SUBSÍDIO I
O
TABERNÁCULO ERA O VERBO QUE SE FEZ CARNE (JO 1.14)
A primeira coisa que temos de
entender nesta escritura é a revelação da Deidade do Verbo: “No princípio era o
Verbo, [...] e o Verbo era Deus”, ou seja, o unigênito Filho, isto é, “o
Unigênito de Deus” (Jo 1.1,14,18).
Na língua grega do
NT, a palavra “verbo” é “Logos”,
e isso indica que só o “Deus-Homem” (Jesus, que se fez carne) pôde revelar
plenamente a Deus na forma de homem para poder ser compreendido. O texto diz
literalmente: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua
glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo
1.14).
A palavra “carne”
significa tão somente a natureza humana assumida por Jesus. A expressão “o
Verbo se fez carne” traduz-se como eskenosen,
no grego bíblico, e significa “habitou num tabernáculo”, ou seja, “o verbo se
fez homem”. Paulo emprega a expressão “tenda” para referir-se ao corpo como
“morada terrena”. Do mesmo modo, Cristo foi a manifestação visível de Deus em
carne para habitar entre o seu povo. Ele foi a plena manifestação da presença
divina no meio do seu povo. Paulo escreveu a Timóteo, dizendo: “E, sem dúvida
alguma, grande é o mistério da piedade: Aquele que se manifestou em carne foi
justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e
recebido acima, na glória” (1 Tm 3.16). O Filho de Deus fez-se homem sem deixar
de ser Deus. Assim como a Palavra de Deus vive e permanece para sempre (ver 1
Pe 1.23), assim também o Verbo de Deus, uma vez feito homem, permanecerá para
sempre “Deus-Homem”.
Entendemos,
portanto, sem sombra de dúvida, que a igualdade de natureza divina entre Deus
Pai e Deus Filho foi possível porque Jesus foi gerado pelo Espírito Santo. A
palavra “unigênito”, em relação ao Filho de Deus, aparece na língua grega do NT
como monogenes,
que significa que vem de mono,
ou seja, único, singular, e genes,
que advém de ginomai,
que significa “ser, existente”. Subentende-se que monogenes significa:
único de sua classe, único em seu gênero, único em sua espécie e diferente a
toda coisa criada. Portanto, o Verbo, sendo Deus, tem a mesma natureza de Deus
e a “expressa imagem da sua pessoa” (Hb 1.3).
O Tabernáculo de Deus na Terra É
a Igreja de Cristo
Se nem o Tabernáculo de Moisés,
nem o Templo de Salomão e nem os outros templos reconstruídos em Israel não
existem mais, onde Deus habita agora? Os mais lindos santuários foram
construídos ao longo da historia. Desde os tempos do AT até os nossos tempos,
podemos entender por que a Escritura em Atos 17.24 declara que Deus “não habita
em templos feitos por mãos de homens”. Portanto, não são os templos materiais
que tem a Deus como morador permanente. Tem-se a presença imanente de Deus nos
nossos templos, mas sua habitação não é em lugares físicos, como foi em
Israel.
No Tabernáculo do
deserto, a presença de Deus era sentida na simbologia dos mobiliários
existentes, especialmente a “Arca da Aliança”. Deus vê a igreja local como casa
espiritual, isto é, Ele está presente na vida da igreja através do Espírito
Santo. Esta casa espiritual (a Igreja) é construída com pedras espirituais que
são os remidos pelo sangue de Cristo. Esta é a morada de Deus na terra (ver 1
Pe 2.4-9). Ele, Jesus, é o Tabernáculo de Deus com os homens, porque Ele morará
com eles, e eles serão seu povo (ver Ap 21.3).
O Tabernáculo de Deus É,
particularmente, o Crente
Aprendemos que o Tabernáculo é
uma antecipação do Cristo de Deus e do deleite que Ele tem em seu povo
redimido. Visto que todo crente é identificado na Bíblia como “pedra viva”
edificada como casa espiritual e sacerdócio santo, o Tabernáculo é símbolo de
todo crente. A presença de Cristo é sentida com a vinda do Espírito Santo, que
o Filho enviou para viver e morar no crente. Jesus disse aos seus discípulos:
“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco
para sempre, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o
vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós”
(Jo 14.16,17). Outra verdade acerca da morada do Espírito Santo no crente é o
selo da promessa que se refere à garantia dessa morada do Espírito Santo no
crente e da obra expiatória efetuada por Cristo. O texto de Paulo diz: “[...]
fostes selados com o Espírito Santo da promessa; o qual é o penhor da nossa
herança, para redenção da possessão de Deus, para louvor da sua glória” (Ef
1.13,14). Não há, portanto, o que duvidar: nosso corpo é, particularmente, o
Tabernáculo do Espírito Santo (ver 1 Co 6.19).
Texto extraído da
obra “O TABERNÁCULO”,
editada pela CPAD.
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Nesta última lição do trimestre trataremos do
sacerdócio de Cristo, destacando quais as características que fazem do Senhor
Jesus um sacerdote singular, acrescentando também a natureza ímpar desse
sacerdócio celestial.
