sábado, 30 de setembro de 2017

LIÇÃO 1: UMA PROMESSA DE SALVAÇÃO


SUBSÍDIO I

PRESSUPOSTOS PENTECOSTAIS PARA A DOUTRINA DA SALVAÇÃO

Caro professor, prezada professora, neste último trimestre estudaremos a Soteriologia, disciplina que analisa a doutrina da Salvação em Teologia Sistemática. Essa doutrina é um dos artigos basilares de nossa fé. 
Vivemos um contexto em que o interesse pela doutrina da Salvação vem crescendo muito no Brasil. Nessa doutrina, há pontos complexos de entendermos sobre a dinâmica da Salvação e, que por isso, não podem ser confundidos nem distorcidos. Assim, o momento exige uma lição que mostre à igreja no Brasil a dinâmica dessa maravilhosa doutrina, segundo a nossa tradição pentecostal de perspectiva arminiana. 
Antes de iniciar a preparação de sua aula, prezado professor, prezada professora, é importante reconhecer alguns dos pressupostos importantíssimos que estarão presentes ao longo de todo este trimestre em nossa revista, e que também se encontram de acordo com a nossa Declaração de Fé de tradição pentecostal-arminiana:

1. Eleição Condicional

De acordo com a nossa Declaração de Fé, a predestinação genuinamente bíblica está condicionada, em primeiro lugar, (1) à fé em Cristo; e relacionada (2) à presciência de Deus. Logo, os que pela graça creem em Jesus e perseveram na fé, pela presciência de Deus, são os verdadeiros eleitos. Mas os que rejeitam essa oferta maravilhosa serão condenados à eternidade de sofrimento (Jo 3.36; 1 Pe 1.2 ).

2. Expiação Universal 

Jesus Cristo, o nosso Senhor, morreu em prol de todo o ser humano, isto é, por qualquer pessoa caída e deformada pelo pecado. Entretanto, só os que creem serão salvos. Nesse sentido a nossa Declaração de Fé afirma categoricamente o seguinte: “Um dia, todos os seres humanos comparecerão diante do Senhor e Criador de todas as coisas. Deus, contudo, não deseja a perdição de ninguém: ‘que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade’ (1 Tm 2.4). [...] O Evangelho contempla a todos e a ninguém exclui: ‘Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens’ (Tt 2.11). Por conseguinte, a salvação está disponível a todos os que creem. Sim, todos nós, sem exceção, podemos ser salvos através dos méritos de Jesus Cristo, pois todos nós fomos criados à imagem de Deus” (CPAD, p.110).

3. Fé Salvadora

O ser humano não tem a capacidade de crer, de por si mesmo gerar fé. Por isso ele precisa da graça de Deus para crer: “É por meio da graça que Deus capacita o ser humano para que ele responda com fé ao chamado do evangelho” (Declaração de Fé, CPAD, p.113).

4. Graça Resistível

Infelizmente, a graça que habilita para a salvação pode ser resistida e o ser humano não ser salvo. Não são poucos os que resistem aos apelos do Espírito Santo (At 7.51; Hb 10.29,30). Portanto, “...os seres humanos, influenciados pela graça que habilita a livre escolha, são livres para escolher: ‘Se alguém quiser fazer a vontade de dele, pela mesma doutrina, conhecerá se ela é de Deus ou se eu falo de mim mesmo’” (Jo 7.17).

5. Quanto à perseverança dos santos

“Entendemos à luz das Sagradas Escrituras que, depois de experimentar o milagre do novo nascimento, o crente tem a responsabilidade de zelar pela manutenção da salvação a ele oferecida gratuitamente: ‘Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo’ (Hb 3.12). Não há dúvidas quanto à possibilidade do salvo perder a salvação, seja temporariamente ou eternamente” – “Mas era justo alegrarmo-nos e regozijarmo-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado” (Lc 15.32). (Declaração de Fé, CPAD, p. 114)

Boa aula!

Bom trimestre!
Marcelo Oliveira de Oliveira
Redator do Setor de Educação Cristão (CPAD)

SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Neste trimestre, estudaremos a Soteriologia – doutrina da salvação, com enfoque na pessoa de Cristo, sendo Este: o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo. 14.6). Na aula de hoje, trataremos a respeito da promessa da salvação, o denominado, protoevangelho, que se encontra em Gn. 3.15. Inicialmente definiremos salvação, e na segunda parte da lição, nos voltaremos para o texto bíblia que narra a queda de Adão e Eva, bem como a providência de Deus para a salvação da humanidade.
                                                                                                       
1. SALVAÇÃO, DEFININDO O CONCEITO

No Novo Testamento, o substantivo soteria está estreitamente relacionado à vinda do Messias. Jesus foi convidado a ir à casa de um cobrador de impostos corrupto, cujo nome era Zaqueu. Este, depois de ouvir a mensagem do Mestre, arrependeu-se dos seus pecados. Como resultado, a soteria de Deus entrou naquela casa (Lc. 19.9). A mensagem da soteria encontra maior destaque nos escritos neotestamentários de Paulo e do autor da Epístola aos Hebreus. Ao escrever aos Efésios, o Apóstolo dos Gentios afirma que os crentes daquela cidade, após terem ouvido a palavra da verdade, foram alcançados pela soteria (Ef. 1.13; 2.5,8). Em sua Epístola aos Filipenses, instrui os crentes a desenvolveram a salvação, com temor e tremor (Fp. 2.12). Isso quer dizer que aqueles que foram alcançados pela soteria de Deus, não por meio das obras, mas pela fé (Ef. 2.8,9), devem viver como pessoas salvas (Hb. 6.9). Mas a salvação tanto tem um aspecto passado quanto futuro, está na dimensão do “já” e do “ainda não”. Ela está fundamentada na salvação providenciada por Cristo, na cruz do calvário (Lc. 2.30; 19.9; I Ts. 5.9; II Tm. 2.10; 3.15; Hb. 2.3; 9.28; I Pe. 1.10). A soteria ainda não se completou, pois aguardamos ainda a glorificação, da qual estamos cada vez mais próximos (I Ts. 5.9; Hb. 1.14). A soteria providenciada por Deus é motivo de júbilo e celebração. O livro de Apocalipse está repleto de cânticos que glorificam o Senhor por Sua salvação (Ap. 7.10; 12.10; 19.1). Mas a ekklesia não deve apenas celebrar a salvação de Deus, é sua responsabilidade proclamá-la ao mundo (At. 13.47; 28.28). Não podemos esquecer que a soteria de Deus é o próprio Cristo, pois Ele é o Yeshua, o Salvador, Aquele que morreu na cruz do calvário, e que ressuscitou ao terceiro dia, para que todo aquele que nEle crer, tenha a vida eterna (Jo. 3.16).

2. A QUEDA DE ADÃO E EVA: causas e consequências 

Satanás é real, não é um conceito abstrato, nem mesmo uma invenção dos religiosos. Ele é comparado a uma serpente em II Co. 11.3, e assim se apresenta no Jardim do Eden, através do disfarce de uma serpente. Ele é um imitador, não por acaso Paulo destaca que se faz passar por anjo de luz (II Co. 1.31). Precisamos estar atentos aos ardis do Inimigo, pois ainda hoje se apresenta como imitador, e se disfarça de modo a não percebermos suas armadilhas. Seus seguidores tentam apresentar uma falta justiça, diferente daquela providenciada por Deus (Rm. 9.30), e tem seus falsos mestres, que ensinam doutrinas contrárias à palavra de Deus (II Co. 11.13-16). Ele costuma questionar a Escritura, ou então usá-la em benefício próprio, subvertendo seus princípios (Gn. 2.15-17; II Co. 11.3). Deus estabeleceu uma restrição para o primeiro casal no Eden, esses poderiam comer livremente de qualquer fruto, mas não daquele da arvora proibida. Satanás interpreta a Palavra de Deus de maneira equivocada, ao acrescentar que “nem tocareis nele”, a própria Eva também inseriu elementos na mensagem que não foram ditas pelo Senhor, resultando em desconfiança naquilo que o Senhor falou. Devemos ter cuidado para que, influenciados por Satanás, não venhamos interpretar equivocadamente as Escrituras. Ele é o pai da mentira (Jo. 8.44), não podemos fazer concessão quando a Palavra de Deus, pois é nosso pavês e escudo (Sl. 91.4; Ef. 5.16). O resultado de se distanciar da orientação divina é sempre trágico, a desobediência de Adão e Eva resultaram na Queda da humanidade (Rm. 5.12-21; I Co. 15.22). Mas também somos responsáveis pelos nossos pecados, como Adão e Eva também podemos nos deixar seduzir pela concupiscência (Gn. 3.6; I Jo. 2.16). O desejo de ser como Deus tem conduzido a humanidade à destruição, isso pode ser percebido na própria vergonha pela qual Adão e Eva tiveram, quando perceberam que estavam despidos (Gn. 2.25; Rm. 2.12-16). O pecado traz consequências, e uma delas certamente é o medo, a culpa que distancia o ser humano de Deus (Gn. 3.10). Na tentativa de fugir do pecado, ou mesmo da sua realidade, como fizeram Adão e Eva, a humanidade busca subterfúgios, tentado vestir-se pela autojustiça (Gn. 3.21). Ao invés de reconhecerem o pecado, eles transferiram a culpa, deixando de assumir a necessidade de salvação. O resultado foi o castigo divino, para a mulher que passaria a dar à luz com dores (Gn. 3.16) e o homem que sofria diariamente com a labuta do seu trabalho (Gn. 3.17-19).

3. PROTOEVANGELHO: a promessa da salvação

Mas nem tudo está perdido, pois a uma promessa de salvação para a humanidade, um animal foi morto, para que Adão e Eva fossem vestidos, essa ação divina antecipava a morte do Cordeiro de Deus, desde a fundação do mundo (Ap. 13.8). Na cruz do calvário Jesus morreu pelos pecadores (II Co. 5.21). O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus (Rm. 3.12; 6.23). Essa mensagem foi antecipada pelo próprio Deus, o chamado protoevangelho, que se encontra em Gn. 3.15. Deus anunciou no Edén: “E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar”. Na cruz do calvário Jesus pisou na cabeça da serpente, de modo que hoje temos pleno acesso ao trono da graça de Deus. Em Gn. 3.14,15, aprendemos que o salvador prometido era a Semente da mulher- Deus que se fez homem (Jo. 1.1,14); essa semente feriu a cabeça da serpente – conquistou o pecado, ao levar sobre Si a nossa culpa; e a serpente feriu o calcanhar do Salvador, portanto, Deus experimentou a morte eterna em nosso lugar. Por causa dEle, agora temos salvação do poder do pecado e do poder das trevas (Cl. 1.13), experimentamos a redenção (I Pe. 1.18,19), vivemos segundo o Espírito (Rm. 8.1), passamos pelo novo nascimento (Jo. 3.5) e participaremos da manifestação de Cristo em glória (Cl. 3.4). Por esse motivo, podemos afirmar, já no tempo presente, que fomos salvas na justificação e regeneração (passado), estamos sendo salvos (santificação) e seremos salvos (glorificação). Jesus é a garantia que temos de que nEle as promessas de Deus serão cumpridas em nós.

