sábado, 27 de julho de 2019

LIÇÃO 4: A MORDOMIA DA FAMÍLIA


 
SUBSÍDIO I

A família nuclear, que é formada por pai, mãe e filhos, é uma instituição criada por Deus. Por isso, ela é tão atacada pelas forças do mal. No Século XXI, a Igreja de Jesus Cristo é o alvo predileto do materialismo ateu. Em vão, as forças diabólicas tentam destruir a Igreja, pois Jesus disse: “Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). Depois da Igreja, é a família que está sob ataque sem tréguas das ideologias infames que desejam destruir essa maravilhosa instituição criada por Deus. Antes de fundar a Igreja, Deus criou o casamento e, como decorrência deste, instituiu a família. Em seu plano divino, somente o grupo social que é formado por pai, mãe e filhos pode ser chamado de família. Essas instituições especiais, frutos da mente do Criador, têm sido terrivelmente atacadas pelas forças do mal. Os cristãos devem valorizar a mordomia da família dentro da visão bíblica sobre essa maravilhosa instituição, que é o núcleo de apoio, cuidado e amor a todos os que vêm ao mundo.
Quando Deus criou o ser humano, homem e mulher, Ele já tinha em mente a família. O Senhor fez o primeiro casal e determinou: “Portanto, deixará o varão o seu pai e sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gn 2.24). No Salmo 128, encontramos o valor da família no plano de Deus: “Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos! [...] A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos, como plantas de oliveira, à roda da tua mesa. Eis que assim será abençoado o homem que teme ao SENHOR!” (Sl 128.1,3,4). São promessas de Deus para a família que nEle crê, que o teme e que o obedece.
Deus disse a Abraão: “E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3). Deus deseja que haja em cada lar um ambiente espiritual que honre e glorifique o seu nome. O amor de Deus pela humanidade faz com que Ele veja todas as famílias da terra como alvo de sua bênção, pois todos os homens pertencem a Ele (Sl 24.1). Porém, só podem desfrutar do favor de Deus as famílias que se sujeitam a obedecer a sua palavra. 
Estudar sobre a mordomia da família é de suma importância para nós, pois, de uma forma ou de outra, nascemos numa família. Com exceção daqueles que são fruto da marginalidade, cada um vem de uma família, seja ela pobre ou rica, desconhecida ou famosa, pequena ou grande, evangélica ou não. A família é a base de nossa vivência. Nascemos e dependemos dela na maior parte da existência. Isso é plano de Deus. É tão importante cuidar da família que Paulo considera “pior que o infiel” quem não o faz.

Texto extraído da obra “Tempos, bens e talentos”, editada pela CPAD 

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO
Na presente lição, veremos que a família é a base de nossa vivência. Nela, nascemos, criamo-nos e dela dependemos por toda a vida. Veremos que todo esse processo é o plano de Deus revelado desde o Gênesis. Nas Escrituras, a família é tão importante que o apóstolo Paulo classifica de “pior que o infiel” quem dela não cuida (1Tm 5.8). Assim, o propósito desta lição é mostrar que o amor de Deus pela humanidade faz com que todas as famílias da terra sejam o alvo de sua bênção (Gn 12.3). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 4, 28 julho, 2019]
No que diz respeito à mordomia, há uma área que tem sido esquecida e negligenciada entre nós: a família. Vítima de ataques cada vez mais abertos por parte do mundo, infelizmente, ela  não tem recebido o devido cuidado que Deus requer de nós. O amor de Deus é manifestado no cuidado que tem por nós, e compreendemos melhor esse cuidado, quanto mais conhecemos acerca das coisas que Deus tem preparado para nós. A família é uma das áreas onde o amor de Deus se demonstra mais intensamente. Na aliança de amor que Deus estabeleceu com a sua criação e o seu povo, a família recebe um cuidado todo especial. Assim, tanto o primeiro lar, como nosso lar futuro, nos dão vislumbres gloriosos de Deus e de seu projeto para a família. Qualquer cristão que não zela por sua família é culpado de: 1º negar o princípio de amor cristão compassivo (Jo 13.35; Rm 5.5; 1Ts 4.9), e 2º ser "pior do que o descrente"; isso por que a maioria dos pagãos naturalmente cumpre esse dever, por isso os cristãos, que: têm o mandato e o poder de Deus para cumpri-lo e não o fazem, comportam-se de maneira pior do que os pagãos (1Co 5.1-2). Aprendamos, portanto, qual deve ser o nosso papel como mordomos do nosso lar.

I. A FAMÍLIA NO PLANO DE DEUS

1. A instituição do casamento. Antes de estabelecer a família. Deus instituiu o casamento. O Senhor Jesus confirmou essa instituição original e legal, conforme a Lei de Deus: “Não tendes lido que, no princípio, o Criador os fez macho e fêmea e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher, e serão dois numa só carne?” (Mt 19.4,5; cf. Gn 2.24). Aqui está, de maneira clara, a origem do casamento como instituição divinamente estabelecida.
Gênesis 2.18-25 é a certidão de nascimento do casamento. Embora a Bíblia fale sobre o assunto em muitas passagens, essa é a primeira referência. É a base sobre a qual o casamento é edificado. “O processo, como registrado, nos diz que Deus tomou uma das “costelas” de Adão (Gênesis 2:21-22). A palavra hebraica literalmente significa “o lado de uma pessoa”. Por isto, Eva foi tomada do “lado” de Adão e é a seu lado que deve ficar. “E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo o animal do campo; mas para o homem não se achava ajudadora idônea” (Gênesis 2:20). As palavras “ajudadora idônea” são a mesma palavra hebraica. A palavra é “ezer” e vem de uma palavra-raiz primitiva que significa ficar à volta, proteger ou auxiliar, ajudar, ajudador, assistir. Por tal razão, significa ajudar, assistir ou auxiliar. Eva foi criada para ficar ao lado de Adão como sua “outra metade”, para ser seu auxílio e sua ajuda. Um homem e uma mulher, quando se casam, se tornam “uma só carne”. O Novo Testamento adiciona um aviso a esta “unidade”: “Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem” (Mateus 19:6).” (GOTQUESTIONS). Jesus também falou sobre a santidade do casamento em Mateus 19. Assim vemos a importância de cuidar e dar valor à família. Quando a família não é valorizada, existe sofrimento para o casal e os filhos.
2. Origem da família. O livro de Gênesis relata que a partir do homem e da mulher, Deus estabeleceu a família: “E Deus os abençoou e Deus Lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra” (Gn 1.28). Essa instituição é tão importante diante de Deus, que Ele a criou antes do Estado e, até mesmo, da Igreja. E foi a partir de uma família que o Altíssimo prometeu abençoar todas as demais: “E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3).
Quando o homem foi criado, Deus viu que não era bom que ele estivesse sozinho, e por isso criou a mulher para ser sua companheira. Juntos, eles receberam a ordem de se multiplicar e povoar a Terra em Gênesis 1.28. A primeira instituição humana a ser estabelecida foi o relacionamento marital. A responsabilidade de honrar os pais (Êx 20.12) não acaba com a partida da casa paterna e a união entre marido e mulher (Mt 19.5; Mc 10.7-8; ICo 6.16; Ef 5.31), mas representa a inauguração de uma união permanente ou indissolúvel, de modo que divórcio não deve ser cogitado (cf. 2.16). "Uma só carne" fala de uma união completa de partes perfazendo um todo; por exemplo, um cacho de muitas uvas (Nm 13.23) ou um Deus em três pessoas (Dt 6.4); assim, essa união marital era completa e integral com duas pessoas. Isso também implica a complementação sexual. Um homem e uma mulher constituem o par que reproduz. O "uma só carne" é principalmente visto no filho nascido dessa união, o perfeito resultado da união dos dois. Cf. os usos desse versículo em Mt 19.5-6; Mc 10.8; ICo 6.16; Ef 5.31. A monogamia permanente foi e continua sendo o desígnio e a lei de Deus para o casamento.
Após a criação do primeiro casal, a Bíblia fala sobre muitas famílias. Gênesis 12 diz que através da família de Abraão, todas as famílias da terra seriam abençoadas. Paulo identifica essas palavras como o evangelho preanunciado a Abraão (Gl 3.8). As "boas-novas" para Abraão foram as novas da salvação para todas as nações (Gn 22.18; Jo 8.56; At 26.22-23).