I. CRISTO
JESUS COMO SACERDOTE
O título “Messias” foi usado para o Salvador do
mundo no AT (Sl 2.2; Dn 9.25,26) e teve seu cumprimento na pessoa de Jesus no
NT, pois Ele é o Ungido, o Cristo de Deus (Lc 2.11,26; 24.26; Jo 4.25,26; At
2.36; 8.5; Rm 1.1; 1Co 1.1). Somente Jesus possui a unção tríplice. Ele é:
sacerdote; profeta; e, rei. Embora, a linhagem sacerdotal levítica estivesse
restrita a descendência de Levi por meio de Arão e seus filhos, a ordem
sacerdotal à qual Jesus pertenceu não tinha origem nem numa família e nem numa
tribo (Hb 7.14). Portanto, Jesus pertence à ordem sacerdotal eterna e especial,
como vemos em vários lugares da Epístola aos Hebreus (2.17; 3.1; 4.14,15; 5.6,10;
6.20; 7.11-28; 8.1; 9.11; 10.21). Como sacerdote é necessário destacar que Ele
é:
1.1 O sacerdote
perfeito (Hb 7.26). Os sacerdotes do
AT eram homens falhos (Hb 7.28-a), que também deveriam sacrificar por si mesmos
(Lv 4.3-12). Quanto a Cristo, é necessário dizer que Ele é o sacerdote perfeito
(Hb 7.28-b). Cinco coisas são afirmadas aqui sobre Jesus:
a) Ele é santo. Aqui, no texto grego, temos a palavra “hosios” em vez de
“hagios” (separado). O termo grego “hosios” ocorre oito vezes no NT e tem o
sentido de “santo, piedoso, misericordioso, livre de iniquidade”. Ele se
identifica a igreja de Filadélfia como aquele que é santo: “Isto diz o que é
santo” (Ap 3.7-a). Até os demônios testificaram isso: “Bem sei quem és: o Santo
de Deus!” (Mc 1.24-b).
b) Ele é inocente. Aqui, a ideia é de alguém que não tem maldade, no grego
“akakos” que quer dizer: “sem malícia”. O pecado da raça humana foi imputado em
Cristo, mas Ele mesmo não tinha pecado, era inocente. Falando de Jesus Paulo
disse: “Aquele que não conheceu pecado” (2 Co 5.21).
c) Ele é imaculado. A ideia aqui é extraída dos princípios exigidos na
consagração dos sacerdotes. O sacerdote na antiga aliança não poderia ter
defeito corporal algum (Lv 21.17-21). O autor mostra que Jesus possui um
caráter imaculado (Hb 9.14). Pedro o compara com o o cordeiro da páscoa que não
poderia ter mancha (Êx 12.5; 1 Pd 1.18,19).
d) Ele é separado
dos pecadores. Ao fazer essa
declaração, o autor usa o tempo perfeito, que mantém a ideia de algo que
começou no passado, mas cujos efeitos continuam no presente. Nesse aspecto,
Jesus foi separado dos pecadores, isto é, pertence a uma classe distinta deles
e continua dessa forma. Ele não pode ser alcançado pelo pecado. Embora tenha
sido tentado, porque era plenamente humano (Hb 4.15-a), Jesus não possuía a
natureza pecaminosa (Lc 1.35; Hb 7.26); e, nunca pecou (Hb 4.15-b; Jo 8.46; 1
Pd 2.22).
e) Mais sublime do
que os céus. Esta expressão pode estar se
referindo ao céu firmamento, mostrando que Jesus está acima da criação, pois um
dia a criação passará, mas Ele permanece eternamente: “E Tu, Senhor, no
princípio fundaste a terra, e os céus são obra de tuas mãos. Eles perecerão,
mas tu permanecerás; e todos eles, como roupa, envelhecerão, e como um manto os
enrolarás, e serão mudados. Mas tu és o mesmo, e os teus anos não acabarão” (Hb
1.10-12); como também de que Jesus é mais sublime que, até mesmo das mais altas
hostes angelicais. O escritor aos Hebreus afirmou que, por “causa da
encarnação”, Jesus, fez-se por um pouco de tempo, “menor do que os anjos” (Hb
2.9), mas, ainda assim, em figura humana, foi servido e adorado por eles (Mt
4.11; Lc 2.10-14; Hb 1.6). Portanto, Jesus é superior aos anjos e não pode ser
confundido com eles (Hb 1.7-9).
1.2 O sacerdote
eterno (Hb 7.17). O cargo sacerdotal
era vitalício, ou seja, somente pela morte os sacerdotes deixavam de ministrar
(Hb 7.23). Cristo, como sacerdote, superior tem um sacerdócio eterno, pois
ainda que tenha experimentado a morte (1Co 15.3), ressuscitou ao terceiro dia e
permanece vivo para sempre (Ap 1.18). Portanto, é sacerdote eterno, cumprindo a
profecia da Escritura (Sl 110.4).
1.3 O sacerdote e
a oferta (Hb 9.25,26). O sumo sacerdote
entrava na presença de Deus com sangue de um animal, ou seja, com sangue alheio
(Hb 9.25). No entanto, Cristo Jesus, além de ser sacerdote, se dispôs a ser a
oferta. Ele ofereceu o seu próprio corpo como oblação pelo pecado do mundo (Hb
9.26), e ofereceu Seu sangue como propiciação (Rm 3.25; Hb 9.12; 13.12; 1Jo
2.2).
1.4 O sacerdote
celestial (Hb 9.11,24). Os sacerdotes
levíticos ministravam no tabernáculo terrestre (Êx 25.8; 31.1-11). Cristo
Jesus, é “ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor
fundou, e não o homem” (Hb 8.2). Ele só principiou a Sua obra sacerdotal na
terra, e continua no céu, onde exerce de forma plena o seu sacerdócio no
tabernáculo celeste a direita de Deus: “Porque Cristo não entrou num santuário
feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer
por nós perante a face de Deus” (Hb 9.24).
