quinta-feira, 27 de junho de 2019

LIÇÃO 13: O SACERDÓCIO CELESTIAL


  

SUBSÍDIO I

O TABERNÁCULO ERA O VERBO QUE SE FEZ CARNE (JO 1.14)

A primeira coisa que temos de entender nesta escritura é a revelação da Deidade do Verbo: “No princípio era o Verbo, [...] e o Verbo era Deus”, ou seja, o unigênito Filho, isto é, “o Unigênito de Deus” (Jo 1.1,14,18).  
Na língua grega do NT, a palavra “verbo” é “Logos”, e isso indica que só o “Deus-Homem” (Jesus, que se fez carne) pôde revelar plenamente a Deus na forma de homem para poder ser compreendido. O texto diz literalmente: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14). 
A palavra “carne” significa tão somente a natureza humana assumida por Jesus. A expressão “o Verbo se fez carne” traduz-se como eskenosen, no grego bíblico, e significa “habitou num tabernáculo”, ou seja, “o verbo se fez homem”. Paulo emprega a expressão “tenda” para referir-se ao corpo como “morada terrena”. Do mesmo modo, Cristo foi a manifestação visível de Deus em carne para habitar entre o seu povo. Ele foi a plena manifestação da presença divina no meio do seu povo. Paulo escreveu a Timóteo, dizendo: “E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Aquele que se manifestou em carne foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória” (1 Tm 3.16). O Filho de Deus fez-se homem sem deixar de ser Deus. Assim como a Palavra de Deus vive e permanece para sempre (ver 1 Pe 1.23), assim também o Verbo de Deus, uma vez feito homem, permanecerá para sempre “Deus-Homem”.      
Entendemos, portanto, sem sombra de dúvida, que a igualdade de natureza divina entre Deus Pai e Deus Filho foi possível porque Jesus foi gerado pelo Espírito Santo. A palavra “unigênito”, em relação ao Filho de Deus, aparece na língua grega do NT como monogenes, que significa que vem de mono, ou seja, único, singular, e genes, que advém de ginomai, que significa “ser, existente”. Subentende-se que monogenes significa: único de sua classe, único em seu gênero, único em sua espécie e diferente a toda coisa criada. Portanto, o Verbo, sendo Deus, tem a mesma natureza de Deus e a “expressa imagem da sua pessoa” (Hb 1.3). 

O Tabernáculo de Deus na Terra É a Igreja de Cristo

Se nem o Tabernáculo de Moisés, nem o Templo de Salomão e nem os outros templos reconstruídos em Israel não existem mais, onde Deus habita agora? Os mais lindos santuários foram construídos ao longo da historia. Desde os tempos do AT até os nossos tempos, podemos entender por que a Escritura em Atos 17.24 declara que Deus “não habita em templos feitos por mãos de homens”. Portanto, não são os templos materiais que tem a Deus como morador permanente. Tem-se a presença imanente de Deus nos nossos templos, mas sua habitação não é em lugares físicos, como foi em Israel. 
No Tabernáculo do deserto, a presença de Deus era sentida na simbologia dos mobiliários existentes, especialmente a “Arca da Aliança”. Deus vê a igreja local como casa espiritual, isto é, Ele está presente na vida da igreja através do Espírito Santo. Esta casa espiritual (a Igreja) é construída com pedras espirituais que são os remidos pelo sangue de Cristo. Esta é a morada de Deus na terra (ver 1 Pe 2.4-9). Ele, Jesus, é o Tabernáculo de Deus com os homens, porque Ele morará com eles, e eles serão seu povo (ver Ap 21.3).     

O Tabernáculo de Deus É, particularmente, o Crente

Aprendemos que o Tabernáculo é uma antecipação do Cristo de Deus e do deleite que Ele tem em seu povo redimido. Visto que todo crente é identificado na Bíblia como “pedra viva” edificada como casa espiritual e sacerdócio santo, o Tabernáculo é símbolo de todo crente. A presença de Cristo é sentida com a vinda do Espírito Santo, que o Filho enviou para viver e morar no crente. Jesus disse aos seus discípulos: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós” (Jo 14.16,17). Outra verdade acerca da morada do Espírito Santo no crente é o selo da promessa que se refere à garantia dessa morada do Espírito Santo no crente e da obra expiatória efetuada por Cristo. O texto de Paulo diz: “[...] fostes selados com o Espírito Santo da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para louvor da sua glória” (Ef 1.13,14). Não há, portanto, o que duvidar: nosso corpo é, particularmente, o Tabernáculo do Espírito Santo (ver 1 Co 6.19).  

Texto extraído da obra “O TABERNÁCULO”, editada pela CPAD. 

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Nesta última lição do trimestre trataremos do sacerdócio de Cristo, destacando quais as características que fazem do Senhor Jesus um sacerdote singular, acrescentando também a natureza ímpar desse sacerdócio celestial.

I. CRISTO JESUS COMO SACERDOTE
                                                                 
O título “Messias” foi usado para o Salvador do mundo no AT (Sl 2.2; Dn 9.25,26) e teve seu cumprimento na pessoa de Jesus no NT, pois Ele é o Ungido, o Cristo de Deus (Lc 2.11,26; 24.26; Jo 4.25,26; At 2.36; 8.5; Rm 1.1; 1Co 1.1). Somente Jesus possui a unção tríplice. Ele é: sacerdote; profeta; e, rei. Embora, a linhagem sacerdotal levítica estivesse restrita a descendência de Levi por meio de Arão e seus filhos, a ordem sacerdotal à qual Jesus pertenceu não tinha origem nem numa família e nem numa tribo (Hb 7.14). Portanto, Jesus pertence à ordem sacerdotal eterna e especial, como vemos em vários lugares da Epístola aos Hebreus (2.17; 3.1; 4.14,15; 5.6,10; 6.20; 7.11-28; 8.1; 9.11; 10.21). Como sacerdote é necessário destacar que Ele é:
1.1 O sacerdote perfeito (Hb 7.26). Os sacerdotes do AT eram homens falhos (Hb 7.28-a), que também deveriam sacrificar por si mesmos (Lv 4.3-12). Quanto a Cristo, é necessário dizer que Ele é o sacerdote perfeito (Hb 7.28-b). Cinco coisas são afirmadas aqui sobre Jesus:
a) Ele é santo. Aqui, no texto grego, temos a palavra “hosios” em vez de “hagios” (separado). O termo grego “hosios” ocorre oito vezes no NT e tem o sentido de “santo, piedoso, misericordioso, livre de iniquidade”. Ele se identifica a igreja de Filadélfia como aquele que é santo: “Isto diz o que é santo” (Ap 3.7-a). Até os demônios testificaram isso: “Bem sei quem és: o Santo de Deus!” (Mc 1.24-b).
b) Ele é inocente. Aqui, a ideia é de alguém que não tem maldade, no grego “akakos” que quer dizer: “sem malícia”. O pecado da raça humana foi imputado em Cristo, mas Ele mesmo não tinha pecado, era inocente. Falando de Jesus Paulo disse: “Aquele que não conheceu pecado” (2 Co 5.21).
c) Ele é imaculado. A ideia aqui é extraída dos princípios exigidos na consagração dos sacerdotes. O sacerdote na antiga aliança não poderia ter defeito corporal algum (Lv 21.17-21). O autor mostra que Jesus possui um caráter imaculado (Hb 9.14). Pedro o compara com o o cordeiro da páscoa que não poderia ter mancha (Êx 12.5; 1 Pd 1.18,19).
d) Ele é separado dos pecadores. Ao fazer essa declaração, o autor usa o tempo perfeito, que mantém a ideia de algo que começou no passado, mas cujos efeitos continuam no presente. Nesse aspecto, Jesus foi separado dos pecadores, isto é, pertence a uma classe distinta deles e continua dessa forma. Ele não pode ser alcançado pelo pecado. Embora tenha sido tentado, porque era plenamente humano (Hb 4.15-a), Jesus não possuía a natureza pecaminosa (Lc 1.35; Hb 7.26); e, nunca pecou (Hb 4.15-b; Jo 8.46; 1 Pd 2.22).
e) Mais sublime do que os céus. Esta expressão pode estar se referindo ao céu firmamento, mostrando que Jesus está acima da criação, pois um dia a criação passará, mas Ele permanece eternamente: “E Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, e os céus são obra de tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permanecerás; e todos eles, como roupa, envelhecerão, e como um manto os enrolarás, e serão mudados. Mas tu és o mesmo, e os teus anos não acabarão” (Hb 1.10-12); como também de que Jesus é mais sublime que, até mesmo das mais altas hostes angelicais. O escritor aos Hebreus afirmou que, por “causa da encarnação”, Jesus, fez-se por um pouco de tempo, “menor do que os anjos” (Hb 2.9), mas, ainda assim, em figura humana, foi servido e adorado por eles (Mt 4.11; Lc 2.10-14; Hb 1.6). Portanto, Jesus é superior aos anjos e não pode ser confundido com eles (Hb 1.7-9).
1.2 O sacerdote eterno (Hb 7.17). O cargo sacerdotal era vitalício, ou seja, somente pela morte os sacerdotes deixavam de ministrar (Hb 7.23). Cristo, como sacerdote, superior tem um sacerdócio eterno, pois ainda que tenha experimentado a morte (1Co 15.3), ressuscitou ao terceiro dia e permanece vivo para sempre (Ap 1.18). Portanto, é sacerdote eterno, cumprindo a profecia da Escritura (Sl 110.4).
1.3 O sacerdote e a oferta (Hb 9.25,26). O sumo sacerdote entrava na presença de Deus com sangue de um animal, ou seja, com sangue alheio (Hb 9.25). No entanto, Cristo Jesus, além de ser sacerdote, se dispôs a ser a oferta. Ele ofereceu o seu próprio corpo como oblação pelo pecado do mundo (Hb 9.26), e ofereceu Seu sangue como propiciação (Rm 3.25; Hb 9.12; 13.12; 1Jo 2.2).
1.4 O sacerdote celestial (Hb 9.11,24). Os sacerdotes levíticos ministravam no tabernáculo terrestre (Êx 25.8; 31.1-11). Cristo Jesus, é “ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem” (Hb 8.2). Ele só principiou a Sua obra sacerdotal na terra, e continua no céu, onde exerce de forma plena o seu sacerdócio no tabernáculo celeste a direita de Deus: “Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus” (Hb 9.24).

