COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO I
VISÃO GERAL SOBRE
A VELHICE
Concepções Antigas
e Atuais
Há que se dizer, sem rodeio, que o envelhecimento é um processo natural no
seu aspecto biológico, na vida de todo ser humano, mas é imperioso destacar que
nesse sentido acompanha também o peso cultural e social. Assim, é preciso
atentar para o envelhecimento biológico e como cada sociedade trata a questão,
se com amor ou com desprezo.
Toda sociedade tem uma forma, no seu aspecto social, dependendo da valorização
humana, uma forma de olhar e tratar a pessoa da terceira idade, isso vai
depender de como os mais velhos são inseridos no convívio social, como é que as
leis daquele país atentam para tal questão e qual é definitivamente o papel que
lhe é atribuído.
Que a velhice é um processo biológico natural não se tem dúvidas, pois toda
pessoa está sujeita ao nascimento, crescimento e morte, mas esse processo se
vive em um contexto social. Por isso, pode-se falar em construção histórica da
velhice.
Historicamente, sabe-se que na China e no Japão, os velhos, além de serem símbolos
de sabedoria, são tratados com muito respeito, carinho e atenção, pois se
valorizam os anos acumulados, o que é considerado símbolo de sabedoria,
experiência, vivência. Os filhos jovens se orgulham dos idosos ou mais velhos
por entenderem que eles são a causa de sua existência, como também de sua
sobrevivência, pois fizeram de tudo para lhes dar uma vida digna. Os japoneses,
por exemplo, não tomam qualquer decisão sem antes consultar uma pessoa de idade
avançada, o que prova que eles valorizam a experiência dos mais velhos.
Apelando para tempos mais remotos, citamos o filósofo Confúcio (551-479 a.C.),
que dizia que era dever da família respeitar, valorizar e consultar os mais
velhos. Como sinal de respeito e consideração, os japoneses comemoram o Dia do
Idoso (Keiro no hi). Nesse dia, homenagens são feitas e se pede mais
longevidade para eles, inclusive que se agradem pelos trabalhos que prestam à
sociedade. Enquanto no Brasil é deselegante perguntar a idade de uma mulher, na
China e no Japão, a mulher idosa responde com muito orgulho ao dizer a idade
que tem.
Alan Pallister escreve tratando como as sociedades têm mudado em relação
ao tratamento para com os mais velhos; por exemplo, em Portugal as mudanças têm
sido rápidas, alterando radicalmente a forma do tratamento que se dá aos
idosos. Muitos filhos, por causa da vida pós-moderna, optam por colocar os pais
em uma casa de terceira idade, alegando que as muitas atividades não permitem
que estejam ao seu lado. O que se percebe com isso é certo desprezo e
ingratidão, pois o filho deve entender o quanto o pai e a mãe fizeram para que
ele pudesse crescer e se desenvolver na vida. Desse modo, qualquer esforço de
sua parte valeria a pena para compensar tudo que eles fizeram.
Filhos, netos, sobrinhos, todos devem se empenhar para tratar com amor os mais
idosos, e isso não pode ser alterado simplesmente por causa de uma imposição de
contexto, atual, pois gratidão cabe em qualquer lugar. Por mais que se alegue
que uma casa de terceira idade com acompanhamento de assistente social, médico,
etc. seja bom, não negamos, mas tudo isso ainda não substitui o amor e o
carinho que um filho, um neto pode dedicar aos pais ou avós na velhice.
Mais que um espaço físico, os velhos querem ser amados, cuidados, respeitados,
e receber um mínimo de gratidão por tudo o que fizeram. Por não ter a presença
de um filho, de sua amizade, de carinho, muitos idosos sofrem depressão,
tristeza profunda, pois sentem-se desprezados por aqueles que colocaram no
mundo.
Nos dias atuais, nota-se que a Inglaterra e os Estados Unidos entenderam que
os mais velhos precisam do seu espaço no seio familiar; por isso, têm dado
apoio social para que tenham em suas casas suporte, incluindo atendimento
médico e refeições em domicílio. Em Portugal existem os “Centros de Dia”, onde
os mais velhos podem conviver com outros sem qualquer obrigação, mas por prazer
e vontade própria. É importante ressaltar que, ainda que na atualidade alguns
tratem as pessoas da terceira idade com menosprezo, muitas mudanças estão acontecendo
e para melhor, para que as crianças e a juventude valorizem os mais velhos. É
desde cedo envolverem-se com eles para que possam valorizá-los como pessoas,
como gente, desmistificando os falsos conceitos sobre a velhice de que são
pessoas desinteressantes e difíceis de conviver.
Concepção Bíblica
No aspecto bíblico, a velhice é descrita como um processo natural, mas crê-se
quem em certo momento alguns idosos foram desprezados. Pode-se crer nisso pelo
pedido que o salmista faz a Deus, que não o abandone na velhice (Sl 71.18).
Todavia, o peso escriturístico é certo em tratar os mais velhos como pessoas de
grande sabedoria (Jó 12.12).
A velhice, segundo Eclesiastes 12.1-6, traz consigo diversos problemas, pois
à pessoa falta a força, fica por vezes ociosa; audição, visão, paladar, tudo diminui;
e vem o grande temor da morte. Mas há que se dizer que é possível a qualquer
pessoa ter uma boa velhice, segundo a Bíblia, procurando viver sempre no temor
e na dependência divina.
Há, da parte de Deus, à luz dos textos bíblicos, lugar tanto para os
jovens como para os velhos em sua obra. O profeta Joel deixou isso bem claro,
pois, enquanto os jovens são valorizados por sua força, inteligência,
capacidade, disposição, energia, os mais velhos são honrados e valorizados por
sua experiência e sabedoria conquistada ao longo do tempo (Lv 19.32; Pv 16.31; 20.19).
Para que a velhice não se torne um peso, os mais velhos devem seguir as recomendações
paulinas e, se assim o fizerem, terão uma velhice feliz (Tt 2.2,3). Na verdade,
afirma-se que quase em nenhum lugar um texto como esse, tratando acerca da
velhice, havia sido escrito com tanto brilhantismo. No tocante aos cuidados com
os pais em sua velhice, é dever dos filhos cuidar deles com amor e carinho, não
transferindo essa responsabilidade a outros, lembrando que há promessa de Deus
para os que assim procedem (Ef 6.3). No mais, os que não valorizam os seus
familiares, conforme escreve Paulo, é pior do que os incrédulos e negou a fé (1
Tm 5.8).
