,45; 19.16; 2Rs 9.6; 11.12). Após a morte de Abner
(2Sm 3.26,27), houve consternação e confusão ao povo de Israel e a Isbosete
(2Sm 4.1). Neste ponto, dois dos capitães das tropas de Saul, chamados Baaná e
Recabe, filhos de Rimom da tribo de Benjamim (2Sm 4.2), decidiram conspirar
contra Isbosete. Os dois conspiradores foram ao meio-dia, para a casa do rei
(2Sm 4.5,6). Ao encontrarem Isbosete reclinado em sua cama, mataram-no
covardemente (2Sm 4.7).
1.2 Os anciãos de Israel procuram a Davi. Após a morte de Isbosete, todas as tribos de Israel
vieram a Davi (2Sm 5.1,3). Eles lembraram que: (a) Davi já havia se revelado um
líder militar sob as ordens de Saul: “[…] sendo Saul ainda rei sobre nós, eras
tu o que saías e entravas com Israel […]” (2Sm 5.2-a; ver 1Sm 18.30); e, (b)
estavam cientes da promessa que Deus havia feito a Davi: “[…] Tu apascentarás o
meu povo de Israel e tu serás chefe sobre Israel” (2Sm 5.2-b). As qualificações
para o rei de Israel encontravam-se escritas na lei de Moisés (Dt 17.14-20). O
primeiro e mais importante requisito, era ser alguém escolhido pelo Senhor
dentre o povo de Israel (Dt 17.15). Israel sabia que Samuel havia ungido Davi
para ser rei cerca de vinte anos antes e que era da vontade de Deus que Davi
subisse ao trono (1Sm 16.1,13; 2Sm 3.9,10). A nação precisava de um pastor, e
Davi era exatamente a pessoa certa para este ofício (1Sm 16.11,19; 17.15,34,35;
Sl 78.70-72).
1.3 Davi é ungido o rei de Israel. Abner estava morto, mas havia preparado o caminho para
Davi ser proclamado rei das doze tribos (2Sm 3.17-21). Na sequência, os líderes
de todas as tribos reuniram-se em Hebrom e coroaram Davi com o seu rei. À luz
do contexto, destacamos que: (a) quando Davi era adolescente, havia recebido a
unção de Samuel em particular (1Sm 16.13), (b) os anciãos da tribo de Judá o
haviam ungido quando se tornou seu rei (2Sm 2.4), e, (c) nessa última reunião
porém, os anciãos de todo Israel ungiram Davi e proclamaram-no seu rei (2Sm
5.3). Com a coroação de Davi sobre todo o Israel, o reino estava finalmente
reunificado. A Bíblia diz que Davi reinou por quarenta anos, sendo que, sete
anos e meio em Hebrom e trinta e três anos em Jerusalém (2Sm 5.4,5).
II – FATOS QUE
MARCARAM O REINADO DE DAVI EM ISRAEL
2.1 Jerusalém como capital do reino. Um dos marcos da liderança de Davi sobre Israel, foi a
mudança da capital do reino, visto que, Abner e Isbosete haviam estabelecido em
Maanaim (2Sm 2.8). A mudança para Jerusalém, foi um ato engenhoso de Davi: (a) por
estratégia política, já que a cidade de Jerusalém, chamada de Jebus, era
habitada pelos jebuseus (Jz 19.10; 2Sm 5.6; 1Cr 11.4,5) e localizada na
fronteira entre Benjamim (a tribo de Saul) e Judá (a tribo de Davi), Jerusalém
não havia pertencido a nenhuma das tribos, de modo que ninguém poderia acusar
Davi de favoritismo na instituição de sua nova capital; e, (b) pela localização
geográfica, construída sobre um monte rochoso, a cidade era uma fortaleza
natural cercada de três lados por vales e montes, sendo assim, Jerusalém era
símbolo de segurança (2Sm 5.7-9; Sl 48.2; 50.2) (WIERSBE, 2010, p. 309). Após a
coquista de Jerusalém, esta se tornou conhecida como a cidade de Davi (2Sm
5.7,9), e ali o monarca estabeleceu sua moradia (2Sm 5.9,11).
2.2 A vitória contra os inimigos. A despeito da presença de Deus manifesta na vida de Davi
e a confirmação divina de seu reinado (2Sm 5.10,12), isso não o isentou de
enfrentar ataques por parte dos filisteus (2Sm 5.17-25). Aqueles que estiveram
satisfeitos em ver a nação divida em dois reinos pequenos e hostis sob os
governos de Isbosete e Davi, viram na união das doze tribos de Israel, uma
séria ameaça. Ao ouvirem dizer que Davi havia sido ungido rei, os filisteus
empreenderam uma batalha contra o monarca (2Sm 5.17,18). Apesar da resistência
destes inimigos (2Sm 5.22), Davi foi vitorioso como cumprimento da promessa
divina (2Sm 5.19,24,25). Vencendo aos inimigos de Israel que estavam à sua
volta: os filisteus (2Sm 8.1; 21.15-22); os moabitas (2Sm 8.2); os arameus e
sírios (2Sm 8.3-12); e, os edomitas (2Sm 8.13,14), sempre com a ajuda de Deus
(2Sm 8.14).