II. A NATUREZA DO SACERDÓCIO DE CRISTO

Jesus é o nosso grande sumo sacerdote (Hb 4.14; 10.21). Abaixo destacaremos a natureza deste ofício de Jesus, evidenciando sua singularidade. Vejamos: 2.1 No Tabernáculo celeste. Existe um tabernáculo celeste do qual o terrestre era apenas uma sombra. O escritor aos hebreus declara esta verdade (Hb 8.5; 10.1). Acerca disso o Pr. Antônio Gilberto (2010, p. 111) afirmou: “as peças do tabernáculo eram tão-somente uma espécie de cópia de seus originais existentes no Céu”. O apóstolo João, quando estava na ilha de Patmos, foi arrebatado em espírito e viu este tabernáculo celeste (Ap 1.9,10; 4.1). Foi nesse tabernáculo que Cristo entrou para se apresentar ao Pai, depois de haver consumado a obra da salvação da qual foi incumbido realizar (Ap 5.1-10). Abaixo falaremos a respeito destes dois tabernáculos. Notemos:
TABERNÁCULO TERRESTRE (Êx 25.8)
TABERNÁCULO CELESTE (Ap 21.3)
Temporário (Hb 9.8)
Permanente (Hb 9.11)
Era uma sombra (Êx 25.8,9; Hb 9.24)
É a realidade (Hb 8.2,5)
Feito por mão humanas (Êx 31.1-11)
Feito pelo próprio Deus (Hb 8.2)
Arão e seus filhos eram os ministrantes (Êx 28.1; Hb 5.4)
Jesus Cristo é o ministrante (Hb 8.2; 9.11-15)

2.2 Intercede junto Pai. Enquanto que a obra sacrificial de Cristo foi simbolizada primordialmente pelas funções sacerdotais desempenhadas junto ao altar de bronze e pelos sacrifícios que nele eram apresentados - um ato passado (Is 53.12); Sua obra intercessória foi prefigurada pela queima diária de incenso no altar de ouro, no Lugar Santo, um ato presente e contínuo (Rm 8.34; Hb 7.25). Os resultados iniciais desta intercessão, podemos ver no envio do Espírito Santo a igreja, como Ele mesmo prometeu: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre” (Jo 14.16). E, dez dias depois, o Espírito Santo foi concedido (At 2.1-4). As demais bênçãos que a igreja desfruta também se dá por essa atitude de Jesus junto ao Pai (Ef 1.3). O apóstolo João nos fala dessa função intercessória contínua, dizendo: “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo” (1 Jo 2.1). Sobre a intercessão de Cristo é necessário afirmar que:
a) A intercessão de Cristo tem como base seu sacrifício (Hb 9.12);
b) A intercessão de Cristo é poderosa (Jo 14.16; 16.26; 17.9, 15, 20);
c) A intercessão de Cristo é contínua (Rm 8.34; Hb 7.25);
d) A intercessão de Cristo é eficaz quanto a justificação (Rm 8.34);
e) A intercessão de Cristo é eficaz quanto a santificação (Jo 17.17); f) A intercessão de Cristo é eficaz quanto a tentação (Hb 2.17,18).
2.3 Plenamente homem e plenamente Deus. Os sacerdotes eram apenas homens, sujeitos as mesmas fraquezas que os demais hebreus (Hb 5.1,2). Todavia, Jesus sendo plenamente homem e plenamente Deus, fez a reconciliação com Deus, o Pai, de forma plena. Ele é a ponte que nos leva ao Pai, como Ele mesmo afirmou: “Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6). Paulo diz que por Cristo somos reconciliados com Deus: “[...]Deus [...] nos reconciliou consigo mesmo por Jesus” (2 Co 5.18-20). Cristo entrou por nós na presença de Deus “Jesus, o precursor, entrou por nós” (Hb 6.20). A expressão “precursor” no grego “pródromos” que significa: “alguém que vem primeiro até um lugar onde outros o seguirão”. Ele também Ele entra conosco, pois nos fez reis e sacerdotes (1 Pd 2.9; Ap 1.6; 5.10)

CONCLUSÃO

Temos um sacerdote que compareceu por nós no céu, apresentando-se como sacrifício definitivo pelos nossos pecados, e, baseado neste sacrifício, Ele intercede por nós continuamente.
Disponível em: https://portalebd.org.br

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

O apóstolo Paulo escreveu que as festas, a dieta e os dias sagrados são “sombras das coisas futuras” (Cl 2.17). O autor aos Hebreus reafirma que a lei era “a sombra dos bens futuros e não a imagem exata das coisas” (Hb 10.1). De tudo o que estudamos até a presente lição, podemos dizer que o Tabernáculo de Israel é um tipo do “Tabernáculo Celestial”. E, nesta lição, veremos que Jesus é o Sumo Sacerdote desse Tabernáculo Celestial, em que a sua Igreja é o sacerdócio real.
As “sombras das coisas” são os aspectos cerimoniais da lei do Antigo Testamento (regras quanto à alimentação, festas, sacrifícios) que apontavam para Cristo. Desde Cristo, a realidade veio, e as sombras não têm valor (Hb 8.5; 10.1). O termo grego traduzido por "sombra" refere-se a uma reflexão pálida, em contraste com um reflexo nítido e distinto. Um exemplo disso temos em Hebreus 8.5 (os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes, assim como foi Moisés divinamente instruído, quando estava para construir o tabernáculo; pois diz ele: "Vê que faças todas as coisas de acordo com o modelo que te foi mostrado no monte.). A citação provém de Êx 25.40; figura e sombra não significa que houvesse no céu edifícios reais cujas réplicas estavam no tabernáculo, mas, em vez disso, que as realidades celestiais foram devidamente simbolizadas e representadas no modelo terreno de tabernáculo. Assim, temos que a tipologia é um tipo especial de simbolismo. (Um símbolo é algo que representa outra coisa). Podemos definir um tipo como um "símbolo profético" porque todos os tipos são representações de algo ainda futuro. Mais especificamente, um tipo nas Escrituras é uma pessoa ou coisa no Antigo Testamento que prenuncia uma pessoa ou coisa no Novo Testamento. Por exemplo, o dilúvio dos dias de Noé (Gênesis 6-7) é usado como um tipo de batismo em 1º Pedro 3.20-21. A palavra para tipo que Pedro usa é figura. Tendo visto ao longo do trimestre os diversos itens do tabernáculo e sua representatividade, finalizamos vendo uma breve descrição do sacerdócio de Jesus no santuário celestial, o qual é melhor do que o de Arão porque Jesus serve num santuário superior. – Dito isto, convido-o a pensar maduramente a fé cristã!