II. A
NATUREZA DO SACERDÓCIO DE CRISTO
Jesus é o nosso grande sumo sacerdote (Hb 4.14;
10.21). Abaixo destacaremos a natureza deste ofício de Jesus, evidenciando sua
singularidade. Vejamos: 2.1 No Tabernáculo celeste. Existe um tabernáculo
celeste do qual o terrestre era apenas uma sombra. O escritor aos hebreus
declara esta verdade (Hb 8.5; 10.1). Acerca disso o Pr. Antônio Gilberto (2010,
p. 111) afirmou: “as peças do tabernáculo eram tão-somente uma espécie de cópia
de seus originais existentes no Céu”. O apóstolo João, quando estava na ilha de
Patmos, foi arrebatado em espírito e viu este tabernáculo celeste (Ap 1.9,10;
4.1). Foi nesse tabernáculo que Cristo entrou para se apresentar ao Pai, depois
de haver consumado a obra da salvação da qual foi incumbido realizar (Ap
5.1-10). Abaixo falaremos a respeito destes dois tabernáculos. Notemos:
TABERNÁCULO TERRESTRE (Êx 25.8)
|
TABERNÁCULO CELESTE (Ap 21.3)
|
Temporário (Hb 9.8)
|
Permanente (Hb 9.11)
|
Era uma sombra (Êx 25.8,9; Hb
9.24)
|
É a realidade (Hb 8.2,5)
|
Feito por mão humanas (Êx
31.1-11)
|
Feito pelo próprio Deus (Hb
8.2)
|
Arão e seus filhos eram os
ministrantes (Êx 28.1; Hb 5.4)
|
Jesus Cristo é o ministrante
(Hb 8.2; 9.11-15)
|
2.2 Intercede
junto Pai. Enquanto que a obra
sacrificial de Cristo foi simbolizada primordialmente pelas funções sacerdotais
desempenhadas junto ao altar de bronze e pelos sacrifícios que nele eram
apresentados - um ato passado (Is 53.12); Sua obra intercessória foi
prefigurada pela queima diária de incenso no altar de ouro, no Lugar Santo, um
ato presente e contínuo (Rm 8.34; Hb 7.25). Os resultados iniciais desta
intercessão, podemos ver no envio do Espírito Santo a igreja, como Ele mesmo
prometeu: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique
convosco para sempre” (Jo 14.16). E, dez dias depois, o Espírito Santo foi
concedido (At 2.1-4). As demais bênçãos que a igreja desfruta também se dá por
essa atitude de Jesus junto ao Pai (Ef 1.3). O apóstolo João nos fala dessa
função intercessória contínua, dizendo: “Meus filhinhos, estas coisas vos
escrevo para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o
Pai, Jesus Cristo” (1 Jo 2.1). Sobre a intercessão de Cristo é necessário
afirmar que:
a) A intercessão de Cristo tem como base seu sacrifício (Hb
9.12);
b) A intercessão de Cristo é poderosa (Jo 14.16; 16.26;
17.9, 15, 20);
c) A intercessão de Cristo é contínua (Rm 8.34; Hb 7.25);
d) A intercessão de Cristo é eficaz quanto a justificação
(Rm 8.34);
e) A intercessão de Cristo é eficaz quanto a santificação
(Jo 17.17); f) A intercessão de Cristo é eficaz quanto a tentação (Hb 2.17,18).
2.3 Plenamente
homem e plenamente Deus. Os sacerdotes
eram apenas homens, sujeitos as mesmas fraquezas que os demais hebreus (Hb
5.1,2). Todavia, Jesus sendo plenamente homem e plenamente Deus, fez a
reconciliação com Deus, o Pai, de forma plena. Ele é a ponte que nos leva ao
Pai, como Ele mesmo afirmou: “Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6).
Paulo diz que por Cristo somos reconciliados com Deus: “[...]Deus [...] nos
reconciliou consigo mesmo por Jesus” (2 Co 5.18-20). Cristo entrou por nós na
presença de Deus “Jesus, o precursor, entrou por nós” (Hb 6.20). A expressão
“precursor” no grego “pródromos” que significa: “alguém que vem primeiro até um
lugar onde outros o seguirão”. Ele também Ele entra conosco, pois nos fez reis
e sacerdotes (1 Pd 2.9; Ap 1.6; 5.10)
CONCLUSÃO
Temos um sacerdote que compareceu por nós no
céu, apresentando-se como sacrifício definitivo pelos nossos pecados, e,
baseado neste sacrifício, Ele intercede por nós continuamente.
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
O apóstolo Paulo
escreveu que as festas, a dieta e os dias sagrados são “sombras das coisas
futuras” (Cl 2.17). O autor aos Hebreus reafirma que a lei era “a sombra dos
bens futuros e não a imagem exata das coisas” (Hb 10.1). De tudo o que
estudamos até a presente lição, podemos dizer que o Tabernáculo de Israel é um
tipo do “Tabernáculo Celestial”. E, nesta lição, veremos que Jesus é o Sumo
Sacerdote desse Tabernáculo Celestial, em que a sua Igreja é o sacerdócio real.
As “sombras das coisas” são os aspectos
cerimoniais da lei do Antigo Testamento (regras quanto à alimentação, festas,
sacrifícios) que apontavam para Cristo. Desde Cristo, a realidade veio, e as
sombras não têm valor (Hb 8.5; 10.1). O termo grego traduzido por "sombra"
refere-se a uma reflexão pálida, em contraste com um reflexo nítido e distinto.
Um exemplo disso temos em Hebreus 8.5 (os quais ministram em figura
e sombra das coisas celestes, assim como foi Moisés divinamente
instruído, quando estava para construir o tabernáculo; pois diz ele: "Vê
que faças todas as coisas de acordo com o modelo que te foi mostrado no monte.).
A citação provém de Êx 25.40; figura e sombra não
significa que houvesse no céu edifícios reais cujas réplicas estavam no
tabernáculo, mas, em vez disso, que as realidades celestiais foram devidamente
simbolizadas e representadas no modelo terreno de tabernáculo. Assim, temos que
a tipologia é um tipo especial de simbolismo. (Um símbolo é
algo que representa outra coisa). Podemos definir um tipo como um "símbolo
profético" porque todos os tipos são representações de algo ainda futuro.