2.3 A arca da aliança trazida a Jerusalém. Depois da reunificação do
reino, Davi trouxe a Arca da Aliança para Jerusalém, trazendo a restauração do
culto ao Senhor algo que havia sido negligenciado no reinado de Saul e
Isbosete. Uma vez que sua perda ocorrera durante uma das primeiras batalhas
contra os filisteus (1Sm 4.5), a determinação de Davi em recuperá- la, seguida
de sua impressionante vitória contra os filisteus foi muito significativa. Essa
transferência aconteceu em dois estágios: um malsucedido (2Sm 6.1-11) e outro
que obteve êxito (2Sm 6.12-19). A Arca da Aliança para os israelitas
simbolizava: (a) a presença visível de Deus (Êx 25.22); (b) um sinal da
proteção de divina (Js 3.3; 4.10); e, (c) sua presença trazia júbilo e alegria
para os israelitas (1Sm 4.4-6; 2Sm 6.15,21).
III – LIÇÕES QUE APRENDEMOS COM O REINADO DE DAVI
3.1 A certeza que Deus cumpre com as sua promessas. Davi havia sido ungido para
ser rei ainda muito jovem (1Sm 16.13), mas a sua coroação não aconteceu
imediatamente, entre a promessa e o cumprimento há um tempo, uma trajetória a
ser percorrida. Muitos desafios Davi enfrentou até tornar-se, de fato, rei
sobre todo o Israel, porém, nada pôde impedir que ele reinasse sobre as doze
tribos de Israel. Como disse o Senhor a Jeremias: “[…] eu velo sobre a minha
palavra para cumpri-la” (Jr 1.12). Davi teve que aprender a esperar
pacientemente o tempo de Deus em sua vida (1Sm 22.3; Sl 40.1), cofiando que Deus
cumpriria a promessa que lhe havia feito, uma vez que o Senhor é fiel para
cumprir com sua palavra (Dt 7.9; Nm 23.19; Sl 33.4; 146.5,6; Is 54.10; 2Tm
2.11-13). Sobre as promessas de Deus, a Bíblia afirma: (a) o Senhor é fiel para
as cumprir (Hb 10.23); (b) Ele nunca as esquece (Sl 105.42; Lc 1.54,55); (c)
não hão de falhar (Js 23.14; Is 40.8); e, (d) se cumprem no devido tempo (Jr
33.14; At 7.7; Gl 4.4). Diante disso, aprendemos que o homem chamado por Deus
deve ser paciente e aguardar o cumprimento das promessas (Hb 6.15).
3.2 A necessidade de depender da direção divina. Era muito comum antes de dar
um passo importante, Davi buscar a vontade do Senhor (1Sm 23.2,4; 30.8; 2Sm
2.1), e contra os filisteus após assumir o reinado de Israel não foi diferente.
Em se tratando de guerra, Davi não era presunçoso, por isso, consultou ao
Senhor para saber se deveria e como atacar os inimigos (2Sm 5.19,23) e os
derrotou utilizando exatamente as táticas fornecidas por Deus (2Sm
5.20-21,22-25). O rei Davi foi bem sucedido onde Saul havia fracassado, porque
agiu em perfeita obediência ao planos do Senhor (2Sm 5.25). Desse modo,
aprendemos que, aos que desejam ser bem sucedidos em todas as áreas de sua
vida, precisam nos submeter a direção de Deus (Sl 16.7; 25.12; 37.23; 43.3;
48.14; Pv 2.6-8; 3.6; 16.1,9; 20.24; Is 58.11).
3.3 A humildade de atribuir a Deus as conquistas alcançadas. Desde muito cedo na vida de
Davi, havia um reconhecimento público que ele era um instrumento para trazer
vitórias nas guerras travadas pelo exército de Israel (1Sm 18.5,6,13-15; 2Sm
5.2). O seu reinado cresceu e se fortaleceu de maneira inimaginável (2Sm 5.10),
ganhando popularidade até mesmo entre os estrangeiros (2Sm 5.11), de modo que
seu nome se tornou notável entre os homens (1Sm 18.30; 2Sm 7.9; 8.13). No
entanto, o rei Davi reconhecia que a razão de todas estas conquistas, se dava
pela ação Deus em sua vida (1Sm 17.37,45-47; 18.14; 23.14; 2Sm 5.12,24; 8.14),
o mérito era divino e não humano. Todos devem render ao Senhor a glória que lhe
é devida (1Cr 16.28; Sl 115.1; Is 42.8; 1Co 10.31; Rm 11.36; 15.18; 2Co 3.5; Fp
4.20).
IV – O REINADO DE DAVI UMA FIGURA DO REINO MESSIÂNICO
Uma vez que Davi na tipologia é
uma figura do Messias, o seu reinado prefigura o reino messiânico de Cristo,
que será estabelecido no milênio ao final da Grande Tribulação (Ap 20.1-4).
Vejamos portanto em ambos os reinos, algumas similaridades:
CONCLUSÃO
A biografia de Davi e sua
liderança a frente da nação de Israel, é uma comprovação da fidelidade e
soberania de Deus na história humana, onde encontram-se atitudes que agradam ao
Senhor, para que assim como Davi, sejamos crentes segundo o coração de Deus.
