SUBSÍDIO I
Prezado professor, prezada professora,
Vivemos no século XXI. A Igreja de Cristo vem sendo
desafiada em sua ética e virtudes cristãs. Leis são propostas todos os dias
pelo atual sistema mundano de vida a fim de fazer com que a Igreja esteja
confinada nos lares de seus membros, e ignorada no debate público. A Ética
Cristã é tolerada desde que não incomode o status quor de uma sociedade que se
acha humanista e progressista.
Ensinar aos cristãos sobre a fundamentação ética
que represente e transpareça as virtudes do Reino de Deus é o propósito deste
trimestre. Neste aspecto, os Dez Mandamentos, os escritos proféticos, os
Evangelhos, o Sermão do Monte e as cartas paulinas se mostram fundamentais para
a ética dos cristãos.
A Igreja de Cristo não deve temer o tempo presente.
Da mesma forma, os cristãos do passado eram perseguidos, afrontados e muitas
vezes humilhados por causa da sua fé. Diferentemente daquele tempo, a
perseguição hoje é ideológico-intelectual. Por isso, não podemos deixar de ser
sal da terra e luz do mundo.
O que é Ética Cristã?
Historicamente o conceito de ética surgiu na Grécia
antiga, período que coincide com o século IV a.C. Na prática, a ética sempre
fez parte do dia a dia da humanidade. Quando os códigos ainda não estavam
escritos e positivados, a própria consciência estabelecia a ética a ser
observada (Rm 2.14,15). As Sagradas Escrituras contêm os fundamentos da ética
para a sociedade humana. No Antigo Testamento, Deus revelou instruções éticas
específicas. Nos Evangelhos, encontramos os ensinamentos éticos de Jesus. Nas epístolas
neotestamentárias, o tema está amplamente registrado.
O filósofo e educador Cortella (1954-) apresenta
uma definição para ética que em muito se assemelha com os textos
bíblicos:
Ética é o conjunto de valores e princípios que
usamos para responder a três grandes questões da vida: 1. quero? 2. devo? e 3.
posso? Nem tudo que eu quero eu posso; nem tudo que eu posso eu devo; e nem
tudo que eu devo eu quero. Você tem paz de espírito quando aquilo que você quer
é ao mesmo tempo o que você pode e o que você deve. (CORTELLA, 2014)
De fato, de maneira simples e genérica, a ética
cristã está relacionada às respostas de tais questões. O apóstolo Paulo, de
certo modo, ensina a prática da ética, sob esses aspectos: o que quero, devo e
posso. Ele afirma que tudo é lícito, mas que nem tudo convêm e nem tudo
edifica, portanto, o cristão não pode e nem deve se deixar dominar por aquilo
que foge da ética cristã (1 Co 6.12).
1. Definição Geral
A palavra “ética” possui origem no vocábulo grego
ethos, que literalmente significa “costumes” ou “hábitos”. No latim, é usado o
termo correspondente mos (moral) com o sentido de “normas” ou “regras”. Assim,
“ética e moral referem-se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade
e que, como tais, são considerados valores e obrigações para a conduta de seus
membros” (CHAUÍ, 1995, p. 340). Como esses termos, “ética” e “moral”, são muito
próximos, eles são muitas vezes confundidos e usados como sinônimos. No
entanto, para fins didáticos e acadêmicos, é possível defini-los separadamente.
2. Ética e Moral
A ética enquanto ciência pode ser entendida como a
parte da filosofia que investiga os fundamentos da moral adotados por uma
cultura. Foram os filósofos gregos que começaram a estudar esses fundamentos
para então “identificar” uma pessoa como sendo boa ou má e também um ato como
sendo bom ou mau. A partir desses fundamentos, alguém pode ser classificado
como “ético” ou “antiético”.
Pode-se afirmar, por exemplo, que a ética de Platão
(427-347 a.C.) era “transcendente” e “deontológica”. Essa teoria acredita que a
noção do correto é algo moralmente bom em si mesmo. Nesse caso, a fundamentação
do certo e do errado está ligada ao bem-estar da alma, um estado inerente ao
ser humano e procedente de um mundo superior. Aqui o homem obedece ao dever,
independentemente das consequências que a obediência pode resultar para si ou
para os outros (PALLISTER, 2005, p. 20).
Em contrapartida, com Aristóteles (384-322 a.C.)
surgiu a ética “imanente” e “teleológica” ou “utilitária”. Essa teoria argumenta
que o correto só pode ser definido a partir das consequências que um ato ou uma
ação possa produzir. Aqui a fundamentação do certo e o errado procedem do mundo
dos homens e depende apenas da utilidade e do bem-estar que as ações do
indivíduo podem resultar para si ou para os outros.
A moral, por sua vez, refere-se ao comportamento
das pessoas e às reações dos indivíduos que compõem uma sociedade em relação às
regras estabelecidas pela ética. Como observado, essas regras podem ser
diferentes de uma cultura para outra e ainda podem ser modificadas de acordo
com as transformações vividas pelos grupos sociais. Tudo depende da fonte de
autoridade que lhes serve de fundamento para os padrões de conduta.
Quando se analisa as teorias éticas acima
discutidas, percebe-se que na “deontológica” é o princípio da ação moral que é
bom ou mau independentemente do seu resultado. Já na teoria “teleológica”, o
princípio moral é substituído pela previsão racional das vantagens e
desvantagens que determinada ação pode produzir. No primeiro caso, os atos
morais, mesmo corretos, podem prejudicar a si e ao outro. No segundo caso, a
moral se relativiza, busca não se prejudicar evitando o sofrimento, e assim
pode servir para legitimar a máxima que diz “os fins justificam os meios”.
Texto extraído da obra
“Valores Cristãos: Enfrentando as questões morais do nosso tempo”, editora
CPAD.
O que é Ética Cristã
Corrupção, degradação dos valores interiores,
relativização da vida humana. As questões são muitas. Os desafios, tensos. Não
poucos cristãos se veem na encruzilhada da ética. Por exemplo, diante de uma
gravidez, quando se recebe um diagnóstico assustador acerca do bebê, é possível
continuar a crer na sacralidade da vida? Ou diante do sonho da maternidade é
possível continuar ético e bíblico para não manipular diversos embriões
(sabendo que na fertilização in vitro a maioria dos embriões se perde) em nome desse
sonho? A resposta para essas e outras perguntas dependerá da convicção ética
que a pessoa tem segundo as Sagradas Escrituras.