A Bíblia não nega os problemas que a velhice traz. Dentre eles podemos destacar
os seguintes:
• No aspecto
físico. O corpo vai sofrendo diversas
mudanças, passando a padecer fraquezas.
• Aparência
física. Rugas, cabelos branqueados,
perda de dentes, diminuição do tamanho, rugas, flacidez da pele, isso pode
acontecer antes dos 65 anos.
• Sensação. Vai perdendo a capacidade de ouvir bem, diminui o olfato e também
a capacidade de visão.
• Movimentação. Não tem mais a mesma agilidade como antes e passa a ter um
andar mais lento.
• Capacidade
sexual. Os mais velhos não perdem o
prazer de estar com alguém que amam e necessitam de contato físico; é claro, na
relação sexual, há mais dificuldade para a satisfação plena.
• Aumento de
doenças. Com a idade, pode acontecer de
os mais velhos ficarem vulneráveis a doenças, tais como: artrite, hipertensão,
doenças cardíacas, diabetes, catarata.
• Autoestima. Por vezes os mais velhos se sentem sem ânimo, coragem, não somente
por causa da idade, mas pelo desprezo que vem dos mais novos, usando conceitos
e preconceitos de que eles são idosos demais para atuarem em algo ou tomarem
certa decisão.
• Questões
existenciais. Os mais velhos
temem a velhice não somente por medo da morte, mas por se preocuparem com a
saúde, com a questão financeira, em não ficar dependendo dos outros.
Texto extraído da obra “O governo divino em mãos humanas”,
editada pela CPAD
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Na última lição deste quarto
trimestre trataremos sobre a importância da velhice na Bíblia; falaremos sobre
a fase final da vida de Davi na sua velhice; veremos alguns aspectos da velhice
do monarca e a preocupação de Davi com o novo rei; e por fim, notaremos as
bênçãos divinas na terceira idade.
I – A IMPORTÂNCIA DA VELHICE NA
BÍBLIA
O dicionário define “velhice”
como: “estado ou condição de velho; idade avançada, que se segue à idade
madura” (HOUAISS, 2001, p. 2838). Estamos num processo de envelhecimento, do
qual ninguém poderá escapar (Ec 12.1-7). A velhice não deve ser vista como algo
ruim, pois devemos ser gratos a Deus pelo fato de termos vida física longa, o
que é um dom, um presente (Pv 20.29). Biblicamente é sinal de bênção chegar a
ver os netos (Gn 48,11; Sl 128.6). Na cultura israelita presumia-se que a idade
avançada tinha algo a ver com o amadurecimento e a sabedoria (Jó 12.12,13). Os
velhos do hebraico “zaqem” eram reconhecidos como o grupo de mais elevada
autoridade sobre o povo. Havia um grupo em Israel denominado de anciãos; eles
agiam como representantes das nações (Jr 19.1; Jl 1.14; 2.16) e também
administravam muitos assuntos políticos e desempenhavam um papel ativo na
administração da nação e aplicação da Lei de Moisés (Nm 22.7; Js 22.13-33; Dt
21.18-21). Os velhos da cidade formavam uma espécie de conselho municipal cujos
deveres incluíam a função de juízes (Dt 19.12; Nm 11.16-25), conduziam as
investigações e inquéritos (Dt 21.2) e resolviam conflitos matrimoniais (Dt
22.15; 25.7). Foram reunidos por Moisés para receber o anúncio da libertação do
Egito (Êx 3.16-18). O pacto foi ratificado no Monte Sinai na presença de 70 dos
anciãos de Israel (Êx 24.1,9,14; cf. 19.7). A base na organização das
sinagogas, incluía a figura do ancião (At 11.30; 14.23). Na Igreja Primitiva
ocupavam um lugar respeitoso (1Pd 5.5 ver 1Tm 5.1) (PFEIFFER, 2006, pp.
100-101).
II – A VELHICE DO REI DAVI
Davi atingiu a idade de setenta
anos (2Sm 5.4). Notemos como se encontrava Davi em sua velhice:
2.1 As limitações no corpo. Davi, o rei, guerreiro e
poeta, atingiu a idade de setenta anos (2Sm 5.4), que, segundo as palavras de
Moisés, são o limite máximo da vida e que a velhice trás consigo diversas
limitações para o corpo físico (Sl 90.10). Para Davi, ter sido moço e agora ser
velho não significava exatamente uma mudança com consequências drásticas. Era
apenas uma experiência a mais, uma sequência natural: “Fui moço e agora sou
velho [...]” (Sl 37.25). Por mais robusto que seja o ser humano, não poderá
escapar às limitações físicas que lhe impõem a terceira idade (Ec 12.1-9).
Aparecem a canseira e o enfado (Sl 90.10); a visão perde a sua força (Gn 27.1);
e o vigor vai desaparecendo (Gn 17.17). As forças de um idoso não são as mesmas
de um jovem (2Sm 19.34-37).
2.2 As enfermidades. Quando chegou a velhice
Davi começou a padecer com as enfermidades. Sentia um frio grande que nem
cobertores, podiam lhe aquecer (1Rs 1.1). Vendo isso, os servos de Davi
sugeriram que lhe trouxessem uma virgem para que deitasse junto ao corpo de
Davi a fim de aquecê-lo (1Rs 1.2,3). A cerca disto afirmou certo teólogo: “a sugestão
dos servos para que se buscasse uma jovem para o rei a fim de lhe restaurar a
vitalidade perdida e o aquecesse era uma prescrição médica aceita até a Idade
Média” (MOODY, sd). Nenhum significado imoral deve ser dado a esta prática,
embora em nossa cultura nos pareça um tanto estranha. O próprio texto bíblico
acrescenta que Davi não a possuiu como mulher (1Rs 1.4). Abisague serviu de
enfermeira prática junto ao moribundo Davi.