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
O pujante reinado
Davi não foi circunstancial, aleatório ou por causa de habilidades natas para
guerra. No próprio texto bíblico, é dito que suas vitórias e fortalecimento se
originavam em Deus (2 Sm 8.6). Os 33 anos que ele reinou em Jerusalém e os sete
anos e seis meses que reinou em Hebrom revelam um rei protótipo do Messias que
viria. Por isso, Davi é considerado um tipo do Messias. Isso está confirmado
pela profecia de Miqueias (5.2), mencionada pelos escribas nos dias de Herodes,
pelo texto de 2 Samuel 5.2 e pela profecia de Gênesis 49.10 em relação a Jesus
Cristo. [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Dezembro, 2019]
O texto de Atos 13.36 na versão atualizada traz a
seguinte redação: "Porque, na verdade, tendo Davi servido à sua própria
geração, conforme o desígnio de Deus, adormeceu, foi para junto de seus pais e
viu corrupção". Paulo faz uma importante afirmação sobre Davi quando
diz que ele viveu para servir. O modelo bíblico de liderança é aquele
centralizado no caráter, ao contrario do que ensinava Maquiavel que
era preferível ao rei ser temido do que ser amado. Elementos do caráter
cristão como o temor de Deus, a coragem, a virtude, o altruísmo, a honestidade,
etc., são postos em relevo. As técnicas mudam, mas os princípios do caráter
não. O sucesso da admirável liderança de Davi veio dos princípios bíblicos
observados por ele. Um dos primeiros passos para que possamos entender a
questão da liderança cristã é adotarmos a perspectiva correta sobre Deus, Sua
Palavra e Sua Obra. O segundo monarca de Israel foi um ajudador do povo, e não
o contrário. O modelo de Jesus para a liderança é justamente esse:
"servir". Servir foi a missão do filho de Deus (Mt 20.28) e também a
de seu ancestral humano, Davi. Há outro fato sobre Davi registrado no texto de
Atos 13.22 que merece a nossa reflexão: "Achei Davi, filho de Jessé,
homem segundo o meu coração, que fará toda a minha vontade". Essa
frase pode ser interpretada como 'um homem de sua própria escolha'
ressaltando a escolha soberana da parte de Deus bem como, à guisa de textos
bíblicos tais como 1Sm 2.35; 16.7, entendemos que Davi, o escolhido do Senhor,
'era segundo o coração de Deus' no sentido de estar dedicado à sua
vontade e aos seus propósitos. Davi viveu para o Eterno e, consequentemente,
viveu também para os outros. A vontade de Deus aparece aqui como "o que
se tem determinado e que será feito". Este homem, com seu coração de
servo, realizou aquilo que o Senhor esperava. Davi viveu para o Eterno e,
consequentemente, viveu também para os outros. Bom estudo e crescimento
maduro na fé cristã!
I: DAVI É CONSTITUÍDO
REI
1. Três motivos para sua
escolha. Ninguém é colocado
em uma posição apenas por acaso; tem de haver algum mérito para isso. Davi foi
aclamado por toda a tribo de Israel (norte) e ungido rei por três razões.
Primeiramente, ele preenchia todas as condições da realeza, o que prontamente
excluía a possibilidade de uma liderança estrangeira (Dt 17.15), pois era irmão
da nação (1 Cr 11.1). O segundo motivo para escolher Davi foi devido à sua
liderança militar (1 Sm 18.16). O terceiro motivo estava pautado em uma
promessa da parte de Deus, de que o trono entregue a Davi seria levantado tanto
sobre Israel quanto sobre Judá (2 Sm 3.10). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019.
Lição 9, 1º Dezembro, 2019]
O rei foi escolhido e provido por Deus (Dt 17.1 S),
que ordena todas as coisas de acordo com o conselho do sua própria vontade (Is
40.14), e não de acordo com o desejo dos homens (8.5-6; 2Sm 2.8-9). Assim, não
é correto afirmar que por três motivos Davi foi aclamado rei. Então, por que
Deus escolheu Davi para ser rei? Porque viu algo no seu coração. Deus diz a
Samuel: “É em Davi que está o coração que eu procuro”. Aos olhos humanos,
saltava essas qualidades listadas em Davi; Davi lutou em nome do Senhor e para
a glória do Senhor, cujo nome e glória se estenderão até os confins da terra,
em todas as nações, Davi sabia que do SENHOR é a guerra (Dt 31.6; jz 7.18).
Davi entendia totalmente a questão principal, ou seja, ao desafiar o povo do
Senhor, os filisteus na verdade estavam desafiando o Senhor. Parte do reinado
de Saul já havia sido transferida para Davi; a saber, Judá; entretanto, Abner
jurou que completaria o processo ajudando Davi a obter o restante do reinado -
desde Dã até Berseba - essa era uma expressão que representava todo o país (Jz
20.1), ou seja, de Dã, no norte, até Berseba, no sul.
“Davi tinha algumas qualidades e características
que fizeram com que fosse escolhido por Deus para liderar o Seu povo.