I. O SACERDÓCIO CELESTIAL TEM UM ÚNICO SUMO SACERDOTE

1. Cristo: o Sumo Sacerdote do Novo Testamento. O ministério do Novo Testamento mostra que, na Igreja, não há e não pode haver uma classe sacerdotal exclusiva, como ocorre no catolicismo romano. Ora, a palavra “sacerdote” não se aplica a nenhum indivíduo, senão ao próprio Cristo, que se constituiu Sumo Sacerdote do povo redimido. Na Nova Aliança, Cristo é o único mediador entre nós e o Pai Celeste.
Em Hb 7.11 o escritor fala da “necessidade haveria ainda de que se levantasse outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo a ordem de Arão”; esse "outro sacerdote", que seria levantado, é nosso Senhor Jesus Cristo, de quem foi dito: "Jurou o Senhor e não se arrependerá: Tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque" (SI 110.4). Era uma mensagem profética e messiânica, que apontava para Cristo, através de Davi. Essa "ordem de Melquisedeque" não era reconhecida pelos judeus, que só aceitavam e reconheciam a "ordem de Arão" ou "levítica". Em Hebreus, o autor se refere à mensagem profética de Davi sobre Cristo, dizendo: "Assim, também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei. Como também diz noutro lugar: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque" (Hb 5.5,6).
O sacerdócio de Melquisedeque não estava limitado à raça humana ou à tribo, sendo, portanto, universal. Sua realeza não foi herdada de seus pais. E essa realeza também não foi transmitida a um descendente; e assim ela era eterna. Portanto, Melquisedeque é uma tipologia de Cristo e de seu sacerdócio eterno e universal'" [Dicionário Bíblico Wycliffe.1.ed.  Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 1247]. O Rev. Ronaldo Éber de Oliveira Brito, (pastor da Igreja Presbiteriana do Jardim Elba (http://www.jardimelba.cjb.net) - São Paulo-SP) escreve no artigo “Jesus e Melquisedeque”: “A clara alusão do Salmo 110:4 na descrição de Cristo como nosso Sumo-Sacerdote celestial em Hebreus 6:20 põe a base para o midraxe que temos em 7:1-10. Nesse texto o autor introduz Gênesis 14:17-20 para identificar o Melquisedeque do Salmo 110:4 (verso 1 a 3) e para exibir a base na história para a superioridade do Sumo-sacerdócio de Cristo dobre o sacerdócio levítico (versos 4 a 10). [...] Ao analisarmos mais de perto esses três versículos podemos ver que logo no início do capítulo 7 temos a conjunção "Porque". Essa conjunção põe essa frase em relação com a expressão com a qual termina Hebreus 6:20, aonde se proclama o sacerdócio eterno de Jesus. Podemos captar em tudo isso o caminho do pensamento do autor, que é certamente o seguinte: para comentar os versículos de Gênesis 14:18-20 ele os relaciona com o oráculo do Salmo 110:4 e descobriu que esses textos se iluminam mutuamente.” [Leia mais acessando o link:http://www.webservos.com.br/gospel/estudos/estudos_show.asp?id=303.]
2. O sacerdócio coletivo dos cristãos. Por outro lado, segundo o ensino do Novo Testamento, todo crente, sem distinção, faz parte do “sacerdócio real” (1Pe 2.9; Ap 1.6; 5.10). Por meio de Jesus Cristo, podemos oferecer sacrifícios espirituais (1Tm 2.5; 1Pe 2.5). Acerca disso, o apóstolo Pedro escreveu que os crentes representam um corpo sacerdotal em Jesus Cristo (1Pe 2.9).
Em Apocalipse, o apóstolo João retoma esse mesmo princípio: “Aquele que nos ama, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados, e nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai, a ele, poder e glória para todo o sempre. Amém” (Ap 1.5,6). O resgate dessa maravilhosa doutrina remonta à Reforma Protestante e ao Movimento Pentecostal.
Entendemos que cada crente pode ir diretamente a Deus em busca de perdão, através do arrependimento e da fé, não necessitando para isso de nenhum outro intercessor, nem mesmo da Igreja; entendemos que há um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo. Após reconciliar-se com Deus através da fé em Cristo, a pessoa tem acesso direto a Deus, por intermédio do mesmo Jesus Cristo. Ela entra no sacerdócio real que lhe outorga o privilégio de servir a humanidade em nome de Cristo. O sacerdócio do crente, portanto, significa que todos os cristãos são iguais perante Deus e na fraternidade da Igreja local. Cada cristão, tendo acesso direto a Deus através de Jesus Cristo, é seu próprio sacerdote e tem a obrigação de servir de sacerdote de Jesus Cristo em benefício de outras pessoas. Em 1Pe 2.9, o conceito do sacerdócio real é extraído de Êx 19.6. Israel perdeu temporariamente esse privilégio por causa de sua apostasia e porque seus líderes perversos executaram o Messias. No presente momento, a igreja é um sacerdócio real que se mantém unido com o sacerdote real, Jesus Cristo. O sacerdócio real não é somente um sacerdócio que pertence e serve ao rei, mas é também um sacerdócio que exerce domínio. Isso, por fim, se cumprirá no reino futuro de Cristo (1Co 6.1-4; Ap 5.10; 20.6). Os sacerdotes do Antigo Testamento e os cristãos-sacerdotes do Novo Testamento têm muitas características em comum:
• 1) o sacerdócio é um privilégio dos eleitos (Êx 28.1; Jo 1 5.16);
• 2) os sacerdotes são purificados dos pecados (Lv 8.6-36; Tt 2.14);
• 3) os sacerdotes são revestidos para o serviço (5.5; Êx 28.42; Lv 8.7ss.; SI 132.9,16);
• 4) os sacerdotes são ungidos para o serviço (Lv 8.12,30; 1Jo 2.20,27);
• 5) os sacerdotes são preparados para o serviço (Lv 8.33; 9.4,23; C l 1.16; 1Tm 3.6);
• 6) os sacerdotes são ordenados para uma vida de obediência 1Pe 2.4; Lv 10.1 ss.);
• 7) os sacerdotes devem honrar a Palavra de Deus (v. 2; Ml 2.7);
• 8) os sacerdotes devem andar com Deus (Ml 2.6; Gl 5.16,25);
• 9) os sacerdotes devem influenciar os pecadores (Ml 2.6; C l 6.1); e
• 10) os sacerdotes devem ser mensageiros de Deus (Ml 2.7; Mt 28.19-20).
No entanto, o maior privilégio de um sacerdote é o fato de que ele tem acesso a Deus “a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais”. Devemos ter muito cuidado ao usarmos esse termo, isso por que o sacrifício já foi realizado de uma vez por todas, não cabendo nenhum outro tipo de sacrifício, o crente não faz sacrifício. Sacrifícios espirituais significam obras que são feitas para honrar a Deus por causa de Cristo sob a direção do Espírito Santo e a orientação da Palavra de Deus. Esses sacrifícios incluem:
• 1) oferecer toda a energia do corpo a Deus (Rm 12.1-2);
• 2) louvar a Deus (Hb 13.15);
• 3) fazer o bem (Hb 13.16);
• 4) compartilhar os próprios recursos (Hb 13.16);
• 5) levar as pessoas a Cristo (Rm 15.16);
• 6) sacrificar os próprios desejos pelo bem de oulros (Ef 5.2); e
• 7) orar (Ap 8.3).
Sobre o resgate desta doutrina, leia em CPADNEWS

3. Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote no céu. Atente, querido irmão, para o seguinte versículo: “Ora, a suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da Majestade, ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem” (Hb 8.1,2).
Este texto revela que Nosso Senhor, o Sumo Sacerdote perfeito, está à destra do Pai, nos céus, e que, de maneira singular e verdadeira, ministra no Tabernáculo Celestial. Isso aconteceu porque a sua obra foi completa e perfeita. Por isso, Ele é o nosso mediador, advogado e intercessor. Ele proveu para nós um concerto melhor (Hb 8.6).
Em Hb 8.1, o escritor chegou à sua mensagem central. O fato é que "temos" (posse atual) um Sumo Sacerdote superior, Jesus Cristo, que é o cumprimento de tudo o que foi prenunciado no Antigo Testamento. Note que Ele se assentou a destra do trono da Majestade e é ministro - essa é a mesma palavra usada como referência a anjos em Hb 1.7. Em Jr 33.21, foi usada como referência a sacerdotes. O santuário é o lugar mais santo onde Deus habitava (Êx 15.17; 25.8; 26.23-24; 1Cr 22.17). O verdadeiro tabernáculo, cuja definição é dada na frase "que o Senhor erigiu, não o homem", bem como em Hb 9.11,24. Refere-se à habitação celestial de Deus. Cristo é o nosso Mediador (Hb 9.15), a palavra descreve o papel de um intermediário ou árbitro, nesse caso entre Deus e o homem (1Tm 2.5; Gl 3.19-20).

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Chegamos ao final de mais um trimestre. Antes de iniciar a aula, separe um tempo para fazer uma revisão panorâmica do trimestre. É importante que você faça um pequeno resumo das 12 lições. Lembre-se de que esse o período de revisão, junto ao conteúdo novo, garante o processo de ensino-aprendizagem. Enfatizamos aqui ser necessário a cada lição que o aluno tenha a noção do todo do trimestre. Mostre a ele que as lições estão ordenadas logicamente. Assim, você pode iniciar a última lição trimestral.

II. O SACERDÓCIO UNIVERSAL DA IGREJA

1. Uma doutrina bíblica fundamentada na pedra que é Cristo. Ao longo da Escritura, encontramos várias porções a respeito da “pedra” que é Cristo (Is 28.16; Sl 118.22; Is 8.14). No Novo Testamento, por exemplo, vemos tanto o apóstolo Paulo quanto Pedro citarem Isaías 28.16. Ambos afirmam, mediante o Espírito Santo, que Cristo é a “pedra”. Em Efésios 2.20 está ratificado que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina. Assim, podemos afirmar que o sacerdócio universal dos crentes, em primeiro lugar, está fundamentado na pedra que é Cristo Jesus, nosso Sumo Sacerdote.
A pedra angular era a pedra fundamental utilizada nas antigas construções, caracterizada por ser a primeira a ser assentada na esquina do edifício, formando um ângulo reto entre duas paredes. A partir da pedra angular, eram definidas as colocações das outras pedras, alinhando toda a construção. A pedra angular é o elemento essencial que dá existência àquilo que se chama de fundamento da construção. Atualmente, a pedra angular seria semelhante ao alicerce dos prédios contemporâneos.” (SIGNIFICADOS) Cristo é o fundamento dos apóstolos e profetas. Por mais importantes que tenham sido os apóstolos, não foram eles pessoalmente, mas a revelação divina por eles ensinada, pois falavam, com autoridade, a respeito da Palavra de Deus para a igreja antes do término do Novo Testamento, que forneceu o fundamento (Rm 15.20). Cristo é esse fundamento, a pedra angular (SI 118.22; Is 28.16; Mt 21.42; At 4.11; 1Pe 2.6-7). Essa pedra estabeleceu o fundamento e ajustou a edificação.

2. Distinguindo “a pedra”, que é Cristo, de “pedras vivas” que são os crentes. Se Cristo é a principal pedra de esquina, os crentes são as pedras vivas constituídas no grande edifício (1Pe 2.4). Todos os membros da Igreja de Cristo são pedras vivas edificadas sobre a Pedra Angular — Jesus, o Cordeiro de Deus.
Essa metáfora bíblica ilustra a doutrina fundamental do sacerdócio universal dos crentes. Deus nos vê como sacerdotes, ministrando em sua presença. Somos ministros de um templo espiritual. E cada “pedra viva” constitui esse edifício.
Por isso, você é chamado para ser um sacerdote nestes dias difíceis. Essa escolha foi feita no Calvário, mediante o sacrifício apresentado pelo Sumo Sacerdote Perfeito. Portanto, os requisitos para a escolha desse ofício não estão baseados na etnia ou em qualquer outra distinção humana; mas na graça de Deus, por meio da fé em Cristo Jesus (Ef 2.8). Como sacerdotes de Cristo, temos acesso ao trono da graça.
Quando Paulo escreve aos efésios (2.4) “Chegando-vos para ele”, traz a idéia de vir para permanecer. Significa permanecer na presença de Cristo com uma comunhão íntima (Jo 15.5-15). Ele é a pedra que vive, tanto uma metáfora como um paradoxo, essa expressão do Antigo Testamento enfatiza que Cristo, a "pedra angular" e a "pedra de tropeço", está vivo, ressuscitando dos mortos, e tem um relacionamento vivo com a humanidade salva (1Co 15.43; 1Jo 5.11-12). Ele é esta pedra “rejeitada... mas... eleita” , Suas credenciais messiânicas foram examinadas pelos falsos líderes religiosos de Israel e desdenhosamente rejeitadas (Mt 12.22-24; Jo 1.10-11). Mas Jesus Cristo foi o Filho precioso e eleito de Deus, que, por fim, foi autenticado pela sua ressurreição dos mortos (SI 2.10-11; Mt 3.17; At 2.23-24,32; 4.11-12; 5.30-31; 10.39-41). Somos pedras vivas e fazemos parte da casa espiritual, feita de gente, não de tijolos e outros materiais. Jesus usou também a figura do edifício, da casa, quando disse: “Sobre esta pedra edificarei a minha igreja (Mateus 16.18). Jesus é a pedra. Por isso, Pedro afirma: Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa. Ao nos aproximarmos e nos unirmos a Jesus pela fé, algo extraordinário acontece: Também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual. Paulo esclarece: Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular” (Ef 2.19-20).