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Inicie a aula de hoje, perguntando: “Qual a origem da família?” Ouça as respostas dos alunos. Estimule para que eles participem a fim de obter as respostas. Após ouvir as respostas atenciosamente, dê uma resposta unificada a partir da exposição do tópico. Aproveite este texto para corroborar a explicação: “O que é família? A família não é um grupo de pessoas rivais, alheias aos interesses umas das outras. Em termos de unidade, é o conjunto de todas as pessoas que vivem sob o mesmo teto, proteção ou dependência do dono da casa ou chefe, que visam ao bem-estar do lar; enfim que se comunicam, se amam e se ajudam. Essa convivência exige o uso e a aplicação de toda a capacidade de viver em conjunto, a bem do perfeito e contínuo ajustamento entre os membros da família e destes para com Deus. O convívio entre os familiares indica o grau e o nível das relações com o Pai e determina o curso do sucesso na família.
Vale lembrar que a família foi criada por Deus com elevados propósitos em todos os sentidos da vida, inclusive quanto ao número de filhos” (SOUZA, Estevam Ângelo. ...e fez Deus a família: O padrão divino para um lar feliz. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, p.30).
II. A MORDOMIA DA FAMÍLIA
1. Os princípios que regem o casamento cristão. Há um manual de união matrimonial: a Bíblia Sagrada. Nela, encontramos princípios universais e atemporais para o casamento.
1.1. O princípio da monogamia. No plano original de Deus para o casamento, o princípio da monogamia está declarado assim: “Portanto, deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher, e serão ambos uma só carne” (Gn 2.24). Mas, infelizmente, após a Queda, o homem desviou-se do plano divino, e distorceu as diretrizes básicas de Deus para o matrimônio. Por exemplo, a Bíblia narra a história de Lameque, filho de Metusael, que deu início à prática da bigamia (Gn 4.19). Assim, com o passar do tempo, a poligamia também foi temporariamente aceita na comunidade hebreia.
Quando o ser humano se rebela contra a vontade monogâmica de Deus quanto ao casamento, um abismo passa a chamar outros abismos: incesto, homossexualismo, pedofilia, zoofilia, necrofilia e outras abominações semelhantes.
 Diante de um quadro tão grotesco e estarrecedor, a Palavra de Deus impõe-nos o padrão monogâmico, heterossexual e indissolúvel como a vontade original do Criador para o matrimônio (1Co 7.1,2). 
Não é dada a razão por que Lameque tomou duas esposas, tornando-se o primeiro exemplo de bigamia. A poligamia é uma perversão do primeiro princípio do casamento, que é monogâmico em sua origem. O fato de Deus tolerar a poligamia, talvez seja porque ainda se mantivessem intactos os princípios da a heterossexualidade e indissolubilidade. Abraão era chegado a uma concubina (Gn 16; 25.6); Jacó teve duas esposas e duas concubinas (Gn 29.18-29; as doze tribos de Israel nasceram dessas quatro mulheres); Gideão “tinha muitas mulheres” (Jz 8.30); Salomão dispensa comentários (1Rs 11.3). A própria lei de Moisés reconhece como legítima a bigamia (Dt 21.15; e não vejo por que a poligamia também não esteja implícita aqui).
1º Coríntios 7.1-11-34 compreende as respostas de Paulo a questões práticas a respeito das quais os coríntios haviam escrito a ele numa carta provavelmente entregue por Estéfanas, Fortunato e Acaico (1Co 16.17). A primeira dessas perguntas tinha a ver com o casamento, uma área problemática devido à corrupção moral da cultura que tolerava a fornicação, o adultério, a homossexualidade, a poligamia e o concubinato. Alguns tinham a noção de que, por causa de todo o pecado sexual e confusão conjugal, seria melhor ficar solteiro, e ainda mais espiritual, ser celibatário. Isso poderia levar alguns falsos religiosos a defender o divórcio para que a pessoa voltasse a ser solteira. Esses versículos elevam o estado de solteiro conquanto a pessoa seja celibatária, mas de modo algum eles ensinam que o casamento seja errado ou inferior. Paulo usa um eufemismo judaico para a relação sexual (toque em mulher), para dizer que é bom que não se pratique o sexo, ou seja, ser solteiro e celibatário. Não é, entretanto, apenas isso que seja bom ou até mesmo melhor do que o casamento. Quando a pessoa é solteira há o grande perigo do pecado sexual (Mt 19.12). O casamento é a única provisão de Deus para a satisfação sexual. Entretanto, o casamento não deve ser reduzido simplesmente a isso. Paulo tem uma visão muito mais elevada a respeito dele e a expressa em Ef 5.22-23. Aqui, ele está enfatizando o problema do pecado sexual para as pessoas solteiras. Paulo chega a detalhar a intimidade do casal quando exorta os cristãos casados, os quais não podem privar sexualmente seus cônjuges. Conquanto o celibato seja correto para os solteiros, é errado para os casados. A prática da privação pode ter sido mais comum quando um cristão tinha um cônjuge não salvo.
1.2. O princípio da heterossexualidade. Nas Escrituras, Deus definiu para o casamento o princípio da união heterossexual: um homem e uma mulher unidos para sempre sob as bênçãos divinas.
Quando Gênesis 2.24 estabelece o princípio monogâmico e heterossexual, o texto identifica o homem que deixa a casa do pai e da mãe, para unir-se à sua mulher, tornando-se “ambos uma só carne”. Ao lado da monogamia, a heterossexualidade é o princípio inegociável em qualquer tempo ou lugar. Entretanto, cabe aqui uma advertência bíblica e séria: esses dois princípios só sustentam o casamento se forem vividos sob a égide do verdadeiro e sacrifical amor de ambos os cônjuges (Mt 22.37-40; cf. Ef 5.22-25). Por isso, lute por seu amor; ame o seu cônjuge; renove os votos matrimoniais periodicamente.
Nestes tempos em que se discute a legitimidade do “casamento homossexual”, você tem uma boa oportunidade para reafirmar aos alunos o casamento heterossexual como o único possível e legítimo. Você encontrará na Internet e nos órgãos de comunicação um farto material sobre o assunto. Já dissemos que a poligamia perverte o princípio monogâmico do casamento, mas o modelo da “família ampliada” não violava um terceiro princípio, o da indissolubilidade e de modo alguma atentava contra o princípio da heterossexualidade. O tema de uma união homossexual legítima nem mesmo é cogitado na Bíblia. A razão é que só um homem e uma mulher podem se tornar “uma só carne”. Para dois homens ou duas mulheres isso é impossível. Daí que só o casamento heterossexual é possível. E podemos considerar ainda a questão da perpetuação da espécie, outra impossibilidade para os “casais” de mesmo sexo.
2. A prioridade da família. A igreja local deve incentivar a mordomia da família de forma constante e efetiva. O cristão precisa ter as prioridades corretas da vida. Normalmente, há muitos crentes e, até mesmo pastores, que priorizam a seguinte ordem: a) Deus; b) igreja; c) esposa; e d) filhos. Qual o equívoco dessa ordem de prioridades?
Biblicamente, o crente deve priorizar (1) Deus; (2) sua própria vida; (3) seu cônjuge; (4) seus filhos; (5) e a igreja local. Ora, alguém poderá indagar: Mas a Bíblia não diz que devemos priorizar o Reino de Deus? (Mt 6.33). Sim, é verdade. Entretanto, dentro da economia divina, há uma hierarquia muita clara para que a mordomia com a família seja plenamente atendida.
A Palavra de Deus diz que se alguém não cuida de sua família não se encontra preparado para liderar a Igreja de Cristo (1Tm 3.4,5). É muito triste quando o obreiro encontra-se empenhado em ganhar outras famílias para Cristo, mas perde sua própria casa por falta de atenção, zelo e amor (1Tm 5.8). 
Buscar o Reino de Deus é uma referência à esfera da salvação. O Mestre insistia que se buscasse salvação — e com ela viria o pleno cuidado e a provisão de Deus (Rm 8.32; Fp 4.19; 1Pe 5.7), não se deve confundir esse texto com ‘ativismo na igreja’. A prioridade da família fica evidente quando se exige que, o candidato ao episcopado ‘governe bem a própria casa’ (1Tm 3.4,5). A vida no lar, como a vida pessoal, daquele que deseja se engajar na Obra do Reino deve ser exemplar. Ele deve governar (presidir, ter autoridade sobre) "a própria casa" (tudo o que está relacionado ao seu lar, não somente sua esposa e filhos) "bem" (de maneira intrinsecamente boa; com excelência). Um presbítero deve, primeiro, provar na intimidade e na exposição de seu próprio lar sua capacidade de conduzir outros à salvação e à santificação. Ali, ele prova que Deus lhe tem dado a capacidade espiritual única de dar um exemplo de virtude, servir aos outros, resolver conflitos, construir a unidade e manter o amor. Se ele não pode fazer essas coisas essenciais em casa, por que alguém acharia que ele seria capaz de fazê-las na igreja?
3. O relacionamento entre pais e filhos. Na mordomia da família, alguns cuidados devem ser tomados a fim de que os filhos sejam criados na “doutrina e admoestação do Senhor” (Ef 6.4). Eles são herança e galardão de Deus (Sl 127.3). Como sacerdotes do lar, os pais devem realizar o culto doméstico. É muito importante priorizar esse momento para instruir os filhos na Palavra de Deus. Além de zelo espiritual, os pais devem ser exemplos de amor conjugal, paternal e maternal. 
Filhos crentes. Também traduzido por "fiéis", sempre é usado no Novo Testamento com o referência a cristãos e nunca a incrédulos, por isso se refere a filhos que tenham a fé salvadora em Cristo e que refletem isso em sua conduta. Uma vez que 1Tm 3.4 requer que os filhos estejam em submissão , pode estar falando filhos pequenos que vivem no lar, enquanto essa passagem visa aos que são mais velhos. Em Tito 3.5, ‘dissolução ... insubordinados’ implica libertinagem, sugerindo, novamente , que a referência se aplica a filhos já crescidos. "Insubordinados" carrega a ideia de rebeldia contra o evangelho. Aqui o presbítero mostra a sua habilidade de dirigir a sua família e levá-la à salvação e santificação (1Tm 3.4-3), um pré-requisito essencial para que possa estar à frente d a igreja.
Paulo tinha em mente, no texto de Efésios 6.4, os pais, e não apenas a figura paterna. A mesma palavra é usada em Hb 11.23 para os pais de Moisés. No mundo pagão dos dias de Paulo, e mesmo em muitas famílias judaicas, muitos pais regiam suas famílias com uma autoridade rígida e dominadora, daí, a recomendação para que os pais crentes não ‘provoquem’ seus filhos. Os desejos e o bem-estar de suas mulheres e de seus filhos eram raramente levados em consideração. O apóstolo deixou claro que a autoridade do pai cristão sobre seus filhos não permite exigências e restrições absurdas que poderiam levar seus filhos à ira, ao desespero e ao ressentimento, disciplina e admoestação do Senhor. É uma intimação para a disciplina e a instrução sistemáticas, fazendo com que os filhos respeitem os mandamentos do Senhor como a base de toda a vida, da piedade e da bênção (Pv 13.24; Hb 12.5-11).

SUBSÍDIO DOUTRINÁRIO

“A monogamia foi instituída pelo Criador, porém a poligamia foi criada pelos homens. O primeiro polígamo da história foi Lameque (Gn 4.19). A declaração bíblica ‘e apegar-se-á à sua mulher’ (Gn 2.24) fala da monogamia, isto é, o princípio do casamento de um homem com uma única mulher e vice-versa. [...] O Novo Testamento restabeleceu o princípio monogâmico original da criação (Mt 19.5; 1 Co 7.2; 1 Tm 3.2).
Jesus disse que, se uma mulher casada for de outro homem, comete adultério contra o seu marido, se ele estiver vivo; e da mesma forma o marido, se for de outra mulher, comete adultério contra a sua mulher, se ela estiver viva (Mc 10.11,12). Jesus foi mais profundo, cortando o mal pela raiz, pela causa, e não pelo efeito. Ele declarou: ‘Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela’ (Mt 5.27,28).
É verdade que nem sempre podemos impedir que as aves pousem em nossa cabeça, mas podemos impedir que ali façam ninhos. Ninguém está livre de ser sobressaltado por pensamentos pecaminosos, mas qualquer cristão pode perfeitamente impedir que esses pensamentos sejam cultivados (Cl 3.1-5)” (SOARES, Esequias. Casamento, Divórcio & Sexo à Luz da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, pp.16-17).