Demonstrava
respeito pela autoridade estabelecida por Deus, pois mesmo quando teve
oportunidade de matar Saul (que era seu inimigo e estava determinado a
matá-lo), não o fez.
Tinha desejo
de aprender e se sujeitava à vontade de Deus;
Era um
verdadeiro adorador e tinha um coração grato;
Possuía uma
fé absoluta em Deus;
Era
responsável;
Tinha um
profundo amor pela Lei de Deus;
Revelava
coragem e valentia, e não tinha medo de enfrentar gigantes e participar em
guerras;
Era um homem
de integridade;
Tinha temor a
Deus.” (respostas)
2.
Davi como pastor e chefe. Na Bíblia, a figura do pastor de ovelhas serve para descrever os
governantes de Israel. Está escrito que Davi deveria agir como chefe e pastor
do rebanho. Na qualidade de chefe (heb. nagid), ele seria um capitão, príncipe,
líder; como pastor (heb. ro`eh), ele cuidaria, apascentaria; ele se revelaria
um amigo especial (do heb piel). Assim, Deus zelava pelo seu povo (Sl 23;
77.20).
Estava claro que
para Davi ter um reinado consolidado bastava apenas ser um líder, um pastor
amoroso, não um déspota ou um tirano. O apóstolo Pedro diz que o pastor deve
pastorear o rebanho sem qualquer exibição de domínio, mas sendo o exemplo do
rebanho (1 Pe 5.3). Paulo disse que não queria dominar a fé de ninguém, antes,
desejava ser cooperador da alegria de cada cristão (2 Co 1.24). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019.
Lição 9, 1º Dezembro, 2019]
“Quando lemos a Bíblia, encontramos Davi
primeiramente como pastor. Ele era o mais novo de seus irmãos e não foi
incluído no sacrifício especial organizado por Samuel. No entanto, era ele que
Deus havia escolhido, o homem segundo o coração de Deus, e assim ele foi
convocado do campo onde estava cuidando do rebanho para ser ungido rei. Deus o
chamou para pastorear um rebanho diferente, seu povo de Israel (1Sm 16.1-13;
2Sm 5.2, Sl 78.70-71). O pastorear é uma das ocupações mais antigas. Assim, não
é de surpreender que o cuidado de um pastor e seu relacionamento com seu
rebanho fosse uma metáfora comum, no antigo Oriente Próximo, para a liderança
de pessoas, especialmente a realeza. Além disso, vários deuses das nações eram
ocasionalmente mencionados como pastores. Na Bíblia, os líderes civis e
religiosos são chamados de pastores, e as imagens estão ligadas à realeza (por
exemplo, 1Rs 22.17), especialmente com Davi. Deus é chamado de pastor (por
exemplo: Gn 48.15; Sl 23.1; 80.1), e elementos da vida de um pastor ocorrem
várias vezes para descrever a atividade de Deus (por exemplo: Sl 31.3; Is
40.11; Mq 7.14). Mesmo depois de deixar as pastagens Davi continuou, em sua vida,
a desempenhar a função de pastor. Muito do que ele aprendeu conduzindo ovelhas
ele aplicou como líder de homens. É famosa a forma como ele apelou para suas
façanhas em guardar o rebanho, e em como ele dependia de Deus, para demonstrar
sua capacidade de lutar contra Golias (1Sm 17. 34-37). As experiências de Davi
como pastor também são vistas na forma de suas poesias, fornecendo imagens
ricas para muitos de seus mais queridos salmos, incluindo o Salmo 23. Davi
conhecia o constante cuidado necessário para ser um bom pastor e o aplicou como
uma rica metáfora para o constante cuidado de Deus por ele no Salmo 23.” (voltemosaoevangelho)
3. Entrando em aliança com o povo. Ninguém consegue fazer alguma coisa sozinho. Tendo
qualidades de bom guerreiro e de bom líder, Davi não poderia governar sem o
povo, portanto precisava fazer aliança com todos para ter um reino bem
fortalecido. Observe que a aliança que ele firma tem características pastorais,
não monárquicas; por isso, foi ungido rei sobre Israel e todos prometeram
lealdade ao novo rei (2 Sm 8.10-18; 2 Rs 11.17; 1 Cr 11.3). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019.
Lição 9, 1º Dezembro, 2019]
Davi governou o seu reino de maneira justa, e no
futuro o "Messias" irá governar de maneira semelhante (Is 9.7; Jr
23.3; 33.15). Ao testemunhar as bênçãos de Deus em sua vida, Davi reconheceu o
papel do Senhor no estabelecimento do seu reinado. Davi se comprometeu
formalmente a cumprir certas obrigações perante os israelitas, inclusive fazer
cumprir seus direitos e responsabilidades, tanto de uns para com os outros como
para com o Senhor (2Rs 1-1.17). Independentemente da excelência dessa aliança,
ela não acabou com o sentimento básico de uma identidade separada sentida por
Israel e Judá como a sedição de Seba (2Sm 20.1) e a dissolução do reino unido
sob Roboão (1Rs 12.16) demonstrariam mais tarde.