Mais especificamente, um tipo nas Escrituras é uma pessoa ou coisa no Antigo
Testamento que prenuncia uma pessoa ou coisa no Novo Testamento. Por exemplo, o
dilúvio dos dias de Noé (Gênesis 6-7) é usado como um tipo de batismo em 1º
Pedro 3.20-21. A palavra para tipo que Pedro usa é figura. Tendo visto ao longo
do trimestre os diversos itens do tabernáculo e sua representatividade,
finalizamos vendo uma breve descrição do sacerdócio de Jesus no santuário
celestial, o qual é melhor do que o de Arão porque Jesus serve num santuário
superior. – Dito isto, convido-o a pensar maduramente a fé cristã!
I. O
SACERDÓCIO CELESTIAL TEM UM ÚNICO SUMO SACERDOTE
1.
Cristo: o Sumo Sacerdote do Novo Testamento. O ministério do Novo Testamento mostra
que, na Igreja, não há e não pode haver uma classe sacerdotal exclusiva, como
ocorre no catolicismo romano. Ora, a palavra “sacerdote” não se aplica a nenhum
indivíduo, senão ao próprio Cristo, que se constituiu Sumo Sacerdote do povo
redimido. Na Nova Aliança, Cristo é o único mediador entre nós e o Pai Celeste.
Em Hb 7.11 o escritor fala da “necessidade
haveria ainda de que se levantasse outro sacerdote, segundo a ordem
de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo a ordem de Arão”; esse
"outro sacerdote", que seria levantado, é nosso Senhor
Jesus Cristo, de quem foi dito: "Jurou o Senhor e não se arrependerá:
Tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque" (SI
110.4). Era uma mensagem profética e messiânica, que apontava para Cristo,
através de Davi. Essa "ordem de Melquisedeque" não era reconhecida
pelos judeus, que só aceitavam e reconheciam a "ordem de Arão" ou
"levítica". Em Hebreus, o autor se refere à mensagem profética de
Davi sobre Cristo, dizendo: "Assim, também Cristo não se glorificou a
si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas glorificou aquele que lhe disse: Tu
és meu Filho, hoje te gerei. Como também diz noutro lugar: Tu és sacerdote
eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque" (Hb 5.5,6).
O sacerdócio de Melquisedeque não estava limitado à
raça humana ou à tribo, sendo, portanto, universal. Sua realeza não foi herdada
de seus pais. E essa realeza também não foi transmitida a um descendente; e
assim ela era eterna. Portanto, Melquisedeque é uma tipologia de Cristo e de
seu sacerdócio eterno e universal'" [Dicionário Bíblico Wycliffe.1.ed.
Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 1247]. O Rev. Ronaldo Éber de Oliveira
Brito, (pastor da Igreja Presbiteriana do Jardim Elba (http://www.jardimelba.cjb.net) - São
Paulo-SP) escreve no artigo “Jesus e Melquisedeque”: “A clara
alusão do Salmo 110:4 na descrição de Cristo como nosso Sumo-Sacerdote
celestial em Hebreus 6:20 põe a base para o midraxe que temos em 7:1-10. Nesse
texto o autor introduz Gênesis 14:17-20 para identificar o Melquisedeque do
Salmo 110:4 (verso 1 a 3) e para exibir a base na história para a superioridade
do Sumo-sacerdócio de Cristo dobre o sacerdócio levítico (versos 4 a 10). [...]
Ao analisarmos mais de perto esses três versículos podemos ver que logo no
início do capítulo 7 temos a conjunção "Porque". Essa conjunção põe
essa frase em relação com a expressão com a qual termina Hebreus 6:20, aonde se
proclama o sacerdócio eterno de Jesus. Podemos captar em tudo isso o caminho do
pensamento do autor, que é certamente o seguinte: para comentar os versículos
de Gênesis 14:18-20 ele os relaciona com o oráculo do Salmo 110:4 e descobriu
que esses textos se iluminam mutuamente.” [Leia mais acessando o
link:http://www.webservos.com.br/gospel/estudos/estudos_show.asp?id=303.]
2. O
sacerdócio coletivo dos cristãos. Por outro lado, segundo o ensino do Novo Testamento, todo crente,
sem distinção, faz parte do “sacerdócio real” (1Pe 2.9; Ap 1.6; 5.10). Por meio
de Jesus Cristo, podemos oferecer sacrifícios espirituais (1Tm 2.5; 1Pe 2.5).
Acerca disso, o apóstolo Pedro escreveu que os crentes representam um corpo
sacerdotal em Jesus Cristo (1Pe 2.9).
Em Apocalipse, o
apóstolo João retoma esse mesmo princípio: “Aquele que nos ama, e em seu sangue
nos lavou dos nossos pecados, e nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai,
a ele, poder e glória para todo o sempre. Amém” (Ap 1.5,6). O resgate dessa
maravilhosa doutrina remonta à Reforma Protestante e ao Movimento Pentecostal.