CONCLUSÃO

A promessa da salvação se cumpriu em Cristo, ao se entregar pelos nossos pecados na cruz do calvário. Isso revela a gravidade do pecado, não apenas o de Adão, mas também os nossos. Ele conduz a humanidade para a morte, o distanciamento eterno do Criador, ao isolamento (Rm. 3.23). Todavia, a salvação prometida no Edén foi concretizada no calvário (Jo. 3.16), de modo que podemos ter a convicção, pela graça por meio da fé (Ef. 2.8,9), que desfrutamos da salvação e vida eterna providenciada por Deus.

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

A salvação é um processo imediato (conversão) e contínuo na vida do crente (santificação). É necessário que o nascido de novo conheça todos os benefícios que essa dádiva, por intermédio da morte de Cristo, outorgou-lhe na cruz. A vida plena, a paz, a alegria, a misericórdia, a graça e a bondade que o crente desfruta provêm do milagre da salvação. [Comentário: A salvação é a maior de todas as bênçãos espirituais que o ser humano pode receber de Deus. Apesar disso, muitas pessoas não sabem o que ela é. Isso se deve, em parte, ao caráter simplório e superficial de boa parte da educação cristã ministrada em algumas denominações evangélicas e, em parte, pela ampla divulgação de algumas doutrinas massificantes que não chegam à essência da questão1. É importante responder uma questão: Somos salvos de quê? Na doutrina Cristã da salvação, somos salvos da “ira”; quer dizer, do julgamento de Deus sobre o pecado (Rm 5.9; 1Ts 5.9). Nosso pecado nos separou de Deus, e a consequência do pecado é morte (Rm 6.23). Salvação bíblica se refere à libertação da consequência do pecado e envolve, portanto, remoção do pecado2. Uma definição da doutrina Cristã da salvação seria: “A libertação espiritual e eterna que Deus concede imediatamente a aqueles que aceitam Suas condições de arrependimento e fé no Senhor Jesus”. Salvação só é possível através de Jesus Cristo (Jo 14.6; At 4.12), e depende de Deus para a sua provisão, garantia e segurança3. Salvação não significa apenas livramento da condenação do Inferno. Ela abarca todos os atos e processos redentores e transformadores da parte de Deus para com o homem e o mundo através de Jesus, o Redentor, nesta vida e na outra.] Dito isto, vamos pensar maduramente a fé cristã?
3. IBDEM.

I. O CONCEITO BÍBLICO DE SALVAÇÃO
                                
1. O conceito. O significado bíblico de salvação compreende cura, redenção, remédio, completude, inteireza, integralidade, saúde física, mental e emocional. No sentido espiritual, salvação quer dizer que Cristo fez a expiação pelo pecador, ocupando o lugar dele na cruz (passado), regenerando e santificando sua vida (presente), a fim de um dia "glorificar" o corpo dele plenamente (futuro). Assim, a salvação só é possível por causa da obra de Cristo consumada na cruz (Hb 2.10). No sentido prático, salvação significa livramento da condenação eterna, apaziguamento e felicidade na vida de quem aceita Jesus como Senhor e Salvador. Essa pessoa é nova criatura e, por isso, se esforça para compartilhar e implantar as virtudes do Reino de Deus no mundo. [Comentário: Salvação é a libertação do perigo ou sofrimento. Salvar é libertar ou proteger. A palavra carrega a ideia de vitória, saúde, ou preservação. Às vezes, a Bíblia usa palavras como salvo ou salvação para se referir à libertação temporária e física, tal como a libertação de Paulo da prisão (Fp 1.19)4. Não somos filhos de Deus por natureza. Devemos receber a Cristo a fim de nos tornarmos filhos de Deus. Somente Jesus pode limpar os nossos pecados e mudar nossa natureza; 1Pd 2.24: “Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados.” Jesus tomou nosso lugar e derramou seu sangue a fim de nos lavar os pecados. Quantia alguma de “boas obras” pode lavar um único pecado ou trocar nossa natureza. Salvação ocorre quando clamamos a Jesus, crendo, para nos salvar. Então ele entra em nossa vida e nos tornamos filhos de Deus com uma nova natureza. Embora a salvação não seja pelas obras, a salvação verdadeira sempre produz mudança de vida. Cristo entra mediante convite pessoal, como Senhor e Salvador para mudar nossa vida e viver sua vida por intermédio de nós5. Trabalhar pela salvação mostra incredulidade na suficiência de Jesus Cristo para nos salvar. Entretanto, a salvação verdadeira e a verdadeira fé, sempre produzem boas obras! Tiago 2:20: “Queres, pois, ficar certo, ó homem insensato, de que a fé sem as obras é inoperante?” Macieiras produzem maçãs. Os cristãos verdadeiros produzem boas obras. As maçãs são produtos da árvore e provam que é uma macieira. Mas já era macieira antes de produzir maçãs. Da mesma forma, as boas obras nunca produzem um cristão; meramente provam que essa pessoa é cristã. De acordo com 2 Coríntios 5.17: “E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura: as cousas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.” Devemos ter a salvação a fim de demonstrá-la, assim como devemos ter o carro antes de podermos demonstrá-lo!6]
6. IBDEM.

2. Salvação no Antigo Testamento. No Antigo Testamento, a salvação está relacionada ao escape das mãos dos inimigos, à libertação da escravidão e ao estabelecimento de qualidades morais e espirituais para a vida de quem tem Deus como seu Senhor (Is 33.22-24). Nessa perspectiva, diante das calamidades naturais (Êx 15.25), da perseguição (Jz 15.18; 2 Sm 22.3), da escravidão, das doenças e da morte, o Altíssimo prometeu salvação ao seu povo no sentido de libertá-lo (Êx 14.13; 15.2,13), livrá-lo e curá-lo (Is 38.16; 58.8) para viver uma vida longe das injustiças. Contudo, o ápice da salvação no Antigo Testamento (AT) se deu com a profecia de Isaías sobre a vida e a morte do "Servo Sofredor" (Is 53). O Antigo Testamento aponta os sacrifícios de animais para o sacrifício substitutivo de Jesus Cristo na cruz do Calvário (Hb 10.11,12); um evento vaticinado por vários profetas daquela época. Era o oferecimento de um inocente no lugar de um culpado; uma morte não merecida, mas aceita diante de Deus para remir os nossos pecados (Hb 9.22). [Comentário: O consenso prevalente entre sábios religiosos parece ser que há uma divisão intransponível entre Judaísmo e Cristianismo. Por certo há diferenças definidas na prática dos dois sistemas religiosos, mas elas têm um número significativo de características comuns. Os cristãos adoram o Messias que era um judeu praticante durante Sua vida. Todos os autores do Novo Testamento, com uma exceção, eram judeus praticantes. O Antigo Testamento, que os cristãos reverenciam como a Palavra de Deus escriturada, é um escrito distintamente judeu. Se este é o caso e Deus, Jeová, nunca muda, então o plano de salvação, restabelecendo a amizade entre pessoas pecadoras e Deus, deveria ser o mesmo. Este plano de salvação foi formulado mesmo antes da criação do universo material (1Pd 1.20. “O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós;”). Enquanto a manifestação não foi dada àqueles do tempo do Antigo Testamento, o princípio, significado e eficácia do plano de salvação foram claramente conhecidos. Como Paulo escreveu em 1Coríntios 10.11 “Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos.” Enquanto os exemplos mencionados são manifestações da ira de Deus sobre Israel quando eles desobedeceram ou se perderam de Deus, o remédio, um sacrifício de sangue, foi experimentado no altar (1Co 10.18). Claro que no Antigo Testamento só uma pessoa, o alto sacerdote, tinha permissão de acesso à Arca da Aliança e então apenas uma vez ao ano, durante o Yom Kippur (o Dia do Perdão). Isto levaria alguém a acreditar que aqueles fora da classe sacerdotal não entenderiam completamente o que estaria ocorrendo durante este sacrifício. Porém, está razoavelmente claro pelas Escrituras do Antigo Testamento que bastante foi entendido sobre o caráter e a natureza de Deus, para conhecer Sua atitude sobre o pecado e os requisitos para remediar a separação que o pecado impôs entre o pecador e Deus. Mesmo antes do estabelecimento da nação israelense, a necessidade do sacrifício de sangue foi entendida. A oferta de Abel das “primícias” do seu rebanho atende a essa estipulação. Isto está claramente implicado, se não especificamente afirmado, no Novo Testamento. Em João 5.39. lemos: “Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam;” O testemunho era mais que somente a vinda do Messias. Ela incluía Sua morte sacrificial. Em Lucas 24.27. se afirma: “E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.” Já que a afirmativa inclui todas as escrituras, ela também deve incluir o sacrifício do Cordeiro de Deus. Novamente Lucas afirma em Atos 17.11. referindo-se aos crentes Bereanos: “Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim.” Para Paulo, as “coisas” sempre incluíam a morte, sepultamento e ressurreição do Messias7.]