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Neste primeiro tópico é possível
trabalhar melhor as habilidades pessoais que Davi tinha e que foram
determinantes em seu reinado. Destaque para a classe as características
pessoais que o faziam ter condições de ocupar o reinado (ora, Davi não era
estrangeiro, mas da tribo de Judá); ele apresentou uma liderança militar ao
recrutar soltados para o seu apoio, principalmente, na Caverna de Adulão; era
uma pessoa contrita diante de Deus, pois não tardava em buscá-lo; seu estilo
fez com que fosse visto como um pastor do povo, um chefe muito próximo. Além
disso, ele fez aliança com o povo de Israel para garantir a unidade do seu
reinado.Assim, trace um pouco do perfil do rei Davi conforme a
exposição do primeiro ponto deste tópico.
II. A CONSOLIDAÇÃO DO REINO DE DAVI
1. A
edificação de Jerusalém. Tão logo é ungido rei, Davi se lança ao trabalho. O primeiro intento é
tornar sua capital forte e bela. Sua corte e família tornaram-se grandes e
notáveis (2 Sm 3.2,5; 5.13-16).
Davi trouxe grandes
mudanças ao povo israelita. Quanto a Jerusalém, ele a considerava algo
particularmente seu, pois fora conquistada sob a sua liderança. Nesse caso, ela
era vista como um espólio próprio. Davi entra logo em luta contra os filisteus
para expulsá-los. Sendo ele um líder bem preparado, conhecedor das táticas dos
seus opositores, busca a orientação divina e parte para a batalha, ferindo por
duas vezes os filisteus. Com a presença de Deus na vida, Davi consegue derrotar
seus inimigos e controlar suas fronteiras, mantendo-os sob seu poder. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019.
Lição 9, 1º Dezembro, 2019]
Na Bíblia, Jerusalém é citada mais do que qualquer
outra (de Gn 14.18 a Ap 21.10). A cidade ficava no território de Benjamim,
perto da fronteira norte de Judá e era muito bem fortificada por causa de sua
altitude e dos vales profundos que a cercavam, que a tornavam naturalmente
defensável em três lados. Além disso, possuía uma reserva de água abundante, a
fonte de Giom, além de ficar perto das rotas comerciais. A cidade havia sido
conquistada anteriormente por Judá (Jz 1.8), mas nem Judá nem Benjamim tinham
tido sucesso em desalojar permanentemente os habitantes jebuseus (Jz 1.21). Ao
tomar Jerusalém, Davi conseguiu eliminar essa cunha estrangeira entre as tribos
do norte e as tribos do sul e estabelecer a sua capital. Tanto a cidade de
Belém, o local de nascimento de Davi (Lc 2.4), como Jerusalém, o local do
governo de Davi, receberam o título de ‘Cidade de Davi’.
2. As
reformas religiosas. O capítulo 6 de 2 Samuel trata da ação de Davi em busca da Arca para
Jerusalém. O sentimento que o envolve revela grande respeito pelas coisas de
Deus, enquanto o rei Saul era insensível para com o sacerdócio. Dentre outras
coisas, Davi valorizava tudo aquilo que estava relacionado às ordenanças
divinas. Ele respeitava o sacerdócio, a Arca, e procurava preservar toda essa
herança espiritual, inclusive elevá-la.
É bom levar em
consideração que Davi não tencionava apenas fazer de Jerusalém uma capital
religiosa para manter o povo leal a si; não se tratava de estratégia política.
Davi era um homem que amava as coisas de Deus. Nas cerimônias religiosas, ele
se entregava para adorar ao Senhor, o que por vezes, para alguns, causava
escândalo, como o foi para Mical (2 Sm 6.20). Mas procedia assim porque
desejava exaltar o seu Deus. [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Dezembro, 2019]
A arca não havia apenas sido roubada e
profanada pelos filisteus (1Sm 5-6), mas quando foi revolvida, Saul se recusou
a seguir a orientação de Deus quanto ela. A Escritura registra uma única
ocasião em que Saul buscou a arca do Senhor depois do seu retorno: 1Sm 14.18.
Uma das diferenças básicas entre Davi e Saul é que este não demonstrava muita
preocupação com o culto ao Senhor e com os ministros do culto, enquanto aquele
comprova um zelo especial pela adoração a Deus (Leia os capítulos 6 e 7 de 2
Samuel). Não se pode governar, reinar ou fazer qualquer outra coisa com êxito
se há negligência no culto a Deus. Quando Saul lembrou-se de levantar um altar
a Deus, já estava todo complicado por causa de suas transgressões às ordens do
Senhor. Não esqueçamos esse fato, pois o Eterno considera primeiramente, e
antes de qualquer coisa, a obediência (1 Sm 15.22). Davi foi coroado rei de
todo o Israel pelos próprios anciãos do povo que reconheceram a unção real
sobre sua vida, que zelava pela adoração a Deus acima de tudo. Veja como age um
homem que tem seu coração voltado para Deus: Davi, mediante a sua aliança com
Hirão e a ajuda deste (1Cr 18.1), pôde construir um palácio para si e casas
separadas para as suas esposas e seus filhos. Enquanto a arca permaneceu perto
de Jerusalém, na casa de Obede-Edom, durante três meses (1Cr 13.13-14), Davi
construiu um novo tabernáculo em Jerusalém a fim do cumprir a palavra do Senhor
em Deuteronômio 12.5-7 de uma habitação permanente para esta. Depois deste
intervalo de três meses, Davi seguiu as orientações mosaicas para movimentar a
arca (Nm 4.1-49; Dt 10.8; 18.5). Essas orientações tinham sido violadas quando
a arca foi transportada de Quiriate-Jearim até Obede-Edom, tendo custado a vida
de Uzá (1Cr 13.6-11).