Entendemos que cada crente pode ir diretamente a
Deus em busca de perdão, através do arrependimento e da fé, não necessitando
para isso de nenhum outro intercessor, nem mesmo da Igreja; entendemos que há
um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo. Após reconciliar-se com
Deus através da fé em Cristo, a pessoa tem acesso direto a Deus, por intermédio
do mesmo Jesus Cristo. Ela entra no sacerdócio real que lhe outorga o
privilégio de servir a humanidade em nome de Cristo. O sacerdócio do crente,
portanto, significa que todos os cristãos são iguais perante Deus e na
fraternidade da Igreja local. Cada cristão, tendo acesso direto a Deus através
de Jesus Cristo, é seu próprio sacerdote e tem a obrigação de servir de
sacerdote de Jesus Cristo em benefício de outras pessoas. Em 1Pe 2.9, o
conceito do sacerdócio real é extraído de Êx 19.6. Israel perdeu
temporariamente esse privilégio por causa de sua apostasia e porque seus
líderes perversos executaram o Messias. No presente momento, a igreja é um
sacerdócio real que se mantém unido com o sacerdote real, Jesus Cristo. O
sacerdócio real não é somente um sacerdócio que pertence e serve ao rei, mas é
também um sacerdócio que exerce domínio. Isso, por fim, se cumprirá no reino
futuro de Cristo (1Co 6.1-4; Ap 5.10; 20.6). Os sacerdotes do Antigo Testamento
e os cristãos-sacerdotes do Novo Testamento têm muitas características em
comum:
• 1) o sacerdócio é um privilégio dos eleitos (Êx 28.1;
Jo 1 5.16);
• 2) os sacerdotes são purificados dos pecados (Lv
8.6-36; Tt 2.14);
• 3) os sacerdotes são revestidos para o serviço (5.5;
Êx 28.42; Lv 8.7ss.; SI 132.9,16);
• 4) os sacerdotes são ungidos para o serviço (Lv
8.12,30; 1Jo 2.20,27);
• 5) os sacerdotes são preparados para o serviço (Lv
8.33; 9.4,23; C l 1.16; 1Tm 3.6);
• 6) os sacerdotes são ordenados para uma vida de
obediência 1Pe 2.4; Lv 10.1 ss.);
• 7) os sacerdotes devem honrar a Palavra de Deus (v.
2; Ml 2.7);
• 8) os sacerdotes devem andar com Deus (Ml 2.6; Gl
5.16,25);
• 9) os sacerdotes devem influenciar os pecadores (Ml
2.6; C l 6.1); e
• 10) os sacerdotes devem ser mensageiros de Deus (Ml
2.7; Mt 28.19-20).
No entanto, o maior privilégio de um sacerdote é o
fato de que ele tem acesso a Deus “a fim de oferecerdes sacrifícios
espirituais”. Devemos ter muito cuidado ao usarmos esse termo, isso por que
o sacrifício já foi realizado de uma vez por todas, não cabendo nenhum outro
tipo de sacrifício, o crente não faz sacrifício. Sacrifícios espirituais
significam obras que são feitas para honrar a Deus por causa de Cristo sob a
direção do Espírito Santo e a orientação da Palavra de Deus. Esses sacrifícios
incluem:
• 1) oferecer toda a energia do corpo a Deus (Rm
12.1-2);
• 2) louvar a Deus (Hb 13.15);
• 3) fazer o bem (Hb 13.16);
• 4) compartilhar os próprios recursos (Hb 13.16);
• 5) levar as pessoas a Cristo (Rm 15.16);
• 6) sacrificar os próprios desejos pelo bem de oulros
(Ef 5.2); e
• 7) orar (Ap 8.3).
Sobre o resgate desta doutrina, leia em CPADNEWS
3.
Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote no céu. Atente, querido irmão, para o seguinte versículo: “Ora, a suma do
que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à
destra do trono da Majestade, ministro do santuário e do verdadeiro
tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem” (Hb 8.1,2).
Este texto revela
que Nosso Senhor, o Sumo Sacerdote perfeito, está à destra do Pai, nos céus, e
que, de maneira singular e verdadeira, ministra no Tabernáculo Celestial. Isso
aconteceu porque a sua obra foi completa e perfeita. Por isso, Ele é o nosso
mediador, advogado e intercessor. Ele proveu para nós um concerto melhor (Hb
8.6).
Em Hb 8.1, o escritor chegou à sua mensagem central.
O fato é que "temos" (posse atual) um Sumo Sacerdote superior,
Jesus Cristo, que é o cumprimento de tudo o que foi prenunciado no Antigo
Testamento. Note que Ele se assentou a destra do trono da Majestade e é ministro -
essa é a mesma palavra usada como referência a anjos em Hb 1.7. Em Jr 33.21,
foi usada como referência a sacerdotes. O santuário é o lugar
mais santo onde Deus habitava (Êx 15.17; 25.8; 26.23-24; 1Cr 22.17). O
verdadeiro tabernáculo, cuja definição é dada na frase "que o Senhor
erigiu, não o homem", bem como em Hb 9.11,24. Refere-se à habitação
celestial de Deus. Cristo é o nosso Mediador (Hb 9.15), a
palavra descreve o papel de um intermediário ou árbitro, nesse caso entre Deus
e o homem (1Tm 2.5; Gl 3.19-20).
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Chegamos
ao final de mais um trimestre. Antes de iniciar a aula, separe um tempo para
fazer uma revisão panorâmica do trimestre. É importante que você faça um
pequeno resumo das 12 lições. Lembre-se de que esse o período de revisão, junto
ao conteúdo novo, garante o processo de ensino-aprendizagem. Enfatizamos aqui
ser necessário a cada lição que o aluno tenha a noção do todo do trimestre.
Mostre a ele que as lições estão ordenadas logicamente. Assim, você pode
iniciar a última lição trimestral.
II. O SACERDÓCIO
UNIVERSAL DA IGREJA
1.
Uma doutrina bíblica fundamentada na pedra que é Cristo. Ao longo da Escritura,
encontramos várias porções a respeito da “pedra” que é Cristo (Is 28.16; Sl
118.22; Is 8.14). No Novo Testamento, por exemplo, vemos tanto o apóstolo Paulo
quanto Pedro citarem Isaías 28.16. Ambos afirmam, mediante o Espírito Santo,
que Cristo é a “pedra”. Em Efésios 2.20 está ratificado que Jesus Cristo é a
principal pedra da esquina. Assim, podemos afirmar que o sacerdócio universal
dos crentes, em primeiro lugar, está fundamentado na pedra que é Cristo Jesus,
nosso Sumo Sacerdote.