2.3 A aproximação da morte. Com a idade avançada, Davi
sentiu estar próximo da morte (1Rs 1.1). Este grande personagem hebreu faleceu
e foi sepultado na cidade de Jerusalém. Como Deus havia lhe prometido,
concedeu-lhe três grandes bênçãos, a saber: (a) o trono de todo Israel: “E
foram os dias que reinou sobre Israel, quarenta anos; em Hebrom reinou sete
anos, e em Jerusalém reinou trinta e três” (1Cr 29.27); (b) longevidade: “E
morreu numa boa velhice, cheio de dias” (1Cr 29.28-a); e, (c) riquezas em
abundância: “E morreu numa boa velhice, cheio de dias, riquezas e glória” (1Cr 29.28-b).
III – CONSELHOS DE DAVI EM SUA
VELHICE PARA O NOVO REI
Quando Davi sentiu estar próximo
da morte em sua velhice (1Rs 1.1), mostrou preocupação com a continuação do
governo que Deus lhe conferiu. Sabendo de antemão que dos seus filhos, Salomão
era o escolhido para lhe suceder no trono (1Cr 28.6,7), e que edificaria o
templo (1Cr 22.9,10), Davi lhe fez diversas recomendações para que o seu
governo contasse com a bênção de Deus e fosse próspero (1Cr 28.9,10). Notemos:
3.1 Conhecer a Deus. Embora as experiências
espirituais de Davi fossem bastante válidas, e, por certo foram narradas para
seus filhos e até mesmo presenciada por eles, este servo de Deus reconhece que
Salomão tinha que ter a sua própria experiência: “Conhece o Deus de teu pai”
(1Cr 28.9). A expressão “conhecer” no hebraico “yada” significa: “conhecer por
experiência, relacionar-se”. A falta de conhecimento de Deus foi o maior
problema de Israel, como declarou o próprio Deus através de Isaías (Is 1.1-3).
É imprescindível que conheçamos a Deus e prossigamos em conhecê-lo (Os 6.3).
3.2 Servir a Deus. Após exortá-lo a conhecer
a Deus, Davi também disse a Salomão que o servisse e orientou quanto a forma:
“de coração perfeito e alma voluntária”. A expressão de coração perfeito, no
hebraico “shalem” implica um “coração completo, inteiro, todo”. Já a expressão
“alma voluntária” fala de buscar com prazer, com amor e não forçado. A
orientação de Davi é acompanhada de uma exortação severa para quem não servir a
Deus desta maneira (1Cr 28.9-b). Infelizmente com o passar do tempo, Salomão se
deixou seduzir pelo pecado e não serviu a Deus como seu pai ordenou (1Rs 11.4).
3.3 Fazer a obra de Deus. Salomão também recebeu
como incumbência de seu pai a edificação do Templo, um lugar fixo de adoração
ao Deus vivo. Davi disse a Salomão: “Olha, pois, agora, porque o SENHOR te
escolheu para edificares uma casa para o santuário; esforça-te, e faze a obra”
(1Cr 28.10). Salomão haveria de realizar algo inédito. Uma grande casa para o
Senhor deveria ser construída (1Cr 29.1).
IV – BÊNÇÃOS DIVINAS NA VELHICE
DO CRENTE
Temos vários exemplos de servos
de Deus que tiveram experiências em sua velhice: Sara e Abraão (Gn 21.1-7); do
rei Davi (1Cr 29.27,28); Simeão (Lc 2.25-30); Ana (Lc 2.36-38) etc. A terceira
idade é um tempo especial da parte de Deus para que os idosos colham com
alegria os frutos das sementes plantadas na juventude: “Na velhice ainda darão
frutos; serão viçosos e florescentes” (Sl 92.14). Davi experimentou isso em sua
velhice (Sl 71.9,18). A longevidade é um presente dado por Deus: “Dar-lhe-ei
abundância de dias” (Sl 91.16). Vejamos o que a Bíblia fala-nos sobre a velhice
do crente:
4.1 A velhice é tempo de
experiência. A Bíblia diz
que: “Coroa de honra são as cãs [...]” (Pv 16.31-a), a velhice é um símbolo de
beleza: “[...] e a beleza dos velhos, as cãs” (Pv 20.29-b). Como diz a Bíblia,
a maturidade com o seu modo de ser e de agir não cabe na infância, mas na vida
daqueles que já são experimentados (Jó 12.12,13) nos embates da vida material e
espiritual (1Co 13.11; Hb 5.13,14). Houve uma certa naturalidade em Samuel
quando, já idoso, disse ao povo de Israel: “Já envelheci e estou cheio de
cãs...” (1Sm 12.2). A primeira grande bênção do período da velhice é a
maturidade, sobretudo quando se floresce plantado na Casa do Senhor (Sl
92.13,14). Duas figuras de linguagem dão a dimensão exata do que isso
representa: a palmeira e o cedro. Em ambas vemos a lição de utilidade,
perenidade, firmeza e robustez. São assim os que envelhecem seguindo os
princípios ditados por Deus: têm raízes profundas, que suportam os ventos da
tempestade, são longevos, robustos e de presença acolhedora. Os princípios de
vida ensinados na Bíblia levam à maturidade, à prudência e à sabedoria (Is
46.4).
4.2 A velhice é tempo de
frutificação. A terceira
idade é a época em que os frutos são colhidos como resultado daquilo que se
plantou na infância, na juventude e nos primeiros ciclos da vida adulta (Ec
12.1). Paulo aceitou a consciência de sua velhice, assumiu a sua nova condição,
isto é, simplesmente aceitou a realidade dos fatos: “...sendo o que sou, Paulo,
o velho...” (Fm 9).No salmo 92.12-14 temos duas importantes lições: (a) saber
plantar, isto é, fazer boas escolhas sob a direção de Deus nos verdes anos da
juventude é condição essencial para que se faça uma boa colheita no período da
terceira idade; e (b) aquilo que colhemos na terceira idade, inclusive certas
doenças, é o resultado direto das escolhas que fizemos no tempo da semeadura
(Gl 6.7-9). A terceira idade é, também, um tempo de colheita. Esse fato,
decorrente de semeadura no passado, implica que a semente plantada cumpra, pelo
menos, três fases distintas: brotar, crescer e frutificar. Na promessa do
Pentecostes, Deus não se esqueceu dos velhos, ou idosos: “E há de ser que,
depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e os vossos filhos e
vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos mancebos
terão visões” (Jl 2.28).