Quanto ao fato de Davi vir à frente do cortejo,
dançando despido das vestes reais, demonstra que os hebreus, como outros povos
antigos e modernos, possuíam suas maneiras físicas de expressar a alegria
religiosa enquanto louvavam à Deus. O desprezo de Mical por Davi é explicado
pelo seu comentário sarcástico no versículo 20; Ela considerou a dança alegre e
desenfreada de Davi como conduta inadequada com a dignidade e seriedade de um
rei, pois o expunha de muitas maneiras.
3. A
suprema aliança davídica. Quem profetizou sobre a aliança davídica foi Natã. Assim como Deus
falara que abençoaria a família de Abraão, não seria diferente com Davi; ele e
sua família teriam um grande nome (2 Sm 7.1-15). Podemos ver que três coisas
importantes iriam caracterizar a aliança davídica: a) a firmeza da sua família
na terra; b) seus sucessores teriam a presença de Deus; e c) uma dinastia
eterna (2 Sm 7.11-16). [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Dezembro, 2019]
2 Samuel 7.1-17, assim como 1Cr 17.1-15, registram o
estabelecimento da aliança davídica, a promessa incondicional do Senhor a Davi
e sua posteridade. Embora não seja chamada de aliança aqui, mas somente em 2Sm
23.5. Essa promessa é de vital importância para o entendimento da promessa
irrevogável de Deus em que um rei da linhagem de Davi governará para sempre. É
estimado que mais de 40 passagens bíblicas individuais estejam diretamente
relacionadas a esses versículos (SI 89; 110; 132); portanto, essa passagem é de
especial importância no Antigo Testamento. Seu cumprimento definitivo
acontecerá na segunda vinda de Cristo, quando ele estabelecer o reino do
milênio na terra (Ez 37; Zc 14; Ap 19). Essa é a quarta das cinco alianças
irrevogáveis e incondicionais feitas por Deus. As primeiras três são:
1) A aliança noaica (Gn 9.8-17);
2) A aliança abraâmica (Gn 15.12-21) e
3) a aliança levítica ou sacerdotal (Nm 3.1-18; 18.1-20;
25.10-13).
A nova aliança, que realmente proveu a redenção, foi
revelada mais tarde por intermédio de Jeremias (Jr 31.31-34) e foi cumprida
pela morte e ressurreição de Jesus Cristo (Mt 26.28) - “tua casa... teu
reino... teu trono” (2Sm 7.16) - esses 3 termos foram cumpridos em Jesus
(Lc 1.32b-33).
SUBSÍDIO HISTÓRICO-CULTURAL
Um pouco da monarquia antes do reinado de Davi: “O surgimento da monarquia
sob Saul fez pouco para curar a crescente brecha entre Judá e as tribos do
norte. Durante o seu reinado, o abismo entre as tribos tomava proporções
consideravelmente grandes. Por exemplo, o historiador aponta que, quando Saul
fez uma convocação geral para livrar Jabes-Gileade de Amom, trezentos mil
homens vieram de Israel, mas apenas trinta mil de Judá (1 Sm 11.8). Quando
realizou a campanha contra os amalequitas, Saul contou ‘duzentos mil homens de
pé, e dez mil homens de Judá” (1 Sm 15.4). Os números são reveladores,
mostrando que Judá proveu um número bastante reduzido de soldados em comparação
com Israel, um fato comprometedor para a própria Judá, uma vez que os amalequitas
viveram por muitos anos em sua fronteira ao sul. Estaria Judá mostrando sinais
de uma postura anti-Saul? Além disso, depois de Davi ter matado o gigante
Golias, ‘os homens de Israel e Judá’ perseguiram os filisteu (1 Sm 17.52) e,
quando Davi foi colocado na corte de Saul, ‘todo o Israel e Judá amava a Davi’
(1 Sm 18.16). Está claro que Israel e Judá eram tidos como duas entidades
particulares que seguiam seus interesses separadamente” (MERRIL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que
Deus colocou entre as nações. 6.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, pp.239,40). Com o reinado de Davi essa realidade mudou
III. A GRANDEZA POLÍTICA DO
REINADO DE DAVI
1. As
realizações militares. Nas Escrituras, há registros das diversas ações militares de Davi (2 Sm
8.1-14). Muitos denominam esse texto de “o Davi que ataca”. Note que a tônica
dos versículos é sobre os verbos “feriu”, “sujeitou”, “matou”, “tomou”. Sua
ação começa com o desbaratamento dos filisteus, mas vai se alastrando até fazer
fronteira com outros povos, já nos limites de Israel. A lista de povos vencidos
inclui: filisteus, moabitas, sírios, edomitas.