“A pedra angular era a pedra fundamental
utilizada nas antigas construções, caracterizada por ser a primeira a ser
assentada na esquina do edifício, formando um ângulo reto entre duas paredes. A
partir da pedra angular, eram definidas as colocações das outras pedras,
alinhando toda a construção. A pedra angular é o elemento essencial que dá
existência àquilo que se chama de fundamento da construção. Atualmente, a pedra
angular seria semelhante ao alicerce dos prédios contemporâneos.” (SIGNIFICADOS) Cristo é o
fundamento dos apóstolos e profetas. Por mais importantes que tenham sido os
apóstolos, não foram eles pessoalmente, mas a revelação divina por eles
ensinada, pois falavam, com autoridade, a respeito da Palavra de Deus para a
igreja antes do término do Novo Testamento, que forneceu o fundamento (Rm
15.20). Cristo é esse fundamento, a pedra angular (SI 118.22; Is 28.16; Mt
21.42; At 4.11; 1Pe 2.6-7). Essa pedra estabeleceu o fundamento e ajustou a
edificação.
2.
Distinguindo “a pedra”, que é Cristo, de “pedras vivas” que são os
crentes. Se Cristo é a principal pedra de esquina, os crentes são as pedras
vivas constituídas no grande edifício (1Pe 2.4). Todos os membros da Igreja de
Cristo são pedras vivas edificadas sobre a Pedra Angular — Jesus, o Cordeiro de
Deus.
Essa metáfora
bíblica ilustra a doutrina fundamental do sacerdócio universal dos crentes.
Deus nos vê como sacerdotes, ministrando em sua presença. Somos ministros de um
templo espiritual. E cada “pedra viva” constitui esse edifício.
Por isso, você é
chamado para ser um sacerdote nestes dias difíceis. Essa escolha foi feita no
Calvário, mediante o sacrifício apresentado pelo Sumo Sacerdote Perfeito.
Portanto, os requisitos para a escolha desse ofício não estão baseados na etnia
ou em qualquer outra distinção humana; mas na graça de Deus, por meio da fé em
Cristo Jesus (Ef 2.8). Como sacerdotes de Cristo, temos acesso ao trono da
graça.
Quando Paulo escreve aos efésios (2.4) “Chegando-vos
para ele”, traz a idéia de vir para permanecer. Significa permanecer na
presença de Cristo com uma comunhão íntima (Jo 15.5-15). Ele é a pedra que
vive, tanto uma metáfora como um paradoxo, essa expressão do Antigo Testamento
enfatiza que Cristo, a "pedra angular" e a "pedra de
tropeço", está vivo, ressuscitando dos mortos, e tem um relacionamento
vivo com a humanidade salva (1Co 15.43; 1Jo 5.11-12). Ele é esta pedra “rejeitada...
mas... eleita” , Suas credenciais messiânicas foram examinadas pelos falsos
líderes religiosos de Israel e desdenhosamente rejeitadas (Mt 12.22-24; Jo
1.10-11). Mas Jesus Cristo foi o Filho precioso e eleito de Deus, que, por fim,
foi autenticado pela sua ressurreição dos mortos (SI 2.10-11; Mt 3.17; At
2.23-24,32; 4.11-12; 5.30-31; 10.39-41). Somos pedras vivas e fazemos parte da
casa espiritual, feita de gente, não de tijolos e outros materiais. Jesus usou
também a figura do edifício, da casa, quando disse: “Sobre esta pedra
edificarei a minha igreja (Mateus 16.18). Jesus é a pedra. Por isso, Pedro
afirma: Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens,
mas para com Deus eleita e preciosa. Ao nos aproximarmos e nos unirmos a Jesus
pela fé, algo extraordinário acontece: Também vós mesmos, como pedras que
vivem, sois edificados casa espiritual. Paulo esclarece: Assim, já não sois
estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de
Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo,
Cristo Jesus, a pedra angular” (Ef 2.19-20).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Na adoração pentecostal, mormente através da
manifestação de todos os dons do Espírito, transcendemos a rotinização que tão
facilmente ocorre em nossa vida. Nossas tendências à racionalização devem ser
contrabalançadas por encontros genuínos com Deus que nos deixam ministrar no
Espírito. Nessa arena da ‘transcendência vivida na prática’, conhecemos o Bom
Pastor, e alcançamos intimidade com Ele, pois sua própria natureza é da
interação com a sua criação, e leva-nos em direção aos seus propósitos no
ministério da reconciliação.
A comunidade pentecostal, na adoração, está, na
realidade, envolvendo-se num ministério a Deus, por reconhecer a sua soberania
sobre o Universo. Através do batismo no Espírito Santo e do envolvimento
contínuo no falar noutras línguas, os pentecostais participam de uma atividade
de adoração que edifica os alicerces de um ministério cristocêntrico” (HORTON,
M. Horton (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de
Janeiro: CPAD, 2018, p.599).
III. O MAIOR
E MAIS PERFEITO TABERNÁCULO
1. O
santuário terrestre. No santuário terrestre, o Tabernáculo, as atividades litúrgicas
eram executadas em três lugares: o Pátio (Átrio), o Lugar Santo e o Lugar
Santíssimo. O Pátio era descoberto, mas o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo
achavam-se cobertos. A mobília que compunha o Lugar Santo era constituída do
Castiçal de Ouro, da Mesa dos Pães da Proposição e do Altar de Incenso. Toda
essa imagem tem uma relação especial com o ministério sacerdotal de Jesus
Cristo no Santuário Celestial (Jo 6.35; 17.1-26; Hb 7.25).
“A casa de Deus do Antigo Testamento apontava
para a futura Igreja Cristã, a atual casa de Deus, sobre a qual Cristo foi
posto como cabeça. Você pode imaginar uma construção onde não se ouve qualquer
barulho de ferramenta sendo utilizada? Bem, isso aconteceu em 1 Reis 6: 7.