4.3 A velhice é tempo de
ensinamento. Os jovens
permaneciam calados diante deles e só falavam quando estavam certos de que os
mais velhos nada mais tinham para dizer (Jó 32.6-7). Alguém que chegou à
terceira idade após uma boa semeadura ainda tem muito a contribuir nos átrios
da casa de Deus e a ensinar aos que o cercam (Sl 71.15-18; Tt 2.2-5). Esta é
também uma época de ensinamento (Êx 18.13-27; Pv 23.22). Mostra-nos a história
que desprezar o conselho dos mais velhos não é um bom negócio (1Rs 12.6-8). Não
é bom reter somente para nós, em nossos celeiros, aquilo que Deus amorosamente
nos concedeu durante toda a nossa vida. A menção aos frutos, no Pentateuco,
sempre traz implícita essa ideia (Dt 26.1-11 cf. 16.11). Os anciãos que, tanto
em Israel quanto na Igreja Primitiva, ajudavam na orientação dos negócios do
Reino de Deus (Êx 4.29; 19.7; At 15.2). A Bíblia nos diz que: “Diante das cãs
te levantarás, e honrarás a face do velho, e terás temor do teu Deus. Eu sou o
Senhor” (Lv 19.32).
4.4 A velhice é tempo de
trabalho. Jacó, aos
147 anos de idade (Gn 47.28) faz a seguinte declaração: “[…] o Deus, em cuja
presença andaram os meus pais Abraão e Isaque, o Deus que me sustentou, desde
que eu nasci até este dia” (Gn 48.15). Outra área que traz renovação espiritual
no tempo da velhice é a do serviço cristão (Lc 2.36-38). Existem muitas áreas
de trabalho nas igrejas apropriadas para as pessoas da terceira idade. É óbvio
que elas não correrão como as pessoas mais jovens, não terão o mesmo ativismo,
mas poderão ter o conhecimento e experiência necessárias para realizarem certas
atividades que requerem a maturidade que só os idosos possuem. O povo de Deus
necessita da energia dos crentes mais jovens, mas não pode jamais abrir mão da
experiência dos santos mais idosos. Lembremo-nos de que Abraão e Sara cumpriram
o propósito de Deus na sua velhice (Gn 22.1,2,5), Moisés começou a liderar o
povo de Israel com a idade de 80 anos (Êx 7.7; Dt 29.5; At 7.23,30,36); Calebe
conquistou Hebrom em plena velhice aos 85 anos (Js 14.12-14); e Davi, o grande
rei de Israel, morreu em boa velhice “tendo desfrutado vida longa, riqueza e
glória” (1Cr 29.27,28 – NVI).
CONCLUSÃO
A vida física tem começo, meio e
fim e a terceira idade não deve ser vista como o fim de uma existência, mas
como o início de uma nova etapa na vida do ser humano. Ciente disto, devemos
procurar viver de forma agradável a Deus, temendo o Seu nome e realizando a sua
vontade. Se procedermos assim, deixaremos um legado para as próximas gerações,
de autênticos servos de Deus.
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
Nada há nada de
pejorativo na palavra velhice. Ela não fala apenas de idade avançada, mas
também de maturidade, experiência. Por isso, o hebraico (seybah) a define como
cabelos grisalhos, cabeça encanecida. Nas Escrituras, a velhice é vista como
fonte de bênçãos: “Na velhice darão ainda frutos, serão cheios de seiva e de
verdor” (Sl 92.14). A velhice pode ser boa ou ruim − isso dependerá da forma
como vivemos cada fase de nossa vida; temamos a Deus e sejamos sábios (Ec
12.1). Os últimos momentos da vida de Davi, já na velhice, foram conturbados,
conforme descrito em 1 Reis, mas, pela sua peregrinação e comunhão com Deus,
ele finda sua missão com uma grandiosa ação de graças ao Senhor, que o chamara
desde a meninice. [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 13, 29 Dezembro, 2019]
Nossos dias neste mundo, que na maioria das pessoas
não chegam a mais de setenta ou oitenta anos, são poucos em relação à
eternidade. Devemos orar por uma sábia compreensão da brevidade da nossa vida,
para termos diante de Deus um coração sábio no emprego de cada dia que Ele nos
concede. Considerando que esta vida é uma preparação para a outra, devemos
entender o que Deus deseja realizar para si mesmo, para nossa família e para o
próximo, através do nosso serviço fiel. Quando terminar aqui o nosso tempo, e
chegarmos ao céu, será avaliado como foi (ou deixou de ser) a nossa dedicação a
Deus. Com isto em vista, devemos orar pedindo um coração sábio e um santo temor
de Deus, e o seu favor em nossa vida e em nosso trabalho para Ele. Lembremos de
que somos propriedade de Deus, por isso, empreguemos nossa vida para servi-Lo
desde cedo. Vamos concluir mais um trimestre?
I. UMA VISÃO
GERAL SOBRE A VELHICE
1.
Concepções antigas e modernas. Há 2.500 anos, o filósofo egípcio Ptah-hotep descreveu a velhice como o
maior infortúnio que pode atingir o ser humano. O poeta inglês William
Shakespeare não via a velhice com bons olhos, antes, relatou que os anos
crepusculares trazem uma segunda infância e simples esquecimentos. O tom da
concepção moderna sobre a velhice é desgastante, ao afirmar que os velhos são
ressentidos com os jovens, pois são pessoas cansadas, fora de moda e severas.
Entretanto, o respeito por cada fase da vida é ordenado por Deus. Ninguém pode
desprezar o outro por ser adolescente, jovem ou idoso. Tem-se veiculado nos
meios de comunicação o descaso com que muitos tratam os mais velhos; sem
dúvida, isso se deve ao esfriamento do amor e ao aumento do pecado, gerando
ingratidão e desrespeito (Mt 24.12). Por isso, a igreja deve manter programas
especiais para os idosos, pois essa prática revela o amor de Deus ao próximo. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019.