3. Salvação em o Novo Testamento. A salvação não é alcançada por mérito humano (Tt 2.11), pois é oferecida por Deus ao que crê pela graça (Ef 2.8,9). Nas suas epístolas, o apóstolo Paulo é um dos que mais esclarece os conceitos de salvação em o Novo Testamento (NT), mostrando que essa dádiva não ocorre por intermédio da Lei, nem por meio do esforço humano, mas única e exclusivamente pela graça divina (Gl 2.16). Pela fé, cabe ao homem confiar em Cristo a fim de que seja redimido e justificado por meio de sua crucificação, bem como permitir que seja santificado até o fim, tendo tal esperança por meio de sua ressurreição (Rm 4.25). Ainda que o pecador não mereça, por intermédio do Filho de Deus, o Pai o justifica, o perdoa, o reconcilia consigo (Rm 5.11), o adota em sua família (Gl 4.5), o sela com o Espírito Santo da promessa (Ef 1.13) e faz dele uma nova criatura (2 Co 5.17). Assim, o Espírito Santo capacita o crente a viver em santidade, mortificando a força do pecado, assemelhando-o com Cristo, a fim de que o nascido de novo espere, com confiança, pela salvação plena e gloriosa (Fp 3.21). [Comentário: Salvação é o resultado da redenção efetuada por Jesus. Redenção foi o meio que Deus proveu para livrar o homem de seus pecados. Salvação é o usufruto desse livramento. No sentido comum e limitado, Salvação significa a obra que Deus realiza instantaneamente no pecador que a Ele se entrega, perdoando-o e regenerando-o. Porém, a Salvação tem sentido e alcance muito mais vasto. Assim considerada, significa o pleno livramento da presença do pecado e suas conseqüências, o que somente ocorrerá na glória celestial. Nesse sentido, a Salvação alcança também outras esferas além da humana (Cl 1.20)8. Quando João 19.30 diz: “está consumado”, que é a expressão grega tételestai, ele quer dizer quer tudo está pago. Isto representa a salvação para o cristão. Tudo foi comprado no calvário. Abrange cada fase de nossas necessidades e dura de eternidade a eternidade. Inclui a libertação do pecado no presente e a apresentação contra as invasões do pecado no futuro (Jd 1,24-25; Tt 2.11-13). Então, vejamos em detalhes suas fases: salvação: arrependimento, fé, conversão, regeneração, justificação, adoção e santificação9. Regeneração ou novo nascimento. O sentido etimológico da palavra regeneração vem do vocábulo grego paliggenesia e significa novo nascimento ou nascer de novo. Refere-se a uma nova criação. Regeneração é uma mudança sobrenatural e instantânea operada pelo Espírito Santo na natureza da pessoa que recebe Jesus Cristo como Salvador. O apóstolo João descreve a regeneração como novo nascimento, Jo 3: 3-8. Jesus fala que é como passar da morte para a vida, Jo 5: 24. Já o apóstolo Paulo chama de nova criatura, 2Co 5: 17; Gl 6: 15. Regeneração não é uma reforma no ser humano. Essa reforma pertence ao plano humano, a regeneração, ao divino. A reforma é algo ligado ao exterior; já a regeneração é a mudança interior, que vem de dentro. A reforma afeta a conduta, já a regeneração modifica o caráter, Tt 3: 5. Justificação. A palavra justificação vem do verbo grego dikaioo e significa declarar que uma pessoa é justa, tornar justo. Já o substantivo dikaiósis significa justificação, que é o ato da graça divina pelo qual Deus declara justa a pessoa que põe sua fé em Jesus Cristo como seu salvador. Podemos ilustrar isso com um criminoso que pode até ser perdoado pelo governo e deixa a prisão, porém leva a culpa consigo em sua consciência, mesmo já em liberdade. Nesse caso, ele foi perdoado, mas não justificado, visto que era culpado do crime pelo qual o levou a prisão. Mas, no caso da pessoa justificada, ela é isentada, não porque não mereça punição, e não pelo fato de já não mais carregar a lembrança de sua culpa, mas porque as exigências da lei divina foram satisfeitas. Outra pessoa tomou o lugar dele e padeceu a execução destinada a ele. A lei não tem mais o que alegar contra ele. Na justificação, Jesus literalmente assumiu as nossas dívidas e pagou por nós: “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso senhor Jesus Cristo”, Rm 5: 1; “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito”, Rm 8: 1; “Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz”, Cl 2: 14. Adoção de Filho. Adoção é o ato da graça de Deus que toma como filhos aqueles que aceitaram a Jesus Cristo, concedendo-lhes os direitos e privilégios de Jesus. A regeneração é uma mudança de nossa natureza. A justificação é uma mudança de nossa situação diante de Deus. A adoção é uma mudança de nossa ordem e posição de mera criatura, para Filho: “Ele nos tirou da potestade das trevas e nos transportou para o Reino do Filho do seu amor”, Cl 1: 13. João 1: 12-13 afirma: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”. Todo ser humano pode fazer parte da família divina através de Jesus Cristo. É fundamental aceitá-lo como único e suficiente Salvador e Senhor de sua vida. Aqueles que já tomaram essa decisão filhos de Deus10.]
10. Jornal Aleluia de julho de 2007.

SUBSÍDIO LEXICOGRÁFICO
                               
“Vários termos que designam a salvação ocorrem frequentemente ao longo da Bíblia. No Antigo Testamento, a raiz mais importante em hebraico é yasha, que significa liberdade daquilo que prende ou restringe. Portanto, o verbo significa soltar, liberar, dar comprimento e largura a algo ou a alguém. Os vários substantivos derivados desta raiz significam tanto o ato de libertar quanto o de resgatar (1 Sm 11.9), além de transmitir o estado resultante de segurança, bemestar, prosperidade e de vitória sobre os adversários (2 Sm 23.10,12). O particípio deste verbo é a palavra traduzida como ‘Salvador’, moshia, da qual vem o nome Josué, e sua forma grega, Jesus; ambas significam ‘Yah(weh) salva.
[...] No cristianismo, o verbo passou a ser utilizado com o significado de salvar uma pessoa da condenação eterna, e conduzi- la à vida eterna (Rm 5.9). No texto de 2 Timóteo 4.18 este termo transmite a ideia de levar alguém com segurança ao reino celestial de Cristo. No Novo Testamento soteria só é encontrado em conexão com Jesus Cristo como Salvador, e não em qualquer sentido físico ou temporal. A salvação traz a justiça de Deus para o homem, quando este cumpre a condição de ter fé em Cristo (Rm 1.16,17; 1 Co 1.12)” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p. 1744).

II. A IMPORTÂNCIA DA DOUTRINA DA SALVAÇÃO

1. A grandeza da salvação. Embora haja, na vida do crente, um momento de conversão, de ruptura com a velha vida e de nascimento para a nova vida em Cristo, é necessário ter o desejo de conhecer mais a verdade de Deus (1Tm 2.4). Nesse sentido, deve-se tomar o capacete da salvação (Ef 6.17), ou seja, proteger a mente com as verdades salvíficas, a fim de estarmos livres das investidas de Satanás - que busca nos colocar dúvidas - e assim compreendermos os conceitos fundamentais dessa gloriosa doutrina, tais como: propiciação, expiação, adoção, regeneração, santificação, perdão. [Comentário: Em Efésios 6, quando o apóstolo discorre sobre a armadura de combate do soldado cristão, fala do capacete da salvação (v17). O capacete cobria totalmente a cabeça, protegendo-a. Isso fala da plenitude do conhecimento e da experiência da salvação. Este conhecimento advém do escrutínio sistemático das Escrituras, exposição do crente à ministração das doutrinas bíblicas constantemente. Assim, compreenderemos o que Deus fez por nós: “Salvação é o resultado da redenção efetuada por Jesus. Redenção foi o meio que Deus proveu para livrar o homem de seus pecados. Salvação é o usufruto desse livramento. No sentido comum e limitado, Salvação significa a obra que Deus realiza instantaneamente no pecador que a Ele se entrega, perdoando-o e regenerando-o. Porém, a Salvação tem sentido e alcance muito mais vasto. Assim considerada, significa o pleno livramento da presença do pecado e suas consequências, o que somente ocorrerá na glória celestial. Nesse sentido, a Salvação alcança também outras esferas além da humana (Cl 1.20)”11.]
11. O texto entre aspas foi extraído de: http://www.cacp.org.br/a-doutrina-da-salvacao/

2. Para compreender o que Jesus fez. A salvação abrange todas as dimensões da vida, por isso, embora tão simples de ser vivenciada - pois para isso basta aceitarmos a Cristo (Rm 10.10) - muitas vezes seu processo é lento e requer compreensões maiores. É o que se denomina "aperfeiçoamento dos santos". Ora, embora a salvação seja um processo imediato alcançado por meio do sacrifício de Cristo, esse aperfeiçoamento se dá por meio da assimilação e da vivência constante na dependência de Deus em todas as áreas da vida. Esse processo chama-se "santificação". [Comentário: No passado – justificação: É a salvação da condenação do pecado. O crente foi salvo da condenação do pecado. A Bíblia descreve este fato como ato passado (Rm 5.1 e 1Co 6.11). Justificação é o que Deus fez por nós. O crente foi justificado uma só vez. Daí em diante o que ocorrerá é a purificação (1Jo 1.9 e Jo 13.10) No presente – santificação: É a salvação do domínio e influência do pecado. Santificação bíblica significa basicamente separação para uso e posse de Deus. Uma boa definição é a de Paulo em Atos 27.23: “…do Senhor, de quem sou e a quem sirvo”. Santificação não é apenas a pessoa pertencer a Deus, mas também servi-lo. Se o leitor é um santo de Deus, certamente está servindo a Deus. Há muita santificação por aí que pode ser tudo, menos bíblica. A santificação posicional, deve tornar-se experimental no viver diário do crente. A santificação é primeiramente interna, isto é, pureza interior, purificação do pecado, refletindo isso em nosso exterior, traduzido em separação do pecado e dedicação a Deus. É um termo ligado ao culto a Deus e consagração ao seu serviço, conforme se vê no livro de Levítico, através de pessoas e coisas, sacerdotes, templo, objetos etc. Quem pensa ser santo deve ser separado do mal e dedicado a Deus para seu uso (2Tm 2.21). A santificação, como aca¬bamos de ver, tem um lado posicional e outro prático: um santo viver. A justiça é comparada a um vestido (Jó 29.14 e Is 59.17). Mas o corpo, que recebe esse vestido, como deve estar? É razoável um vestido limpo em corpo sujo? A santificação é o que Deus faz em nós. Nesse sentido, a salvação é progressiva. Uma criança nova é perfeita, mas não é adulta. Uma frutinha é também perfeita ao formar-se, mas não é madura (Ef 4.13). Tendo sido justificado, o crente progride e prossegue para a perfeição, de que em seguida nos ocuparemos. Portanto, ao estudarmos a santificação precisamos vê-la quanto à posição do crente em Jesus Cristo, e quanto ao estado do crente em si mesmo12.]
12. O texto foi extraído de: http://www.cacp.org.br/a-doutrina-da-salvacao/