Durante a construção do templo, não havia necessidade de ouvir qualquer barulho
de ferramentas, pois os trabalhadores usavam-nas para cortar, lapidar e polir
as pedras na pedreira e, finalmente, depois que obtinham o pedaço do tamanho
que queriam, traziam-no para o local onde o templo estava sendo construído e
ali era encaixado perfeitamente. Hoje a humanidade representa a pedreira, de
onde Deus está retirando pedras vivas, e as igrejas são os lugares de onde Ele
está retirando a aspereza, limpando, lapidando e polindo essas pedras. Esta é a
maneira usada por Deus para construir. É por isso que, às vezes, Ele permite
que atravessemos muitas tribulações e lutas na vida para retirar de nós toda
aspereza, até que, finalmente, sejamos pedras que se encaixem perfeitamente em
Sua casa e possam brilhar por Jesus Cristo, 1Pd 4: 12-13” (IPRB)
2. O
santuário celestial. Esse santuário pode ser identificado com o Tabernáculo que não
foi feito por mãos humanas (Hb 9.11). É o lugar onde Deus habitará com os
homens para sempre (Ap 21.3). Cristo Jesus garantiu-nos essa bênção quando, na
consumação de seu sacrifício, o véu do templo rasgou-se de alto a baixo. Assim,
o caminho para o Tabernáculo Celestial foi aberto; nosso acesso já está
garantido.
Como já explicado em lições anteriores, a palavra
traduzida por "tabernáculo" significa lugar de moradia. É a casa de
Deus, o lugar onde ele mora (Lv 26.11-12; Dt 12.5). Sabemos que existiam no
Tabernáculo dois véus: o que ficava na porta de acesso ao Santo Lugar, isto é,
ao primeiro compartimento do santuário; e o que separava o primeiro
compartimento do segundo, chamado de Santíssimo Lugar ou Santo dos Santos.
Hebreus 6.19-20 trata do segundo véu, mesmo que apenas chame-o de “o véu”.
Este é o mesmo véu que segundo Mateus 27.51 rasgou-se de alto abaixo. Nossa
esperança é personificada pelo próprio Cristo, que entrou na presença de Deus
no Santo dos Santos celestial em nosso favor. Assim como o sumo sacerdote sob a
antiga aliança passava através de três áreas (o átrio exterior, o Santo Lugar e
o Santo dos Santos) para fazer o sacrifício expiatório, Jesus atravessou três
céus (o céu atmosférico, o céu estelar e a morada de Deus; cf. 2Co 12.2-4)
depois de fazer o sacrifício perfeito e definitivo. Uma vez por ano, no dia da
Expiação, o sumo sacerdote de Israel entrava no Santo dos Santos para fazer expiação
pelos pecados do povo (Lv 16). Esse tabernáculo era apenas uma réplica limitada
da realidade celestial (cf. 8.1-5). Quando Jesus entrou no Santo dos Santos
celestial, tendo cumprido a redenção, a cópia terrena foi substituída pela
realidade do próprio céu. Livre do que é terreno, a fé cristã é caracterizada
pelo celestial (Hb 3.1; Ef 1.3; 2.6; Fp 3.20; Cl 1.5; 1Pe 1.4).
3. O
sacrifício perfeito de Cristo. A Palavra de Deus mostra que o sacrifício de Jesus Cristo foi
suficiente e eterno (Hb 9.24). Não era preciso passar repetidamente pelo
Calvário para garantir-nos a redenção eterna. Bastou um único sacrifício!
Diferentemente do
sacrifício antigo, que era parcial, o de Cristo foi definitivo e perfeito. A
Bíblia declara que Nosso Senhor, “na consumação dos séculos, uma vez se
manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo” (Hb 9.26). Que
mensagem maravilhosa! Que palavra consoladora!
No dia da Expiação, o sumo sacerdote entrava no
Santo dos Santos, onde Deus se manifestava (Lv 16.2). No entanto, o sumo
sacerdote era ocultado da presença de Deus pela nuvem de incenso (Lv 16.12-13).
O comparecimento atual de Cristo no céu é a sua apresentação oficial diante do
Pai para prestar contas a respeito do cumprimento de sua missão. O conceito de
comparecer ou ser revelado está incluído na manifestação em carne de Cristo
para morrer uma única vez pelo pecado. “Deus exigia sacrifícios de animais
para que a humanidade pudesse receber perdão dos seus pecados (Levítico 4:35;
5:10). Para começar, sacrifício de animal é um tema importante encontrado por
todas as Escrituras. Quando Adão e Eva pecaram, animais foram mortos por Deus
para providenciar vestimentas para eles (Gênesis 3:21). Caim e Abel trouxeram
ofertas ao Senhor. A de Caim foi inaceitável porque ele trouxe frutas, enquanto
que a de Abel foi aceitável porque ele trouxe “das primícias do seu rebanho e
da gordura deste” (Gênesis 4:4- 5). Depois que o dilúvio recuou, Noé sacrificou
animais a Deus. Esse sacrifício de Noé foi de aroma agradável ao Senhor
(Gênesis 8:20-21). Deus ordenou que Abraão sacrificasse seu filho Isaque.
Abraão obedeceu a Deus, mas quando ele estava prestes a sacrificar a Isaque,
Deus interveio e providenciou um carneiro para morrer no lugar de Isaque.