Lição 13, 29 Dezembro, 2019]
Esta é uma fase da vida em que todos estão
destinados a passar e pode ter vários significados e simbolismos para
diferentes sociedades. Sociedades mais antigas, como as orientais, consideram o
idoso o chefe de família, aquele que assume todas as responsabilidades, aquele
que é o exemplo para os demais; são tratados com veneração e respeito por
entender que são responsáveis por grande parte da cultura e do conhecimento. Em
nossa cultura temos absorvido um entendimento totalmente contrário, uma
inversão de valores, em vez da sabedoria, julgamos o homem pela sua capacidade de
produção - muito mais próxima do jovem, e acabamos relegando nossos idosos
ao ostracismo, são tratados com desrespeito e deixados de lado como alguém que
já usufruiu seu tempo e deve agora apenas aguardar o final de sua vida.
Contudo, a velhice é muito subjetiva e complexa, pois além de ser uma etapa
natural pela qual todas as pessoas vão passar, ela não é o final e sim o começo
de mais uma etapa da vida. Esta fase da vida é chamada de terceira
idade e se caracteriza pela queda de força e degeneração do organismo,
ou seja, ao longo da vida têm-se várias fases e é com elas que você cresce e
amadurece.
“Nas sociedades primitivas, os velhos eram
objetos de veneração. Os jovens a eles recorriam em busca de seus conselhos,
eram respeitados e lhes confiavam negócios. Na antiga China, o filósofo
Confúcio pregava que todos os elementos de uma família deveriam obedecer os
mais velhos. Em geral, as sociedades da antiguidade, consideravam o estado de
velhice dignificante e adotavam como sábio aquele que atingia essa etapa.
Passou s ser importante o papel de ancião, época terminal da vida, que aos que
nela ingressavam era reservado um papel de intensa atuação nos destinos
políticos dos grupos sociais e na tomada de decisões importantes. No século
XVIII, o idoso era tido como patrimônio e não encargo”(tribunapr –
Acesso em: 21, Dezembro 2019)
“Segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS, a
terceira idade começa entre 60 e 65 anos; para os cientistas, ela começa aos
65; para outros a aposentadoria deve ser o referencial para determinar o inicio
da terceira idade. A fixação do inicio desta fase da vida não tem nenhum
fundamento cientifico. Serve, apenas, para orientar as pesquisas cientificas e
para a elaboração da política governamental nas áreas da saúde e social. Toda
dificuldade advém do fato de que as pessoas são muito diferentes entre si. A
questão da idade é mais uma questão psíquica. É possível encontrar alguém com
80 anos com uma cabeça melhor e uma disposição física superior a de outra com
50 anos, ou menos; velhos que ainda sonham, que ainda possuem metas para serem
alcançadas, que não se sentem realizados - velhos com ideais ainda vivos. Em
nossas Igrejas temos muitos exemplos desta natureza. Obreiros que já
ultrapassaram a barreira dos oitenta e que podem fazer suas as palavras de
Calebe: “...e agora eis que já hoje sou da idade de oitenta e cinco anos. E
ainda hoje estou tão forte como no dia em que Moisés me enviou; qual a minha
força então era, tal é agora a minha força, para a guerra, e para sair e para
entrar”(Js 14:10-11). A velhice chega quando sepultamos nossos sonhos.” (retrospectivasbiblicas)
2.
Concepção bíblica. A Bíblia descreve a velhice como algo natural e dadivoso. O homem que
mais viveu na terra foi Matusalém, chegando à idade de 969 anos (Gn 5.27). Mas
há muitos outros que chegaram à velhice com menos idade e diversos problemas,
como Isaque, que não enxergava mais (Gn 27.1), Barzilai, que afirmou que,
devido à idade, já não se interessava mais por finas iguarias (2 Sm 19.34,35).
A Bíblia relata, porém, dois homens de idade avançada que não foram atingidos
pelos sintomas e problemas na velhice. O primeiro é Moisés; em Deuteronômio
34.7 é dito que seus olhos nunca escureceram nem ele perdeu o vigor. Em
seguida, Calebe, com a idade de 84 anos, falou a Josué que Deus lhe tinha
conservado até ali, e ele ainda viria a conquistar as terras que lhe foram
destinadas (Js 14.10-14). A velhice virá para todos os mortais, mas o
importante é ter Deus na vida, pois, dessa forma, poderá ser encarada com
naturalidade, longe de qualquer estereótipo.[Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 13, 29 Dezembro, 2019]
A sociedade hebraica possuía os anciãos como uma
classe social na pirâmide social. Líderes consagrados por Deus para auxiliarem
Moisés e administrarem os territórios conquistados em Canaã, entre outras
importantes funções, em razão da sabedoria que procede de uma idade avançada.
Em Números 11.16-26, setenta deles receberam um derramamento sobrenatural do
Espírito Santo, a fim de se integrarem na direção do numeroso povo que saiu do
Egito.
“No Antigo Testamento há várias palavras para
definir o termo "ancião", "velho", ou "velhice",
alguns com matizes teológicos, outros nem tanto. Por conseguinte, pretendo
destacar um vocábulo hebraico (zāqēn) e outro aramaico ('ătîd),
muito embora façamos referências a outros termos. Cabe aqui, portanto, uma
breve distinção: os anciãos como classe e como um estado de maturidade. Zāqēn aparece
em inúmeras passagens (Gn 43.27; Lv 19.32; Is 3.2,5) e, figuradamente, algumas
vezes é chamada de cãs (Gn 21.7; 42.38; 1 Sm 12.2; Pv 16.31). A estes anciãos
justos e tementes a Deus, a Sagrada Escritura promete longevidade feliz e
frutífera”. (cpadnews – Acesso:
21, Dezembro 2019)
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Ao introduzir esta lição, fale um pouco do texto base das Escrituras, que
fundamenta a lição (2 Sm 23.1-7), destacando a seguinte informação: "O
primeiro parágrafo do capítulo 23 é introduzido com um título: Estas são as
últimas palavras de Davi (1). Davi é descrito como o homem que foi
Levantado em altura, o ungido do Deus de Jacó, e o suave em salmos de Israel. É
possível que as últimas palavras aqui signifiquem 'as últimas palavras
inspiradas’, visto que o termo hebraico traduzido como diz é um termo que é
sempre usado em outras passagens como um pronunciamento divinamente inspirado.