3. Para se apropriar dos benefícios da salvação. Como a salvação pode ser negligenciada (Hb 2.3), devemos nos esforçar para conhecer e se apropriar de todos os seus benefícios, dentre os quais destacamos: o livramento da condenação do inferno, a libertação do poder do pecado e do poder das trevas (Cl 1.13), o experimentar da redenção em Cristo (1 Pe 1.18,19), a vida segundo o Espírito (Rm 8.1), o novo nascimento (Jo 3.5) e a participação da manifestação de Cristo em glória (Cl 3.4). [Comentário: O Pr Elienai Cabral elenca: Paz com Deus (5.1). Acesso à graça, pela fé (5.2). Esperança da glória de Deus (5.2). Alegria nas tribulações (5.3-5). O amor divino derramado em nós (5.5b). O amor de Deus demonstrado a nós através da morte de seu Filho (5.6-11)13. O primeiro benefício da salvação é a paz com Deus. O salvo passa a ter paz com Deus e usufruir dessa paz (Rm 5.1); É declarado destituído da culpa de Adão (Rm 8.1,33,34); É ressuscitado espiritualmente, essa ressurreição é para um novo recomeço (Cl 2.12-14;3.1); É Vivificado (Ef 2.1-3); É Reconciliado com Deus (Ef 2.16; 2Co.5.19); É Adotado como filho (Jo 1.12; Rm 8.16); Se torna participante da natureza divina, santidade e justiça (2Pe 1.4b); Recebe a veste de um novo homem (Ef 4.22,24; 2Co 5.17; Ap 22.14); O homem saí do estado de ignorância e cegueira espiritual (Jo 8.32,36); Passa a ser membro da família divina (Ef 2.19); Herdeiro de Deus por Jesus Cristo (Rm 8.17); Passa a ser Cidadão dos céus (Hb 13.14; Fp 3.20); Tem agora a mente renovada (Ef 4.23; Rm 12.2; Cl 3.2); Seu nome é arrolado no rolo dos que hão de morar no céu de Deus (Lc 10.20); É Chamado para ser um embaixador, representante legal do reino dos céus onde quer que esteja (Mt 28.19,20; Mc 16.15,16). As bênçãos subseqüentes à salvação é algo sobrenatural e fazem parte exclusivamente de quem aceita Cristo como Salvador, foi Ele que conquistou tudo isso para o seu povo, não foi homem e muito menos as boas obras, foi exclusivamente pelo beneplácito da Sua benevolência. Se você não está vivendo estas bênçãos percorra o caminho inverso e verifique onde você as perdeu e conquiste-as novamente; Não façamos como Esaú que trocou os bens espirituais pelos manjares que para nada servem se não para o corpo físico.]
13. CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de DEUS. 5.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.50.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“A salvação baseia-se na morte de Cristo para a remissão dos pecados de acordo com os justos requisitos de um Deus santo e abençoador (Rm 3.21-26). As bênçãos da salvação incluem, basicamente, a redenção, a reconciliação, e a propiciação. A redenção significa a completa libertação através do pagamento de um resgate (2 Pe 2.1; Gl 3.13). A reconciliação significa que, por causa da morte de Cristo, o relacionamento humano com Deus foi modificado de um estado de inimizade passando a um estado de comunhão (Rm 5.10). A propiciação significa que a ira de Deus foi retirada através da oferta de Cristo (Rm 3.25).
Quando uma pessoa crê no Senhor Jesus Cristo, ela é salva (At 16.31), e assim já está justificada, redimida, reconciliada e limpa (Jo 13.10; 1 Co 6.11). Além disso, a salvação é também progressiva (1 Co 1.18) e o homem precisa da obra santificadora do Espírito Santo no aperfeiçoamento de sua salvação (Rm 8.13). Além disso, a salvação em sua plenitude, deverá ser realizada no futuro, quando Cristo voltar (Hb 9.28)” (Dicionário Bíblico Wycliffe. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p. 1744).

III. A SALVAÇÃO PROMETIDA NO ÉDEN

1. O pecado humano. A partir do momento em que Adão e Eva pecaram, a raça humana passou a expressar e a vivenciar a maldade (Gn 3.6,7 cf. 4.8-26). Enquanto vivia o período da inocência, o primeiro casal relacionava-se plenamente entre si e com Deus (Gn 2.23-25). Mas a partir do advento do pecado, o casal passaria a enfrentar conflitos entre si e com o Criador, passando a encobrir a maldade do seu coração. A obra de Cristo, porém, realizada no Calvário não nos permite viver hipocritamente, mas em verdade e sinceridade. Em Jesus, a maldade do coração é substituída pela capacidade de amar, realizar boas obras, pela fé, manifestar a bondade de Deus e cuidar do próximo. Esses atos são consequências da salvação (Ef 2.10). [Comentário: O pecado de Adão trouxe morte (Gn 2.15-31; Rm 6.23; 1Co 15.22); Inimizade com Deus (Rm 5.10); Separação da comunhão com Deus (Gn 3.22-24;Is 59.2); o pecado de Adão ainda colocou o homem sob a condição de Filhos da desobediência (Ef 2.2b) e Filhos da ira (Ef 2.3b; Jo 3.36; 12.47,48). “O pecado teve seu começo com Lúcifer, a “estrela brilhante, o filho da manhã”, o mais belo e poderoso dos anjos. Não satisfeito de ser tudo isto, ele desejou ser o Deus altíssimo e esta foi sua queda e o começo do pecado (Isaías 14:12-15). Renomeado Satanás, ele trouxe o pecado à raça humana no Jardim do Éden, onde ele tentou Adão e Eva com a mesma fascinação: “sereis como Deus”. Gênesis 3 descreve a rebelião de Adão e Eva contra Deus e contra Seus mandamentos. Desde este tempo, o pecado tem sido passado através de todas as gerações da espécie humana e nós, descendentes de Adão, herdamos dele o pecado. Romanos 5.12 nos diz que através de Adão, o pecado entrou no mundo e assim a morte veio a todos os homens, porque “o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). Através de Adão, a inclinação inerente ao pecado entrou na raça humana e os seres humanos se tornaram pecadores por natureza. Quando Adão pecou, sua natureza interior foi transformada por seu pecado de rebelião, trazendo a ele morte espiritual e depravação, que seriam passadas a todos os seus descendentes. Os humanos se tornaram pecadores não porque tenham pecado, mas pecaram porque já eram pecadores. Esta é a condição conhecida como pecado herdado. Assim como herdamos características físicas de nossos pais, herdamos nossas naturezas pecaminosas de Adão. O Rei Davi lamentou sua condição de natureza humana decaída em Salmos 51.5: “Eis que em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.””14]
14. O texto entre aspas foi extraído de: https://www.gotquestions.org/Portugues/definicao-pecado.html

2. A transferência da culpa. Após pecarem contra Deus, e serem questionados pelo Criador, Adão e Eva deram respostas que mostraram a incapacidade deles em resolver o problema do pecado, pois ambos transferiram suas culpas para terceiros (Gn 3.12,13). Nesse contexto, Deus havia providenciado uma solução que foi ao encontro do drama do casal: cobrir a sua nudez com a pele de um animal (Gn 3.21). Naquele instante, o Criador "transferiu" a culpa pelo pecado dos nossos primeiros pais para um animal inocente, cujo ato simbolizava o sacrifício perfeito de Cristo para salvar a raça humana, "cobrindo a nudez" do pecado do homem (Hb 9.22b). [Comentário: Foi Deus quem primeiro derramou sangue. Em Gênesis 3.21, lemos que Ele fez túnicas de peles para Adão e Eva. É óbvio que Deus providenciou essas peles matando animais, e o padrão de sacrifício animal do Velho Testamento certamente poderá sustentar essa conclusão. Assim, a questão que nos encara é: "Por que Deus matou os animais? Por que o derramamento de sangue?" Quando Adão pecou, não apenas ele, mas sua esposa, toda a sua descendência e a criação inteira (a terra e todos os seus habitantes) foram afastados de Deus. Essa alienação e a sua rebelião afetaram os animais, assim como os homens, o que pode ser facilmente visto pelo fato de que os animais, que deveriam comer apenas ervas (Gênesis 1.30), agora comeram uns aos outros. Adão não estava em comunhão com Deus. Estava com medo. Sentiu a sua nudez e a ira iminente de Deus sobre ele (Gênesis 3:7-8). Seguindo isso, em Gênesis 3, vemos o pronunciamento do julgamento de Deus e de todas as penalidades do pecado. Mas, no meio desse julgamento, vemos um ato de Deus (fez túnicas de pele) para prover uma necessidade do homem (e eu estava com medo, por que eu estava nu; e eu me escondi). Agora, essa foi uma atividade encerrada em si mesma ou isso teve um significado mais profundo? De acordo com Hebreus 10 e muitas outras Escrituras, esse primeiro derramamento de sangue teve um significado mais profundo e mais maravilhoso. Vemos que os sacrifícios de sangue tiveram uma relação com a purificação do pecado (Hebreus 10.1-2). Aprendemos que o sangue de touros e bodes não podem tirar os pecados (Hebreus 10.4). Então, aprendemos que o sangue de Cristo de fato tira o pecado (Hebreus 10.10; 13.12). Agora, com essas duas verdades opostas em mente, retorne a Hebreus 10.1 e você verá a proposta de Deus ao sacrificar os animais (derramando seu sangue) e todo sacrifício do Velho Testamento. Foi para testemunhar (em símbolo) o sacrifício reconciliador de Cristo15.]