III. A FAMÍIA CRISTÃ SOB ATAQUE

1. O ataque do Estado materialista. De um modo geral, os países são governados por homens materialistas e indiferentes ao bem comum. Muitos governantes tornam-se agentes do Diabo, visando a destruição da família e da Igreja de Cristo.
Por essa razão, temos de usar estratégias poderosas para vencer os ataques do Maligno: a valorização da Palavra de Deus no lar, o culto doméstico, a leitura de boa e comprovada literatura cristã e a constante vigilância e prática da oração. Que a Palavra de Deus norteie o nosso lar (Dt 11.18-21)! 
Paulo, o apóstolo, anteviu o que hoje vivemos como realidade neste novo milênio: “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus…” (2 Tm 3:1-4). Seria ingenuidade ou ignorância fazermos de conta de que não existe crise e que tudo está indo muito bem. Podemos alterar este quadro, que caracteriza o novo milênio em relação à família, através de um avivamento da parte Deus, e isso não é automático, precisa ser buscado. “E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra” (2 Cr. 7:14). Não se conformar com o modelo oferecido pelo “deus deste século” (Rm 12:2; 2 Co 4:4) A palavra conformar significa tomar a forma, se amoldar. O que Paulo disse a Timóteo serve para todos aqueles que acreditam na família como projeto de Deus. “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste…” (1 Tm 3:14a) Preservar os princípios de Deus, estabelecidos em Sua Palavra para a família, é edificar a casa sobre a rocha (Mt 7:24,25). Pode haver as mudanças que houver, Jesus garantiu, este projeto é à prova de tempestade, não cai. Devemos celebrar as famílias e os casamentos que alcançaram sucesso no Senhor Jesus, como resposta aos modelos distorcidos de família. Essa iniciativa do povo de Deus, de afirmar o modelo bíblico de família como ideal divino, pode motivar ainda mais os relacionamentos sadios e encher de esperança tantos outros que estão lutando para superar as crises, porque acreditam na família como Deus a projetou. Quando honramos a Deus, não abrindo mão de princípios, Ele nos honra diante dos homens, manifestando sua vitória em nossas vidas. Com todo respeito que temos pelos que foram vítimas de uma separação conjugal, precisamos proclamar sempre que “Deus contínua odiando o divórcio” (Ml 2)” (AMOFAMILIA)
2. O ataque da famigerada Ideologia de Gênero. Engenheiros sociais modernos trabalham pela desconstrução da família criada por Deus. Karl Marx, um dos teóricos fundadores da doutrina comunista, disse que a família deveria ser abolida.
Dessa forma, o Diabo usa a “famigerada ideologia de gênero” para abolir os princípios que Deus estabeleceu para a família. Segundo essa diabólica ideologia, ninguém nasce com sexo determinado. A criança não nasce macho nem fêmea, pois ela “se torna homem ou mulher” por meio da construção social. Assim, quem constrói o sexo masculino e feminino é a sociedade. Esse é o maior ataque aos princípios de Deus para a família e para a identidade natural da pessoa (Gn 1.27,28). 
"Os comunistas desprezam esconder suas opiniões e objetivos", declarou Marx no Manifesto Comunista. Eles declaram abertamente que seus objetivos só podem ser obtidos com a derrubada das condições sociais existentes. Que as classes predominantes tremam com a revolução comunista. Como pode um cristão genuíno ser de esquerda e/ou concordar com seus pensadores? Marx admite que a destruição da família é um tópico espinhoso, mesmo para os revolucionários. "Abolição da família! Mesmo os mais radicais discutem essa proposta dos comunistas", ele escreve. Mas ele diz que os oponentes dessa ideia não conseguem ver algo essencial sobre a família. "A família burguesa é fundada sobre o que? O capital, o ganho privado. Em sua forma mais desenvolvida, a família só existe entre os burgueses", ele escreve. Mais do que tudo, abolir a família seria relativamente fácil depois da abolição da propriedade. "A família burguesa vai desaparecer aos poucos até seu desaparecimento completo, assim como o capital".
A "ideologia de gênero" é uma expressão usada pelos críticos da ideia de que os gêneros são, na realidade, construções sociais. Para os defensores desta "ideologia", não existe apenas o gênero masculino e feminino, mas um espectro que pode ser muito mais amplo do que a identificação somente com masculino e feminino” (SIGNIFICADOS).
A “ideologia de gênero” é uma expressão usada pelos críticos da ideia de que os gêneros são, na realidade, construções sociais. Para os defensores desta “ideologia”, não existe apenas o gênero “masculino” e “feminino”, mas um espectro que pode ser livremente escolhido pelo indivíduo. A pessoa pode escolher ser qualquer coisa.  “Somos de certa forma o resultado daquilo que vemos e ouvimos. Não é exagero afirmar que a mídia televisiva tem sido responsável pela desestruturação da família ao redor do planeta. Os programas de maior audiência no Brasil exaltam tudo aquilo que compromete o bem-estar da família e incentiva tudo o que a Bíblia, como Palavra de Deus, condena: adultério, prostituição, homossexualismo, uso de drogas, violência, pornografia, ocultismo, satanismo, feiticismo etc. Jesus disse que o ladrão (o diabo) vem para roubar, matar e destruir (Jo 10:10). Muitos, por estarem tão distraídos com este tipo de entretenimento, não percebem a ação sutil desse ladrão, que chega e rouba, mata e destrói o relacionamento. Neste novo milênio, cada vez mais a luta pela audiência levará os dirigentes dos meios de comunicação a extrapolar os limites, desrespeitando crianças, adolescentes, jovens, adultos, velhos etc. As famílias cristãs, em meio à está decadência e disseminação do mal, precisam assumir a postura de quem é “vocacionado para ser o sal da terra e luz do mundo” (Mt 5:13,14). Assim diz o Senhor a todas as famílias que desejam fazer a diferença neste novo milênio: “Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis meus filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso. Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne, como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus” (2 Co 6.17,18; 7.1)” (AMOFAMILIA)
3. Um ataque a Deus e à ciência. Ao ensinar que ninguém nasce “homem” ou “mulher”, os engenheiros sociais procuram destruir a identidade natural e biológica do ser humano. E também ignoram por completo que Deus criou o “homem” e a “mulher” (Gn 1.26,27).
Essa teoria, além de ser um ataque frontal a Deus, também é uma violência à Ciência. A Biologia define uma pessoa masculina por causa de seu aparelho reprodutor masculino. Ou seja, há hormônios masculinos, marcadores biológicos e cromossomos igualmente masculinos. Assim também dá-se em relação à mulher, pois ela é definida por causa de seu aparelho reprodutor feminino. Logo, ela tem hormônios femininos, sua genética possui os cromossomos XX que marcam a identidade feminina. Tais conhecimentos são elementares e estão ao alcance de todos, facultando à família cristã rebater seguramente esse pensamento. 
Depois de surgir com destaque em 2014 nos debates envolvendo a elaboração do Plano Nacional de Educação (PNE), o termo “gênero” voltou aos holofotes no Brasil. Já estamos habituados com a grande discussão acerca da ideologia de gênero, mas não existe uma discussão acerca de sua origem. O termo GÊNERO, com conotação política e manipulação linguística, apareceu pela primeira vez na Conferência sobre as Mulheres (1995), em Pequim.
Teóricos da “ideologia de gênero” afirmam que ninguém nasce homem ou mulher, mas que cada indivíduo deve construir sua própria identidade, isto é, seu gênero, ao longo da vida. “Homem” e “mulher”, portanto, seriam apenas papéis sociais flexíveis, que cada um representaria como e quando quisesse, independentemente do que a biologia determine como tendências masculinas e femininas”. (O que é “ideologia de gênero”? Disponível em: Gazeta do Povo; http://www.gazetadopovo.com.br/ideias/o-que-e-ideologia-de-genero-0zo80gzpwbxg0qrmwp03wppl1. Acesso em:30 mar, 2018)
Shulamith Firestone, em seu livro The Dialectic of Sex (A dialética do sexo), de 1970, diz: “O objetivo definitivo da revolução feminista deve ser (…) não apenas acabar com o privilégio masculino, mas também com a distinção entre os sexos. (…) assim como o objetivo da revolução socialista era não apenas acabar com os privilégios da classe econômica, mas também com a própria distinção que existia entre as diferentes classes econômicas”.
A ideologia de gênero está sustentada e embasada nas ideias marxistas. Karl Marx, no século XIX, deixou inúmeros artigos e anotações sobre a origem da Família e da propriedade privada. Dessas anotações derivou um livro chamado A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, o qual foi organizado e complementado por Friedrich Engels̶ o burguês que sustentou Karl Marx até os seus últimos dias de vida. Marx dizia que não adiantava expropriar os meios de produção dos capitalistas se a instituição opressora que nutria o capitalismo ainda estava intacta, isto é, a Família Natural (homem, mulher e filhos). De acordo com Engels (1884, p. 70-71): “O primeiro antagonismo de classes que apareceu na história coincide com o antagonismo entre o homem e a mulher na monogamia; e a primeira opressão de classes, com a opressão do sexo feminino pelo masculino”. O tal livro foi publicado em Zurique, no ano de 1884. Décadas se passaram até que as feministas marxistas, na década de 1960, resolveram realizar estudos acadêmicos e não acadêmicos embasados nas ideias de Marx (a luta de classes passou a ser luta dos sexos).” (João Barbosa Soares Júnior – (Licenciatura em Geografia UNIFAP); A origem da ideologia de gênero. Disponível em: http://vozdametropole.com.br/a-origem-da-ideologia-de-genero/. Acesso em: 30 mar, 2018)
Tentaram programar uma política de destruição da família tradicional na extinta União Soviética, porém, sem sucesso. Os defensores desta ideia se inclinaram para as ideias de Leon Trótsky, que afirmou: “é impossível destruir a família, mas é possível substituí-la por alguma outra coisa”. Este programa de ‘transformação’ da família tradicional apareceu aos poucos e evidenciou-se com os estudos da teoria crítica dos membros da famosa Escola de Frankfurt (a autoridade da família deveria ser desconstruída, desfeita, desmontada).
O que estamos presenciando hoje, é a implementação desse programa nefasto, de origem esquerdista; seus defensores agem silenciosamente e em todos os meios disponíveis para disseminar este ‘ideal’ Trótskyssista, custe o que custar, numa descarada afronta aos valores judaico-cristãos, sob a falsa égide de ajudar a diminuir o preconceito e promover uma futura sociedade com igualdade entre as pessoas. Em todas as épocas o cristão encontrou forte oposição em ideias contrárias aos seus valores, mas nunca houve um inimigo tão perspicaz, afrontador e perigoso como esta política da ideologia de gênero.
SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ

“COMO REALMENTE INFLUENCIAR A SOCIEDADE
A esse respeito, criar filhos – não a política, não a sala de aula, não o laboratório, nem mesmo o púlpito – é o lugar da maior influência. Supor o contrário é ser cativo da ilusão secular atrofiada. Devemos entender que é através da família cristã que a graça de Deus, uma visão de Deus, os erros do mundo e um caráter cristão são mais poderosamente transmitidos.
No Antigo Testamento, quando Deus escolheu guiar o seu povo, a Bíblia repetidamente indica que Ele procurou uma pessoa (veja Is 50.2,10; 59.16; 63.5; Jr 5.1; Ez 22.30). Um único indivíduo santificado pode fazer toda a diferença neste mundo. Não devemos sucumbir à matemática enganosa do pensamento mundano, que considera que a dedicação da vida de uma pessoa a umas poucas pessoas que não são amplamente conhecidas no mundo (no caso, os membros de nossa família) seja um desperdício escandaloso de seu potencial. Pais, não abandonem o seu lugar de influência. [...] Acredite” (HUGHES, Barbara; Kent. Disciplinas da Família Cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.20).