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“Na adoração pentecostal, mormente através da manifestação de todos os dons do Espírito, transcendemos a rotinização que tão facilmente ocorre em nossa vida. Nossas tendências à racionalização devem ser contrabalançadas por encontros genuínos com Deus que nos deixam ministrar no Espírito. Nessa arena da ‘transcendência vivida na prática’, conhecemos o Bom Pastor, e alcançamos intimidade com Ele, pois sua própria natureza é da interação com a sua criação, e leva-nos em direção aos seus propósitos no ministério da reconciliação.
A comunidade pentecostal, na adoração, está, na realidade, envolvendo-se num ministério a Deus, por reconhecer a sua soberania sobre o Universo. Através do batismo no Espírito Santo e do envolvimento contínuo no falar noutras línguas, os pentecostais participam de uma atividade de adoração que edifica os alicerces de um ministério cristocêntrico” (HORTON, M. Horton (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018, p.599).

III. O MAIOR E MAIS PERFEITO TABERNÁCULO

1. O santuário terrestre. No santuário terrestre, o Tabernáculo, as atividades litúrgicas eram executadas em três lugares: o Pátio (Átrio), o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo. O Pátio era descoberto, mas o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo achavam-se cobertos. A mobília que compunha o Lugar Santo era constituída do Castiçal de Ouro, da Mesa dos Pães da Proposição e do Altar de Incenso. Toda essa imagem tem uma relação especial com o ministério sacerdotal de Jesus Cristo no Santuário Celestial (Jo 6.35; 17.1-26; Hb 7.25).
A casa de Deus do Antigo Testamento apontava para a futura Igreja Cristã, a atual casa de Deus, sobre a qual Cristo foi posto como cabeça. Você pode imaginar uma construção onde não se ouve qualquer barulho de ferramenta sendo utilizada? Bem, isso aconteceu em 1 Reis 6: 7. Durante a construção do templo, não havia necessidade de ouvir qualquer barulho de ferramentas, pois os trabalhadores usavam-nas para cortar, lapidar e polir as pedras na pedreira e, finalmente, depois que obtinham o pedaço do tamanho que queriam, traziam-no para o local onde o templo estava sendo construído e ali era encaixado perfeitamente. Hoje a humanidade representa a pedreira, de onde Deus está retirando pedras vivas, e as igrejas são os lugares de onde Ele está retirando a aspereza, limpando, lapidando e polindo essas pedras. Esta é a maneira usada por Deus para construir. É por isso que, às vezes, Ele permite que atravessemos muitas tribulações e lutas na vida para retirar de nós toda aspereza, até que, finalmente, sejamos pedras que se encaixem perfeitamente em Sua casa e possam brilhar por Jesus Cristo, 1Pd 4: 12-13” (IPRB)

2. O santuário celestial. Esse santuário pode ser identificado com o Tabernáculo que não foi feito por mãos humanas (Hb 9.11). É o lugar onde Deus habitará com os homens para sempre (Ap 21.3). Cristo Jesus garantiu-nos essa bênção quando, na consumação de seu sacrifício, o véu do templo rasgou-se de alto a baixo. Assim, o caminho para o Tabernáculo Celestial foi aberto; nosso acesso já está garantido.
Como já explicado em lições anteriores, a palavra traduzida por "tabernáculo" significa lugar de moradia. É a casa de Deus, o lugar onde ele mora (Lv 26.11-12; Dt 12.5). Sabemos que existiam no Tabernáculo dois véus: o que ficava na porta de acesso ao Santo Lugar, isto é, ao primeiro compartimento do santuário; e o que separava o primeiro compartimento do segundo, chamado de Santíssimo Lugar ou Santo dos Santos. Hebreus 6.19-20 trata do segundo véu, mesmo que apenas chame-o de “o véu”. Este é o mesmo véu que segundo Mateus 27.51 rasgou-se de alto abaixo. Nossa esperança é personificada pelo próprio Cristo, que entrou na presença de Deus no Santo dos Santos celestial em nosso favor. Assim como o sumo sacerdote sob a antiga aliança passava através de três áreas (o átrio exterior, o Santo Lugar e o Santo dos Santos) para fazer o sacrifício expiatório, Jesus atravessou três céus (o céu atmosférico, o céu estelar e a morada de Deus; cf. 2Co 12.2-4) depois de fazer o sacrifício perfeito e definitivo. Uma vez por ano, no dia da Expiação, o sumo sacerdote de Israel entrava no Santo dos Santos para fazer expiação pelos pecados do povo (Lv 16). Esse tabernáculo era apenas uma réplica limitada da realidade celestial (cf. 8.1-5). Quando Jesus entrou no Santo dos Santos celestial, tendo cumprido a redenção, a cópia terrena foi substituída pela realidade do próprio céu. Livre do que é terreno, a fé cristã é caracterizada pelo celestial (Hb 3.1; Ef 1.3; 2.6; Fp 3.20; Cl 1.5; 1Pe 1.4).

3. O sacrifício perfeito de Cristo. A Palavra de Deus mostra que o sacrifício de Jesus Cristo foi suficiente e eterno (Hb 9.24). Não era preciso passar repetidamente pelo Calvário para garantir-nos a redenção eterna. Bastou um único sacrifício!
Diferentemente do sacrifício antigo, que era parcial, o de Cristo foi definitivo e perfeito. A Bíblia declara que Nosso Senhor, “na consumação dos séculos, uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo” (Hb 9.26). Que mensagem maravilhosa! Que palavra consoladora!
No dia da Expiação, o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos, onde Deus se manifestava (Lv 16.2). No entanto, o sumo sacerdote era ocultado da presença de Deus pela nuvem de incenso (Lv 16.12-13). O comparecimento atual de Cristo no céu é a sua apresentação oficial diante do Pai para prestar contas a respeito do cumprimento de sua missão. O conceito de comparecer ou ser revelado está incluído na manifestação em carne de Cristo para morrer uma única vez pelo pecado. “Deus exigia sacrifícios de animais para que a humanidade pudesse receber perdão dos seus pecados (Levítico 4:35; 5:10). Para começar, sacrifício de animal é um tema importante encontrado por todas as Escrituras. Quando Adão e Eva pecaram, animais foram mortos por Deus para providenciar vestimentas para eles (Gênesis 3:21). Caim e Abel trouxeram ofertas ao Senhor. A de Caim foi inaceitável porque ele trouxe frutas, enquanto que a de Abel foi aceitável porque ele trouxe “das primícias do seu rebanho e da gordura deste” (Gênesis 4:4- 5). Depois que o dilúvio recuou, Noé sacrificou animais a Deus. Esse sacrifício de Noé foi de aroma agradável ao Senhor (Gênesis 8:20-21). Deus ordenou que Abraão sacrificasse seu filho Isaque. Abraão obedeceu a Deus, mas quando ele estava prestes a sacrificar a Isaque, Deus interveio e providenciou um carneiro para morrer no lugar de Isaque. (Gênesis 22:10-13). O sistema de sacrifícios atinge seu ponto máximo com a nação de Israel. Deus ordenou que esta nação executasse inúmeros sacrifícios diferentes. De acordo com Levítico 1:1-4, um certo procedimento era para ser seguido. Primeiro, o animal tinha que ser perfeito. Segundo, a pessoa que estava oferecendo o animal tinha que se identificar com ele. Então, a pessoa oferecendo o animal tinha que infligir morte ao animal. Quando feito em fé, esse sacrifício providenciava perdão dos pecados. Um outro sacrifício chamado de dia de expiação, descrito em Levítico 16, demonstra perdão e a retirada do pecado. O grande sacerdote tinha que levar dois bodes como oferta pelo pecado. Um dos bodes era sacrificado como uma oferta pelo pecado do povo de Israel (Levítico 16:15), enquanto que o outro bode era para ser solto no deserto (Levítico 16:20-22). A oferta pelo pecado providenciava perdão, enquanto que o outro bode providenciava a retirada do pecado. Por que, então, não oferecemos mais sacrifícios de animais nos dias de hoje? O sacrifício de animais terminou porque Jesus Cristo foi o sacrifício perfeito. João Batista confirmou isso quando O viu pela primeira vez: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (João 1:29). Você pode estar se perguntando: “por que animais? O que eles fizeram de errado?” Esse é justamente o ponto: já que os animais não fizeram nada de errado, eles morreram no lugar daquele que estava executando o sacrifício. Jesus Cristo também não tinha feito nada de errado, mas voluntariamente entregou-Se a morrer pelos pecados da humanidade (1 Timóteo 2:6). “Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma novilha, aspergidos sobre os contaminados, os santificam, quanto à purificação da carne, muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!” (Hebreus 9.13 – 14).” (IPIDOURADOS)


SUBSÍDIO DE VIDA CRISTÃ

“O Fundamento Se desejamos progredir na vida com Deus, temos de ter um fundamento genuíno. Não há outro fundamento, exceto o fundamento da fé. Todos os nossos movimentos e todas as coisas que nos chegam – que tenham alguma importância –, acontecerão porque estamos sobre uma rocha. Se você está na Rocha, nenhum poder pode movê-lo. A necessidade hoje é que nossa fé esteja firmada na Rocha.
Sua fé tem de ter algo em que se firmar.
Se você construir sobre qualquer outro fundamento que não seja sobre a Palavra de Deus – em imaginações, em sentimentalismos, em alguma alegria especial ou qualquer outro tipo de emoção –, não significará nada para você sem o fundamento da Palavra de Deus” (WIGGLESWORTH, Smith. Devocional. Série: Clássicos do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.96).