3. Satanás esmagado e o pecado vencido. Deus anunciou no Éden o que se denomina de protoevangelho, isto é, a primeira vez na história em que é proclamado o projeto definitivo de Deus para a salvação do ser humano. O Altíssimo jamais abandonaria o ser humano à própria sorte. Embora Satanás tentasse eliminar o homem de vez, seu intento não passou de uma simples tentativa de "morder o seu calcanhar" (Gn 3.15). Mas, por intermédio da salvação outorgada na cruz. Cristo esmagou a cabeça da "Serpente" provendo a solução definitiva para o estado caído do ser humano. A peçonha do pecado que Satanás tentou passar à humanidade foi aniquilada pela morte redentora de Cristo. O Criador prometeu salvação e deseja que todo ser humano seja salvo (1Tm 2.3,4), apesar da condição de rebelado, de pecador e de inimigo de Deus. [Comentário: o texto de Gênesis 3.15 pode ser considerado a mais antiga promessa de Deus ao homem caído. Depois do pecado e antes de qualquer outra providência histórica, o Senhor Deus prometeu ao homem e à mulher que o seu resgate viria do seu Descendente. Na verdade, essa não foi uma promessa diretamente dada a Adão, senão à serpente e por detrás dela a Satanás, visto ser o complemento da palavra de maldição àquele que fora o incitador do pecado16. Com a possível exceção de João 3:16, nenhum versículo na Bíblia é mais crucial e definitivo do que Gênesis 3:15: “Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar.” Como escreve Alec Motyer: “O todo da Escritura não está embutido em toda escritura, mas podemos esperar admissivelmente que toda escritura prepare e dê abertura para o todo. Isto é o que acontece em Gênesis 3:15 “(Look to the Rock, IVP, p. 34). Várias questões importantes emergem de repente: Primeiro, estabelece um princípio que percorre todo o Antigo Testamento, criando a expectativa de um Redentor, que seria um descendente (a “semente”) de Adão e Eva. Eva, portanto, prematura e horrivelmente errada, pensou que seu filho mais velho, Caim, seria o seu cumprimento (Gn. 4:1). Da mesma forma, em um eco deliberado desta linha de pensamento, a aliança de Deus com o patriarca Abraão soa a nota de uma “semente” como o badalar de um sino de igreja (Gn. 12:7; 13:15-16; 15:3, 13, 18; 17:7-10, 12, 19; 21:12; 22:17-18; e assim por diante). Ninguém ao ler a Bíblia pode perder o fio da meada: Deus está fazendo algo na história de Israel cuja origem está numa promessa feita no Éden. Quando Maria descobre que está esperando um bebê, Gabriel anuncia-lhe a respeito de seu futuro filho: “Ele será grande” (Lucas 1:32), claramente pegando uma frase já dita a Abraão e Davi (Gn. 12:2; 2 Sm. 7:9). O “Ele” é Jesus, é claro. A Vulgata Latina traduz “ela”, implicando que era Maria, mas esta foi uma exegese do interesse do dogma. Não é a mulher que conquista, mas sua semente. Em segundo lugar, estabelece os parâmetros pelos quais Deus irá redimir o seu povo dos seus pecados. Desde os primeiros tempos, Gênesis 3:15 tem sido chamado de proto-Evangelho, porque é a primeira indicação da intenção redentora de Deus após a queda no jardim do Éden. Quando Adão e Eva falharam em obedecer os termos do pacto das obras (Gn 3:6), Deus não os destruiu (o que seria justiça feita), mas em vez disso revelou Seu pacto da graça a eles, prometendo um Salvador (Gn. 3:15), aquele que restauraria o reino recentemente destruído. O método da graça de Deus é caro: o calcanhar do Salvador será ferido. Evidentemente, esta é uma metáfora, a qual, no contexto, deve ser contrastada com o golpe que a serpente recebe (o esmagamento de sua cabeça), mas é imediatamente aparente o que isso envolve — o derramamento de sangue substitutivo. Isso parece ser o que está por trás da provisão de peles de animais como uma cobertura para Adão e Eva em Gênesis 3:21. Sangue precisa ser derramado para o pecado ser perdoado, algo que explica porque é que a oferta de Abel (o primogênito de seu rebanho) é aceita, mas a de Caim (os frutos do solo) não (Gn. 4:3-5). O caminho está claro agora: “sem derramamento de sangue não há remissão de pecados” (Hb. 9:22). Em terceiro lugar, este verso estabelece uma explicação cósmica para a desordem no mundo: Satanás está em atividade. É verdade, não há menção de Satanás aqui, apenas uma serpente. Adão e Eva são responsáveis ​​por suas ações e são punidos adequadamente, mas suas ações estão inextricavelmente entrelaçadas com a malevolência da serpente. Há mais à guisa de explicação para o pecado do que o “livre arbítrio”. A serpente é uma parte do que “o Senhor Deus tinha feito” (Gn. 3:1), mas ela já não está mais na condição que o Senhor a tinha feito. Gênesis delineia um véu sobre as origens e a natureza dessa rebelião (o pecado existia antes da queda no Éden), e é revelado apenas parcialmente em outro lugar (1 Cr. 21:1; Jó 1-2; Zc. 3:1-2; e especialmente 2 Pe. 2:4; Jd. 6). O pecado de Eva foi mais do que algo interno; ele veio de fora, Gênesis 3:1 parece dizer. Será que a serpente realmente falou? Por que não? Mas veja como ele cresce na Bíblia até se tornar o grande dragão vermelho de Apocalipse 12! A serpente é um assassino e um mentiroso (João 8:44), bem como um enganador (2 Co. 11:14; Ef. 6:11). Em quarto lugar, a base da vitória do reino de Deus sobre o reino das trevas é estabelecida desde o início. Ela é ecoado por Jesus em Cesareia de Filipe: as “portas do inferno” estão resolutamente postas contra a igreja de Jesus Cristo, mas Jesus assegura aos discípulos que a igreja será vitoriosa (Mt. 16:18). A obra de redenção se desdobra no território ocupado do inimigo, da oposição mortal e incansável de Satanás e seus servos. A inimizade é de uma maldade e crueldade inimaginável, a qual ignoramos por nossa conta e risco. A história da redenção não é, em certo sentido, um suspense ao final, um conto cuja conclusão é incerta até que a última página seja virada. A natureza exata do destino da serpente assim como o lago de fogo, não é exposta até o final (Ap. 20:10), mas desde o início seu destino está selado. O discipulado cristão deve ser trabalhado no contexto da garantia de vitória, em vez da perspectiva de derrota. Devemos estar equipados e prontos para a batalha, mas com a certeza de que a batalha decisiva com o inimigo já ocorreu, e foi vencida!17]

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

“O proto-evangelho A semente da serpente, que Jesus relaciona aos ímpios (Mt 13.38,39; Jo 8.44), e  a semente da mulher têm ambas sentido fortemente pessoal. Deus disse à serpente: A Semente da mulher te ferirá a cabeça. Compare a referência de Paulo a isto em Romanos 16.20. A serpente só poderia ferir o calcanhar da Semente da mulher. De fato, ferir não é forte o bastante para traduzir o termo hebraico, que pode significar moer, esmagar, destruir. Uma cabeça esmagada que leva à morte é contrastada com um calcanhar esmagado que pode ser curado. O versículo 15 é chamado de ‘proto-evangelho’, pois contém uma promessa de esperança para o casal pecador. O mal não tem o destino de ser vitorioso para sempre; Deus tinha em mente um Vencedor para a raça humana. Há um forte caráter messiânico neste versículo.
Em Gênesis 3.14,15, vemos ‘o Calcanhar Ferido’. 1) O Salvador prometido era a Semente da mulher — o Deus-Homem; 2) Esta Semente Santa feriria a cabeça da serpente — conquistar o pecado; 3) A serpente feriria o calcanhar do Salvador — na cruz, Ele morreu” (Comentário Bíblico Beacon. Vol. 1. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 41).

CONCLUSÃO

Embora o homem tenha contrariado o plano divino, desprezando o grande cuidado de Deus dispensado a ele no Éden, o Criador imediatamente lhe providenciou um substituto através da morte de um animal, apontando, dessa forma, para Cristo. Portanto, no Éden, Deus apresenta duplamente o Redentor: (1) proferindo a promessa de redenção (Gn 3.15); (2) sacrificando o animal para vestir Adão e Eva (Gn 3.21). [Comentário: Uma sangrenta guerra está sendo declarada e Deus irá remir o homem de todo mal, quando este houver sido destruído. Isso aconteceria quando a ferida fosse feita no calcanhar do “Descendente”. Essa ferida foi a cruz. Ali, em casa de amigos, o Senhor foi ferido de morte, mas sua ferida não o reteve para sempre, por isso dizer: foi-lhe ferido o calcanhar. Foi assim que Deus, em Sua soberania, mostrou Seu amor ao homem, fazendo-lhe, logo no início de sua queda à miserável condição de pecador, uma promessa gloriosa de redenção, o “Proto-Evangelho” bendito que anuncia que Jesus é o Senhor da Criação e dos filhos escolhidos de Deus.] “... corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus ...” (Hebreus 12.1-2).

Francisco Barbosa

Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br

sábado, 23 de setembro de 2017

LIÇÃO 13: SOBRE A FAMÍLIA E SUA NATUREZA

 

SUBSÍDIO I

O QUE É IDEOLOGIA DE GÊNERO E SUA RELAÇÃO COM A FAMÍLIA

Há uma tentativa clara de desconstruir o modelo bíblico de família. A ideia é demolir conceitos tradicionais de masculinidade e de feminilidade. Assim, se desconstrói o casamento, a família tradicional e, por fim, o modelo de nossa sociedade para dar lugar a outro que ninguém sabe onde dará. Por isso, sugerimos que você pesquise sobre a Ideologia de Gênero, talvez o maior perigo moderno para a família tradicional. 

É preciso compreender que a trincheira principal dessa ideologia é a Educação, isto é, as escolas formais onde crianças e adolescentes estudam. Abaixo, apresento alguns conceitos importantes para o professor e a professora darem continuidade à pesquisa.

O que é Ideologia de Gênero?

Para os defensores da Ideologia de Gênero, a sexualidade humana é vista como uma CONSTRUÇÃO SOCIAL, que para eles significa que o ser humano nasce “sexualmente neutro”. Podemos dizer que essa ideologia surgiu a partir da chamada Revolução Sexual, na década de 1960, onde o corpo e o sexo se desvinculam da função familiar. Antes, a sexualidade era vivida em sua plenitude no matrimônio, hoje essa sexualidade se encontra completamente desvinculada dessa instituição. Nesse aspecto, os proponentes dessa ideologia não mais veem o corpo como algo que lhe é dado de acordo com seus aspectos biológicos e pessoais, mas como uma construção pessoal adquirida a partir da sociedade e da cultura que o ser humano vive. Então, o conceito de masculinidade e de feminilidade se dá, não mais pelo curso natural do desenvolvimento humano-biológico, mas pela construção social e cultural da sociedade. Esse conceito quando estimulado em crianças e adolescentes é uma tragédia para construção da identidade pessoal deles.

O que fazer?

• Conhecer o assunto por intermédio de livros e sites especializados, posicionando claramente contra a proposição do movimento de Ideologia de Gênero. 
• Conhecer o que as escolas de nossos filhos estão ensinando e exigir o direito de que seus filhos não sejam doutrinados em sala de aula. 
• Ter a consciência que esta é uma ideologia formada para manipular pessoas, pois não há outros gêneros que não o Masculino e Feminino, ou seja, homem e mulher.
• Investir na educação religiosa dos nossos filhos e filhas, mostrando-os que Deus criou o ser humano para a sua glória, implantando nele a sua Imagem: “Façamos o ser humano conforme a nossa imagem e semelhança” (Gn 1.26-28).

Ensinador Cristão, Ano 18, nº 71, p. 42,  jul./set. 2017.

SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

Diferentes modelos de família são apresentados à sociedade, principalmente na mídia, como alternativas. Mas, de acordo com a Bíblia, a Palavra de Deus, existe apenas um padrão bíblico para o casamento. Na lição de hoje, mostraremos, a princípio, que a Bíblia, a Palavra de Deus, determina como deve ser o casamento, ainda que as culturas modernas, e pós-modernas, queiram impor seus modelos antibíblicos. Ao final, destacaremos o modelo bíblico para a família, e mais especificamente, para o casamento cristão.
                                                                                                       
1. DEUS, A BASE DA FAMÍLIA

A sociedade ocidental, e mais especificamente os cristãos, estão diante do desafio de apresentarem uma definição do que seja família e casamento. Isso porque o padrão de família normal, em conformidade com a Bíblia, está sendo cada vez mais questionada. A visão judaico-cristã de família, exarada nas Escrituras, está sendo substituída por valores pautados nos direitos humanos. A família cristã, no entanto, parte do pressuposto que a família é uma instituição divina, por conseguinte, Ele, e não os homens, devem determinar a partir de quais princípios a família deve ser estabelecida. A ideologia libertária, que predomina na sociedade, e respaldada pela mídia, propõe um conceito de família que supervaloriza a liberdade humana em detrimento da vontade de Deus. Não existe outro modelo bíblico, e mais especificamente cristão, para a família e o casamento, diferente daquele revelado por Deus. A partir de Gn. 1-3, compreendemos que: 1) o homem e a mulher foram criados à imagem de Deus para governar a terra para Deus; 2) o homem foi criado primeiro e incumbido da responsabilidade final pelo relacionamento conjugal, enquanto a mulher é colocada junto ao homem para ser sua ajudadora; e 3) a queda da humanidade no pecado implicou em consequências negativas tanto para o homem quanto para a mulher. Ao longo do tempo, a família se constituiu, dentro dos parâmetros bíblicos, a partir de um paradigma patriarcal, ou seja, o pai, no Antigo Pacto, era o senhor da família, de cunho heterossexual, isto é, macho e fêmea, e monogâmico, um homem para uma mulher, e vice-versa.