Neste trimestre, o tema da Ética é o objeto do
nosso estudo. Como introdução ao assunto, é importante o prezado professor, a prezada
professora, procurar dominar os conceitos de “ética” e de “moral”,
distinguindo-os com clareza. Aqui, podemos iniciar esse trabalho com o auxílio
do filósofo cristão norte-americano, Arthur Holmes, que descreve a ética da
seguinte forma: “a ética trata do bem (isso é, dos valores e virtudes que
devemos cultivar) e do direito (isso é, de quais devem ser as nossas obrigações
morais). Ela avalia pontos de vista alternativos do que é o bem e o direito;
explora caminhos para alcançarmos o conhecimento moral de que necessitamos;
indaga por que devemos agir com correção e, a partir daí, conduz a problemas
morais práticos, que estimulam a assim pensarmos prioritariamente” (Ética: As
decisões morais à luz da Bíblia, CPAD, p.10). A partir dessa descrição podemos
perceber que a questão da moral, diferentemente da “ética”, se atém à prática
das ações do bem viver. Nesse sentido, a ética aponta para as práticas
virtuosas, ou seja, ela fundamenta a moral.
No caso da Ética Cristã, seu objeto de reflexão
susta-se de acordo com os princípios morais desenvolvidos ao longo das
Escrituras. A lei moral que promana da Bíblia é refletida hoje em nossa
sociedade; ou seja, os princípios morais postos nas Escrituras, e manifestos
por meio da cultura judaico-cristã, estão claramente presentes em nossa cultura
ocidental.
Já que é impossível esgotarmos todos esses
princípios neste espaço, sugerimos que aprofunde os estudos das seguintes
seções bíblicas: O Decálogo, a Mensagem dos Profetas, a Mensagem dos
Evangelhos, o Sermão do Monte, os aspectos éticos das Epístolas Paulinas e
Gerais. Bom trimestre
Revista Ensinador Cristão.
SUBSÍDIO II
INTRODUÇÃO
Neste trimestre estudaremos um dos assuntos mais
controvertidos no contexto de uma sociedade pluralista e relativista, a ética
cristã. Nesta aula nos voltaremos para os fundamentos, inicialmente para o
conceito de ética cristã, e em seguida, para os fundamentos dessa ética. Ao
final, destacaremos, como também o faremos ao longo das lições, que essa é uma
ética que diz respeito àqueles que vivem em Cristo, alicerçados na Sua Palavra.
1. ÉTICA QUE É CRISTÃ
A palavra ética vem do grego ethos, e remete aos
tempos de Aristóteles, filósofo que amplamente discutiu o tema. O conceito de
ética costuma ser confundido com o de moral, a primeira palavra é de origem
grega, enquanto que a segunda é de origem latina. A ética, na perspectiva
filosófica, diz respeito aos fundamentos dos comportamentos humanos, enquanto
que a moral está associada aos costumes propriamente ditos. A ética diz
respeito aos pressupostos, às razões pelas quais alguém é e age, a moral, por
sua vez, é a expressão concreta da ética. A ética que é cristã, como a própria
terminologia explicita, tem como pressuposto os ensinamentos de Cristo. As
bases que determinam, ou pelo menos que deveriam determinar, o agir dos
cristãos deveriam está alicerçados nas palavras de Jesus. A esse respeito, é
preciso ter cuidado para não confundir a Ética Cristã com uma Ética Evangélica.
Há tradições no seio da religiosidade cristã, mesmo entre as doutrinas
evangélicas, que necessariamente não estão fundamentadas em Cristo. Um exemplo
prático desse equívoco ocorreu quando passagens do Antigo Testamento, sem uma
interpretação apropriada, foram usadas a fim de legitimar o preconceito racial
em alguns países. A ética que é cristã precisa se fundamentar em Cristo, e não
depende de pressupostos humanos, antes dAquele que se fez carne, e habitou no
meio de nós (Jo. 1.1,14).
2. OS FUNDAMENTOS
DA ÉTICA CRISTÃ
De certo modo, antecipamos no tópico anterior que a
base da ética que é cristã é o próprio Cristo. Existem muitos pressupostos
éticos na sociedade, a maioria deles se fundamenta na racionalidade, no
materialismo, ou mesmo na tradição. O pluralismo e relativismo ético se
sustentam porque o ser humano decidiu viver a revelia de Deus. Por causa disso,
temos testemunhado muitas atrocidades na sociedade, tendo em vista que o
próprio Deus entregou o gênero humano a sua própria dissolução (Rm. 1.26). Por
esse motivo, temos testemunhado nas diversas esferas sociais a maldade que se
prolifera em todos os contextos, desde os familiares até os políticos. O homem moderno
“matou” Deus em seus corações, alguns deles até acreditam que Ele existe, mas
vivem como se não existisse. Na medida em que o tempo passa, a sociedade está
serrando o galho sobre o qual ela mesma esta sustentada. O tombo sobrevirá de
repente, e as consequências serão drásticas. Os cristãos, fundamentados na
Palavra de Deus, devem alertar em relação aos riscos, mas não podemos impor
nossa visão sobre a sociedade. Precisamos também ter cuidado para não eleger
alguns pecados em detrimento de outros. Alguns evangélicos se posicionam com
veemência contra a sexualidade fora dos padrões bíblicos, mas não fazem o mesmo
em relação à injustiça social.
3. NÓS, PORÉM
O fundamento ético para os cristãos é a Palavra de
Deus, faz-se necessário que essa seja interpretada apropriadamente, a fim de
evitar excessos e pressupostos a priori. Toda Escritura é divinamente
inspirada, é Palavra de Deus (II Tm. 3.16), mas nem todos os textos têm o mesmo
valor revelacional. Jesus é a chave-hermenêutica das Escrituras, Ele mesmo
afirmou que essas serão compreendidas a partir dEle (Lc. 24.32). A utilização
indevida de passagens bíblicas, algumas delas sem fundamento doutrinário, e em alguns
casos descontextualizadas, pode resultar em posicionamentos éticos que não se
sustentam biblicamente. Em I Co. 10.1-13, por exemplo, Paulo faz um contraponto
entre a ética que é cristã - a maneira como os cristãos devem viver - e a ética
daqueles que se apartaram de Deus. O Apóstolo faz a diferença entre “nós” – os
cristãos que devemos viver a partir da Palavra – e “eles” – os israelitas que
seguiram seus próprios caminhos, e não atentaram para a orientação divina.
Semelhantemente, nós os cristãos devemos ser sal da terra e luz do mundo (Mt.