CONCLUSÃO

Uma vez que o Tabernáculo mosaico passou, temos agora um santuário maior, um sacrifício suficiente e uma salvação definitiva. Na Aliança Antiga, as pessoas comuns não tinham acesso direto ao Santo dos Santos; na Nova Aliança, qualquer pessoa, independente de etnia ou classe, mediante Cristo Jesus, pode entrar na presença de Deus pelo novo e vivo caminho (Hb 10.20).
...pelo novo e "vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb 10.20) -novo com o significado original de "recém-imolado", mas foi interpretada como "recente" quando a epístola foi escrita. O caminho é novo porque a aliança é nova. Não é um caminho fornecido pelo sistema levítico; é um caminho vivo. Embora seja o caminho da vida eterna, ele não foi aberto apenas pela vida impecável de Cristo — ele exigiu a sua morte. Os hebreus foram convidados a entrar nesse caminho que é caracterizado pela vida eterna do Filho de Deus que os amou e entregou-se por eles (Jo 14.6; Gl 2.20). A fé cristã era conhecida como "o caminho" entre os judeus de Jerusalém (At 9.2), bem como entre os gentios (At 19.23). Aqueles que receberam essa epístola entenderam com muita clareza que o escritor os estava convidando a se tornarem cristãos — a se unirem àqueles que: haviam sido perseguidos por causa da fé que professavam. Os verdadeiros cristãos no meio deles estavam sofrendo perseguição naquele momento, e aqueles que não haviam se comprometido com o caminho eram convidados a se tornarem alvos da mesma perseguição. Quando a carne de Jesus foi rasgada em sua crucificação, o mesmo aconteceu com o véu do templo que simbolicamente separava as pessoas da presença de Deus (Mt 27.51). Quando o sumo sacerdote no dia da Expiação entrava no Santo dos Santos, o povo aguardava do lado de fora que ele saísse. Ao entrar no templo celestial, Cristo não voltou. Pelo contrário, ele abriu a cortina e expôs o Santo dos Santos para que pudéssemos segui-lo. O termo "carne" é usada como "corpo" (v. 10) e "sangue" (9.7,12,14,18,22) para se referir à morte sacrifical do Senhor Jesus. Há pré-requisitos para que entremos na presença de Deus (Sl 15): sinceridade, segurança, salvação e santificação, sincero coração. O termo grego traduzido por "sincero" carrega a ideia de ser verdadeiro, genuíno e sem motivos ocultos (Jr 24.7; Mt 15.8). Isso era o que faltava a esses hebreus em particular: o compromisso genuíno com Cristo, plena certeza de fé Hb 6.71). Aqui é feita referência à total confiança nas promessas de Deus. Essa confiança resultará numa certeza ou segurança sincera que lhes permitirá perseverar em meio às provações vindouras. Esse é o primeiro item de uma tríade familiar: fé, esperança (v. 23) e amor (v. 24). Diante de tudo o que foi exposto, “Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel”. Agarrar-se com firmeza é uma evidência da salvação; ao contrário do que muitos ensinam, não é algo que se faz para manter a salvação, mas a prova de que permanecemos dentro da aliança!

Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16)

Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br


sexta-feira, 21 de junho de 2019

LIÇÃO 12: A NUVEM DE GLÓRIA



COMENTÁRIO E SUBSÍDIO I

INTRODUÇÃO

Nesta lição estudaremos a definição exegética e etimológica das palavras “glória” e “shekhinah” de Deus; pontuaremos a glória de Deus revelada plenamente na pessoa de Jesus Cristo; e por fim, falaremos da glória do Senhor revelada na vida do crente fiel.

I – DEFINIÇÃO O TERMO GLÓRIA

1.1 Definição exegética do termo. O vocábulo mais comum para glória é “kavôd” que significa: “glória, peso, esplendor, copiosidade, majestade, riqueza” dando a ideia de alguma coisa muito importante (Êx 33.18; Sl 72.19; Is 3.8; Ez 1.28). A glória de Deus é a revelação de Seu próprio ser, da natureza e da Sua presença para a humanidade e leva o homem a reconhecer a grandeza de Deus e a sua pequenez e indignidade (Is 42.8; 48.9-11; 60.2). A palavra “glória” é uma das mais ricas e diversas no contexto linguístico do AT e são encontrados pelo menos oito termos para designá-la no AT (Êx 40.35; 1Sm 4.22; 1Sm 6.5; 1Rs 3.13; 8.11; 1Cr 16.28; 29.12; Is 11.10; 24.23; 42.12; Dn 2.37; 1Cr 29.11,13). Na Bíblia, a glória de Deus está muitas vezes associada a brilho, esplendor e a majestade do Todo-Poderoso (Ez 1.28; Lc 2.9; Mt 17.5). Ela descreve a presença visível de Deus como uma nuvem escura, trovões, relâmpagos (Êx 19.9,16,18; 20.18). A manifestação física de que a presença de Deus estava chegando (a glória de Deus) poderia ser a aparência de um fogo consumidor (Êx 24.17; Dt 4.24; Hb 12.29), no caso de Sua autoridade e Seu poder serem vistos. Em outros casos, quando Seu propósito era outro e Ele desejava mostrar outro aspecto do Seu caráter, ao invés de fogo (Êx 13.21; Nm 9.15-16) aparecia nuvem, fumaça, vento ou, então, o cicio suave (BÍBLIA DE ESTUDO PALAVRAS CHAVES: HEBRAICO E GREGO, 2011, p.1700).
1.2 Definição etimológica do termo. A nuvem que aparecia durante o dia sobre o Tabernáculo era uma forma da “glória visível de Deus” sobre o Santuário. Moisés viu parcialmente esta “glória” na coluna de nuvem e de fogo (Êx 13.21). Em Êxodo 29.43 ela é chamada “minha glória” (Is 60.2). A majestade da glória de Deus é tão grandiosa que nenhum ser humano pode vê-la de maneira plena e continuar vivo (Êx 33.18-23). Quando muito, pode-se ver apenas um “aparecimento parcial da glória do Senhor” (Ez 1.26-28). Neste sentido, a glória de Deus designa Sua singularidade, Sua santidade e sua transcendência (Is 6.1-3; Rm 11.36; Hb 13.21). Ela cobriu o Sinai quando Deus outorgou a Lei (Êx 24.16,17), encheu o Tabernáculo (Êx 40.34), guiou Israel no deserto (Êx 40.36-38) e posteriormente encheu o templo de Salomão (2Cr 7.1; 1Rs 8.11-13). Mais precisamente, Deus habitava entre os querubins no Lugar Santíssimo do templo (1Sm 4.4; 2 Sm 6.2; Sl 80.1). Ezequiel a sua glória levantar-se e afastar-se do templo por causa da idolatria presente ali (Ez 10.4,18,19) (STAMPS, 1995, p. 1183).

II – DEFINIÇÃO O TERMO SHEKHINAH

2.1 Definição exegética do termo. O termo “shekhinah” significa: “avizinhar, habitar, residir, morar, armar tenda” (Êx 24.16; 25.8; 29.45; 40.34,35; Dt 12.11; Sl 37.3; 85.9; Jr 33.16; Is 8.18; Zc 8.3). Para alguns teólogos a tradução que mais se aproxima da palavra “shekhinah” é: “a presença de Deus vista entre o seu povo” (Dt 12.11; 14.23; 16.2,6,11; 26.2). De acordo com o Dicionário Internacional de Teologia do AT (1998, p. 1743), os verbos hebraico “shakhan” e “shekhen” possuem a mesma raiz da palavra “shekhinah”. Por isso, que quando a glória “kavôd” de Deus era manifestada em forma visível entre o povo de Israel, os rabinos posteriormente através de sua tradição literária (Talmude e Targuns) a chamaram de “shekhinah” porque o Senhor estava “vizinho” dos homens (Êx 13.21; 16.10; 19,9.16; 24.16; 33.18-20; 40.34,35). Deus prometeu habitar entre (no meio) o povo de Israel (Êx 13.20-22; 19.17-19; 40.34-35; 1R 8.10-12). A glória de Deus também se refere a Sua presença visível entre o seu povo, ou seja, “shekhinah”, na verdade, é a habitação da glória “kavod” de Deus entre nós (Sl 85.9). Há muitas pessoas que fazem confusão com o termo; umas usam-no sem a noção; outras pessoas têm uma visão radical de que o termo não deveria ser usado porque “ele não existe na Bíblia” […]. Há palavras na cultura judaica que, por causa de sua sacralidade, ou perda dos fonemas hebraicos, foram reformulados […]. Portanto, não há nada que proíba usar o termo “shekhinah” (CABRAL, 2019, pp. 85, 86 151 – grifo nosso).
2.2 Definição etimológica do termo. A palavra “shekhinah” não apareça na Bíblia judaica (Tanakh – Lei, Profetas e Escritos) nem no NT. O termo é uma expressão extrabíblica, mas não antibíblica, pois, seu princípio é encontrado em toda Escritura Sagrada. Apesar de não aparecer na Bíblia, podemos dizer que é bíblico por aquilo que significa: “a presença de Deus visível”. Esta palavra normalmente está associada aos casos quando Deus se apresentou de forma perceptível ao seu povo. O vocábulo ainda aponta para “residir ao lado” (Êx 25.8; 1Rs 8.10-11; 2Cr 6.1,2; Sl 74.2), e, é empregado para designar a presença de Deus (Êx 24.16,17; 29.43; 60.2). Quando o Senhor mandou que Moisés construísse a Arca da Aliança, Ele disse que a Sua presença iria com o povo. Então a Arca do Senhor representava a “presença do Senhor no meio do povo” (STAMPS, 1995, p. 1183). De acordo com a compreensão dos exegetas do judaísmo a “shekhinah” era uma forma de teofania (aparição ou revelação da manifestação de Deus) muito frequente no relacionamento entre Deus e Israel. Querer atribuir o termo “shekhinah” unicamente a Cabala (parte mística do judaísmo) é esquecer que este termo já era usado pelos rabinos muito antes do cabalismo surgir na história judaica.