2. FAMÍLIA, PRINCÍPIO RELACIONAL PARA O CRESCIMENTO

O Deus da Bíblia é trinitário, portanto, relacional: Pai, Filho e Espírito Santo, no Gênesis, Ele é revelado como o Elohim. Essa premissa fundamenta o relacionamento conjugal, para a mutualidade (Gn. 1.26,27). Esse relacionamento tem a ver com distinção e unidade, isto é, pessoas diferentes estão envolvidas em uma unidade. Assim como o Deus estabeleceu uma aliança com Seu povo, o casamento, e a própria família, é uma aliança entre pessoas, com vistas ao crescimento. Mas não existe crescimento sem envolvimento das partes envolvidas, essa é uma premissa. Não existe possibilidade de construção da família, a menos que todos se sintam participantes e responsáveis por ela. O crescimento familiar pode ser interrompido caso um dos componentes da aliança deixe de contribuir. Os pontos fundamentais para o crescimento é o ciclo de amor, graça, empoderamento e intimidade. Isso porque o casamento, como todo relacionamento, é dinâmico, e envolve mudanças. Se o casamento e a família não estiverem preparadas para enfrentar os ciclos de mudanças, correm o risco de se desintegrarem. Quando as mudanças chegarem, caso não sejam bem resolvidas, tudo resultará em um mero contrato, ao invés de aliança (pacto), estará fundamentado na lei (legalismo) e não na graça (favor imerecido), será mantido pelo poder possessivo e não pelo empoderamento, e pela distância ao invés da proximidade. Não podemos esquecer que o Deus da Bíblia deseja se relacionar com a humanidade e espera que as pessoas também se relacionem. Estamos cientes dos desafios porque temos a convicção de que somos pessoas caídas, por isso falhamos, não apenas no relacionamento com Deus, mas também com outras pessoas. Mas temos Cristo como modelo de relacionamento, e o Espírito Santo que nos guia a fim de que possamos crescer em graça nos relacionamentos, inclusive os familiares.

3. FUNDAMENTOS PARA A FAMÍLIA CRISTÃ

A aliança que fundamenta a família é o amor, a convicção de amar e ser amado, cuja expressão maior é o próprio amor de Deus (Jo. 3.16). A primeira aliança de Deus com a humanidade se encontra em Gn. 6.18, na qual Deus faz um pacto com Noé, e por extensão, a toda sua família. Em seguida, Deus faz um pacto com Abrão, e nele, todas as famílias da terra recebam a promessa de bênçãos (Gn. 17.1-2). A aliança de Deus com o Seu povo é o fundamento do casamento e da família cristã, que está sustentado no amor, tendo em vista que o próprio Deus é amor (I Jo. 4.10-16). Por isso a vida familiar deve se pautar pela mutualidade, disposição entre os cônjuges, e também dos filhos, para o amor-agape, que envolve sacrifício (I Co. 13). Outro fundamento para a família cristã é a graça, para perdoar e ser perdoado, esse princípio se encontra já no Antigo Pacto (Ex. 22.25-27), por isso se espera que o ambiente familiar seja pautado na graça, não em mero legalismo. O amor de Deus, manifestado em Sua graça maravilhosa, é a base para o amor e o perdão no casamento (Rm. 10.4). O autoritarismo, ou melhor, o poder possessivo, não é o sustentáculo da família cristã. O contexto familiar precisa ser um ambiente de empoderamento. As pessoas que fazem parte dessa aliança têm como propósito servirem e serem servidas. Não há como uma família subsistir, a não ser que essa seja um espaço de vida abundante (Jo. 10.10). Não podemos esquecer que o Verbo, Jesus, se fez carne, e habitou entre nós, por conseguinte, a família deve ser encarnacional, com espírito de serviço, de diaconia (Jo. 1.1,14). O fruto do Espírito, listado por Paulo em Gl. 5.22,23 deve ser o alimento principal da família cristã, é a partir dele que o crescimento se concretiza (I Co. 8.1). A proximidade, em amor, é o padrão para a família cristã, desde os tempos antigos (Gn. 2.25), é ela que afasta o medo (I Jo. 4.18,19).


4. O MODELO BÍBLICO DE FAMÍLIA

O princípio fundamental do casamento bíblico é o de que Deus, e não os homens, o ordenou, portanto o casamento não é uma opção, mas uma orientação divina. A primeira cerimônia de casamento foi realizada pelo próprio Deus no Jardim do Éden (Gn. 1.28), tornado homem e mulher, uma só carne (Gn. 2.24). A união do primeiro homem e mulher no Éden reafirma o modelo bíblico para o casamento: monogâmico, heterossexual e indissolúvel. A natureza pecaminosa, carnal, impulsionou os primeiros homens à bigamia e poligamia (Gn. 4.18; 5.25), que resultou em invejas e intrigas (I Sm. 1.4-8). Os patriarcas, que optaram pela poligamia, pagaram um custo alto pela decisão (Gn. 29.21-23; 28-31; 30.1-10), bem como os reis de Israel (I Rs. 11.4.7-9). No Novo Testamento, tanto Jesus quanto Paulo foram contundentes  quanto à proibição da poligamia (Mt. 19.3-6; I Co. 7.1,2), não permitindo que essa fosse uma prática comuns entre os cristãos, especialmente entre aqueles que atuam no ministério pastoral (I Tm. 3.2,12). A heterossexualidade é outro aspecto do casamento cristão, já que Deus criou “macho e fêmea” (Gn. 1.26; 2.24). Na religião judaica, o homossexualismo deveria ser punido com a morte, sendo este considerado uma abominação aos olhos de Deus (Lv. 18.22). Não há brecha para a prática homossexual no contexto cristão, sendo essa reprovada pelo apóstolo Paulo (Rm. 1.26). Mas isso não deve ser motivo para homofobia, não podemos esquecer que Jesus ama a todos, inclusive aos homossexuais, por isso, devemos orar por eles, e conduzi-los à verdade, que é Cristo. Não podemos esquecer que todos pecaram (Rm. 3.23), não apenas os homossexuais, e que o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna (Rm. 6.23). O casamento cristão deve ser indissolúvel, portanto, não separe o homem o que Deus ajuntou (Mt. 19.6). Leis e mais leis estão sendo criadas pelas autoridades a fim de favorecer o divórcio, mas os cristãos seguem o princípio bíblico para o casamento, por isso, independentemente das leis humanos, optam por obedecer antes a Deus do que aos homens (At. 5.29).

CONCLUSÃO

Vivemos em uma cultura pós-moderna, e pós-cristã, que nega o Absoluto, e defende o relativismo. Diante desse contexto, nós, os cristãos, precisamos nos fundamentar na doutrina bíblica. No que tange ao casamento, o modelo bíblico é o monogâmico, heterossexual e indissolúvel. Não podemos, enquanto cristãos comprometidos com a Palavra, fazer concessões. Os modelos humanistas, que estão sendo admitidos na sociedade contemporânea, têm fundamentação na filosofia, não na Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus.

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa
Extraído do Blog subsidioebd

COMENTÁRIO E SUBSÍDIO III

INTRODUÇÃO

A família é assunto de interesse geral, de cristãos e não-cristãos, de religiosos e não-religiosos. Trata-se de um projeto de Deus para os seres humanos. O livro de Gênesis traz Um breve e singelo relato de como tudo isso começou e também revela o propósito de Deus para a família. Não existe prazo de validade para os princípios estabelecidos nessa narrativa e eles continuam valendo na atualidade. Esse é o enfoque da última lição. [Comentário: A família é muito importante para Deus, é uma instituição sagrada, criada por Ele. Quando o homem foi criado, Deus viu que não era bom que ele estivesse sozinho, e por isso criou a mulher para ser sua companheira. Juntos, eles receberam a ordem de se multiplicar e povoar a Terra em Gênesis 1.28. Mais tarde, foi dito que o homem que se casasse deveria sair da sua casa, deixando pai e mãe para se tornar um com a sua esposa (Gn 2.24). Após a criação do primeiro casal, a Bíblia fala sobre muitas famílias. Gênesis 12 diz que através da família de Abraão, todas as famílias da terra seriam abençoadas1. Quando temos dificuldade com a geladeira, entendemos que o fabricante, que escreveu o manual do usuário, sabe mais sobre o aparelho do que nós. Lemos o manual para resolver o problema. Quando vemos tantos problemas nas famílias de hoje, só faz sentido que nosso Criador, que escreveu o "manual do usuário", sabe mais a respeito da família do que nós. Precisamos ler o manual para achar como construir e manter bons lares. Encontramos estas instruções na Bíblia. Ela nos guia em cada aspecto do serviço a ele, incluindo a realização de nossos papéis na família2.] Dito isto, vamos pensar maduramente a fé cristã?