5.13-16), vivermos como cidadãos dos céus e súditos do reino de Cristo (Mt.
5-7). A ética que é cristã impõe mais responsabilidade sobre aqueles que seguem
a Cristo, considerando que nossa justiça deve exceder a dos escribas e fariseus
(Mt. 5.20).
CONCLUSÃO
A sociedade contemporânea, regida pela natureza
pecaminosa, está envolvida em uma confusão ética, uma verdadeira torre de Babel
(Gn.11). Cada um segue seu rumo, de acordo com aquilo que acha que é melhor,
ninguém se entende (Jz. 21.25). Nós, porém, não devemos nos apartar das
Sagradas Letras, pois elas nos farão sábios para a salvação, e nos conduzirão à
santificação (II Tm. 3.14-17), atentando para os sadios princípios
interpretativos, tendo Cristo com a chave-hermenêutica.
Prof. Ev. José
Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog
subsidioebd
COMENTÁRIO E
SUBSÍDIO III
INTRODUÇÃO
Estudar ética é
muito importante para o aperfeiçoamento dos nossos relacionamentos e conduta na
sociedade. Entretanto, neste trimestre, veremos que a Ética Cristã difere da
secular. Enquanto esta se fundamenta em valores materialistas e relativistas,
aquela tem como eixo a Palavra de Deus, a revelação divina imutável. Assim,
como vivemos em uma época onde os conceitos pós-modernos relativizam as
doutrinas cristãs, é relevante identificarmos os principais fundamentos da
Ética Cristã a fim de aperfeiçoar nossa vida de comunhão com Deus e testemunho
cristão à sociedade (Mt 5.13,14). (LB CPAD, 2º Trim 2018, Lição 1, 1º Abr 18)
“Todos nós tomamos diariamente dezenas de
decisões. Fazemos escolhas, optamos, resolvemos e determinamos aquilo que tem a
ver com nossa vida individual, a vida da empresa e de nossos semelhantes.
Ninguém faz isso no vácuo. Antigamente pensava-se que era possível pronunciar-se
sobre um determinado assunto de forma inteiramente objetiva, isto é, isenta de
quaisquer pré-concepções ou pré-convicções. Hoje, sabe-se que nem mesmo na área
das chamadas ciências exatas é possível fazer pesquisa sem sermos influenciados
pelo que somos, cremos, desejamos, objetivamos e vivemos. As decisões que
tomamos são invariavelmente influenciadas pelo horizonte do nosso próprio mundo
individual e social. Ao elegermos uma determinada solução em detrimento de
outra, o fazemos baseados num padrão, num conjunto de valores do que
acreditamos ser certo ou errado. É isso que chamamos de ética. A nossa palavra
"ética" vem do grego eqikh, que significa um hábito, costume ou rito.
Com o tempo, passou a designar qualquer conjunto de princípios ideais da conduta
humana, as normas a que devem ajustar-se as relações entre os diversos membros
de uma sociedade. Ética é o conjunto de valores ou padrão pelo qual uma pessoa
entende o que seja certo ou errado e toma decisões.” (LOPES.
Augustus Nicodemus; Fundamentos da Ética Cristã. Disponível em: Claudemir Pedroso. Acesso em: 24 mar, 2018)
Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de
Holanda, Ética é "o estudo dos juízos de
apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto
de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de
modo absoluto”. Há diversas visões filosóficas da ética, entretanto, a
ética cristã baseia-se na Palavra de Deus para determinar quais ações humanas
são legítimas e quais são ilegítimas. É por esta razão que afirmamos que ela é
nossa regra de fé e prática. A ética cristã não depende da situação, dos meios
ou dos fins (Sl 119.105). O homem natural é capaz de produzir ética, mesmo
caído e ‘morto’ espiritualmente. Deus restringe a maldade humana e capacita-o à
uma retidão moral, à uma conduta séria e comprometida com causas morais, ao
ponto de causar admiração. Abraham Kuyper, teólogo holandês do século passado,
afirma que assim como o homem domestica os animais, e prende ou controla seres
selvagens, assim também Deus limita a maldade dos homens, extraindo até mesmo o
bem do mal, para que se preserve a criação, entendido neste conceito não
somente as coisas naturais, mas também toda a criação intelectual que também
vem Dele. Contudo, a ética humana vem ‘manchada’ pelos atos e fatos caídos,
pois é produzida por um coração à parte de Deus e contrária à Sua Palavra.
Este trimestre nos dará condições de discutirmos
assuntos do momento e nos dará ferramentas para respondermos ‘qual a razão da
nossa fé’ (Jd 3). Mais do que uma simples lista de “faça” ou “não faça”, a
Bíblia nos dá instruções detalhadas de como um Cristão deve viver. A Bíblia é
tudo que precisamos para saber como viver a vida Cristã. No entanto, a Bíblia
não se dirige diretamente a exatamente todas as situações que vamos ter que
encarar em nossas vidas. Como então ela é suficiente? Em situações assim é que
temos que aplicar a Ética Cristã.
I. O
CONCEITO DE ÉTICA CRISTÃ
1. Definição Geral. A palavra “ética” possui origem no vocábulo grego ethos,
que significa “costumes” ou “hábitos”. No latim, o termo usado se corresponde a
mos (moral), no sentido de “normas” ou “regras”. Devido à proximidade
linguística desses termos, muitas vezes eles são usados como sinônimos.
Contudo, devemos defini-los separadamente.
Ética é o nome dado ao ramo da filosofia dedicado
aos assuntos morais. A palavra ética é derivada do grego, e significa aquilo
que pertence ao caráter. Sobre a origem do termo, a palavra “ética”, no grego
é Ethos, significa Costume, hábito, disposição;
No latim, vem de Mos, ou Mores (no
plural), significa vontade, costume, uso, regra;
sendo essa a origem da palavra moral. Daí temos que Ética é
a disposição ou vontade de se seguir bons costumes ou hábitos. No contexto
filosófico, ética e moral possuem diferentes
significados. A ética está associada ao estudo fundamentado dos valores morais
que orientam o comportamento humano em sociedade, enquanto a moral são os
costumes, regras, tabus e convenções estabelecidas por cada sociedade.
“Segundo Chauí, em seu livro Convite à Filosofia
(2008), podemos dizer que o Senso Moral é a maneira como avaliamos nossa
situação e a dos outros segundo ideias como a de justiça, injustiça, bom e mau.