Que o Espírito do Senhor realmente falava por Davi (2) é abundantemente
atestado nos salmos que ele escreveu" (Comentário Bíblico Beacon: 2
Josué a Ester. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.260-61). No tópico três, você
poderá retomar o assunto, pois ele trata das palavras finais de Davi.
II. PROBLEMAS NA VELHICE DE DAVI
1. A
velhice de Davi. 1 Reis 1.1-4 descreve alguns problemas que atingiram Davi na velhice.
Ali, se esclarece que a velhice não poupa ninguém. Por causa dos grandes
sofrimentos, das lutas que marcaram sua vida e das causas naturais, com
aproximadamente setenta anos, as forças e a saúde de Davi já tinham definhados.
Seu corpo não conseguia manter-se aquecido. Davi é o exemplo de como começa o
declínio da vida, conforme expõe Eclesiastes 12.1-7. Portanto, aproveitemos bem
a adolescência e a juventude na presença de Deus; consagremos nossas forças e
todo o nosso vigor ao Senhor Jesus Cristo. [Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 13, 29 Dezembro, 2019]
A narrativa de 1Rs 1.1-4, Davi contava com 70 anos
(25m 5.4-.1). Com a idade avançada, problemas circulatórios passaram a
atormentar o rei Davi, de modo que ele não conseguia manter-se aquecido. O
gabinete real propôs a solução de que uma jovem virgem cuidasse dele, no que
hoje poderíamos chamar de enfermeira; o cuidado dele consistira em aquecer o
velho rei à noite com o calor do seu corpo, Abisague lhe prestou esses
serviços. Pode parecer estranho para nós hoje, mas isso estava de acordo com os
costumes médicos daquele tempo; tanto o historiador Flávio Josefo quanto o
médico grego Galeno registraram essa prática. É interessante ainda notar que,
embora Davi não a tenha possuído, ela foi considerada como sendo uma das suas
esposas, como vemos mais tarde.
Em Eclesiastes 12.1-7, Salomão aconselha: “Lembra-te
do teu Criador... maus dias”. Lembre-se de que você é propriedade de Deus,
por isso, empregue sua vida para servi-Lo desde o início de seus anos e não no
final, quando a capacidade de servir se torna bastante limitada. Salomão usa á
imagem do envelhecimento, acrescentando elementos de uma casa em decadência, da
natureza e de um cortejo fúnebre a fim de intensificar a ênfase daquilo que ele
escreveu no capítulo 11.7-12.1. A juventude é normalmente o período da luz da
alvorada, e a velhice, o período da penumbra melancólica. Esse retrato
melancólico da velhice não nega a verdade de que essa estação da vida pode ser
uma bênção para o servo fiel (Pv 16.31), mas relembra ao jovem que ele não
conseguirá desfrutar da bênção de uma velhice piedosa e de uma vida dedicada à
obra de Deus se não se lembrar de seu Criador enquanto ainda é jovem (v. 1).
2.
Enfrentando mais um filho rebelde. Em 1 Reis 1.15, novamente o texto reforça a
velhice de Davi. Estando ele doente e sem forças, Adonias aproveita-se desse
instante para declarar-se rei; ele tem quase os mesmos traços de Absalão − é
formoso de aparência e exalta a si mesmo, dizendo: “Eu reinarei”. Apresenta-se
ao público com características da realeza: com carros, cavaleiros e pessoas que
corriam adiante dele. Ao contrário de Absalão, que sofria oposição de seu pai,
Adonias sabia que não haveria qualquer entrave para o seu plano, pois fora
criado sem qualquer disciplina. Daí a expressão: “Nunca seu pai o tinha
contrariado”. Adonias representa aqueles que querem ser líderes segundo sua
própria vontade, que exaltam a si mesmos, desprezando a vontade de Deus. Essa
postura vai lhe custar a vida. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019.
Lição 13, 29 Dezembro, 2019]
Quero nesse subtópico retornar à Lição 10: O Pecado
do Homem Segundo o Coração de Deus, no Tópico III – O Adultério e o Homicídio
de Davi, subtópico 4. A tentativa de Davi para evitar as suspeitas do seu
pecado, onde o comentarista escreve: “Era uma mulher ambiciosa, cheia de
planos”; Na verdade, a revolta de Adonias foi derrotada por Natã, que
conhecia a vontade do Senhor (2Sm 7.12; 1Cr 22.9) e agiu com rapidez, fazendo
com que Bate-Seba fosse até Davi antes para relatar o que estava acontecendo, e
a quem depois ele seguiria (v. 23). Aproveitando-se da velhice de Davi, Adonias
tenta usurpar o trono para si, trono que deveria ser de Salomão por direito;
Natã e Bate-Seba logo avisam o rei Davi sobre isso e o reinado de Salomão foi
anunciado diante do povo.
3.
Constituindo Salomão como rei. Já no seu leito de morte, doente e velho, Davi teve de atuar firmemente
para constituir Salomão como rei. Ele chama Zadoque, Natã e Benaia, e
passa-lhes as necessárias instruções, seguindo os costumes da separação de um
rei: a unção e o anúncio público. A ordem de Davi era que Salomão fosse
colocado em sua mula, sobre a qual somente o rei andava; ele foi escoltado até
Giom, em direção ao vale de Cedrom. A unção foi feita por Zadoque com o óleo do
tabernáculo, perante todo o povo. A cerimônia feita para a coroação de Salomão
recebia a ratificação divina. Somente a partir disso é que Salomão poderia
assumir o trono. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019.