CONCLUSÃO

Só há uma maneira de preservar a família da destruição espiritual e moral dos tempos atuais: criando-a de acordo com a Lei de Deus. Noé salvou sua família da destruição porque a criou segundo a Palavra de Deus (Gn 7.1). Josué também tomou posição ao lado de Deus com a sua família. Diante dos desvios do povo, sua declaração é solene e exemplar: “escolhei hoje a quem sirvais: […] porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24.15). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 3º Trimestre 2019. Lição 4, 28 julho, 2019]
A família tradicional é uma herança da civilização ocidental. O encontro entre o Cristianismo (ética judaico-cristã), a filosofia grega e o direito romano delineou e modernizou a mais antiga instituição que remonta a criação divina: a família. Há forças no mundo contemporâneo que têm interesses em desestabilizar o conceito tradicional de família, pois fazendo isso, ataca o coração dos valores éticos do Ocidente, por consequência, a derrubada da fé cristã para colocar em seu lugar uma ideologia que todos sabemos no que dará. Quando alguém afirma que a masculinidade e a feminilidade não são naturais (ignorando até a própria biologia), mas construída socialmente ao longo da história, é isso que está em jogo. Nunca houve na história do mundo um ataque tão frontal aos fundamentos da família. Um assunto urgente que merece nossa atenção e estudo!
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

sexta-feira, 19 de julho de 2019

LIÇÃO 3: A MORDOMIA DA ALMA E DO ESPÍRITO



SUBSÍDIO I

A MORDOMIA DA ALMA E DO ESPÍRITO

O materialista, enganado pela falsa “Teoria da Evolução”, acredita que o homem surgiu “por acaso” e “evoluiu por acaso” e admite que o ser humano apenas tem um corpo com uma mente inteligente, mas não tem alma nem espírito. Para o materialista, a única coisa que se pode provar existente é a matéria, energias físicas e processos físicos. Os materialistas veem a Bíblia como um livro cheio de mitos, estórias e invencionices religiosas. Não acreditam em nada de ordem espiritual. Enquadram-se na categoria de “ímpios” a que se referiu o salmista em sua soberba perante o transcendente. “Por causa do seu orgulho, o ímpio não investiga; todas as suas cogitações são: Não há Deus” (Sl 10.4; 53.1).
Ao negar a existência de Deus, o Criador, o materialista nega a existência da alma e do espírito humano. Como só acredita na existência da matéria, para ele o corpo é matéria, o único elemento da constituição do homem. Certamente, quando estiverem diante de Deus no Juízo Final, todos terão a mais terrível decepção e o mais cruel dos arrependimentos, pois não terão mais oportunidade de reconhecer sua soberba. Imaginemos os médicos, os biólogos, os químicos, que estudam a vida e os seres vivos e admitem que o corpo, com sua organização e complexidade, pode ser resultado de um processo aleatório. Preferem ignorar que o acaso nunca produziu nem produz nada que seja organizado e complexo. 
No entanto, para nós, os crentes em Deus, sua Palavra revela-nos a origem de todas as coisas, do Universo, dos seres vivos, da vida e do homem. De acordo com a Palavra de Deus, o ser humano é formado de três partes: “espírito, e alma, e corpo” (1 Ts 5.23). Nessa tricotomia, a parte material, tangível, é o corpo, com sua estrutura extraordinária e complexa chamado de “homem exterior” (ver 2 Co 4.16). A parte interior, intangível, é formada do espírito e da alma, que integram o homem juntamente com o corpo (1 Ts 5.23). 
Assim como vimos no capítulo anterior, no qual falamos sobre a mordomia do corpo, estudaremos a mordomia da alma e do espírito humano neste capítulo, buscando entender o que nos ensina e exorta a Palavra de Deus sobre como tratar do “homem interior” (Rm 7.22; Ef 3.16). Veremos que, se cuidar da mordomia do corpo é difícil em termos espirituais, desenvolver a mordomia da alma e do espírito humano é algo muito mais complexo, pois envolve a fonte dos pensamentos e ideias humanas, que influem e têm reflexos diretos na vida espiritual. Um problema no corpo, de ordem natural ou orgânica, pode ser resolvido com terapias humanas, mas os problemas da alma e do espírito humano exigem soluções de ordem espiritual, que transcendem à visão natural do homem. 
A formação da parte interior do ser, da alma e do espírito foi feita por Deus. Diz a Bíblia: “[...] e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente”. Como foi esse processo? Que fôlego foi esse? De que se constituiu em sua plenitude? Dali surgiu a alma somente ou a alma e o espírito? São a mesma coisa ou são entes distintos? E mais que isso: como se propaga a alma? Não é difícil entender como o corpo humano é gerado no ventre da mãe, sobretudo hoje com os recursos da ultrassonografia moderna. Mas como a alma é “gerada”? Como se multiplica? E o espírito? Ele difere da alma ou é sinônimo dela? Como a alma “entra” no embrião? 
O cristão não é obrigado a conhecer todos os detalhes acerca da alma, sua origem, formação e natureza, mas a mordomia da alma e do espírito do homem necessita, antes de tudo, da fé em Deus e da presença dEle em sua vida, de sua entrega incondicional a Cristo Jesus como seu Salvador, bem como a ação poderosa do Espírito Santo agindo na sua mente e pensamentos. São soluções sobrenaturais, que dependem da fé em Deus e em sua Palavra. Meditaremos, assim, nesse importante tema de natureza bíblica e espiritual. 

Texto extraído da obra “Tempos, bens e talentos”, editada pela CPAD 

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

QUE É O HOMEM?

O homem tem sido a principal causa da indagação dos patriarcas, filósofos e pensadores em todos os lugares e em todos os tempos. Para encontrar a resposta a este mistério, que é o homem, precisamos ir da filosofia para a Bíblia Sagrada.
O patriarca Jó parece ter sido o primeiro dos homens mencionados na Bíblia a interrogar acerca do homem. Foi ele quem perguntou a Deus: “Que é o homem, para que tanto o estimes, e ponhas nele o teu cuidado, e cada manhã o visites, e cada momento o ponhas a prova?”. Depois foi a vez de o salmista indagar: “Que é o homem, que dele te lembres?” e “Senhor, que é o homem para que dele tomes conhecimento? E o filho do homem para que o estimes?
Conta-se que Scheleiermacher, filósofo e teólogo alemão, estava, tarde da noite, sentado num jardim quando um guarda noturno o abordou perguntando: “Quem é o senhor?” “Ótima pergunta. Eu gostaria de saber”, respondeu o filósofo. “O Pensador”, obra escultural do artista francês Augusto Rhodin, configura o homem em pertinaz busca da resposta às perguntas: “Quem sou eu?” “De onde vim?” “Por que estou aqui?” “Para onde vou?”.

O Que Diz a Filosofia. O que alguns filósofos ensinam sobre o homem, nem sempre se harmoniza com a Bíblia. Por exemplo:
- Platão disse que o homem é um bípede sem penas.
- Nietzsche disse que o homem é mais macaco do que qualquer macaco.
- Aristóteles disse que o homem é um animal sociável.
- Molièere ensinou que o homem é um animal vicioso.
- William Hazlitt disse que o homem é o único animal que ri e chora.

O homem como um ser transitório. Alguém definiu a transitoriedade da vida humana nas seguintes palavras: “O homem é um embrulho postal que a parteira despachou ao coveiro”. A Bíblia também fala do homem físico natural como um ser cuja existência física está limitada aos poucos anos que Deus lhe deu aqui na terra.
As Escrituras apresentam a vida terrena do homem como: uma sombra, os dias de um jornaleiro, uma lançadeira, um mensageiro rápido, a extensão de apenas um palmo, a urdidura de um tecelão, um vapor passageiro.

O homem como ser físico. O físico é o aspecto pelo qual o homem é melhor conhecido. Por ele o branco se distingue do negro, o grande do pequeno, o obeso do magro e o belo do feio. Mas o homem é muito mais que um amontoado de agentes químicos. Ele é muito mais que carne e osso.
O homem é um ser espiritual, pois Deus o fez alma vivente. Ele é não só um ser transitório, isto é, de existência física limitada. O homem é um ser que Deus ao criá-lo, destinou-o à eternidade.

O ESPÍRITO DO HOMEM

Em geral os escritores bíblicos, especialmente os do Antigo Testamento, não se preocuparam em distinguir o espírito da alma ou vice-versa. A distinção entre espírito e alma, hoje conhecida, é decorrente da revelação progressiva de Deus no Novo Testamento.

O espírito humano é obra do Criador. Números 15.22 e 27.16 dizem que Deus é o Criador do espírito humano, e que Deus o fez de forma individual. Ele está na parte interior da natureza do homem, e é capaz de renovação e de desenvolvimento.
O espírito é a sede da imagem de Deus no homem, imagem perdida com a queda, mas que pode ser reestabelecida por Jesus Cristo. O espírito é âmago e a fonte da vida humana, enquanto que a alma possui essa vida e lhe dá expressão por meio do corpo.
Assim o espírito é a alma encarnada, ou um espírito humano que recebe expressão mediante o corpo. A alma sobrevive à morte porque o espírito a dota de capacidade; por isso a alma e o espírito são inseparáveis.

O espírito distingue o homem. O espírito humano distingue o homem das demais coisas criadas. Por exemplo, os irracionais possuem vida comum, mas não possuem espírito como o homem tem.
O espírito é canal através do qual o homem pode conhecer a Deus e as coisas inerentes ao seu domínio. O espírito do homem quando se torna morada do Espírito Santo, torna-se centro de adoração, de oração, cântico, benção e de serviço.

O espírito identifica a natureza do homem. O espírito humano, representando a natureza suprema do homem, rege a qualidade de seu caráter. Por exemplo, se o homem permitir que seu orgulho o domine, ele tem um “espírito altivo”.
Conforme as influências respectivas que o dominem, o homem pode ter um espírito perverso, rebelde, impaciente, perturbado, contrito e humilde, de escravidão, de inveja. Assim é que o homem deve guardar o seu espírito, dominar o seu espírito, e confiar em Deus para transformar o seu espírito.
Quando as paixões más dominam a alma da pessoa, o espírito é destronado. Isto é, o homem torna-se vítima dos seus maus sentimentos e apetites naturais. A este homem a Bíblia chama de “carnal”.
O espírito já não domina mais, e essa condição é descrita na Bíblia como um estado de morte. Desse jeito há necessidade de um espírito novo. Somente Deus, que originalmente deu vida ao homem, poderá soprar novamente na alma do homem, influindo nova vida espiritual nela.
A este ato a Bíblia chama “regeneração”. Quando assim acontece, o espírito do homem novamente ocupa lugar de destaque em busca da perfeição estabelecida por Deus, e o homem chega a ser “espiritual”.