III - A GLÓRIA DE DEUS REVELADA EM JESUS CRISTO

3.1 A glória de Deus revelada na pessoa de Jesus. Em linguagem metafórica, a “shekhinah” no NT representa a presença majestosa de Deus e sua decisão de “habitar” (shakhan) entre os homens (Jo 1.14). O verbo shakhan, que deu origem ao termo shekhinah, ressalta a ideia de vizinhança e também proximidade de Deus com os homens. O equivalente da glória de Deus, ou seja, a presença Dele no NT é a pessoa de Jesus Cristo como a “glória de Deus em carne humana” (Cl 1.15,19), que veio habitar entre nós (Mt 1.23). Ele é a maior manifestação visível da presença de Deus entre nós (Mt 1.22-23). O apóstolo Pedro emprega a expressão “a magnífica glória” como um nome de Deus (2Pd 1.17). Os pastores de Belém viram a glória do Senhor no nascimento de Cristo (Lc 2.9), os discípulos a viram na transfiguração de Cristo (Mt 17.2; 2Pd 1.16-18). Cristo como o Logos e Filho de Deus, sempre existiu em glória antes de sua encarnação (Jo 17.5,22,24). Ele é o mistério glorioso de Deus (Cl 1.27). O resplendor de Cristo é a sua g1ória divina (Hb 1.3). Ele é glorioso por ser a própria imagem de Deus (Jo 1.14). Jesus manifestou a sua glória no princípio de seu ministério (Jo 2.11) (STAMPS, 1995, p. 1183 – grifo nosso).
3.2 A glória de Deus revelada no ministério de Jesus. Todo o ministério de Cristo na terra redundou em glória ao nosso Deus (Jo 14.13; 17.1,4,5). Quando Isaías falou da vinda de Jesus Cristo, profetizou que nEle seria “revelada a glória de Deus” para que toda a raça humana a visse (Is 40.5). Tanto João (Jo 1.14) como o escritor aos Hebreus (Hb 1.3) testificam que Jesus Cristo cumpriu essa profecia. A glória de Cristo era a mesma glória que Ele tinha com seu Pai antes que houvesse mundo (Jo 1.14; 17.5). A glória do seu ministério ultrapassou em muito a glória do ministério dos profetas do AT (2Co 3.7-11). Paulo chama Jesus de “o Senhor da glória” (1Co 2.8), e Tiago o chama de “nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória” (Tg 2.1). Repetidas vezes, o NT refere-se ao vínculo entre Jesus Cristo e a glória de Deus. Seus milagres revelavam a sua glória (Jo 2.11; 11.40-44). Cristo transfigurou-se em meio a “uma nuvem luminosa” (Mt 17.5), onde Ele recebeu glória (2Pd 1.16-19) (STAMPS, 1995, p. 1183 – grifo nosso).
3.3 A glória de Deus revelada na morte e ressurreição de Jesus. Estêvão a viu na ocasião do seu martírio a glória de Jesus (At 7.55). A hora da morte de Jesus foi o momento da sua glorificação (Jo 12.23,24; 17.4,5). Ele subiu ao céu em glória (At 1.9; 1Tm 3.16), agora está exaltado nos céus em glória (Ap 5.12,13), e um dia voltará “sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória” (Mt 24.30; 25.31; Mc 14.62; 1Ts 4.17) (STAMPS, 1995, p. 1183).

IV - A GLÓRIA DE DEUS REVELADA NA VIDA DO CRENTE

Como a glória de Deus relaciona-se ao crente pessoalmente? 4.1 Deus revela Sua glória mediante a habitação do Espírito Santo. Deus nos escolheu para sermos sua habitação ambulante aqui na terra, e através de nós manifestar a sua glória “kavôd” ao mundo. O apóstolo João registrou as palavras de Jesus sobre a manifestação da glória de Deus quando disse: “E eu dei-lhes a glória que a mim me deste […] para que o mundo reconheça que tu me enviaste e que os amaste, como amaste a mim” (Jo 17.22,23). Através do Espírito Santo repousa sobre o verdadeiro crente a glória de Deus (Jo 14.16-17; 1Pd 4.14). Paulo também nos revela que a glória de Deus habita em nós pelo seu Espírito Santo (2Co 3.18; Ef 3.16-19), e Pedro também afirma esta mesma verdade (1Pd 4.14). Concernente que à glória celestial e majestosa de Deus de maneira plena ninguém pode contemplar (Jo 1.18-a); mas, sabemos que ela existe. O apóstolo Paulo afirma que Deus habita em “uma luz [glória] inacessíveis”, que nenhum ser humano pode ver (1Tm 6.16). O Espírito Santo nos aproxima da presença de Deus e de Jesus (2Co 3.16,17; 1Pd 4.14).
4.2 Deus revelará Sua glória mediante consumação da salvação. A experiência da glória de Deus é algo que todos os crentes terão na consumação da salvação: “[…] com a glória que em nós há de ser revelada” (Rm 8.18). Seremos levados à presença gloriosa de Deus (Hb 2.10; 1Pd 5.10; Jd 24), compartilharemos da glória de Cristo: “[…] para que também com ele sejamos glorificados” (Rm 8.17). Paulo ainda disse que: “[…] somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito Santo” (2Co 3.18-c) e receberemos uma coroa de glória (1Pd 5.4). Até mesmo o nosso corpo ressurreto terá a glória do Cristo ressuscitado: “que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso [...]” (Fp 3.21 ver ainda 1Co 15.42,43).

CONCLUSÃO

Concluímos que a glória de Deus transcende a qualquer coisa que o ser humano venha a produzir. A glória do Senhor esteve com Israel, no Antigo Testamento, com a Igreja Primitiva, em Atos, e também está em nossa vida através do seu Espírito Santo.


Prof. Paulo Avelino
Disponível em: https://portalebd.org.br

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Êxodo 40 e Números 9 registram o cuidado de Deus com Israel. Na caminhada no deserto rumo à terra prometida, uma nuvem permanecia sobre o Tabernáculo. A imagem dessa nuvem marcou a história de Israel, pois ela cobria a “Tenda da Congregação”, enchia o Templo, enfim, um símbolo vivo de que Deus estava entre o seu povo. Anelemos por essa maravilhosa presença!
Deus libertou Israel da escravidão. Livre, o povo de Deus iniciou a sua jornada rumo à Terra Prometida. O percurso escolhido pelo Senhor não foi o mais fácil, porém, com certeza foi o melhor para os israelitas naquela ocasião, pois eles não estavam preparados para enfrentar o inimigo. Deus é fiel e sempre cuidou com zelo do seu povo. Ele colocou uma nuvem ou uma coluna de fogo, se fosse dia ou noite, respectivamente, para indicar o caminho a seguir e proteger seu povo. Interessante notar que a presença de Deus não ficou estagnada, mas se movia livremente de um lugar para outro, sem nenhum padrão previamente definido, parecendo-se muito com o que acontece com a Igreja do Senhor. “A nuvem surgiu, pela primeira vez, quando eles atravessavam o mar. Depois no Sinai e também quando Moisés fez uma tenda, e ali buscava a Deus; por fim, quando o Tabernáculo foi levantado. A partir de então, a presença de Deus era contínua, de maneira que, quando a nuvem se elevava acima do Tabernáculo, os filhos de Israel reiniciavam a sua jornada. Os milhões de peregrinos que estavam ao redor do Tabernáculo, nas suas respectivas tribos, entenderam perfeitamente que se tratava de uma manifestação divina. Está escrito que “Assim era de contínuo: a nuvem o cobria, e, de noite, havia aparência de fogo” (Nm 9.16). “Deus prometeu prover uma nuvem para guiar os viajantes e para lembrá-los de sua presença contínua.”  Interessante que Deus, embora nunca se apresente fisicamente, mas permaneça invisível, sempre deixa sinais de que se conserva junto do povo. Jesus disse que os discípulos não o veriam mais, entretanto assegurou: “[...] eu estou convosco todos os dias [...]” (Mt 28.20). A maravilhosa presença do Senhor traz a sensação de amparo, proteção, segurança. Dessa forma, o Senhor demonstrava a todos que cumpria a promessa de sua presença inafastável. De fato, qual o filho pequeno que não necessita que seu pai sempre esteja por perto?” (Lição 4 - A Presença de Deus no Deserto - 1º Trimestre de 2019. CPAD. Disponível em: http://www.escoladominical.com.br/home/licoes-biblicas/subsidios/jovens/1327-li%C3%A7%C3%A3o-4-a-presen%C3%A7a-de-deus-no-deserto.html. Acesso em: 24 JUN, 2019).

I. A COLUNA DE NUVEM: a glória divina sobre Israel (Êx 40.34)
                                                                                                                                   
1. Quando “a nuvem cobriu a tenda da congregação”. A nuvem aparecia durante o dia sobre o Tabernáculo. Era a shekinah de Deus sobre o Santuário. Embora o termo não se encontre no texto original do Antigo Testamento, shekinah é uma palavra adotada pela tradição judaica. Os sábios judeus evitavam a palavra kaboth (ou kabod), que significa “glória”, por causa de sua sacralidade (cf. 1 Sm 4.21). Assim, shekinah, segundo o sentido aramaico, descreve a manifestação visível da glória de Deus.
Em Êxodo 40.34, quando “a nuvem cobriu... a glória do SENHOR encheu”, foi a confirmação final para Moisés e o povo de que toda a obra para o levantamento de um lugar de habitação para Deus havia sido feita devidamente e todas as tediosas instruções obedientemente seguidas. No capítulo 16.10, ao constatarem o começo da provisão de pão diário no dia seguinte, Israel também veria a glória do Senhor, termo adequado a ser usado porque o que Deus fez de fato mostrou sua presença junto ao povo. "Glória" refere-se tipicamente à manifestação da presença de Deus, o que o torna magnífico e leva à adoração. “Shekinah é uma palavra hebraica que significa a presença gloriosa de Deus, manifesta entre os homens. Normalmente a palavra shekinah está associada aos casos na Bíblia quando Deus se manifestou de forma visível. A palavra shekinah não aparece na Bíblia. A palavra shekinah foi inventada por rabinos judeus depois que a Bíblia foi escrita para significar a manifestação visível da presença gloriosa de Deus. Shekinah vem do verbo hebraico que significa “habitar”. Deus prometeu habitar entre o povo de Israel e várias vezes mostrou sua presença de forma visível:
Na nuvem e coluna de fogo no deserto – Êxodo 13:20-22
No monte Sinai, quando Deus deu os Dez Mandamentos – Êxodo 19:17-19
No tabernáculo, quando os israelitas moravam no deserto – Êxodo 40:34-35
Na dedicação do templo de Salomão – 1 Reis 8:10-12
Em todas essas situações, a revelação da presença de Deus entre as pessoas foi um acontecimento glorioso, que inspirava louvor. Por isso, shekinah muitas vezes está associada também à glória de Deus.” (RESPOSTAS).