Lição 13, 29 Dezembro, 2019]
O fato de Salomão viajar montado na mula real de
Davi mostrava a Israel que era ele o escolhido por Davi para ser o seu sucessor
(2Sm 13.29). É possível que a cerimônia de unção do Salomão tenha sido ouvida
sem ser vista pela comitiva de Adonias. Saul e Davi tinham sido ungidos por
Samuel, sacerdote e profeta do Senhor (ISm 10.1; 16.13); Salomão também seria
reconhecido por um profeta e sacerdote. A participação do profeta Natã deu à
coroação a prova da bênção do Senhor. Ao longo de todo o livro de Reis, Deus
identificou os seus reis escolhidos por meio dos profetas (1Rs 11.37; 15.28-29;
16.12; 2Rs 9.3). A ordem para “tocareis a trombeta” sinalizava uma
audiência pública na qual o povo reconhecia oficialmente a nova posição de
Salomão como co-regente e sucessor de Davi.
4. As
palavras de Davi a Salomão e sua morte. Davi tem consciência de que vai morrer. É isso
o que se constata em 1 Reis 2.1-4. Nessa hora, brotam dos seus lábios profundas
palavras com as quais aconselha seu filho. Davi diz para Salomão andar em
santidade e, nela, conduzir o rebanho de Deus, Israel. O rei tinha consciência
plena de que uma vida de santidade só era possível pela observância e
obediência completa à Palavra de Deus, conforme Moisés revelara. Tanto Salomão
quanto o povo tinham a responsabilidade de andarem nos caminhos do Senhor, por
causa das verdades divinas transmitidas, o que significava: atentar para os
estatutos do Senhor (Êx 30.21); guardar os mandamentos divinos (Êx 20.1-17);
atentar para os decretos ou juízos do Senhor (Êx 21.1). [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 13, 29 Dezembro, 2019]
Os líderes normalmente exortavam seus sucessores;
por exemplo, Moisés (Dt 31.7-8), Josué (Js 23.1-6) e Samuel (1Sm 12.1-25).
Assim, também Davi fez uma exortação final a Salomão no momento em que
pressentia sua partida, fato narrado assim: “Eu vou pelo caminho de todos os
mortais”-expressão usada para descrever a morte (Js 2.3.14; Gn 3.19).
Interessante como Davi inicia suas últimas palavras de orientação a Salomão com
a qual prepará-lo para as tarefas difíceis e as batalhas em seu futuro: “Coragem,
pois, e sê homem!“ – um homem de Deus precisa ter coragem e demonstrar
virtudes tais como integridade, força de caráter, determinação, justiça e
retidão. Nessa conversa, Davi admoestou Salomão a obedecer à lei mosaica para
que seu reinado fosse bem-sucedido. Ele declarou que a obediência do rei à lei
de Moisés era condição necessária para o cumprimento da promessa divina. O
livro de Reis demonstra que nenhum dos descendentes de Davi permaneceu fiel à
lei de Deus; nenhum deles satisfez as condições para o cumprimento da promessa
divina. Portanto, as palavras de Davi fornecem a base para explicar o exílio.
Assim, o último e supremo rei de Israel surgiria mais tarde, num tempo não
determinado.
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
"a. Adonias exaltou-se a si
mesmo [1 Reis] (1.5-8). A
decisão de se andar em seu próprio caminho ao invés de se submeter à vontade de
Deus é autoexaltação, e esse espírito frequentemente resulta em uma tendência
estabelecida na vida. Isto era verdadeiro no caso de Adonias. Ao exaltar-se a
si mesmo, ele seguiu o exemplo de Absalão (cf. 2 Sm 15.1ss). Propositalmente,
ele se apresentou como um personagem da realeza, com seus próprios carros,
cavaleiros e homens que corriam diante dele. Ao contar com um histórico de
disciplina paterna negligente e com a sua formosura (6), ele aparentemente
sentiu que Davi, seu pai, não seria empecilho para ele. Adonias procurou a
ajuda daqueles que já não gozavam das boas graças de Davi (7): Joabe, o
antigo comandante do exército do rei (2 Sm 2.13, passim); e Abiatar, que
tinha sido sacerdote leal de Davi no passado (1 Sm 22.20, passim). Existem
. muitas evidências em 2 Samuel de uma crescente discórdia entre Davi e seu
general Joabe (2 Sm 3.23-39; 19.1-8; 24.3,4). No entanto, nada se sabe que
possa explicar o desafeto de Abiatar, e a sua consequente disposição de adotar
a causa de Adonias" (Comentário Bíblico Beacon: 2 Josué a Ester.
Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.279).
III. AS PALAVRAS FINAIS DE DAVI
EM SUA VELHICE
1. O
reconhecimento da ação do Deus de Jacó. As palavras finais de Davi em 2 Samuel 23.1-7
são de louvor a Deus. Primeiramente ele expressa sua gratidão a Deus por
ter-lhe favorecido em tudo; e menciona que foi levantado em altura pelo Deus de
Jacó: “Disse o Deus de Israel, a Rocha de Israel a mim me falou: Haverá um
justo que domine sobre os homens, que domine no temor de Deus“ (v.3). Davi
tinha consciência de que todas as suas conquistas não eram humanas e que, ele
mesmo, não era divino, como pensavam os reis de outras nações ao próprio
respeito; mas seu crescimento veio do Deus de Israel. Reconhecer nossa
fragilidade é o caminho para Deus usar-nos sem nunca pensarmos ser alguma coisa
(Sl 82.7). No Novo Testamento, Paulo era usado por Deus, mas tinha consciência
de sua humanidade (At 14.15). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019.
Lição 13, 29 Dezembro, 2019]
No final de sua vida, Davi olhou para trás com fé
nas promessas de Deus, e para frente com esperança no cumprimento da vinda de
um futuro "rei", o "ungido". Esse é o legado literário
final para Israel, e não o seu discurso final (1Rs 2.1-10). É interessante
notar que, no texto de 2Sm 23.1 “Palavras de Davi”, ou como aparece em
algumas versões: "Assim diz Davi", percebe-se que Davi tinha a
idéia de que os salmos que havia escrito com a orientação do Espírito Santo
eram a própria Palavra de Deus! Assim ele sabia que não era divino, como era a
mentalidade comum em seus dias de pensar nos reis como representantes de uma
determinada divindade, ou mesmo a própria divindade, no entanto, ele sabia que
era instrumento nas mãos de Deus! O Santo Espírito de Deus é o instrumento
divino de revelação e inspiração. Davi tinha consciência de que o rei ideal
deveria exercer a sua autoridade com justiça, em completa submissão à soberania
divina. Esse rei é como os raios do sol pela manhã e a chuva que traz vida e
nutre a terra. Esse rei ideal foi identificado no Antigo Testamento como o
futuro Messias (Is 9.6-7).