A ALMA DO HOMEM

A filosofia grega dedicou muita atenção ao problema da alma, conseguindo com isso exercer grande influência na teologia e no pensamento cristão.
A Natureza, a origem e a continuada existência da alma fizeram-se tema de discussão em todos os círculos filosóficos de então. Platão, por exemplo, cria na preexistência e transmigração da alma.

O que é a alma? A alma é uma entidade espiritual, incorpórea, que pode existir dentro do corpo e fora dele. A alma é um espírito que habita um corpo, ou nele tem estado, como as almas dos que tinham sido mortos por causa da Palavra de Deus e pelo testemunho de Jesus Cristo.
Os teólogos apresentam duas ideias acerca da alma, e consequentemente a respeito da natureza do homem e dos animais. São elas a interpretação tricotomista e a interpretação dicotomista.

A interpretação tricotomista. Segundo a interpretação tricotomista o homem compõe-se de três partes, ou elementos essenciais, que vêm a ser o espírito, a alma e o corpo. O corpo é a matéria da sua constituição; a alma, em hebraico nephesh e em grego psyche, é o princípio da vida animal que o homem possui em comum com os irracionais.
A ela pertencem o entendimento, a emoção e a sensibilidade, que terminam com a morte. O espírito, em hebraico ruah e em grego pneuma, é o princípio do homem racional e da vida imortal. Possui razão, vontade e consciência, e se estende à eternidade após a morte do corpo.

A interpretação Dicotomista. De acordo com a interpretação dicotomista, existem apenas dois elementos essenciais na constituição do homem: o corpo, formado do pó, e a alma, que é o princípio da vida tanto humana como animal. Contêm duas substâncias: uma é a alma que sente e recorda, e a outra é o espírito que tem consciência e possui o conhecimento de Deus.
Os dicotomistas assemelham a vida do homem à do bruto, diferindo a do homem apenas por ser de ordem superior. Assim sendo, o espírito não é uma entidade distinta da alma, mas um aspecto ou desdobramento desta.
O que a Bíblia ensina sobre o assunto. Em geral os escritores bíblicos, de uma forma especial os do Antigo Testamento, não fazem distinção precisa entre psyche, alma animal, que é a parte inferior do ser humano, e pneuma, espírito ou alma racional, parte superior do homem.  Por isso é comum o uso de ambos os vocábulos como designando uma mesma coisa. Ordinariamente, os escritores sagrados referem-se ao homem como sendo um composto de corpo e alma, ou corpo e espírito, e não de corpo, alma e espírito, a não ser no Novo Testamento.
Escreve Scofield: Sendo o homem ‘espírito’, é capaz de ter conhecimento de Deus e comunhão com ele; sendo ‘alma’, ele tem conhecimento de si próprio; sendo ‘corpo’, tem através dos sentidos, conhecimento do mundo”. O corpo é tabernáculo da alma, a alma a sede da personalidade, e o espírito o canal de comunhão com Deus.

Extraído da Obra: Encontro Didático Para Professores da EBD da IEADTC

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

Para ser mordomo da alma e do espírito, o homem necessita, antes de tudo, da fé em Deus, da entrega incondicional a Cristo Jesus e da ação poderosa do Espírito Santo na sua mente, pensamento e maneira de viver diante do Criador. Para isso é preciso ser "nova criatura" (1 Co 5.17)! Assim, além de conservar o corpo, precisamos conservar a alma e o espírito. É o que veremos nesta lição.
Embasado em textos como 1Ts 5.23 e Hb 4.12, entendemos que o homem é um ser  tri-partido. O termo tricotomia significa “aquilo que é dividido em três” ou “que se divide em três tomos”. Assim, em relação ao homem, refere-se às três partes do seu ser: corpo, alma e espírito. Há divergência neste ponto entre alguns teólogos. Há aqueles que entendem o homem como apenas um ser dicótomo, ou seja, que se divide em duas partes: corpo e alma/espírito. Os defensores da dicotomia do homem unem alma e espírito como sendo uma e a mesma coisa. Entretanto, parece-nos mais aceitável o ponto de vista da tricotomia. Esse conceito da tricotomia crê que o homem é uma triunidade composta e inseparável. Só a morte física é capaz de separar as partes: o corpo de sua parte imaterial. A alma se expressa por meio do corpo e abriga três faculdades principais: o intelecto, a vontade e o sentimento. Nos salmos de Davi, observamos o quanto somos inconstantes. Alguns dias anelamos imensamente pela presença de Deus; outros, sequer reservamos um instante a sós com Ele. Alegrias e tristezas, abatimento e vigor, dúvidas e certezas, se intercalam frequentemente. Como Pedro, num momento caminhamos sobre o mar, em outro quase nos afogamos. Às vezes, no mesmo dia, alternamos pelo menos três vezes nossos desejos. É impressionante como nossas prioridades são invertidas em tão curto espaço de tempo, o que era imprescindível torna-se dispensável. Este elemento tão instável necessita de que suas faculdades estejam submetidas a Deus, para que nada, nem ninguém nos possa separar do amor de Deus e permitir que percamos a vida eterna. O espírito é a parte mais profunda e íntima do ser humano. Scofield comentou nas notas de sua Bíblia que “sendo o homem espírito é capaz de ter conhecimento de Deus e comunhão com ele. Sendo alma, tem conhecimento de si próprio. Sendo corpo, tem, através dos sentidos, conhecimento do mundo”. Nesta lição, estudaremos as relações do espírito, as suas faculdades e como administrar o próprio espírito para o cumprimento de suas funções naturais, conforme Deus estabeleceu. – Dito isto, convido-o a pensar maduramente a fé cristã!