I. A ORIGEM
                                
1. O homem e a mulher. No relato da criação, ambos aparecem juntos, mostrando a igualdade ontológica do homem e da mulher. O texto de Gênesis 1.27 diz: "E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou". A palavra hebraica usada para "homem" aqui é adam, que serve tanto para o nome do primeiro homem que Deus criou, como também para "homem" no sentido de representante do ser humano, semelhantemente à palavra grega anthropos. A expressão final, "macho e fêmea os criou", mostra que adam, nesse versículo, diz respeito ao ser humano. Isso revela a igualdade de ambos, macho e fêmea, homem e mulher, como portadores da imagem de Deus; a diferença está na sexualidade (l Pe 3.7). Ao reunir esse casal. Deus instituiu o que chamamos hoje de casamento. [Comentário: A instituição divina do casamento está registrada em Gênesis 2.23-24. Deus criou o homem e depois fez a mulher do “osso de seu osso”. O processo, como registrado, nos diz que Deus tomou uma das “costelas” de Adão (Gn 2.21-22). A palavra hebraica literalmente significa “o lado de uma pessoa”. Por isto, Eva foi tomada do “lado” de Adão e é a seu lado que deve ficar. “E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo o animal do campo; mas para o homem não se achava ajudadora idônea” (Gn 2.20). As palavras “ajudadora idônea” são a mesma palavra hebraica. A palavra é “ezer” e vem de uma palavra-raiz primitiva que significa ficar à volta, proteger ou auxiliar, ajudar, ajudador, assistir. Por tal razão, significa ajudar, assistir ou auxiliar. Eva foi criada para ficar ao lado de Adão como sua “outra metade”, para ser seu auxílio e sua ajuda. Um homem e uma mulher, quando se casam, se tornam “uma só carne”. O Novo Testamento adiciona um aviso a esta “unidade”: “Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem” (Mt 19.6)3. Em termos bem simples, ter a “imagem” e “semelhança” de Deus significa que fomos feitos para nos parecermos com Deus. Adão não se pareceu com Deus no sentido de que Deus tivesse carne e sangue. As Escrituras dizem que “Deus é espírito” (Jo 4.24) e portanto existe sem um corpo. Entretanto, o corpo de Adão espelhou a vida de Deus, ao ponto de ter sido criado em perfeita saúde e não ser sujeito à morte. A imagem de Deus se refere à parte imaterial do homem. Ela separa o homem do mundo animal, e o encaixa na “dominação” que Deus pretendeu (Gn 1.28), e o capacita a ter comunhão com seu Criador. É uma semelhança mental, moral e social4. Deus define o casamento desde o começo: uma íntima relação de aliança entre um homem e uma mulher para toda a vida. (Gn 2.24, Pv 2.16-17, Ml 2.14). Biblicamente, Moisés foi o primeiro a caracterizar o casamento. “Por esta razão (por causa do casamento – minha ênfase) o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne” (Gn 2.24). No Novo Testamento, tanto Jesus (Mt 19.5, Mc 10.6-7) quanto Paulo (Ef 5.32) ratificam Moisés e concordam com a definição de Deus para casamento5. O homem e a mulher são ontologicamente iguais: Embora exercem funções diferentes no arranjo familiar, homens e mulheres tem a mesma dignidade e valor diante do Criador. A Bíblia é clara em dignificar a mulher. No casamento, ela tem domínio sobre o corpo do homem (1Co 7.2).3. https://www.gotquestions.org/Portugues/casamento-Biblia.html   4. https://www.gotquestions.org/Portugues/imagem-de-Deus.html

2. A formação da mulher. A Bíblia nos conta como a mulher surgiu na história humana. Curiosamente, a formação da mulher não aparece nos antigos registros do Oriente Médio. No relato da criação, em Gênesis, a formação do homem só aparece uma vez (Gn 2.7), e seis vezes a da mulher (vv.18-23). O termo "adjutora" (v.18) quer dizer "auxiliadora", conforme vemos na Almeida Revista e Atualizada e "ajudadora", de acordo com o que registra a Tradução Brasileira. Isso não inferioriza a mulher, pois os termos "auxiliador" ou "ajudador" devem ser entendidos à luz do contexto (SI 54.4; Hb 13.6). O termo hebraico, kenegdó, "como diante dele" (v.18b), tem a ideia de "igual e adequado" (Gl 3.28). O relato da criação pressupõe que Deus colocou o homem com prioridade governamental (l Co 11.3), mas que ambos os sexos, homem e mulher, são mutuamente dependentes (l Co 11.11). [Comentário: A criação da mulher em Gênesis 2 tem conseqüências de longo alcance. Ela estabelece a fundamentação para três áreas importantes no relacionamento de um esposo e uma esposa dentro do casamento:1) A mulher como uma auxiliadora idônea para o homem.2) A mulher feita por Deus como Seu trabalho manual especial.3) A mulher feita para ser uma com o homem6 (Leia todo o artigo aqui). Tanto o homem quanto a mulher foi uma criação especial de Deus, não um produto da evolução. O homem e a mulher, igualmente foram criados à 'imagem' e 'semelhança' de Deus. À base dessa imagem, podiam comunicar-se com Deus, ter comunhão com Ele e expressar de modo incomparável o seu amor, glória e santidade. Eles fariam isso conhecendo a Deus e obedecendo-o. Eles tinham semelhança moral com Deus, pois não tinham pecado, eram santos, tinham sabedoria, um coração amoroso e o poder de decisão para fazer o certo (Ef 4.24). Viviam em comunhão pessoal com Deus, que abrangia obediência moral e plena comunhão. Quando Adão e Eva pecaram, sua semelhança moral com Deus foi desvirtuada. Na redenção, os crentes devem ser renovados segundo a semelhança moral original. Adão e Eva possuíam semelhança natural com Deus. Foram criados como seres pessoais tendo espírito, mente, emoções, autoconsciência e livre-arbítrio. Em certo sentido, a constituição física do homem e da mulher retrata a imagem de Deus, o que não ocorre no reino animal. Deus pôs nos seres humanos a imagem pela qual Ele apareceria visualmente a eles e a forma que seu Filho um dia viria a ter. O fato dos seres humanos terem sido feitos à imagem de Deus não significa que são divinos. Foram criados segundo uma ordem inferior e dependente de Deus. Toda a vida humana provém inicialmente de Adão e Eva"7. Uma linda tradição judaica observa que Deus não tirou Eva do pé de Adão, para que ele não tentasse dominá-la; ou da sua cabeça, para que ela se visse acima. Em vez disso, Deus tirou Eva da costela de Adão, para que os dois pudessem caminhar um ao lado do outro ao longo da vida8. A Mulher que Deus Formou (2.18-25): Havia um aspecto da criação de Deus que não estava totalmente satisfatório. O fato de o homem ainda estar só (18) não era bom. O isolamento é prejudicial. Por dedução, a relação social, ou seja, o companheirismo, é bom. Por conseguinte, Deus determinou fornecer ao homem uma adjutora que esteja como diante dele, literalmente, uma ajudante que lhe correspondesse, alguém que fosse igual e adequada para ele. “Uma ajudante certa que o complete” (VBB). A Bíblia Confraternidade traduz: “Uma ajudante como ele mesmo”. Considerando que não há formas de tempos verbais em hebraico, não se conclui necessariamente que Deus formou os animais depois de ter formado o homem. Pode igualmente significar que depois que o homem foi colocado no jardim, os animais que Deus previamente formara foram trazidos a Adão (19). A seqüência de tempo não é o item importante aqui. Um aspecto da imagem de Deus foi demonstrado pelo poder de Adão discernir a natureza de cada animal e dar um nome certo, pois em hebraico, nome e caráter coincidiam. Quando Adão pôs os nomes (20), ele mesmo foi capaz de discernir que nenhum dos animais era uma adjutora que estivesse como diante dele. Ele, como também Deus, tinha de saber disso para apreciar o que Deus estava a ponto de fazer. O sono pesado (21) é o tipo no qual os sentimentos ou capacidade emotiva deixam de funcionar normalmente. Ver Gênesis 15.12; Jó 4.13; 33.15, onde a frase está ligada com visões; e 1 Samuel 26.12 e Jonas 1.5, onde o termo não está relacionado com visões. Ver também Isaías 29.10, onde a expressão sugere falta de sensibilidade espiritual. A costela (22) pode significar o osso e a carne que a envolve. E a parte do corpo mais próxima do coração, que para os hebreus era o lugar dos afetos. A mulher não foi feita de substância inferior. Para acentuar a singularidade deste ato, é usado um verbo hebraico diferente (yiben), que significa “construir”, detalhe completamente perdido na palavra traduzida por formou. Deus trouxe-a a Adão para sua aprovação e avaliação. Assim, parte da história segue a sequencia dos dias criativos no capítulo 1, isto é, a decisão (18-20), o ato criativo (21,22) e a aprovação (23). De imediato, Adão (23) viu a conveniência desta ajudante. Ela era parte íntima dele, osso dos meus ossos e carne da minha carne e, desta forma, adequada para ele. Mas ele também demonstrou sua posição de autoridade ao lhe dar um nome. Com efeito, esta foi a instituição da relação matrimonial. Desde o princípio, Deus quis que o casamento fosse exclusivo e íntimo. Não era simplesmente para a mulher agarrar-se ao homem como um apêndice. Para deixar clara a responsabilidade do homem, Deus ordenou que o homem se apegasse à sua mulher (24) no compromisso mútuo da verdadeira união. O casamento tem de permanecer irrompível ao longo da vida, pois foi dito: E serão ambos uma carne, ou seja, uma identificação completa entre si. E nisto eles não se envergonhavam (25)9.]
6. http://www.monergismo.com/textos/antropologia_biblica/criacao_mulher.htm  7. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1991, p. 33
8. Ricahrds, Lawrence. Guia do Leitor da Bíblia: Uma Análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. 10.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 26.
9. Gênesis a Deuteronômio - Comentário Bíblico Beacon - CPAD - O Livro de Gênesis - George Herbert Livingston, B.D., Ph.D.

SUBSÍDIO DIDÁTICO
                               
“Família, Projeto Divino
Na sociedade hebraica a família era o âmago da estrutura social. Na Tanach, exclusivamente em Berê'shíth (Gênesis), encontramos o principio judaico-cristão da família no texto que diz: 'E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele. Então, o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas e cerrou a carne em seu lugar. E da costela que o Senhor Deus tomou do homem formou uma mulher; e trouxe-a a Adão. E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne; esta será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada. Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne. E ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam' (Gn 2.18,21* 25). Segundo o filósofo Lévi-Strauss, o princípio da família é dado pelo texto da Escritura que diz: 'deixará o varão o seu pai e a sua mãe', regra infrangível ditada a toda a sociedade para que possa estabelecer-se e durar" (BENTHO, Esdras Costa. A Família no Antigo Testamento: História e Sociologia. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, p.23).