2. O
Davi inspirado. Davi esclarece que as palavras que pronunciará têm sua fonte em Deus.
Ele deixa claro, nos versículos 3 e 4, que brevemente o governador ideal
chegará. Ele irá atuar com justiça, andará no temor do Senhor e trará grandes
bênçãos ao povo. O rei diz assim porque tinha consciência de que havia falhado.
Mesmo diante de suas falhas, Davi sabia que Deus tinha estabelecido com ele um
concerto, de modo que esse justo rei irá sair de sua própria casa (Is 55.3; Jr
33.15.16; At 13.34). Referia-se Ele, profeticamente, à chegada do Messias –
Jesus Cristo. Em 1 Reis 2.10, o autor sagrado registra a morte de Davi, o
grande rei de Israel. Ele dormiu com os seus pais para acordar na eternidade
com Deus. Ele estaria para sempre com o Senhor. [Lições Bíblicas CPAD, Revista
Adultos, 4º Trimestre 2019. Lição 13, 29 Dezembro, 2019]
O Texto de 2Sm 23.3-4 é o registro do discurso
direto de Deus, não é o discurso de Davi, embora pronunciadas pelos lábios do
velho rei, era inspirada pelo Espírito Santo, traçando o ideário de rei
submisso à soberania divina, profecia referente ao Messias (Is 9.6-7).
“A morte de Davi é relatada em um curto
versículo. Existe um tom de tristeza aqui, pois ele havia sido um grande homem
de Deus. Quando o seu primeiro filho com Bate-Seba morreu, Davi havia dito:
"Eu irei a ele, porém ele não voltará para mim". Ele agora havia ido.
Mas voltará para o seu reino milenar, com o SENHOR (Jr 30.9, Ez 34.23-24,
37:24-25, Os 3.5)” (R David Jones)
“A morte de um homem é um dos principais eventos
de sua vida. É uma ocasião solene, quando a vida da pessoa passa em revista,
quando se extrai o significado dos poucos anos da sua vida. As experiências
perto da morte informam-nos que o Ser Luminoso sujeita a pessoa a uma completa
revista. Assim ela chega a entender todo o sentido de sua vida, o que não
deveria ter feito, o que deixou de fazer, o que fez de bom, enfim, a média do
valor dessa vida. Dois grandes fatores na vida são o conhecimento e o cumprimento
da lei do amor. Esses dois fatores são muito mais importantes que os feitos dos
guerreiros ou que o bom governo de um rei. Davi faleceu com setenta anos (II Sm
5:4) e foi sepultado em Jerusalém ou Sião, a cidade de Davi (I Rs 2:10,11). Aos
turistas, hoje em dia, mostra-se o suposto túmulo de Davi, localizado na colina
sul da moderna Jerusalém, comumente chamada monte Sião. Porém, o local não pode
ser identificado com a localização real do túmulo de Davi, o qual,
definidamente, ficava dentro das muralhas da cidade. Essa falsa localização vem
sendo promovida desde a época das cruzadas.” (ebdareiabranca).
SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ
"Não importa a sua idade, não importam os problemas de saúde ou outro
qualquer que você esteja enfrentando. Não importa o cansaço físico e mental, a
falta de coragem e de ânimo. O Senhor Jesus faz o seguinte convite: 'Vinde a
mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei’ (Mt 11.28).
Se até então a sua idade tem sido um ‘fardo’ difícil de suportar, a proposta de
Jesus é que você troque pelo seu fardo e seu jugo, que é leve e suave. Ou seja:
a partir de hoje, os seus muitos dias de vida serão usufruídos com a leveza e
suavidade que só Deus pode conceder, por meio de sua maravilhosa paz. [...] Com
Jesus ao seu lado você poderá dizer que 'as coisas velhas já passaram; eis que
tudo se fez novo’ (2 Co 5-17). Assim, a sua 'velha idade’, o seu 'velho corpo’,
o seu 'velho cansaço’, a sua 'velha vida’, o seu 'velho eu’, tudo o que você
considera como 'velharia' será transformado em coisa novas por Cristo"
(FREIRE, Eurides Santana. Melhor idade... Por que não? Rio de Janeiro:
CPAD, 2012, p.109,10).
CONCLUSÃO
A Bíblia fala dos
atos heróicos de Davi, mas não esconde seus erros e deslizes. Mas o pastorzinho
de Belém, como o homem segundo o coração de Deus, soube como retornar ao que o
ungira como rei de Israel. Seus salmos relatam a comunhão profunda e íntima que
ele mantinha com o Senhor. E, dessa forma, o amado rei finda sua vida,
enaltecendo o Deus de Jacó. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 4º Trimestre 2019.
Lição 13, 29 Dezembro, 2019]
Interessante que, as Escrituras reservam um texto
tão curto para tratar a morte desse importante rei em Israel. Melancolicamente
o rei Davi passa o trono a seu filho Salomão, em seu leito de morte, chamou seu
filho diante dele para dar-lhe seu cargo. A vida de Davi demonstra que as
escolhas erradas resultam em consequências desastrosas. Os erros desse mavioso
rei de Israel decorreram do seu descuido espiritual. No entanto, apesar das
falhas espirituais, Deus demonstrou sua graça e amor, restaurando-o e
perdoando-o, e fazendo-o um ancestral do Messias Jesus.
“Agora que você aprendeu sobre Davi e Bate-Seba e
sobre as consequências trágicas de suas escolhas, avalie sua vida verificando
em quais áreas você tem pecado contra o Senhor. Confesse cada um dos seus erros
e dispondo-se a abandoná-los. Lembre-se de que é indispensável você manter
vigilância para que suas escolhas sejam sempre feitas segundo a instrução da
Palavra de Deus. E não se esqueça de sempre render louvores ao Senhor pelo
perdão que ele concede a você, bem como, por sua infinita graça que é revelada
na continuidade de suas bênçãos em sua vida, apesar de seus erros.” (ultimato)
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br