I. CONCEITOS ALMA E ESPÍRITO

1.O significado de alma. No Antigo Testamento, a palavra "alma" é nephesh. No Novo, o termo usado é psiquê, que tem o sentido de "alma" e de "vida", e encontra-se ligado à palavra psíquicos, que significa "pertencente a esta vida". Ela é "a base das experiências conscientes", equivalendo, portanto, à própria vida, à personalidade ou à pessoa mesmo (cf. 2 Co 1.23). Assim, o texto bíblico de Levítico 17.10-15 revela uma diversidade de sentidos para a palavra "alma": A pessoa física (v.10), a vida de um animal (v.11), a vida de uma pessoa (v.11). Do ponto de vista teológico, a alma é a sede das emoções e dos sentimentos, conforme Jesus expressou num contexto de angústia: "A minha alma está profundamente triste até a morte" (Mc 14.34).
A alma é a identidade individual de uma pessoa. A alma é também a vida da pessoa. Cada pessoa é uma alma, com uma personalidade única. Quando Deus deu vida ao homem, ele se tornou um ser vivente (Gn 2.7). Em hebraico “ser vivente” é “alma vivente”. A alma é a vida individual de cada pessoa, sua experiência pessoal da vida. A alma define quem a pessoa é (Sl 103.1). A alma é a parte que sente emoções, raciocina e tem vontade, interpretando a experiência física do corpo. A alma é a parte não mecânica da pessoa. A criatividade, a inteligência, as emoções, as decisões – tudo que torna a vida mais que um conjunto de processos automáticos é função da alma. A alma é o elo entre o corpo e o espírito. Está ligada à parte física da vida e à parte que não é física. O espírito é a parte que tem comunhão com Deus e a alma é a parte que torna essa experiência pessoal, individual. A alma interpreta e aplica a comunhão com Deus na vida física diária. Da mesma forma, a interpretação da alma da experiência física pode afetar a comunhão com Deus”. (RESPOSTAS)
2. A origem da alma. A alma está unida ao espírito, e, por isso, é humanamente impossível separá-los. Só a Palavra de Deus pode fazê-lo (Hb 4.12). Assim, tanto a alma quanto o espírito constituem a parte imaterial do ser humano. Em relação à origem da alma, há pelo menos três teorias que tentam explicá-la: a teoria da preexistência, do criacionismo e da participação.
2.1. Teoria da preexistência. Segundo essa teoria, as almas existem nas diversas esferas do mundo espiritual e entram no corpo gerado, num processo denominado "reencarnação". O objetivo desse processo é levar a pessoa a sofrer pelos "pecados cometidos em pretensas existências anteriores". Esse é um dos pontos fundamentais do Espiritismo. Entretanto, não há fundamento bíblico para essa teoria. A Bíblia revela que o "pecado original" passou a todos os homens (Rm 5.12) e que vigora até os dias atuais, pois “não há homem que não peque" (Ec 7.20). Porém, o sangue de Cristo purifica o pecador (1 3o 1.7), quando este se arrepende, confessa o seu pecado e o deixa (Pv 28.13).
2.2. Criacionismo. Segundo esta teoria, baseada no pensamento filosófico grego, Deus dedica-se à criação de almas diariamente, para que habitem nos corpos que forem sendo concebidos. É um ponto de vista que carece de fundamentos bíblicos.
2.5. Teoria participativa. A teoria expressa que Deus dá a vida a toda pessoa gerada de acordo com as leis da reprodução biológica geradas por Ele. Assim, homem e mulher geram um novo ser com a cooperação divina (At 17.28; Hb 1.3). É uma visão que tem base na Bíblia e que está harmonizada com a Palavra a Deus: "Fala o SENHOR, o que estende o céu, e que funda a terra, e que forma o espírito do homem dentro dele" (Zc 12.1b). Todavia, como Deus age na criação de cada alma e espírito dentro do ser humano é um dos muitos mistérios da fé pela qual devemos curvar-nos humildemente diante de sua magnitude. 
 Três teorias disputaram a opinião da igreja desde os primeiros séculos do cristianismo, com respeito à origem da alma:
1)  PRE-EXISTENCIALISMO: Orígenes (séc. III) foi seu principal expoente. Esta teoria ensina que as almas dos homens tiveram uma existência anterior à criação dos próprios homens. Alguns acontecimentos nesse período pré-temporal determinaram a condição em que atualmente se encontram essas almas. Houve uma espécie de queda pré-temporal. Orígenes considerou que a existência material presente no homem, com todas as suas desigualdades e irregularidades físicas e morais, é um castigo pelos pecados cometidos em uma existência anterior. O pecado, portanto, teve entrada no mundo dos homens num estado pré-temporal, e isso fez com que o homem já entrasse no mundo numa condição de pecado.
Objeções:
a) É uma teoria sem base escriturística. Algumas de suas formas refletem uma base filosófica pagã que aceita um dualismo, matéria-espírito, tornando um castigo para a alma o fato dela ser unida ao corpo.
b) Faz com que o corpo seja meramente acidental. A princípio, a alma existia sem o corpo. O homem estava completo sem o corpo. Isto apaga a distinção entre o homem e os anjos.
c) Destrói a unidade da raça humana, porque aceita que as almas individuais existiram muito tempo antes de entrarem na vida presente. Não constituem uma raça.
d) Não tem apoio na consciência humana. O homem não tem uma consciência de uma existência prévia, ou que o corpo seja uma espécie de prisão para a alma.
2) TRADUCIANISMO (ou PROPAGAÇÃO)
Segundo o traducianismo, as almas dos homens se propagam juntamente com os corpos, mediante uma geração ordinária, transmitida dos pais aos filhos. Entre os Reformados, há alguns que defendem a ideia traducianista. W.G.T. Shedd é o principal expoente dessa corrente.
a) Argumentos a favor do Traducianismo
Os traducianistas apresentam vários argumentos em favor de sua teoria:
A Escritura parece favorecer a apresentação do traducianismo
A Bíblia ensina que o homem é uma espécie, e a ideia de espécie implica numa propagação da totalidade do indivíduo, e não de uma parte apenas, ou seja, o corpo, como ensina o criacionismo.
Gn 1.26, 27; 5.2 ensinam que o homem e mulher são denominados homem. A palavra Adão não denota simplesmente o nome de um homem, mas da espécie. Quando Deus criou Adão, ele não criou o indivíduo, mas a espécie.
A criação da alma de Eva esteve incluída na de Adão, pois dele ela foi formada (2 Co 11.8; Gn 2.21-23). A mulher num todo, e não somente o seu corpo, foi derivada de Adão. Alma e corpo são propagados. Deus criou a natureza humana em Adão, e depois essa natureza humana foi transformada em milhões de indivíduos por propagação sexual. A criação do Adão (natureza humana) foi terminada e completada no sexto dia. Após isso, há somente a propagação da raça.
Gn 2.2 diz que Deus cessou o trabalho da criação depois de haver feito o homem. Deus soprou somente uma vez nas narinas do homem, e depois o tornou fecundo para a propagação da espécie (Gn 1.28; 2.7). Observe o uso da palavra carne quando denota natureza humana (corpo e alma), e não apenas corpo (Jo 3.6; 1.14; Rm 1.3).
Estes textos parecem favorecer a posição traducianista, isto é, eles ensinam que o indivíduo é propagado como um todo (consistindo de corpo e alma), e não somente em parte como ensina o criacionismo.
Pelas leis naturais da vida vegetal e animal
O crescimento nesses remos não é por um crescente de criação imediata, mas por meio de derivação natural de novos indivíduos procedentes de um tronco paterno (observe-se o Sl 104.30).
As leis genéticas favorecem o Traducianismo
A herança das peculiaridades mentais e tendências familiares são notáveis, traços físicos e mentais que não são explicáveis nem pela educação, nem pelo exemplo.
O Traducianismo oferece mais base para explicar a depravação moral e espiritual porque este assunto é mais um assunto da alma do que do corpo.
Para justificar seus argumentos, os traducianistas se juntam ao realismo para explicar o pecado original.
b) Objeções ao Traducianismo
Contra o traducianismo há varias objeções:
Ele é contrario à doutrina filosófica da simplicidade da alma.
A alma é uma substancia espiritual pura que não admite divisão. A propagação da alma implicaria na divisão da alma, já que a criança recebe a sua alma dos pais. O problema maior é: de quem procede a alma da criança? da mãe ou do pai? Ou ela vem de ambos? Se é assim, não seria uma alma composta?
A fim de evitar essa dificuldade supramencionada, os traducianistas têm que recorrer a uma dessas três teorias a serem mencionadas: Primeiro, que a alma da criança tem uma existência prévia, uma espécie de pré-existencialismo. Segundo, que a alma está potencialmente presente no sêmen do homem ou da mulher, ou em ambos, e isso é materialismo. Terceiro, que a alma é produzida, isto é, ela é criada de algum modo, pelos pais, e isto os torna, de algum modo, criadores.
Os traducianistas dizem que, após a criação original, Deus somente obra mediatamente.
Após os seis dias da criação, Sua obra criadora cessou, por isso Deus não pode mais criar almas. Mas a pergunta a ser levantada é esta: Onde fica, então, a regeneração, que não é efetuada através de causas secundarias? Ela é uma nova criação!
Geralmente o traducianismo se une ao realismo para explicar o pecado da raça, isto é, a culpa do homem.
Fazendo isso, o traducianismo afirma a unidade numérica da substância de todas as almas humanas, o que é uma posição insustentável. Além disso, o traducianismo falha em explicar a culpa individual de cada homem nos outros pecados de Adão, e nos pecados dos outros antepassados.
O traducianismo tem dificuldades insuperáveis na Cristologia.
Se em Adão a natureza pecou como um todo, e que o pecado foi de cada parte da natureza, então, a conclusão é que a natureza humana de Cristo foi também pecaminosa e culpada, pois ela fazia parte da raça criada numericamente uma e a mesma em Adão.
3) CRIACIONISMO
Esta teoria considera que cada alma é uma criação imediata de Deus, possuindo sua origem num ato criativo direto de Deus, no qual o tempo não pode ser precisamente determinado.
Supostamente, a alma é criada pura, pois Deus não poderia tê-la criado impura, e ela é unida a um corpo depravado. Não deve ser crido que a alma é criada separadamente do corpo e que ela se torna poluída em contato com o corpo, o que tornaria o pecado algo simplesmente físico. Deve ser crido que a alma é criada pura, mas que Deus imputa a culpa de Adão a ela e, então, se torna corrupta também. A alma, que é produto de um ato criador direto de Deus, já está pré-formada na vida psíquica do feto.
a) Argumentos a favor do Criacionismo
Ele é mais consistente com as apresentações dominantes da Escritura que o traducianismo.
O relato original da criação assinala uma distinção clara entre a criação do corpo e da alma. O corpo foi tomado da terra e a alma vem diretamente de Deus. Em toda a Bíblia, esta distinção se conserva, onde a alma e o corpo não são somente substâncias diferentes, mas têm origens diferentes (veja Ec 12.7; Is 42.5; Zc 12.1; Hb 12.9; Nm 16.22). Sobre o texto de Hebreus, Delitzsch, um notável traducianista, disse: “Dificilmente pode se encontrar um texto que dê prova mais clássica a favor do criacionismo!” O criacionismo é muito mais consistente com a natureza da alma humana do que o traducianismo. A natureza individual da alma humana é perfeitamente reconhecida pelo criacionismo. A teoria traducianista, por sua vez, implica numa separação e divisão da essência da alma.
Evita os tropeços do traducianismo na Cristologia, e faz mais justiça à pessoa de Cristo na Escritura.
Cristo foi verdadeiramente homem, com verdadeira natureza humana, um corpo verdadeiro e uma alma racional. Nasceu da mulher, foi feito semelhante a nós e, não obstante, sem pecado. Diferentemente dos outros homens, não participou da culpa e corrupção da transgressão de Adão, pois Deus não lhe imputou culpa. Isso foi possível porque Ele não participou da mesma essência numérica dos que pecaram em Adão.
b) Objeções ao Criacionismo
A objeção mais séria é a seguinte: a alma sendo depravada, ou possuindo tendências depravadas, torna Deus o autor direto do mal.
Se a alma foi criada pura, torna Deus o autor indireto do mal, pois Deus a coloca num corpo que fatalmente a corromperá.
Este argumento é considerado pelos traducianistas como fatal para o criacionismo. Claro que este é um tropeço a ser evitado. Para o criacionismo, o pecado original não é um problema simplesmente de herança. Os descendentes de Adão são pecadores, não como resultado de haverem sido postos em contato com um corpo pecador, mas em virtude do fato de Deus imputar-lhes a desobediência original de Adão. Então, a justiça original é tirada, e a corrupção do pecado, naturalmente, se desenvolve.
O criacionismo considera os pais terrenos como gerando somente o corpo de seus filhos, o que certamente não é a parte mais importante da criança, e, portanto, não explica os reaparecimentos de tendências mentais e morais dos pais nos filhos.
Até onde tenha a ver com as semelhanças mentais e morais dos pais e filhos, não necessariamente precisam ser explicadas unicamente com base na herança. Nosso conhecimento da alma é tão imperfeito para falar com absoluta segurança sobre esse ponto. Mas esta semelhança, em parte, é explicada pelo exemplo dos pais, em parte pela influência do corpo sobre a alma e, em parte, pelo fato de que Deus não cria todas as almas iguais, mas que cria em cada caso particular uma alma adaptada ao corpo com o qual se unirá, e adaptada também às complexas relações nos quais terá que ser introduzida.
O criacionismo não está em harmonia com a relação atual de Deus com o mundo e com sua maneira de trabalhar nele, visto que ensina uma atividade criadora de Deus e, deste modo, ignora que Deus não mais obra diretamente, mas somente por meio de agência secundária.
4) PONDERAÇÕES FINAIS
a) Deve-se ter prudência ao falar deste assunto
Precisamos admitir que os argumentos de ambas as partes, traducianismo e criacionismo, são equilibrados. A Escritura não faz uma afirmação direta a respeito da origem da alma no homem em particular, exceto no caso de Adão. As poucas passagens da Bíblia que tratam do assunto, só podem ser consideradas conclusivas por cada parte, já que algumas delas são usadas pelas duas partes. Alguns teólogos são de opinião de que há verdades em ambas as teorias.
b) Alguma forma de criacionismo merece preferência
Pelas seguintes razões:
Não encontra dificuldade filosófica insuperável com a qual o traducianismo sofre.
Evita os erros cristológicos que envolve o traducianismo.
Está mais em harmonia com a nossa ideia de pacto.
Ao mesmo tempo, estamos convencidos que a atividade criadora de Deus, ao formar as almas humanas, deve ser concebida como muito estreitamente ligada ao processo natural de geração dos indivíduos.
O criacionismo não evita todas as dificuldades, mas é uma garantia contra os seguintes erros: a) que a alma é divisível; b) que todos os homens são meramente a mesma substância; c) e que Cristo tomou aquela mesma natureza numérica que caiu em Adão” (Heber Carlos de Campos. Trecho extraído de Antropologia Bíblica: Estudo da Doutrina do Homem e do Pecado).
3. Conceituação de espírito. Segundo o Novo Testamento, a palavra que se refere a "espírito" é pneuma. O termo pode se referir a parte imaterial da personalidade humana (cf. 1Co 7.1,34), o próprio ser da pessoa (1 Co 16.18; 2Tm 4.22) e, mais especificamente, a fonte do discernimento (Mc 2.8), das emoções (3o 11.33) e da vontade (At 19.11) de uma pessoa. Assim, o espírito humano regenerado, submetido a Cristo, torna-se sensível ao Espírito Santo e é capaz de manifestar o fruto do Espírito, as virtudes do Reino de Deus (Gl 6.1; cf. Mt 5 - 7). Nesse sentido, em termos espirituais, só há dois tipos de crentes: os espirituais e os carnais (Rm 8.1). Os crentes espirituais caracterizam-se pelo seu "espírito" dominado pelo Espírito Santo (Gl 5.16-18,22-25). Os carnais vivem de acordo com a natureza carnal que não foi submetida nem transformada por Cristo (Gl 5.19-21). 
O espírito é a parte de nós que pode reconhecer e ter comunhão com Deus. O espírito é também o que nos dá vida. O espírito interage com forças espirituais. Todas as pessoas têm espírito. O espírito é a força que dá vida. Em hebraico a palavra para espírito também significa vento ou sopro. Quando Deus soprou vida no homem, significa que lhe deu um espírito (Gn 2.7). A partir daí o homem se tornou uma criatura viva. O espírito vem de Deus e nos permite ter contato com Deus. Deus é espírito e só podemos nos unir a Deus através do espírito (João 4:24). Isso acontece quando nosso espírito se une ao Espírito Santo de Deus. Todos que aceitam Jesus como salvador estão unidos ao Espírito Santo (At 2.38)”. (RESPOSTAS).
Soa estranho a afirmação ‘Os crentes espirituais caracterizam-se pelo seu “espírito” dominado pelo Espírito Santo’, isso por que, todos os cristãos têm a presença do Espírito Santo que habita neles (Rm 8.9; 1Co 6.19-20) como a força individual para viver de maneira a agradar a Deus, assim, todo o nosso ser deve ser rendido ao Espírito Santo, não apenas nosso espírito, como na afirmativa. Em Gálatas 5.16, a forma do verbo grego traduzido por "andai" indica uma ação contínua, ou um estilo de vida habitual. Andar também implica progresso; quando um cristão se submete ao controle do Espírito - ou seja, responde em obediência aos verdadeiros mandamentos da Escritura. A carne (nossa natureza decaída) opõe-se à obra do Espírito e leva o cristão a comportar-se de maneira pecaminosa, o que, caso contrário, ele não seria forçado. O crente deve fazer a sua escolha: ou vivemos pelo poder do Espírito Santo que resulta em comportamento justo e atitudes espirituais, ou pela lei, a qual pode produzir somente comportamento e atitudes injustas (vs. 19-21). Cf. 1Co 15.56. Devemos purificar-nos “de tudo que contamina o corpo e o espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus” (2Co 7.1).


SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Para a exposição deste primeiro tópico, sugerimos a leitura das páginas 242-260 da obra “Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal”, editada pela CPAD. O assunto em estudo é altamente teológico, por isso, consultar uma boa Teologia Sistemática será de ajuda inestimável a fim de apresentar com maior segurança um assunto complexo. Tenha atenção com o termo “tricotomia” (ponto a ser desenvolvido no tópico 2). Neste primeiro tópico você deve deixar claro o significado do termo “alma”, as teorias acerca de sua origem e a conceituação do termo “espírito”. Boa aula!
II. A MORDOMIA DA ALMA: “O HOMEM INTERIOR”

1. A tricotomia do homem. Afirmamos que o ser humano é um ser tricotômico. Ou seja. Deus o constitui de três partes conforme revela-nos a sua Palavra: "e todo vosso espírito, e alma, e corpo" (1 Ts 5.23). O corpo, a parte material, refere-se ao "homem exterior" (2 Co 4.16). Já o conjunto imaterial formado pela alma e pelo espírito, que é envolvido pelo corpo, a Bíblia denomina-o de "o homem interior", conforme as palavras do apóstolo Paulo: "Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus" (Rm 7.22; cf. 2 Co 4.16). 
Deus nos constituiu um ser tri-partido, esta é Sua ‘assinatura’ em nós. Composto de 3 partes em um único indivíduo, onde cada um dos elementos que nos constitui possui uma função, mas juntos todos trabalham por um propósito único: Adorar a Deus e preparar-nos para morar com Ele para todo o sempre. O novo ser interior, do cristão justificado, não mais compactua com o pecado, mas alegremente concorda com a lei de Deus contra o pecado (Sl 1.2; 119.14,47,77,105,140; cf. 2Co 4.16; Ef 3.16). A alma de cada cristão, ou seja, a nova criatura — é sua parte eterna (cf. Lc 4.24; Cl 3.10), e se renova em um processo de crescimento e amadurecimento que está ocorrendo constantemente. Enquanto o corpo físico está se decompondo, o ser interior do cristão continua a crescer e a amadurecer à semelhança a Cristo (Ef 3.16-20).
2. A mordomia da alma. A Bíblia declara que a alma do homem, assim como o espírito e o corpo, deve ser conservada irrepreensível para a vinda do Senhor Jesus Cristo. Essa é a essência da mordomia da alma. Cada crente deve mantê-la íntegra e irrepreensível. Alguns aspectos, porém, devem ser considerados na mordomia da alma. 
Parte Imaterial, espiritual e eterna do homem (Gn 5.1,3; Sl 51.5; At 17.26), responsável pelas nossas emoções e vontades;
2.1. A Necessidade da alma. Essa necessidade inclui a emoção e pode ser satisfeita no relacionamento com Deus. A alma precisa de refrigério espiritual e da presença divina (Sl 23.1-3). No salmo 42, o salmista expressa sinceramente a necessidade de sua alma: "Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo" (vv.1,2). Quanta necessidade a alma tem por Deus?! A Bíblia revela que o Espírito Santo preenche essa necessidade e produz em nós o "fruto do Espírito" (Gl 5.22-24). 
Alienada da filiação divina a humanidade sofre a perda do possuir na dimensão espiritual, e tenta através da impossibilidade materialista, compensar os efeitos nocivos e destrutivos da perda desconhecida do elo da vida. Não se da conta de que ansiedades existenciais refletem carências da alma, e que privações da alma não podem ser resolvidas com recursos ou soluções materiais. Necessidades do corpo é que podem e precisam ser satisfeitas com recursos naturais, preservadores e mantenedores do equilíbrio da vida orgânica. Necessidades da alma só podem ser preenchidas em Deus. Se elegermos nosso corpo como centro referencial de nossa existência, não encontraremos respostas para nossas ansiedades, nem sentido para a vida. O centro referencial de nossa existência é a nossa alma, o nosso ser eterno que não reflete em espelhos, mas se faz visível através dos gemidos de nossas angústias, e em nosso pranto interior.” (ULTIMATO)
2.2. A santificação da alma. É uma necessidade da alma o "viver santo", sem o qual ninguém verá a Deus (Hb 12.14). O ser humano é salvo pela "graça de Deus", e isso é dom divino (Ef 2.8,9). Mas ele precisa também arrepender-se de seus pecados, confessar a Cristo como Senhor e santificar-se integralmente em Deus, conforme o apóstolo Paulo ensina: "Abstende-vos de toda aparência do mal. E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" (1Ts 5.22,23). 
Tendo concluído todas as exortações iniciadas em 1Ts 4.1 e, especificamente, as dos versículos 16-22, a bênção final de Paulo reconheceu a fonte para obedecê-las e cumpri-las todas. Não é possível ser santificado em todas essas maneiras com a força humana (Zc 4.6; 1Co 2.4-5; Ef 3.20-21; Cl 1.29). Não podemos buscar a santidade com nossas próprias forças, sem o auxílio do Espírito Santo. Somente o próprio Deus pode separar-nos do pecado para a santidade "em tudo" - espírito, alma e corpo. Essa referência abrangente torna a expressão "em tudo" mais enfática. Devemos entender que não pode haver divisão do ser do homem no processo da santificação, todo o seu ser é ou não santificado. Ao usar corpo e alma, Paulo não estava indicando que a parte imaterial do homem podia ser dividida em duas substâncias. As duas palavras são empregadas como sinônimas ao longo da Escritura (Hb 6.19; 10.39; 1 Pe 2.11; 2Pe 2.8). Não pode haver divisão dessas realidades; em vez disso, elas são usadas como outras passagens usam diversos termos para ênfase (Dt 6.5; Mt 22.37; Mc 12.30; Lc 10.27).
2.3. A santificação dos pensamentos. Vimos que a alma é "a sede das emoções, dos sentimentos e dos pensamentos", logo, sua mordomia deve zelar por tudo o que preenche o pensamento do crente, conforme ensina o apóstolo Paulo (Fp 4.8). Nesse contexto, devemos atentar para a advertência de Jesus em relação ao coração do homem (isto é, sua interioridade): "Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias" (Mt 15.19). Portanto, não podemos pensar só no que "não fazer", mas também no que "não pensar". Toda ação ou reação humana precede o pensamento, o sentimento e a emoção. 
A nossa santificação exige a determinação de fazer o que é certo, independente das influências negativas que nos cercam (4:1). Há um vínculo óbvio entre o pensamento e o procedimento. No mundo, as pessoas fazem a vontade dos seus próprios pensamentos carnais e egoístas (Efésios 2:3). O pecado e a maldade procedem de um coração corrupto e podre (Mateus 15:19). Não é assim que devemos agir. Pessoas santificadas tomam a decisão de mudar os seus pensamentos (Efésios 4:17). Apesar da ênfase sensual, material e terrestre da maioria das pessoas – até de muitos religiosos – nós precisamos olhar para cima e pensar nas coisas lá do alto (Colossenses 3:1-6). É lamentável observar a ênfase terrestre e mundana de muitos dos apelos feitos hoje, usando o nome do Senhor. Jesus Cristo não é uma máquina de vendas que recebe uma ficha (oração) e entrega um pedido (bênção material). Ele é o Senhor santo e puro, e ele nos chama a olharmos para os céus para sermos um povo santificado.  Três versículos bíblicos são especialmente úteis na nossa busca de santidade no pensamento e, consequentemente, no procedimento. Reflita bem nestas mensagens:
1. “Lava o teu coração da malícia, ó Jerusalém, para que sejas salva! Até quando hospedarás contigo os maus pensamentos?” (Jeremias 4:14). Para se livrar da malícia e alcançar a salvação, é imprescindível uma limpeza do coração, tirando toda a maldade. A figura de hospedar os maus pensamentos bem ilustra o problema que precisamos resolver. Quando deixamos um quarto no coração vazio e preparado para a permanência dos maus pensamentos, nunca ficaremos livres da maldade. Precisamos fazer uma limpeza total!
2. Paulo explicou que a batalha do cristão é espiritual, e não carnal. O propósito dela é levar “cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2 Coríntios 10:5). O maior desafio do discipulado é aprender pensar como Deus, submetendo todos os nossos pensamentos à vontade dele. Não é um exercício de raciocínio onde procuramos compreender e analisar os propósitos e as razões de Deus para aceitar e obedecer o que faz sentido para nós. É um exercício de vontade onde submetemos a nossa vontade à dele em absolutamente tudo.
3. “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento” (Filipenses 4:8). Este versículo não descreve a maioria das cenas nas novelas que passam na televisão. Muitas coisas na Internet não se encaixam aqui. O conteúdo de muitas músicas, revistas e conversas do dia-a-dia não passa neste teste. O que deve ocupar o nosso pensamento são as coisas boas que demonstram a grandeza e a santidade do Senhor”.(Dennis Allan, em https://www.estudosdabiblia.net/200441.htm)

SUBSÍDIO DOUTRINÁRIO

“Textos bíblicos que parecem apoiar o tricotomismo incluem 1 Tessalonicenses 5.23, onde Paulo pronuncia a bênção: ‘E todo o vosso espírito, e alma, e corpo seja plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo’. Em 1 Coríntios 2.14 – 3.4, Paulo refere-se aos seres humanos como sarkikos (literalmente: ‘carnal’ 3.1,3), psuchikos (literalmente: ‘segundo a alma’, 2.14) e pneumatikos (literalmente: ‘espiritual’, 2.15). Esses dois textos parecem demonstrar de forma ostensiva três componentes elementares. Vários outros textos parecem distinguir alma e espírito (1 Co 15.44; Hb 4.12)” (HORTON, M. Horton (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.248).