Trata-se dos sentimentos morais. Já com relação à Consciência Moral, Chauí
afirma que esta, por sua vez, não se trata apenas dos sentimentos morais, mas
se refere também a avaliações de conduta que nos levam a tomar decisões por nós
mesmos, a agir em conformidade com elas e a responder por elas perante os
outros. Isso significa ser responsável pelas consequências de nossos atos”. (Paulo
Silvino Ribeiro, ‘O que é Ética’. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/o-que-etica.htm. Acesso: em: 24 mar, 2018)
Assim, entendemos que a diferença entre ética e
moral é que a moral refere-se ao conjunto de normas e princípios que se baseiam
na cultura e nos costumes de determinado grupo social, já a ética é o estudo e
reflexão sobre a moral, que nos diz como viver em sociedade.
2. Ética e Moral. Enquanto ciência, a ética pode ser entendida como a
área da filosofia que investiga os fundamentos da moral adotada por uma
sociedade. Por conseguinte, a moral refere-se ao comportamento social em
relação às regras estabelecidas. Essas regras podem variar de uma cultura para
outra, podendo sofrer variadas e sistemáticas alterações. Tudo dependerá da
referência de autoridade que serve de fundamento para os padrões de conduta
social.
Como vimos na etimologia das palavras, é comum
confundir estes dois termos; Ética vem do grego “ethos” que significa modo de
ser, e Moral tem sua origem no latim, que vem de “mores”, significando
costumes.
“Ética e moral são temas relacionados, mas são
diferentes, porque moral se fundamenta na obediência a normas, costumes ou
mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos e a ética, busca fundamentar
o modo de viver pelo pensamento humano.” (SIGNIFICADOS:
Significado de Ética. Disponível em:https://www.significados.com.br/etica/.
Acesso em: 24 mar, 2018)
“Esta confusão pode ser resolvida com o
esclarecimento dos dois temas, sendo que Moral é um conjunto de normas que
regulam o comportamento do homem em sociedade, e estas normas são adquiridas
pela educação, pela tradição e pelo cotidiano. Durkheim explicava Moral como a
“ciência dos costumes”, sendo algo anterior a própria sociedade. A Moral tem
caráter obrigatório. Já a palavra Ética, Motta (1984) defini como um “conjunto
de valores que orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens
na sociedade em que vive, garantindo, outrossim, o bem-estar social”, ou seja,
Ética é a forma que o homem deve se comportar no seu meio social. A Moral
sempre existiu, pois todo ser humano possui a consciência Moral que o leva a
distinguir o bem do mal no contexto em que vive. Surgindo realmente quando o
homem passou a fazer parte de agrupamentos, isto é, surgiu nas sociedades
primitivas, nas primeiras tribos. A Ética teria surgido com Sócrates, pois se
exige maior grau de cultura. Ela investiga e explica as normas morais, pois
leva o homem a agir não só por tradição, educação ou hábito, mas principalmente
por convicção e inteligência. Vásquez (1998) aponta que a Ética é teórica e
reflexiva, enquanto a Moral é eminentemente prática. Uma completa a outra,
havendo um inter-relacionamento entre ambas, pois na ação humana, o conhecer e
o agir são indissociáveis.”” (Renan Bardine; Filosofia - Ética e
Moral. Disponível em:https://www.coladaweb.com/filosofia/moral-e-etica-dois-conceitos-de-uma-mesma-realidade. Acesso em: 24 mar, 2018)
3. Ética Cristã. Tem como objetivo indicar a conduta ideal para a
retidão do comportamento cristão. O fundamento moral da Ética Cristã são as Escrituras
Sagradas. Por isso, sua natureza não se altera nem se relativiza. Desse modo, a
Ética Cristã não se desassocia da moral e dos bons costumes derivados das
doutrinas bíblicas.
Ética Cristã podemos dizer que é o conjunto de
regras de conduta, aceitas pelos cristão, tendo por fundamento a Palavra de
Deus. Em Colossensses 2.8, Paulo nos adverte
a vigiar contra todas as filosofias, religiões e tradições que destacam a
importância do homem à parte de Deus e de sua revelação escrita. Hoje, uma das
maiores ameaças teológicas contra o cristianismo bíblico é o "humanismo
secular", que se tornou a filosofia de base e a religião aceita em quase
toda educação secular e é o ponto de vista aprovado na maior parte dos meios de
comunicação e diversão no mundo inteiro.
“Á ética cristã é o sistema de valores morais
associado ao Cristianismo histórico e que retira dele a sustentação teológica e
filosófica de seus preceitos. [,,,] a ética cristã opera a partir de diversos
pressupostos e conceitos que acredita estão revelados nas Escrituras Sagradas
pelo único Deus verdadeiro. São estes:
1. A existência de um único Deus verdadeiro, criador dos
céus e da terra.
2. A humanidade está num estado decaído, diferente daquele
em que foi criada.
3. O homem não é moralmente neutro, mas inclinado a tomar
decisões contrárias a Deus, ao próximo.
4. Deus revelou-se à humanidade.” (LOPES. Augustus Nicodemus; Fundamentos da Ética
Cristã. Disponível em: Claudemir Pedroso. Acesso em: 24 mar, 2018)
4. Princípios da Ética Cristã. O Deus Trino é santo e imutável. Ele se revelou nas
Sagradas Escrituras, e por isso, a Bíblia é plenamente inspirada por Deus.
Nesse aspecto, os princípios ético-cristãos que derivam das Escrituras são
imutáveis e divinos. Esses princípios têm aplicação adequada para todas as
épocas e culturas, pois são universais. Assim, os padrões ético-cristãos não
podem ser relativizados: “o céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não
hão de passar” (Mt 24.35).
“Ele se revelou nas Sagradas Escrituras, e por isso,
a Bíblia é plenamente inspirada por Deus”:
“Essa pressuposição é fundamental para a ética
cristã, pois é dessa revelação que ela tira seus conceitos acerca do mundo, da
humanidade e especialmente do que é certo e do que é errado. A ética cristã
reconhece que Deus se revela como Criador através da sua imagem em nós. Cada
pessoa traz, como criatura de Deus, resquícios dessa imagem, agora deformada
pelo egoísmo e desejos de autonomia e independência de Deus. A consciência das
pessoas, embora frequentemente ignorada e suprimida, reflete por vezes lampejos
dos valores divinos. Deus também se revela através das coisas criadas. O mundo
que nos cerca é um testemunho vivo da divindade, poder e sabedoria de Deus,
muito mais do que o resultado de milhões de anos de evolução cega. Entretanto é
através de sua revelação especial nas Escrituras que Deus nos faz saber acerca
de si próprio, de nós mesmos (pois é nosso Criador), do mundo que nos cerca,
dos seus planos a nosso respeito e da maneira como deveríamos nos portar no
mundo que criou.” (LOPES. Augustus Nicodemus; Fundamentos da
Ética Cristã. Disponível em: Claudemir Pedroso. Acesso em: 24 mar, 2018)
O professor Hans Ulrich Reifler salienta sobre a
distinção no estudo da ética, a saber, a geral e a específica. A geral,
influenciada pelas Escrituras, acolhe o mandamento de não furtar, independente
da ideologia, da época e do lugar. (REIFLER, Hans Ulrich. A Ética dos
Dez Mandamentos: Um Modelo para os Nossos Dias. São Paulo: Vida Nova, 1992. P.