2. A glória de sua Presença. A ideia que o povo de Israel tinha de Deus era a  de que Ele morava no Santuário. Assim, a nuvem sobre o Tabernáculo revelava que o Altíssimo encontrava-se de modo especial no Santuário. Outrora, a mesma nuvem acompanhava Israel desde Sucote (Êx 13.20-22); agora, ela se encontrava sobre o Tabernáculo. Essa nuvem é o sinal grandioso da presença do Todo-Poderoso. O Deus de Israel era o centro do culto e da adoração do seu povo. E do seu coração? Ele é Senhor?
O meio pelo qual Deus guiou o povo, uma coluna de nuvem e uma coluna de fogo - era uma coluna só - de dia era de nuvem e de noite de fogo (Êx 14.24); estava associada ao Anjo de Deus (Êx 14.19; 23.20-23) ou ao Anjo da presença de Deus (Is 63.8-9). Essa também era a coluna da qual o Senhor falou a Moisés (Êx 33.9-11). Há quem aponte Jesus nesta Coluna, no entanto, Êx 14.19 diz: “Então, o Anjo de Deus, que ia adiante do exército de Israel, se retirou e passou para trás deles; também a coluna de nuvem se retirou de diante deles, e se pôs atrás deles”. deles. O Anjo do Senhor e a coluna de nuvem e de fogo passaram da vanguarda para a retaguarda, da posição de guia para a posição de proteção. O Anjo do Senhor (mensageiro de YHWH) que no contexto de Êx 3.2 revela-se como sendo o próprio Senhor falando a Moisés (confira At 7.10).

3. “Glória” no hebraico e no aramaico. A palavra “glória” é uma das mais ricas e diversas no contexto linguístico do Antigo Testamento. São encontrados pelo menos oito termos para designá-la, tanto no aramaico quanto no hebraico (Sl 113.3; Dn 2.37; 1 Cr 29.11). Quando se refere a Deus, a palavra “glória” designa o esplendor e a majestade do Todo-Poderoso entre o seu povo. A grande lição a ser apreendia, aqui, é que a aprovação divina quanto ao nosso ministério é necessária e imprescindível. No estudo da nuvem de glória, percebemos claramente que Deus deseja operar no meio do seu povo. Ele ainda confirma e promove a sua Obra!
O termo hebraico kavôd, literalmente significa “pesar” ou “ ser pesado”. O conceito representa a presença de Deus entre os seres humanos, que deixa uma impressão altamente significativa entre eles. É importante saber que a glória é característica intrínseca de Deus. Não é o reconhecimento, nem o louvor que Suas criaturas prestam que tornam Deus glorioso. “Portanto, todos nós, com o rosto descoberto, refletimos a glória que vem do Senhor. Essa glória vai ficando cada vez mais brilhante e vai nos tornando cada vez mais parecidos com o Senhor, que é o Espírito” (2Co 3.18). O apóstolo afirma neste texto que somos reflexo da glória de Deus, nossa existência deriva da glória majestosa do Todo-Poderoso. Deus criou os seres humanos para a Sua glória. O alvo principal do ser humano é conhecer a Deus e glorifica-Lo. A glória de Deus deve ter prioridade sobre qualquer coisa que queiramos realizar. A Bíblia diz: “quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”. (1 Coríntios 10:31). Deus nos criou para reconhecer o Seu poder e majestade e viver à luz da Sua glória.

SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

Há muitas pessoas que fazem confusão  com o termo shekinah. Umas usam-no sem a noção de o porquê o termo ganhou essa popularidade; outras têm uma visão radical de que o termo não deveria ser usado porque “ele não existe na Bíblia”. O tópico presente dá uma explicação satisfatória para uma visão equilibrada.
Por isso, deixe claro à classe que há termos na cultura judaica que, por causa de sua sacralidade, ou perda dos fonemas hebraicos, foram reformulados. Por exemplo, o nome verdadeiro de Deus é expresso por Adonai, pelo termo aportuguesado Jeová e outros. No Novo Testamento, a expressão Santíssima Trindade também não aparece, mas ela retrata com perfeição o que os textos apostólicos ensinam sobre essa maravilhosa doutrina. Portanto, não há nada que proíba o termo shekinah.

II. A SHEKINAH QUE ESTEVE PRESENTE NAS PEREGRINAÇÕES DE ISRAEL

1. A glória permanente de Deus. Havia uma promessa de Deus para a descendência de Abraão: tomar posse da terra de Canaã. Para cumprir esse objetivo, a presença de Deus permaneceu com Israel desde a saída do Egito até à entrada na terra prometida (Êx 13.20-22). Ele cumpriu sua promessa e guiou Israel pelo meio do Mar Vermelho, derrotando Faraó e seus cavaleiros. Ali, a nuvem do Senhor trouxe trevas e embaraços aos perseguidores egípcios. A nuvem conduzia Israel nas suas peregrinações, conforme o apóstolo Paulo menciona em uma de suas cartas: “Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem; e todos passaram pelo mar, e todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar” (1 Co 10.1,2).
Êxodo 13.21 diz acerca do povo de Israel que Deus conduzira para fora do Egito: “Durante o dia o Senhor ia adiante deles, numa coluna de nuvem, para guiá-los no caminho, e de noite, numa coluna de fogo, para iluminá-los, e assim podiam caminhar de dia e de noite”. Essa coluna de nuvem e de fogo sinalizava a presença do próprio Deus, como podemos ler em Êxodo 14.24: “No fim da madrugada, do alto da coluna de fogo e de nuvem, o Senhor viu o exército dos egípcios e o pôs em confusão”. A Bíblia Viva traduz esse texto da forma que o encontrei em diversas traduções alemãs: “De madrugada, o Senhor olhou da nuvem para as tropas egípcias...”. Não é interessante? Deus olhou para fora da nuvem. Ele estava na nuvem, de onde olhou para os inimigos de Israel. Dali, da nuvem, Deus protegeu os israelitas e castigou os egípcios: “A coluna de nuvem também saiu da frente deles e se pôs atrás, entre os egípcios e os israelitas. A nuvem trouxe trevas para um e luz para o outro, de modo que os egípcios não puderam aproximar-se dos israelitas durante toda a noite” (Êx 14.19b-20). O próprio Deus olhava da nuvem para os egípcios, interferindo sobrenaturalmente para barrar o ataque iminente do inimigo, deixando claro que Ele lutava por Israel (v. 25). Para os leitores mais críticos, o texto bíblico sublinha: “Naquele dia o Senhor salvou Israel das mãos dos egípcios, e os israelitas viram os egípcios mortos na praia” (v. 30). Todos podiam ver e se admirar com o que Deus fizera, percebendo a forma maravilhosa com que Ele libertou Israel dos egípcios”. (CHAMADA). Quando acompanhamos a caminhada dos hebreus, do Egito a Canaã, passando pelo deserto, aprendemos como foi esta caminhada e aprendemos como é a nossa. Há semelhanças e diferenças entre as caminhadas, mas o Deus dos hebreus é o mesmo hoje.

2. A nuvem de Deus nos montes e desertos. Moisés subiu ao Monte Sinai e entrou no meio da nuvem e, ali, ficou por 40 dias e 40 noites (Êx 24.15-18). Deus falaria com ele da nuvem, de onde o legislador de Israel receberia as tábuas dos Dez Mandamentos e a revelação quanto à construção do Tabernáculo (Êx 24.15-18 cf. caps 25 - 27; 34.1-9). Enquanto o povo marchava para avançar pelo deserto, a nuvem se movia. Em cada jornada, em cada peregrinação, o Senhor era com o seu povo. Não se desespere, pois o Espírito Santo conduz a sua Igreja! Ele habita em você!
A visão inspiradora de pavor da nuvem da glória de Deus, a Shekinah, repousando sobre o monte e na qual Moisés desapareceu por 40 dias e noites, impressionou a todos pela singular importância desse acontecimento na história de Israel. Durante esses dias Moisés recebeu todas as instruções sobre o tabernáculo, sua mobília e adornos (caps. 25—31). O pouso da Shekinah sobre o tabernáculo quando sua construção fora terminada impressionou os israelitas pela singular importância dessa estrutura no culto de Israel a YHWH e o relacionamento dos israelitas com ele (Êx 40.34-38). No percurso dos hebreus, há uma informação que não podemos ignorar: “a coluna de nuvem não se afastava do povo de dia, nem a coluna de fogo, de noite” (Êx 13.22) Também conosco a presença de Deus conosco é garantida. O que aconteceu lá acontece aqui.

3. A nuvem se manifestou sobre o propiciatório. A Palavra de Deus revela que o propiciatório, que ficava sobre a arca da aliança, era o maior símbolo de sua presença. Ali, Deus se manifestava por meio da nuvem de sua glória (Lv 16.1,2; Nm 7.89). À luz da Santa Palavra, não podemos nos conformar com a frieza espiritual e com a indiferença com a Palavra de Deus. Ora, diferentemente daquela época, hoje podemos entrar no Lugar Santíssimo com plena liberdade no Espírito Santo, pois Este foi derramado de maneira abundante sobre o povo de Deus (At 2.1-13). Não se conforme com a frieza e a indiferença espiritual!
Em Levítico 16.2, ao falar da nuvem onde o SENHOR apareceria, muitos comentarista são de opinião que essa nuvem possivelmente fosse o incenso que o sumo sacerdote queimava na sua entrada anual no Santo dos Santos. Era essa a nuvem que cobria a mesa do propiciatório na arca do Testemunho, cuja tampa era o propiciatório, uma peça única feita de ouro batido, significando “lugar de expiação” e referia-se ao trono de Deus entre os querubins. Recebeu esse nome porque era onde Deus se manifestava para o propósito da expiação. Quando o tabernáculo ficou pronto, o Senhor comunicava a sua palavra a Moisés do propiciatório no Santo dos Santos (Lv 1.1; Nm 1.1).

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“A aproximação de Israel ao Senhor, o grande Rei, era claramente multissensorial. O povo via a glória no fogo e na nuvem, ouvia Deus no trovão e no terremoto, e cheirava algo da doçura divina na fragrância dos perfumes. O Deus fora da percepção sensorial se revelava metaforicamente de modo que os seres humanos sensíveis pudessem entender.
Êxodo 31 resume a aproximação ao Santo. Há uma lista de todo o aparato físico necessário para essa aproximação – o Tabernáculo com as mobílias e equipamentos (VV.7-11), a escolha divina de trabalhadores, qualificados por terem sido selecionados pelo Senhor e capacitados com o próprio Espírito de Deus (vv.1-6)” (ZECK, Roy B. Teologia do Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p.67).