III. MORDOMIA DO ESPÍRITO

1. Andando em Espírito. Na mordomia do espírito, o crente deve procurar andar em Espírito, ou seja, na submissão ao Espírito Santo. Diz o texto bíblico: “Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne" (GL 4.16). Andar em Espírito é viver em obediência à direção do Espírito Santo em todas as áreas da vida. Há uma Luta interior entre a carne e o Espírito (Gl 4.17), mas uma vez guiados pelo Espírito Santo não estamos sob a escravidão da carne (GL 4.18). Portanto, "se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito" (Gl 5.25). 
Os Cristãos têm o Espírito de Cristo e a esperança da glória dentro deles (Colossenses 1:27). Aqueles que andam no Espírito demonstram sua santidade diariamente, em cada momento. Isso acontece quando o Cristão conscientemente escolhe por fé depender do Espírito Santo para guiar cada pensamento, palavra e ação (Romanos 6:11-14). A falha de depender da direção do Espírito Santo resulta em um Cristão que não está vivendo de acordo com a missão e posição que salvação providencia (João 3:3; Efésios 4:1; Filipenses 1:27). Podemos saber se estamos andando no Espírito se as nossas vidas demonstram o fruto do Espírito: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio (Gálatas 5:22-23). Estar cheio (andar) do Espírito é o mesmo que permitir que a Palavra de Cristo (a Bíblia) habite em nós ricamente (Colossenses 3:16). O resultado é gratidão, cânticos de louvor e gozo (Efésios 5:18-20; Colossenses 3:16). Os Filhos de Deus serão guiados pelo Espírito de Deus (Romanos 8:14). Quando os Cristãos escolhem não andar no Espírito, assim pecando e o entristecendo, Deus já providenciou uma forma de restauração através da confissão do pecado (Efésios 4:30; 1 João 1:9). “Andar no Espírito” é seguir a liderança do Espírito. É essencialmente “andar com” o Espírito, permitindo-lhe que guie seus caminhos e conforme a sua mente. Em resumo, do mesmo modo que temos recebido a Cristo através da fé, por fé Ele nos pede que andemos com Ele, até que sejamos levados ao céu e escutemos “Muito bem!” (Colossenses 2:5; Mateus 25:23)”. (GOTQUESTIONS.ORG)
2. Frutificando no Espírito. Quando o crente produz frutos dignos da vida cristã, ele glorifica a Deus. Nosso Senhor chamou-nos a dar "fruto" e escolheu--nos para permanecer dando fruto (Jo 15.9,16). Frutificar no Reino de Deus é testemunhar Cristo com sua vida, por meio de boas obras de amor que mostram o caráter de Deus em você (Jo 15.16; Mt5.16; G15.22). 
Muitas passagens do Novo Testamento ensinam que os seguidores de Cristo precisam remover o mal de suas vidas. Temos que crucificar a carne "... com as suas paixões e concupiscências" (Gálatas 5:24). Algumas vezes, as pessoas não entendem tais instruções e pensam que a vida de um cristão é vazia, despojada de todo o prazer. Mas Deus não tem intenção de deixar um vazio, de tornar nossas vidas vácuos sem significado. Quando ele nos diz que precisamos remover o pecado, ele também nos mostra outras coisas ­ que são muito melhores ­ para encher nossas vidas e fazê-las mais ricas. Por exemplo, quando Paulo disse a Timóteo: “Foge, outrossim, das paixões da mocidade”, ele imediatamente acrescentou esta instrução positiva para encher o vazio: "Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor" (2 Timóteo 2:22). Ele tinha que remover o mal, mas imediatamente lhe foi dito que pusesse o bem no seu lugar. Gálatas 5 torna esta distinção muito clara. Precisamos crucificar a carne, removendo suas obras de nossas vidas (versículos 19-21). Mas Paulo não parou aí. Ele continua essa lista de obras proibidas com uma descrição do "fruto do Espírito" (versículos 22-23). Aqueles que vivem no Espírito devem andar no Espírito. Devemos desenvolver cada uma destas qualidades como uma parte de nossa personalidade. O fruto do Espírito tem que ser produzido na vida de cada seguidor de Cristo. Consideremos as nove características do fruto do Espírito, para ajudar-nos a desenvolver estas atitudes quando procuramos viver e andar no Espírito” (ESTUDOSDABIBLIA).
O Fruto do Espírito constitui-se de atitudes piedosas que caracterizam a vida somente daqueles que pertencem a Deus pela fé em Cristo e possuem o Espírito de Deus. O Espírito produz o fruto que consiste de nove características ou atitudes as quais estão, de modo insolúvel, ligadas umas às outras e são ordenadas aos cristãos ao longo de todo o Novo Testamento:
● amor. Uma das diversas palavras gregas para amor, ágape, é o amor voluntário, referindo-se não à afeição emocional, atração física, ou laço familiar, mas ao respeito, devoção e afeição que conduz ao serviço voluntário e altruísta (Jo 15.13; Rm 5.8);
● alegria. Uma felicidade baseada nas promessas divinas imutáveis e por aquele que sabe que tudo está bem entre ele mesmo e o Senhor (1Pe 1.8). A alegria não é resultado de circunstâncias favoráveis, e ocorre mesmo quando as circunstâncias são as mais dolorosas e difíceis (Jo 16.20-22). A alegria é um dom de Deus, e como tal, os cristãos não devem produzi-la, mas deleitar-se na bênção que já possuem (Rm 14.17; Fp 4.4);
● paz. A calma interior que resulta da confiança no relacionamento da proteção entre uma pessoa e Cristo. A forma verbal indica união e é refletida na expressão "ter tudo isso ao mesmo tempo". Como a alegria, a paz não está relacionada com as circunstâncias da pessoa (Jo 14.27; Rm 8.28; Fp 4.6-7,9);
● longanimidade. A paciência relacionada à habilidade de suportar as injustiças infligidas por outros e a disposição de aceitar as situações irritantes e dolorosas (Ef 4.2; Cl 1.12; ITm 1.15-16);
● benignidade. Terna preocupação pelos outros, refletida no desejo de tratar os outros com gentileza, exatamente como o Senhor trata a todos os cristãos (Mt 11.28-29; 19.13-14; 2Tm 2.24);
● bondade. A excelência moral e espiritual manifestada na efetiva bondade (Rm 5.7). É ordenado que os cristãos exemplifiquem a bondade (Gl 6.10; 2Ts 1.11);
● fidelidade. Lealdade e confiabilidade (Lm 3.22; Fp 2.7-9; ITs 5.24; Ap 2.10).

SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ

“Primeiro as coisas mais importantes
A intimidade da sala de estar que Maria teve com Jesus nunca resultará da agitação da cozinha de Marta. Agitação, por si só, causa distração. Vemos em Lucas 10.38 uma mulher com a virtude da hospitalidade. Marta abriu sua casa para Jesus, mas isso não significa que ela automaticamente tenha aberto seu coração. Em sua ânsia de servir a Jesus, ela quase perdeu a oportunidade de conhecê-lo.
Lucas nos diz que ‘Marta, porém, andava distraída em muitos serviços’. Em sua mente, ela se preocupava em fazer o melhor. Tinha que fazer o máximo por Jesus.
Podemos ser pegas pela mesma cilada de desempenho, sentido que devemos provar nosso amor a Deus através de grandes feitos. Então, nos apressamos em deixar a intimidade da sala de estar para nos ocupar por Ele na cozinha – realizando grandes ministérios e projetos maravilhosos, no esforço de divulgar as Boas Novas. Fazemos todo o nosso trabalho em seu nome. Nós o chamamos ‘Senhor, Senhor’. Mas, no fim, será que Ele nos reconhecerá? Nós o conheceremos?
O reino de Deus, como você vê, é um paradoxo. Enquanto o mundo aplaude as grandes façanhas. Deus deseja comunhão. O mundo clama ‘Faça mais! Seja tudo o que puder!’, mas nosso Pai sussurra: ‘Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus’. Ele não procura tanto por trabalhadores como procura por filhos e filhas – um povo no qual possa fluir” (WEAVER, Joanna A. Como ter o coração de Maria no mundo de Marta: Fortalecendo a comunhão com Deus em uma vida atarefada. Rio de Janeiro: CPAD, pp.9,10).

CONCLUSÃO

A mordomia da alma e do espírito, juntamente com a do corpo, completa a conservação integral do crente (1 Ts 5-23). Zelar pela nossa interioridade e exterioridade diante de Deus é reconhecer que o Pai quer dominar tudo em nós e não somente partes de nossa vida. Por isso, sinta-se encorajado a expressar Cristo como seu Salvador. Esteja nele! Seja santo! Para isso Deus nos chamou. 
Como já explicado acima, não é possível ser santificado em todas essas maneiras com a força humana (Zc 4.6; 1Co 2.4-5; Ef 3.20-21; Cl 1.29). Somente o "próprio” Deus (Rm 15.33; 16.20; Fp 4.9; Hb 13.20) pode separar-nos do pecado para a santidade "em tudo", espírito, alma e corpo. É Ele que nos impulsiona a querer e a efetuar (Fp 2.13), dá-nos tanto o desejo como a habilidade. A palavra "querer" no grego é thelo que significa intento e inclinação. Deus nos dá desejos santos, agradáveis a Ele. Como? Em primeiro lugar, Ele nos dá uma santa insatisfação para com a nossa natureza carnal e corrompida. Foi isso que fez Paulo dizer em Romanos 7.14: "Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?". Em segundo lugar, Ele nos dá um desejo pelas coisas santas e puras. Isso vemos na biografia dos santos do passado e percebemos o quanto estamos longe desta dedicação a Deus. Em terceiro lugar, Deus nos dá o desejo de Lhe agradar, de causar-Lhe satisfação e isso resulta em um proceder santo. No entanto, a santidade exige esforço, não é algo fácil, pois significa ter disciplina, seguir a Jesus, ser obediente à Palavra, exercitar os dons e avaliar as consequências do pecado. Mas um temor saudável a Deus nos motivará a buscar esta santidade que Ele requer de nós.

Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br