Não demorou para que
importantes possessões gentílicas estivessem sob o controle de Davi. Como é
maravilhoso ter um líder cujo coração e força são dominados pelo Senhor! Deus
deseja levantar líderes segundo o seu coração! [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre
2019. Lição 9, 1º Dezembro, 2019]
2Sm 8.1 -14 esboçam a expansão do reino de Davi sob
a mão do Senhor – “e o Senhor dava vitórias a Davi, por onde quer que ia”
(v.6 e 14). Os maiores inimigos de Israel foram todos derrotados à medida que o
reino de Davi foi se expandindo ao norte, sul, leste e oeste (1Cr 18.1-13). É
interessante notar que essas conquistas ocorreram antes do acontecimento
narrados no capítulo 7. “Um dos pontos fortes de Davi era sua convicção de
que a ajuda e a direção de Deus eram absolutamente essenciais para o sucesso na
batalha. Por isso, sua prática regular era consultar ao Senhor. Para cumprirmos
o propósito de Deus para nossa vida também devemos buscar a direção de Deus,
por meio da oração e do Espírito Santo que em nós habita (Rm 8.1-17). Era
preocupação de Davi retirar de Israel toda idolatria, tudo o que não fosse da
aceitação de Deus. Era preciso destruir os inimigos, os povos pagãos deveriam
ser extinguidos do meio de Israel e as Terras dadas pelo Senhor a Israel
deveriam ser possuídas e levadas a serem santificadas a Deus” (Lição 07 - A
Expansão do Reino - Lições Bíblicas Jovens e Adultos - 4º trimestre de 2009;
Davi - As vitórias e as derrotas de um homem de Deus)
2. As
administrações de Davi. Foram muitas as mudanças realizadas por Davi, que o fizeram destacar-se
no campo militar, político, administrativo e religioso. Lendo o capítulo
8.15-18 e 20.23-26, observamos como Davi fez importantes mudanças na área
administrativa.
No comando de suas
tropas, estava à frente Joabe; havia uma guarda real, um superintendente da
corveia, que lidava com os estrangeiros. No campo religioso, Davi tinha dois
sacerdotes: Zadoque e Aimeleque (2 Sm 8.17); um cronista, um escrivão (1 Cr
24.3), os quais eram responsáveis pelos registros e documentos do Estado,
dentre outras nuanças administrativas.
Esse corpo
administrativo não era autônomo; todos agiam com a permissão do rei e, por ele,
eram supervisionados; cada setor só poderia agir ou fazer algo com a anuência
dele. Davi procurou montar um setor administrativo que o pudesse auxiliar no
seu reinado.
O sucesso de um
obreiro depende de oração, pregação, ensino, mas também de saber administrar
com eficiência as coisas de Deus; para isso são chamados (Tt 1.5). Paulo diz
que dois tipos de obreiro precisam ser bem remunerados: os que se afadigam na
Palavra e os que administram bem (1 Tm 5.17). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019.
Lição 9, 1º Dezembro, 2019]
Davi governou o seu reino de maneira justa, e não
poderia ser de outra forma, já que ele é um tipo do Messias
que viria; No futuro o "Messias" irá governar de maneira semelhante
{Is 9.7; Jr 23.3; 33.15). Joabe era o Capitão do exército de Davi, era seu
‘ministro da Defesa’ e ‘Comandante das Forças Armadas’ do reino; Josafá era o
cronista, o responsável por manter os registros do Estado e era possivelmente o
mensageiro real (1 Rs 4.3). Zadoque, filho de Aitube, era um sacerdote levita
descendente de Arão por meio de Eleazar (1 Cr 6.3-8.50-53) que, junto com a sua
casa, foi o cumprimento do oráculo do homem de Deus em 1Sm 2.35. Mais tarde,
ele se tornou o único sumo sacerdote do reino de Salomão, cumprindo a promessa
de Deus a Fineias (Nm 25.10-13). Abiatar foi sacerdote de Davi junto com
Zadoque, traçava sua linhagem de Eli {1Rs 2.27) até Itamar (1Cr 24.3). Com a
remoção de Abiatar (1Rs 2.26-27), a maldição de Deus sobre Eli foi concluída
(1Sm 2.33), e a promessa de Deus a Fineias, da linhagem de Eleazar, foi
cumprida (Nm 25.10-13; 1Sm 2.35). Seraías servia como escrivão oficial de Davi.
Benaia serviu como comandante da guarda pessoal de Davi. No reinado de Salomão
ele foi elevado ao posto de Comandante do Exército (1Rs 2.34-35; 4.4), depois
de ter matado Joabe. comandante de Davi. Esta guarda real era um grupo formado
por mercenários (1Sm 30.14). Embora o texto hebraico fizesse referência aos
filhos de Davi como sacerdotes, a Septuaginta refere-se a eles como
"príncipes da corte". Esta última interpretação é sustentada por 1Cr
18.17, que se refere aos filhos de Davi como "primeiros ao lado do
rei", eram então, os ministros do rei.