15.)
SUBSÍDIO PEDAGÓGICO
Professor (a), para introduzir o primeiro tópico
desta lição é muito importante que você domine o conceito de “ética” e de
“moral”. Muitos confundem dois termos devido à natureza etimológica bem próxima
de ambos. Neste espaço, para ajudá-lo(a) neste propósito, e com o auxílio do
filósofo cristão Arthur Holmes (Ética: As decisões morais à luz da Bíblia,
editada pela CPAD), pontuamos algumas considerações à respeito do binômio
ética-moral:
II. FUNDAMENTOS
DA ÉTICA CRISTÃ
Neste tópico, mostraremos as principais seções
bíblicas, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento — embora seja impossível
mencionarmos o ensino integral da Bíblia sobre o assunto —, que norteiam o
senso ético de todo cristão: o Decálogo, os Profetas, os Evangelhos, o Sermão
do Monte, as Epístolas Paulinas e Gerais.
1. O Decálogo. Os Dez Mandamentos são preceitos éticos que fazem
parte da lei moral de Deus (Êx 20.1-17). Os quatro primeiros tratam da relação
do homem para com o Criador: adoração exclusiva, condenação à idolatria, alerta
acerca do uso vão de seu santo nome e a sacralidade do tempo (Êx 20.1-11). Os
seis últimos mandamentos referem-se à relação do homem com o próximo: honra aos
pais, zelo pela integridade da vida, repúdio ao adultério, proibição ao furto,
a mentira e a cobiça (Êx 20.12-17). Jesus ensinou que os dez mandamentos
resumem-se nestes dois: amar a Deus e amar o próximo (Mt 22.37-39).
Sempre que lemos os Dez Mandamentos estamos diante
do coração da Lei de Deus. Podemos dizer que eles são uma espécie de
condensação de toda a Lei e são tão aplicáveis na atualidade quanto foram nos
dias de Moisés.
“O Decálogo expressa o propósito de Deus para o
povo de Israel: uma nação que andasse em justiça, odiasse o pecado e amasse a
santidade. Caso seguissem esse estilo de vida, os judeus resplandeceriam como
luz às nações vizinhas. Mas Israel falhou nesta missão e voltou-se contra Deus.
Entretanto, a queda do povo judeu trouxe salvação aos gentios. Todavia, isso
não deve orgulhar ou ensoberbecer a Igreja do Senhor, representante do Reino de
Deus no mundo; pelo contrário, a comunidade dos santos deve temer a Deus e
ouvir o conselho do apóstolo Paulo: "Porque, se Deus não poupou os ramos
naturais [Israel], teme que te não poupe a ti também [igreja]’’ (Rm 11.2 i).” (Pr.
Antônio Gilberto. Lição 7 - Os Dez Mandamentos - 1º Trimestre de 2014 Tema: Uma
Jornada de Fé - A Formação do povo de Israel e sua herança espiritual - CPAD -
Para jovens e adultos)
“Os Dez Mandamentos são o resumo da lei moral de
Deus para Israel, e descrevem as obrigações para com Deus e o próximo. Cristo e
os apóstolos afirmam que, como expressões autênticas da santa vontade de Deus,
eles permanecem obrigatórios para o crente do NT (Mt 22.37-39; Mc 12.28-34; Lc
10.27; Rm 13.9; Gl 5.1 4; Lv 1 9.1 8; Dt 6.5; 1 0.1 2; 30.6). Conforme esses
trechos do NT, os Dez Mandamentos resumem-se no amor a Deus e ao próximo;
guardá-los não é apenas uma questão de práticas externas, mas também requer uma
atitude do coração [...]. Logo, a lei demanda uma justiça espiritual interior
que se expressa em retidão exterior e em santidade. Os preceitos civis e
cerimoniais do AT que regiam o culto e a vida social de Israel [...] já não são
obrigatórios para o crente do NT. Eram tipos de sombras de coisas melhores
vindouras, e cumpriram-se em Jesus Cristo (Hb 10.1; Mt 7.12; 22.37-40; Rm 13.8;
Gl 5.14; 6.2). Mesmo assim, contêm sabedoria e princípios espirituais a todas
as gerações [...]”” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de
Janeiro: CPAD, 1995, p.145).
2. Os profetas. A mensagem dos profetas do Antigo Testamento tem uma
imensa influência ética para os seguidores de Jesus, abarcando as esferas
morais (Jr 17.1-11; Ml 1.6-14; 2.10-16), sociais (Is 58; Mq 2.1-5) e
espirituais (Jr 31.31,32; Jl 2.28-32).
“Se um estudo fosse feito para determinar a
contribuição singular das grandes nações do mundo, verificar-se-ia que a de
Israel é a profecia. Essa dádiva é tão conspícua (distinta, notável) nada a ela
se compara na história, desde períodos antiquíssimos. Os profetas figuram entre
os maiores pregadores do Mundo, e em qualquer lista os profetas hebraicos
ocupam o primeiro lugar. Agostinho dividiu os profetas em 2 grupos; Profetas
Maiores (4) e profetas menores (12). A Moralidade hebraica alcança seu clímax
nos ensinamentos dos profetas nos ministérios exercidos entre 800 e 400 a.C.,
destacando-se com ênfase o profeta Jeremias. As mensagens dos profetas são mais
do que literaturas, são lições vivas e supremas para todas as gerações. Tem
valor permanente. Ignorar os profetas é ignorar a Deus e a História, pois esta
é a sua História”. (Ética cristã slides aula 2. Disponível em:https://pt.slideshare.net/venturaneto/tica-crist-slides-aula-2. Acesso em: 24 mar, 2018)
Ao estudarmos os livros proféticos, vários textos
apontam para o fato de que os profetas trabalham com um conceito ético elevado
(leia Is 1.23; 3.14,15; 10.1; Am 4.1; 5.10-12; Jr 22.13). Lendo estes textos
chegamos à conclusão de que aqueles homens pregaram e escreveram ética:
a) críticas ao poder por causa de explorações e opressões
relacionadas com o sistema tributário característico daquela sociedade;
b) ênfase no respeito à ordem comunitária constituída (em
hebraico chamado de mishpat) e na prática da justiça (sedaqah);
c) respeito aos direitos dos empobrecidos como
correspondente ético-moral da pertença à fé em YAHWEH, o Deus de Israel.