(Gênesis 22:10-13). O sistema de sacrifícios atinge seu ponto máximo com a
nação de Israel. Deus ordenou que esta nação executasse inúmeros sacrifícios
diferentes. De acordo com Levítico 1:1-4, um certo procedimento era para ser
seguido. Primeiro, o animal tinha que ser perfeito. Segundo, a pessoa que
estava oferecendo o animal tinha que se identificar com ele. Então, a pessoa
oferecendo o animal tinha que infligir morte ao animal. Quando feito em fé,
esse sacrifício providenciava perdão dos pecados. Um outro sacrifício chamado
de dia de expiação, descrito em Levítico 16, demonstra perdão e a retirada do
pecado. O grande sacerdote tinha que levar dois bodes como oferta pelo pecado.
Um dos bodes era sacrificado como uma oferta pelo pecado do povo de Israel
(Levítico 16:15), enquanto que o outro bode era para ser solto no deserto
(Levítico 16:20-22). A oferta pelo pecado providenciava perdão, enquanto que o
outro bode providenciava a retirada do pecado. Por que, então, não oferecemos
mais sacrifícios de animais nos dias de hoje? O sacrifício de animais terminou
porque Jesus Cristo foi o sacrifício perfeito. João Batista confirmou isso
quando O viu pela primeira vez: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do
mundo!” (João 1:29). Você pode estar se perguntando: “por que animais? O que
eles fizeram de errado?” Esse é justamente o ponto: já que os animais não
fizeram nada de errado, eles morreram no lugar daquele que estava executando o
sacrifício. Jesus Cristo também não tinha feito nada de errado, mas
voluntariamente entregou-Se a morrer pelos pecados da humanidade (1 Timóteo
2:6). “Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma novilha,
aspergidos sobre os contaminados, os santificam, quanto à purificação da carne,
muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se
ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas,
para servirmos ao Deus vivo!” (Hebreus 9.13 – 14).” (IPIDOURADOS)
SUBSÍDIO DE VIDA CRISTÃ
“O Fundamento Se desejamos progredir na vida com
Deus, temos de ter um fundamento genuíno. Não há outro fundamento, exceto o
fundamento da fé. Todos os nossos movimentos e todas as coisas que nos chegam –
que tenham alguma importância –, acontecerão porque estamos sobre uma rocha. Se
você está na Rocha, nenhum poder pode movê-lo. A necessidade hoje é que nossa
fé esteja firmada na Rocha.
Sua fé tem de ter algo em que se firmar.
Se você construir sobre qualquer outro fundamento
que não seja sobre a Palavra de Deus – em imaginações, em sentimentalismos, em
alguma alegria especial ou qualquer outro tipo de emoção –, não significará
nada para você sem o fundamento da Palavra de Deus” (WIGGLESWORTH, Smith.
Devocional. Série: Clássicos do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD,
2003, p.96).
CONCLUSÃO
Uma vez que o
Tabernáculo mosaico passou, temos agora um santuário maior, um sacrifício
suficiente e uma salvação definitiva. Na Aliança Antiga, as pessoas comuns não
tinham acesso direto ao Santo dos Santos; na Nova Aliança, qualquer pessoa,
independente de etnia ou classe, mediante Cristo Jesus, pode entrar na presença
de Deus pelo novo e vivo caminho (Hb 10.20).
“...pelo
novo e "vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua
carne” (Hb 10.20) -novo com
o significado original de "recém-imolado", mas foi interpretada como
"recente" quando a epístola foi escrita. O caminho é novo porque a
aliança é nova. Não é um caminho fornecido pelo sistema levítico; é um caminho
vivo. Embora seja o caminho da vida eterna, ele não foi aberto apenas pela vida
impecável de Cristo — ele exigiu a sua morte. Os hebreus foram convidados a
entrar nesse caminho que é caracterizado pela vida eterna do Filho de Deus que
os amou e entregou-se por eles (Jo 14.6; Gl 2.20). A fé cristã era conhecida
como "o caminho" entre os judeus de Jerusalém (At 9.2), bem como
entre os gentios (At 19.23). Aqueles que receberam essa epístola entenderam com
muita clareza que o escritor os estava convidando a se tornarem cristãos — a se
unirem àqueles que: haviam sido perseguidos por causa da fé que professavam. Os
verdadeiros cristãos no meio deles estavam sofrendo perseguição naquele
momento, e aqueles que não haviam se comprometido com o caminho eram convidados
a se tornarem alvos da mesma perseguição. Quando a carne de Jesus foi rasgada
em sua crucificação, o mesmo aconteceu com o véu do templo que simbolicamente
separava as pessoas da presença de Deus (Mt 27.51). Quando o sumo sacerdote no
dia da Expiação entrava no Santo dos Santos, o povo aguardava do lado de fora
que ele saísse. Ao entrar no templo celestial, Cristo não voltou. Pelo
contrário, ele abriu a cortina e expôs o Santo dos Santos para que pudéssemos
segui-lo. O termo "carne" é usada como "corpo" (v. 10) e
"sangue" (9.7,12,14,18,22) para se referir à morte sacrifical do
Senhor Jesus. Há pré-requisitos para que entremos na presença de Deus (Sl 15):
sinceridade, segurança, salvação e santificação, sincero coração. O termo grego
traduzido por "sincero" carrega a ideia de ser verdadeiro, genuíno e
sem motivos ocultos (Jr 24.7; Mt 15.8). Isso era o que faltava a esses hebreus
em particular: o compromisso genuíno com Cristo, plena certeza de fé Hb 6.71).
Aqui é feita referência à total confiança nas promessas de Deus. Essa confiança
resultará numa certeza ou segurança sincera que lhes permitirá perseverar em
meio às provações vindouras. Esse é o primeiro item de uma tríade familiar: fé,
esperança (v. 23) e amor (v. 24). Diante de tudo o que foi exposto, “Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois
quem fez a promessa é fiel”. Agarrar-se com firmeza é uma evidência da
salvação; ao contrário do que muitos ensinam, não é algo que se faz para manter
a salvação, mas a prova de que permanecemos dentro da aliança!
“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a
tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome
sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16)
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br