3. O
culto público. Davi fez consideráveis mudanças no culto público. Os sacerdotes eram
Zadoque e Aimeleque (2 Sm 8.17). Crê-se que Abiatar já estivesse aposentado (2
Sm 15.24). Historicamente, pode-se entender que, no aspecto religioso, as
cerimônias desenvolveram-se com a família sacerdotal de Arão. Davi faz tais
mudança, porque tinha interesse pelo culto; ele o faz com todo cuidado, amor e
reverência, tendo sempre como objetivo a maior glória de Deus. Veja o relato
completo das realizações litúrgicas de Davi em 1 Crônicas 23.1-30.
A organização do
culto é algo que deve ser pensado com todo cuidado, pois os que o fazem de
qualquer jeito, por vontade própria, sem a prescrição das normas divinas,
poderão sofrer consequências da parte de Deus. Foi o que aconteceu com Nadabe e
Abiú, que, querendo fazer culto por conta própria, foram fulminados pelo fogo
do Senhor (Lv 10.1,2). [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Dezembro, 2019]
Davi trouxe a Arca para Jerusalém, estando ainda, o
tabernáculo em Gibeon (ou Gabaon; ou Gibeão), com o intuito de reunir tanto a
Arca quanto o Tabernáculo em um único templo na novisssíma capital do reino e
em breve, o centro cultual de Israel. Não coube a Davi a honra de construir uma
casa para o Senhor, e nesse intervalo, Israel contou com dois lugares de
adoração e dois sumo-sacerdotes, um em Gibeon e outro na capital (1Cr 15.11). O
cronista toma em consideração essa situação e justifica dizendo que a Tenda do
Deserto tinha ficado erguida lá (21.29; 2Cr 1.3), em consequencia, ele reparte
o efetivo levitico entre o santuário de Gibeon e o novo santuário da Arca, em
Jerusalém. O traslado foi marcado pela beleza ritual, pela separação
(santificação) de um efetivo de 862 sacerdotes e levitas. Davi revigora nesse
ato o que a nação esqueceu ou desprezou. É com Davi que observamos os primeiros
passos rumo ao retorno da verdadeira adoração a Jeová. A liturgia judaica era
complexa e inflexível. O que é liturgia? A história do termo começa com uma
palavra composta: ‘Leitourgia’ de ‘ergón’ (obra) e ‘leitos’ (adjetivo derivado
de ‘leos’ ou ‘laos’ - povo). Este termo significava ou indicava nas democracias
gregas (segundo o grego clássico e helênico): ‘a prestação de um serviço por
parte dos cidadãos de classe média no benefício da coletividade’. A Septuaginta
emprega o termo ‘leitourgía’ e seus derivados para designar o serviço do templo
por parte dos sacerdotes e levitas, enquanto que os termos correspondentes em hebraico
são usados também para serviços que não sejam de culto. Segundo um enfoque
puramente semântico, literalmente pode significar festa, celebração, e ainda
culto (Latreia). No Antigo Testamento, o equivalente para liturgia é festa
(‘Hag’: dança e ‘Saret’: serviço) e ‘Aboda’ (obra, serviço) que também se usa
para atos litúrgicos. Na maioria dos casos a liturgia se interpreta como “forma
de culto” e é obvio que a forma em si não assegura a realidade espiritual do
culto, mas a falta de forma tampouco. A forma deveria servir como ajuda aos
fiéis na adoração a Deus. De forma geral, quando pensamos em nossa relação com
o culto, fazemo-lo em termos de receber, de obter algo. Mas da perspectiva da
liturgia, o culto tem muito mais a ver com dar e oferecer do que com receber ou
obter. Liturgia é o que podemos oferecer a Deus no culto aceitável,
genuinamente autêntico e que expressa nossa submissão, dependência e serviço a
Ele.
SUBSÍDIO HISTÓRICO-CULTURAL
“É quase certo que durante esse período (980-976) Davi tenha dado início
ao seu programa de construções (2 Sm 5.9-12), o que incluiria, depois de tudo
pronto, os planos para edificação do templo. É óbvio que no reino de Davi houve
construções, palácios e edifícios públicos; porém, os envolvimentos com a
expansão do império e os acontecimentos que assolavam sua família impediram a
infra-estrutura impressiva característica de um monarca de sua estatura. A
reconciliação com Absalão deu-lhe a oportunidade esperada, que era transformar
a cidade de Jerusalém no centro religioso e político” (MERRIL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que
Deus colocou entre as nações. 6.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.277).
CONCLUSÃO
O reinado de Davi, e
de seu filho, Salomão, ficou conhecido como a era de ouro de Israel. Mas na
verdade, o rei Davi sabia que a fonte verdadeira de toda a grandeza do reino
vinha de Deus: “Porque quem sou eu, e quem é o meu povo para que pudéssemos dar
voluntariamente estas coisas? Porque tudo vem de ti, e das tuas mãos to damos
(1 Cr 29.14). [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 9, 1º Dezembro, 2019]
Davi responde à oferta fenomenal registrada em 1
Crônicas 29.6-9 expressando sacrifícios surpreendentes de riqueza com louvores
em que ele reconhece que todas as coisas pertencem a Deus e dele vêm. Ele
concluiu que Deus é tudo e que o homem é nada, como está no Sl 8. Essa oração
magnífica de agradecimento dá a Deus todo o crédito, até mesmo pela
generosidade do povo.
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br