3. Os Evangelhos. Evangelho são as boas novas de Cristo (Mt 9.35). A
mensagem registrada pelos evangelistas contém apelo ao arrependimento, renúncia
ao pecado, oferta de perdão, esperança de salvação e santidade de vida (Mt 3.2;
Lc 1.77; 9.62). Os seguidores de Cristo são convocados a viverem as doutrinas
do Evangelho e a adotarem a ética e a moral do Reino de Deus como estilo de
vida (Mc 10.42-45).
Paulo argumenta que até mesmo os pagãos, que não
revelam um claro conhecimento da Lei, demonstram que a obra da Lei está escrita
no coração deles (Rm 2.14, 15).
“A tradição cristã abriu novas perspectivas para
a ética de Israel. Diferentemente dos rabinos e suas escolas para o ensino da
interpretação da Lei Mosaica, Jesus transmitiu aos discípulos uma sabedoria de
vida – uma ética – centrada no Reino de Deus e sua justiça, a serem buscados em
primeiro lugar (cf. Mt 6,33). Escolheu um método existencial – “Aprendei de
mim” (Mt 11,29) – para transmitir um modo de ser e de agir com o testemunho de
vida, palavras e atos. A linguagem parabólica foi a maneira de pregar o
evangelho do Reino. “Nada lhes falava a não ser em parábolas” (Mc 4,34). A vida
e o mundo foram as escolas onde os discípulos de Jesus se confrontavam com uma
“justiça superior à dos escribas e à dos fariseus” (Mt 5,20). Jesus não
inventou uma nova ética. Antes, foi capaz de mergulhar nas raízes da fé de
Israel e, deste tesouro, “tirar coisas novas e velhas” (Mt 13,52). Seu contexto
ético-religioso exigia uma guinada. A prevalência da mentalidade de certas correntes
do movimento dos escribas e fariseus deu origem a uma religião legalista, donde
resultava uma ética feita de submissão aos 613 mandamentos e proibições, nos
quais a Torá fora codificada. A religião e, com ela, a ética, tornaram-se um
fardo pesado, um jugo esmagador, sem espaço para a liberdade. Jesus denunciava
os opositores por causa da conduta imprópria. “Amarram fardos pesados e os põem
sobre os ombros dos homens, mas eles mesmos nem com um dedo se dispõem a
movê-los” (Mt 23,4). Criavam normas para os outros, sem assumi-las para si.
Entretanto, o novo ethos introduzido por Jesus exigia dos discípulos profunda
renovação interior. A continuidade com a tradição de Israel comportava, também,
descontinuidade. Jesus usou duas parábolas para falar da disposição para
acolher a novidade de sua proposta. “Ninguém põe remendo de pano novo em roupa
velha, porque o remendo repuxa a roupa e o rasgão torna-se maior. Nem se põe
vinho novo em odres velhos; caso contrário, estouram os odres, o vinho se
entorna e os odres ficam inutilizados. Portanto, o vinho novo se põe em odres
novos; assim ambos se conservam” (Mt 9,16-17). Sua proposta ética não podia ser
confundida com o legalismo farisaico. O Reino de Deus requeria grande abertura
de coração para ser acolhido sem reservas. Só assim se poderia captar a
novidade ética do Mestre de Nazaré.” (Ética e Teologia no Novo
Testamento. Disponível em:http://theologicalatinoamericana.com/?p=206. Acesso em: 24 mar, 2018)
4. O Sermão do Monte. Este sermão contém princípios do mais alto ideal moral.
Nele são reveladas a ética e a moral do Reino de Deus em questões como: a ira,
o adultério, o divórcio, o juramento, a vingança e o amor (Mt
5.22,28,32,37,39,44); também aborda a esmola, a oração e os jejuns (Mt
6.1,5,16); passando pela questão do prejulgamento, dos falsos profetas e dos
alicerces espirituais (Mt 7.1,15,24-27). O Sermão do Monte está para os
cristãos como o Decálogo está para os judeus. Por isso, nosso Senhor convida a
seus seguidores que priorizem o Reino de Deus e a sua justiça (Mt 6.33).
O Sermão do Monte é uma síntese do novo ethos introduzido
por Jesus. O cristão deve caracterizar-se pela humildade, mansidão,
misericórdia, integridade, busca da justiça e da paz, pelo perdão, pela
veracidade, pela generosidade e acima de tudo pelo amor.
“O Sermão da Montanha sintetiza a
ética do discípulo, na perspectiva do Reino. Mt 5-7 reúne ensinamentos de
Jesus, com paralelos em Marcos e Lucas, em contextos diferentes. Esse catecismo
do discipulado esboça, em grandes linhas, o agir de quem optou por centrar a
vida no querer do Pai, nos passos de Jesus. Pode ser chamado de Torá
(instrução, ensino) cristã, pois não pretende ser uma lei, no sentido jurídico
do termo, e, sim, uma orientação, um projeto de vida.” (Ética e Teologia no Novo Testamento. Disponível
em: http://theologicalatinoamericana.com/?p=206. Acesso em: 24 mar, 2018)
“As bem-aventuranças descrevem o caráter
equilibrado e diversificado do povo cristão. São oito qualidades que cada
cristão deve ter. Cada qualidade foi elogiada, enquanto cada pessoa que a
possui foi declarada “bem-aventurada”. A palavra grega makarios significa
“feliz”. O homem que reagir ao seu ambiente com esse espírito terá uma vida
feliz. As promessas de Jesus nas bem-aventuranças têm cumprimento presente e
futuro. As bem-aventuranças não podem ser vistas como uma “nova lei” deixada
por Jesus para alcançarmos a salvação. A salvação é pela graça. As quatro
primeiras bem-aventuranças descrevem o relacionamento do cristão com Deus, e as
outras quatro, o seu relacionamento e deveres para com o próximo.” (ÉTICA
CRISTÃ NO SERMÃO DA MONTANHA por Prof. Rev. Gildásio Reis (Th.M). Disponível :http://homempresbiteriano.blogspot.com.br/2010/08/etica-crista-no-sermao-da-montanha-por.html. Acesso em: 24 mar, 2018)
5. As Epístolas Paulinas e Gerais. As Epístolas Paulinas, bem como as gerais, trazem
ensinamentos aprofundados sobre a nossa relação com Deus (Rm 12.1,2; Hb
13.7-17), com o Estado (Rm 13.1-7; 1Pe 2.11-17), com o próximo (Rm 13.8-10;
14.1-12; 1Jo 3.11-24), a injustiça social (Tg 2.1-13; 5.1-6), a questão da
sexualidade cristã e do casamento (1Co 6.12-20; 1Co 7.10-24).