III. ALGUMAS LIÇÕES PARA HOJE

1. A nuvem sobre o Tabernáculo não era comum. Deus usa coisas visíveis para ensinar verdades espirituais. Aquela nuvem era especial, pois não obedecia às leis da natureza criadas por Ele próprio. Tinha características de uma nuvem comum, mas não era algo comum. Ele usou a imagem de elementos físicos para manifestar a sua glória. Não perca a sensibilidade espiritual. Perceba como Deus pode e quer falar, agora, com você. Ele usa coisas comuns para manifestar a sua glória!
- “O v. 17 diz: “Sempre que a nuvem se levantava de cima da Tenda, os israelitas partiam, e no lugar em que a nuvem descia, ali eles acampavam”. Ou seja, o povo de Deus precisava estar atento ao mover da Nuvem de Deus. A orientação de iniciar a caminhada ou parar para descansar vinha da Nuvem do Senhor. Você pode visualizar naquele deserto milhares de seres humanos avançando sem qualquer conhecimento da rota que deviam seguir? Uma multidão numerosa de homens, mulheres e crianças, viajando através num tremendo deserto arenoso, sem bússola, sem guia humano, sem um celular, sem um radinho a pilha? Mas que espetáculo! Ali estava aquela multidão avançando sem qualquer conhecimento da rota que deviam seguir, apenas dependentes de Deus, dependentes da Sua Orientação. Eles não podiam fazer planos para o dia seguinte: quando acampavam, não sabiam quando deveriam pôr-se em marcha novamente; ou quando em marcha, não sabiam onde iriam acampar! O que eles tinham que fazer? Apenas olhar para cima a fim de receber orientação de Deus. Os seus movimentos eram dirigidos pela Nuvem de Deus. Assim como este povo estava com seus olhos fixos na nuvem esperando o cuidado de Deus, você também precisa olhar para o alto e buscar a orientação de Deus. O livro de Hebreus 12.2 diz: “Tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé”. É isso que Deus quer que você faça: Assim como aquele povo dependia inteiramente do mover da orientação de Deus, ELE quer que você faça a mesma coisa! Você vai iniciar um namoro? Olhe para Jesus, receba orientação primeiro. Você vai construir? Vai trocar de carro? Vai fazer um negócio? Olhe antes para a orientação do Senhor. Nossa vida aqui é como a travessia de um deserto: desconhecido, arenoso, imprevisível. Por isso precisamos da Orientação do Senhor! JESUS em João 8.12 disse: "Eu sou a luz do mundo; quem me segue, nunca andará em trevas; mas terá a luz da vida". Isto é direção! Isso é orientação divina. Você precisa dessa direção. Você não precisa ir aonde Deus não orienta: Se a nuvem não está se movendo, não se antecipe. Se Deus não está orientando suas companhias, se Deus não está orientando que você se case, se Deus não está orientando que você se mude, se Deus não está orientando a aplicação do seu dinheiro, não antecipe! Se a nuvem de Deus não está se movendo, você não precisa embarcar numa furada! Olhe para cima: Há uma nuvem no céu – Deus está lá! Ele tem a direção certa. Por isso, obedeça a Deus! Siga a nuvem!” (IBVIR)

2. A nuvem permaneceu sobre o Tabernáculo. O Altíssimo estava presente de forma especial no Tabernáculo. Veja o que o texto diz: “a glória do Senhor encheu o tabernáculo” (Êx 40.34). Aquele que é onipresente não precisa de espaço físico, porque Ele preenche todo o Universo. Não há limites geográficos para Deus. Entretanto, para se relacionar conosco Ele se manifestou num Tabernáculo, revela-se na Igreja local e mostra-se em nossa casa e, por intermédio do seu Santo Espírito, habita em nós. 
a glória do Senhor encheu o tabernáculo” (Êx 40.34). Essa foi a confirmação final para Moisés e o povo de que toda a obra para o levantamento de um lugar de habitação para Deus havia sido feita devidamente e todas as tediosas instruções obedientemente seguidas. A primeira vez que a nuvem se levantou (conforme registrado em Nm 10.11) foi cinqüenta dias depois que o tabernáculo concluído fora erigido. “O v. 16 diz que: “Era assim que sempre acontecia: de dia a nuvem cobria, e de noite tinha a aparência de fogo”. O texto está afirmando que esta nuvem cobria, ou seja, servia de proteção ao povo. A Nuvem era sombra para o dia ensolarado e também era calor e luz para vencer o frio da noite. Era o cuidado de DEUS para a vida daquele povo. DEUS deu uma nuvem para protegê-los no deserto. Por isso o salmista (91.1) diz que: “Aquele que habita no abrigo do Altíssimo descansa à sombra do Todo-Poderoso”. Ou seja, DEUS guardou o povo de desfalecer ou mesmo desistir da jornada rumo à terra prometida. O mesmo Deus que os havia protegido na travessia do Mar Vermelho estava agora protegendo-os de dia e de noite. E a bíblia diz que DEUS é o mesmo de ontem, hoje e eternamente. Por isso ELE continua também em nosso tempo pronto para proteger as nossas vidas. Quando você anda sob a nuvem de Deus, você conta com a proteção de Deus! Esta é a mensagem de Deus para sua vida hoje: Quando você anda debaixo da nuvem de Deus, você conta com a proteção de Deus. Salmos 121.5-8 diz: “O Senhor é o seu protetor; como sombra que o protege, ele está à sua direita. De dia o sol não o ferirá, nem a lua, de noite. O Senhor o protegerá de todo o mal, protegerá a sua vida. O Senhor protegerá a sua saída e a sua chegada, desde agora e para sempre”. Você está sendo perturbado por alguns inimigos? Um espírito de medo ronda o seu coração? Sentimentos de culpa, de indignidade, de amargura estão presentes na sua vida? Você esta atravessando um período duro, difícil, um calor escaldante do sol? Talvez problemas que estão queimando o seu coração, tirando o couro da sua alma? Mesmo que você esteja pronto a desistir de tudo, SAIBA QUE DEUS esta noite quer projetar uma sombra sobre a sua cabeça. A nuvem do Senhor quer lhe proteção esta noite. Assim como qualquer casa precisa do telhado, você também precisa ter a benção de Deus para estar protegido do inimigo.” (IBVIR)

3. A nuvem não é estática. Deus não é inerte, estático; Ele é o Ser que gera vida em abundância (Jo 10.10). Ele se move sobre a Terra, cuida do Universo e interessa-se por sua vida, querido irmão. Ele é um Deus pessoal. Não perca a glória de Deus nem a intimidade com a sua presença. Ande com Deus. Obedeça-lhe a vontade.
A coluna de nuvens indicava as datas e demarcava os locais da singular peregrinação do povo de Israel pelo deserto, mostrando quando o povo devia parar e quando devia desmontar acampamento e seguir a jornada. Um povo estava sendo preparado. “Durante o dia o Senhor ia adiante deles, numa coluna de nuvem, para guiá-los no caminho, e de noite, numa coluna de fogo, para iluminá-los, e assim podiam caminhar de dia e de noite” (Êx 13.21; veja Nm 9.15-23). Deus conduzia e protegia Israel como um pastor faz com seu rebanho. Com o movimento da nuvem Ele treinava Seu povo nas áreas de obediência, persistência, confiança e disposição. Essa descrição da nuvem indo com eles é um pequeno aperitivo da maravilhosa presença de Deus que um dia estará sobre Seu Santo Monte Sião, quando a terra voltará a estar acoplada à dimensão divina: “o Senhor criará sobre todo o monte Sião e sobre aqueles que se reunirem ali uma nuvem de dia e um clarão de fogo de noite. A glória tudo cobrirá” (Is 4.5). Por essa razão, em Pentecostes apareceram chamas de fogo acima dos discípulos, para expressar visivelmente a presença de Deus no coração de cada salvo e Sua morada em todos os crentes (At 2.3)” (CHAMADA).


SUBSÍDIO DE VIDA CRISTÃ

“Em Êxtase Divino
Sabemos que alguns olham com desdém as manifestações de poder e que outros consideram com suspeita as visões e revelações. Mas como pode alguém que realmente crê na Bíblia duvidar da autenticidade daquilo que traz plenamente as marcas do Ser divino e é o cumprimento das profecias e promessas de sua Palavra? “Fiquei, pois, eu só e vi esta grande visão, e não ficou força em mim; [...] e emudeci. E eis que uma como semelhança dos filhos dos homens me tocou os lábios; então, abri a minha boca, e falei” (Dn 10.8,15,16).
Referindo-se à vinda do Consolador, Cristo diz àquele que o ama: ‘Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele’ (Jo 14.21).
Em Jope, o Pedro batizado com o Espírito Santo entrou em êxtase divino, no qual teve a visão e ouviu a voz que eliminou o seu exclusivismo judaico e o enviou a Cesareia (At 10.9-20).
Em 2 Coríntios 12.1, Paulo declara: ‘Passarei às visões e revelações do Senhor’. Também aprendemos que nos últimos dias, quando o Espírito começar a ser derramado sobre toda carne, eles ‘profetizarão’ e ‘terão visões’ (At 2.17).
Se você rejeita a realidade vigente nestes dias, o que fará com os fatos registrados nas Escrituras? Jogará fora a Bíblia por não crer nessas poderosas e maravilhosas obras do Espírito realizadas na atualidade?” (SEYMOUR. Devocional: O Avivamento da Rua Azusa. Série: Clássicos do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.152-53).

CONCLUSÃO

A glória de Deus transcende a qualquer coisa que o ser humano venha a produzir. A glória do Senhor esteve com Israel, no Antigo Testamento, com a Igreja Primitiva, em Atos, e também está em nossa vida. Experimente a presença de Deus. Jesus ainda salva, batiza com o Espírito Santo, cura os enfermos e opera sinais e maravilhas!
No começo do livro de Atos encontramos os detalhes de um evento maravilhosíssimo: “Tendo dito isso, foi elevado às alturas enquanto eles olhavam, e uma nuvem o encobriu da vista deles” (At 1.9). A tradução dessa passagem em outros idiomas diz que uma nuvem veio e O levou, encobrindo-O ao seu olhar. Portanto, o Senhor não foi subindo cada vez mais até sumir na camada de nuvens. O arrebatamento de Jesus não tem nada a ver com distância; Uma nuvem veio e O levou, como um portal que se abriu para recebê-Lo em outra dimensão. As nuvens divinas sempre aparecem quando o Céu se abre. Aí, nas nuvens, as dimensões divinas normalmente inacessíveis se abrem e se tornam acessíveis. O Arrebatamento da Igreja também envolve essas misteriosas nuvens divinas: “Depois nós, os que estivermos vivos, seremos arrebatados com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor para sempre” (1Ts 4.17).

Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16)

Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br