No Novo Testamento há treze cartas escritas por
Paulo. Em cada uma destas cartas, Paulo dá um ensino específico como norma de
vida aos crentes da sua e da nossa época. Para um estudo sobre ética em cada
uma das cartas.
O Novo Testamento contém várias cartas menores, que
são chamadas de “universais”. Com exceção de 2º e 3º João, são dirigidas à
igreja em geral.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“Atenção para a tradição da Igreja de Cristo!
Além das Sagradas Escrituras, a Igreja de Cristo
tem uma tradição riquíssima em decisões de questões éticas, como aborda muito
bem o pastor Claudionor de Andrade: ‘Se, por um lado, não podemos
escravizar-nos à tradição, por outro, não devemos desprezá-la. Sem o legado dos
que nos precederam, jamais teríamos conseguido estruturar nosso edifício
teológico, moral e ético. Logo, é-nos permitido eleger a tradição eclesiástica
como o segundo fundamento da Ética Cristã. [...] A tradição, quando bem
utilizada, assessora a Igreja nos dilemas teológicos, morais e éticos. O
apóstolo Paulo reconhece-lhe a importância: ‘Nós vos ordenamos, irmãos, em nome
do Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que ande
desordenadamente e não segundo a tradição que de nós recebestes’ (2Ts 3.6). O
que não podemos fazer é colocá-la de pé de igualdade com a Bíblia. A Didaqué é
um dos tratados mais antigos e tradicionais da Igreja Cristã. Produzida ainda
nos dias apostólicos, ajudou os primeiros cristãos a posicionarem-se espiritual
e eticamente. A Doutrina dos Doze Apóstolos, como também é conhecida,
realçava-se por amorosas admoestações, conforme podemos observar: ‘Há dois
caminhos: um da vida e outro da morte. A diferença entre ambos é grande. O
caminho da vida é, pois, o seguinte: primeiro amarás a Deus que te fez: depois
teu próximo como a ti mesmo. E tudo o que não queres que seja feito a ti, não o
faças a outro’. Mais adiante, prossegue o autor anônimo, citando as práticas
que conduzem o ser humano à perdição: ‘Mortes, adultérios, paixões,
fornicações, roubos, idolatrias, práticas mágicas, rapinagens, falsos
testemunhos, hipocrisias, ambiguidades, fraude, orgulho, maldade, arrogância,
cobiça, má conversa, ciúme, insolência, extravagância, jactância, vaidade e
ausência do temor de Deus” (ANDRADE, Claudionor de. As Novas Fronteiras da
Ética Cristã. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2017, pp.17,18).
III. CHAMADOS
A VIVER ETICAMENTE
Os israelitas foram reprovados por não
obedecerem a lei moral outorgada por Deus no deserto. Tal registro foi feito
para a nossa advertência, pois as Escrituras dizem acerca do perigo de não
vivermos o ideal ético do Reino (1Co 10.5).
1. “Não cobiceis as coisas más”. Paulo adverte a Igreja em Corinto a não incorrer no
pecado da cobiça (1Co 10.6). No deserto os israelitas cobiçaram o que lhes fora
proibido e, por isso, sentiram saudades do Egito (Nm 11.4,5). Infelizmente,
ainda hoje, pseudocristãos cobiçam os prazeres do mundo. Assim, preferem o
hedonismo e a escravidão do pecado a cumprirem a lei moral do Pai.
Matthew Henry comenta 1º Co 10.5: “O apóstolo
expõe ante os coríntios o exemplo da nação judaica de antigamente para
dissuadi-los da comunhão com os idólatras e da segurança em algum caminho
pecaminoso. Por milagre cruzaram o Mar Vermelho, onde foi afogado o exército
egípcio que os perseguia. Para eles, este foi um batismo típico. O maná do qual
se alimentavam era um tipo de Cristo crucificado, o Pão que desceu do céu, e os
que dele comam viverão para sempre. Cristo é a Rocha sobre a qual se edifica a
Igreja cristã; e dos riachos que dali surgem, bebem e se refrescam todos os
crentes. Isto tipifica as influências sagradas do Espírito Santo, entregue aos
crentes por meio de Cristo. mas que ninguém presuma de seus grandes privilégios
ou de sua profissão da vaidade: elas não asseguram a felicidade celestial”.
“Paulo declara que: “Ora, estas coisas se
tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles
cobiçaram” (1 Coríntios 10.6). Embora este versículo fale a respeito de Israel
quando do episódio do êxodo; podemos, contudo, presumir que ele sirva, também,
para todos os exemplos, especialmente, os ruins! Creio eu, que a Bíblia nos
mostra os erros, pecados e fraquezas dos homens, não para que justifiquemos os
nossos, como diriam alguns: “Se Abraão, Davi, Elias e outros erraram, eu também
posso errar”. Eu classificaria essa afirmativa como “meia verdade” ou uma
“verdade incompleta”, pois, errar até podemos, mas, “não devemos”. Ao contrário
disto, mostrando-nos o (ruim) proceder desses homens, a bíblia, deixa-nos o
exemplo para que vejamos e creiamos na possibilidade de sermos como eles em
suas virtudes e não nos defeitos e fraquezas”. (Pr Alex Oliveira.
“Aquele que está de pé…”; Disponível em:https://opoderdasescrituras.wordpress.com/2010/10/23/aquele-que-esta-de-pe/. Acesso em: 25 mar, 2018)
2. “Não vos torneis idólatras”. O apóstolo exorta acerca do perigo da idolatria (1Co
10.7). Enquanto Moisés recebia as tábuas da Lei (Êx 31.18), os israelitas se
corrompiam adorando um bezerro de ouro (Êx 32.1-6). O ato de idolatria não
consiste apenas na adoração de uma imagem. Falsos cristãos desprovidos da ética
das Escrituras adoram o dinheiro e os bens materiais. A Bíblia chama esse
pecado de idolatria (Cl 3.5).
O Comentário da Bíblia Diario Vivir sobre
o texto de 1º Co 10.7 traz: “O incidente mencionado em 10.7 se refere a
quando os israelitas fizeram o bezerro de ouro e o adoraram no deserto (Exodo
32). O incidente em 10.8 é a menção de Num_25:1-9 quando os israelitas adoraram
ao Baal-peor e se envolveram em imoralidade sexual com mulheres moabitas. A
referência em 10.9 é à queixa e chateio dos israelitas por sua alimentação
(Num_21:5-6). Puseram ao Senhor a prova, para ver quão longe podiam ir. Em
10.10, Paulo se refere a quando o povo se queixou contra Moisés e Arão e lhes
sobreveio as pragas (Num_14:2, Num_14:36; Num_16:41-50). O extermínio do anjo
se refere a Exo_12:23”.
A recomendação paulina é que nos consideremos mortos
e insensíveis à pecados perigosos e indomáveis: fornicação, impureza, paixões
desordenadas, maus desejos e avareza. Estas práticas devem ser cortadas antes
que se tornem poderosas e indestrutíveis e acabem por nos destruir. Devemos
fazer cada dia uma decisão conscienciosa para tirar algo que sustente ou
alimente estes desejos e depender do poder do Espírito Santo.
Só o Senhor Deus de Israel deve ser cultuado. Todo
outro culto é proibido e constitui idolatria (Ex 20,3-6; Dt 5,7-10). Israel
acreditou na existência de outros deuses (Jz 11,23s) e se deixou seduzir pelo
culto a deuses cananeus, assírios e babilônios (Nm 25,3; Jz 2,12; 1Rs 14,22-24;
2Rs 21,2-15). Os deuses e suas imagens (cf. Dt 4,15-24 e nota) são invenção dos
homens (Rm 1,23) e um grave pecado (Sl 96,5; Sb 13,1-5; Rm 1,23-25; 1Cor
5,10s). Também a cobiça de riquezas é idolatria (Cl 3,5; Ef 5,5).
3. “Não nos prostituamos”. À luz da história dos israelitas, o apóstolo alerta
acerca da maldição provocada pela prostituição (1Co 10.8). A imoralidade
encabeça a lista das obras da carne: “prostituição, impureza, lascívia” (Gl
5.19). Muitos, em nome da “graça barata”, justificam a imoralidade e a
sensualidade em suas vidas. A Palavra nos ensina que é preciso conservar o
nosso corpo irrepreensível (1Co 6.18,19; 1Ts 5.23).
Todos temos desejos naturais para o mal e não os
podemos ignorar. A fim de seguir a guia do Espírito Santo devemos enfrentá-los
com decisão (crucificá-los, Gl 5.24). Estes desejos incluem pecados óbvios tais
como imoralidade sexual e feitiçaria. Também incluem pecados menos óbvios como
a ambição, o ódio e o ciúme. O ignorar nossos pecados ou recusar enfrentá-los
revela que não recebemos o dom do Espírito que guia e transforma nossa vida!
Não sei a que se refere o comentarista quando usa o
termo “graça barata”, contudo, foi Dietrich Bonhoeffer, pastor e teólogo
da Igreja Luterana da Alemanha (martirizado aos 39 anos pelos Nazistas). "A
graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento, é o batismo sem a
disciplina de uma congregação, é a Ceia do Senhor sem confissão dos pecados, é
a absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, a
graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo vivo, encarnado”.
O que quer dizer Paulo quando manifesta que nossos
corpos pertencem a Deus? Muitos dizem que têm o direito de fazer com seus
corpos o que queiram. Embora pensem que isso é liberdade, não são a não ser
escravos de seus desejos. Quando decidimos seguir a Cristo, o Espírito Santo
vem a nossas vidas e vive em nós. Portanto, deixamos de ser donos de nossos
corpos. "Comprados por preço" se refere a um escravo que foi comprado
em um leilão. Se você viver em um edifício alheio, procura não violar as normas
estabelecidas em dito lugar. Como seu corpo pertence a Cristo, não deve violar
suas normas em seu jornal viver. (Biblia Vivir)
SUBSÍDIO DIDÁTICO
Ao final deste tópico, revise os pontos mais
importantes da aula de hoje, como por exemplo: 1) o conceito de Ética Cristã;
2) os fundamentos da Ética Cristã. Com base nesses dois pontos proponha um
debate sobre o impacto da vivência cristã na sociedade atual fazendo o link com o tópico três. Muitas dúvidas
que a classe apresentará nesta primeira aula será dirimidas ao longo do
trimestre, pois, nele, estudaremos os assuntos mais específicos.
CONCLUSÃO
A Bíblia Sagrada é o fundamento para o viver
ético-moral dos cristãos. É a única regra infalível de fé e de conduta para a
Igreja (2Tm 3.16). Portanto, em tempos de ataques ideológicos contra a cultura
judaico-cristã, a Igreja não deve furtar-se de ser o “sal da terra” e a “luz do
mundo” em pleno século XXI (Mt 5.13,14).
Como viver um cristianismo coerente em uma
sociedade em mudança rápida? Nas grandes questões éticas da atualidade, a
Bíblia, de fato, tem uma posição clara e inequívoca. Devemos considerar os
princípios e formas do agir ético cristão, para ajudar aqueles que estão tão
confusos quanto às normas de conduta que devem aplicar nestes dias de confusão
ética e moral.
No evangelho de Mateus percebe-se dois elementos
principais no discurso aferido por Jesus, são os seguintes:
Sal da Terra – subentende-se que
o sal seja a conduta correta, verdadeira e característica de todo cristão, um
modelo de pessoas que conservam e transmitem a ética da vida cristã.
Luz do Mundo – Da mesma forma que
o sal da terra, a luz do mundo tem a sua metáfora voltada para a ética da vida
cristã. Obs. Mas ambos têm o seu papel semelhante neste discurso. Ex: O sal
quando cumpre o seu papel que é temperar ou dar sabor ele some deixando apenas
o seu gosto. Assim também a luz quando acesa serve para iluminar outros
ambientes e não a si próprio, ou seja, a função do cristão não é aparecer ou
ficar famoso pelo que faz (sua função), mas cumprir a sua função lembrando que
todo o crédito e mérito é de Cristo.
“Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua
palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou
chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16)
Francisco Barbosa
Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br