II. A FAMÍLIA

1. Conceito de família entre os antigos hebreus. O lar é parte do clã, este parte da tribo e esta, por sua vez, parte do povo/nação (Js 7.16-18). O lar constitui-se de pai, mãe e filhos (SI 128.1-4), é a família nuclear. Considerando que a base da economia do Antigo Israel era a agricultura e o pastoreio, a família nuclear com poucos membros via-se em dificuldade por falta de mão de obra para o sustento da casa. Por isso, ela poderia se estender com parentes próximos - tios e primos - ou com duas ou mais gerações vivendo juntas (Gn 24.67). As casas descobertas pelos arqueólogos mostram que essa família ampliada era formada, em média, de 15 membros. Quando se tratava de famílias ricas, acrescentavam-se servos e estrangeiros, como no caso de Abraão (Gn 14.14), ou como previsto na legislação mosaica (Êx 23.12). Saul, por exemplo, aparece na Bíblia com a menção de seu pai, avô, bisavô, trisavô, e também da tribo (l Sm 9.1,2). [Comentário: O termo principal para casa no hebraico é tyIb; (bayit). Segundo Goldberg, ele pode ser utilizado para designar a casa, alguma parte interior, o lar, a família, ou ainda um templo ou uma determinada localidade. É usado com o sentido de local onde se mora, ou partes da casa. Pode ser utilizado para referir-se ao local do sepultamento dos pais e, também, com certa frequência, para designar a composição familiar, fazendo-se referência à descendência de alguém (casa de Abraão – Gn 18.19 e casa de Davi – 2 Sm 7.11) ou então para fazer alusão àqueles que viviam juntos (casa de Jacó – Gn 35.2)10. A idéia de família no Antigo Testamento sempre esteve relacionada com aspectos espirituais. Esta idéia não existe como uma entidade independente da vocação divina do povo de Israel. Deus instituiu a primeira família e a possibilitou para a tarefa da procriação, pois tinha o propósito de povoar a terra (Gn 1.28)11.]
10. GOLDBERG, Louis. Bayit In: HARRIS, R. Laird (Organizador); ARCHER, Gleason L. Jr.; WALTKE, Bruce K. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. Trad. Márcio Loureiro Redondo, Luiz A. T. Sayão e Carlos Osvaldo C. Pinto. São Paulo: Vida Nova, 1998. p. 174,176

2. O papel da mulher na sociedade israelita. A tarefa do homem e da mulher era a mesma, sendo que a mulher cuidava da casa e ajudava o marido nos trabalhos diários para sustento da família. A sentença divina por ocasião da Queda no Éden diz: "E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor e a tua conceição; com dor terás filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará" (Gn 3.16). Isso significa que a mulher se dedicaria ao trabalho da mesma forma que o homem, e também à maternidade; a mulher não é inferior, mas o homem é o chefe e pastor do lar. Ela levava a criança no ventre e continuava exercendo suas tarefas. Considerando questões médicas, sanitárias e nutricionais, a gravidez era um período de alto risco para a mãe e para o bebê. [Comentário: Brenner, em seu livro A mulher israelita, tendo por base a narrativa do Antigo Testamento, afirma que a posição social das mulheres é regulamentada e está expressa na coleção de leis da Torá12. Entretanto, muito poucas mulheres dos tempos bíblicos procuraram atingir posições proeminentes fora de suas casas e de suas famílias, de acordo com as fontes do Antigo Testamento. Dentre aquelas que o fizeram um número ainda menor conseguiu atingir um grau de reconhecimento público13. Brenner lembra que “em contraste, as mulheres dos Estados próximos do Leste conseguiam um alto grau de envolvimento político real. Na Mesopotâmia, bem como no Egito, existiram rainhas, embora não em grande número”14. Ainda assim, a partir dos textos bíblicos e outros materiais, é possível avaliar um pouco da vida das mulheres no mundo do Antigo Testamento.] 12. BRENNER, Athalya. A mulher israelita: papel social e modelo literário na narrativa bíblica. Tradução de Sylvia Márcia K. Belinky. São Paulo: Paulinas, 2001. p. 08.  13. BRENNER, 2001, p. 12.   14. BRENNER, 2001, p. 17.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

"A Constituição do Núcleo Familiar.
A constituição do núcleo familiar a priori foi composta por um homem e uma mulher. Mais tarde, acrescentou-se ao casal os filhos gerados dessa união. A partir do nascimento dos primeiros filhos, a família tornou-se o primeiro sistema social no qual o ser humano é inserido. A primeira família, formada apenas por duas pessoas, tomou-se numerosa por meio dos filhos que, ao serem gerados, se inseriram ao núcleo familiar assumindo diversos papéis dentro do sistema: filho, irmão, neto, primo, etc. A família não foi criada, portanto, como um sistema fechado, mas dinâmico, e, com o passar do tempo, o número de seus membros foi aumentando gradativamente, e destes formando novos núcleos familiares ligados por consanguinidade e afinidade. Para mencionar mais uma vez Lévi-Strauss, este considerava que o grupo familiar tem sua origem no casamento. Este núcleo é constituído pelo marido, pela mulher e pelos filhos nascidos dessa união, bem como por parentes afins aglutinados a esse núcleo. No contexto desse sistema familiar, cada membro do grupo passa por uma série de funções ou papéis sociais determinados tanto por fatores exógenos, que estão ligados aos cenários sociais próximos a ele, como por endógenos, ligados a idade, sexo e maturação psicológica" (BENTHO, Esdras Costa. A Família no Antigo Testamento: História e Sociologia. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, pp.25-26).
III. PRINCÍPIOS BÁSICOS

1. Casamento. É a mais fundamental de todas as relações sociais. Trata-se da união íntima e verdadeira entre duas pessoas de sexos opostos que manifestam publicamente o desejo de viverem juntas mediante um pacto solene e legal. Não existe no universo, entre os seres vivos inteligentes, uma intimidade maior do que a que existe entre marido e mulher, exceto apenas entre as três Pessoas da Trindade. Deus estabeleceu a família para companheirismo mútuo e felicidade, para uma convivência amorosa. A declaração: "Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne" (Gn 2.24-), apresenta três princípios básicos sobre o casamento: monogamia (l Co 7.2), heterossexualidade (Gn 4.1,25) e indissolubilidade (Mt 19.6). [Comentário: As uniões conjugais na antiguidade passaram por um processo de desenvolvimento ao longo dos tempos. De uma fase bem simples, na qual o noivo apenas levava sua noiva para a tenda (Gn 24.67), “evoluíram” para cerimoniais bem mais elaborados, com festas que duravam uma semana. Também teve avanço no que diz respeito à sexualidade; pois, segundo Winters, a ética sexual procriativa e dentro do casamento nasceu da necessidade de mais mão de obra, ou seja, pela dificuldade oriunda da necessidade do cultivo cada vez mais intensivo da terra e suas peculiaridades, o casamento passa a ser valorizado e “utilizado” com fins de procriação e de manutenção da casa15.]   15. WINTERS, Alicia. A Mulher no Período Pré-Monárquico. In: RIBLA. n.15. 1993 p. 19

2. Monogamia. O termo diz respeito às sociedades que adotam o princípio do casamento de um homem com uma única mulher e vice-versa, conforme estabelecido pelo Criador. As palavras "e apegar-se-á à sua mulher" (v.24) apontam para o princípio monogâmico; o texto não diz "às suas mulheres", mas, pelo contrário, "à sua mulher". Essa verdade expressa o pensamento bíblico (l Co 7.2; l Tm 3.2). [Comentário: Monogamia - grego μονογαμία - Casamento com uma só parceira(o). mono – 1. Embora a poligamia fosse praticada durante algum tempo no AT, ela só poderia ser aceita pelos ímpios. Ela negava o principio do marido e a esposa serem uma única carne (Gn 2.24; Mt 19.5), e levou a muitos problemas conjugais. Tanto Abraão como Jacó sofreram muitas tristezas por causa disso (Gn 21.9ss.; 30.1-24), e Davi e Salomão se desviaram por causa de suas esposas pagãs (2 Sm 5.13; 1 Rs 11.1-3). Somente através da monogamia é possível evitar o ciúme dentro da família e ilustrar corretamente o relacionamento de Cristo com o crente (Ef 5.23ss.). O modelo de família do AT é monogâmico: A aparição de exemplos que divergem da afirmação acima, como os casos de Abraão, Jacó, Davi, Salomão e outros, não negam a verdade de que a família do Antigo Testamento seja uma família monogâmica. Isto porque a base de sustentação dessa verdade é a intenção original de Deus e, neste sentido, vamos perceber que Deus formou uma família no padrão mais comum, como o conhecemos hoje, onde pai, mãe (marido e mulher) e filhos coabitam em harmonia na busca de satisfação pessoal e da vontade divina. A família monogâmica, aquela em que o homem é marido de uma só mulher e vice-versa, origina-se no Gênesis. Quando percebeu que o homem estava só, embora os animais criados por Deus tivessem sido dados a Adão para cuidar, dar nomes e sobreviver, constatou-se que faltava alguma coisa: "mas para o homem não se achava ajudadora idônea" (Gn 2.20). Com certeza, a falta de uma companheira pesa muito no preenchimento das necessidades do homem. Deus, porém, criou uma mulher só. Adão precisava de uma companheira, portanto Eva era suficiente. Aprendemos então que basta um casal para povoar a terra. É a lei da multiplicação divina, pela reprodução saudável de seres que vivem debaixo da graça de Deus. A bigamia de Abrão (Sara e Agar) conforme Gênesis 16.1-16; de Elcana (Ana e Penina) conforme 1Samuel 1.1-8; bem como a poligamia de Jacó, neto de Abrão (Léia, Raquel, Zilpa e Bila) conforme Gênesis 29.21-30.24 e dos reis: Davi, conforme 2 Samuel 5.13-16 e Salomão conforme 1Reis 11.1-13 não são parâmetro para aprovação por parte de Deus deste tipo de comportamento. O que se percebe é que houve uma tolerância por parte de Deus para com as escolhas humanas. O fato de alguns homens bíblicos possuírem duas mulheres (bigamia) ou várias (poligamia), não é indicativo de que Deus aprova tal prática. Se houve tolerância conforme vemos no Antigo Testamento a uma prática diferente da monogamia, por outro lado, percebe-se o quanto isto trouxe sérios prejuízos não só para os relacionamentos envolvidos, mas também para a nação como um todo16.]   16. http://webartigos.com/artigos/familia-15-conceito-de-familia-no-antigo-testamento/2781#ixzz4sgKfGfR6

3. Heterossexualidade. Um dos propósitos divinos na criação do homem e da mulher é a procriação, visando a conservação dos seres humanos na terra: "[...] macho e fêmea os criou. E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra" (Gn 1.27,28). Quando Deus formou a mulher da costela de Adão, a Bíblia afirma: "[...] deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher" (Gn 2.24). Isso mostra que a diferenciação dos sexos assegura as particularidades de cada um na união conjugal, postura necessária à formação do casal. O homem se une sexualmente a sua esposa, como resultado do amor conjugal, não só para procriar, mas para uma vivência afetuosa, agradável e prazerosa (Pv 5.18). O relacionamento sexual aprovado na Bíblia é o de um homem e de uma mulher dentro do matrimônio. O pai e a mãe são o referencial para a formação tanto do menino quanto da menina. Acima de qualquer exemplo, o comportamento estabelecido para o homem e para a mulher deve vir da Palavra de Deus. [Comentário: Segundo Marisa Lobo, em sua coluna no Gospel Mais, essa ‘ditadura gay’ existe e está para “desconstruir a família tradicional e com isso afetar o cristianismo”. Marisa Lobo afirma que a sociedade está sendo pressionada por uma militância ideológica política de gênero (gay) com a ajuda da mídia e de políticos em busca de votos. “Convencendo a população e a nós mesmos que nosso Deus é homofóbico, nossa Bíblia é homofóbica, nós cristãos somos homofóbicos, e com a ajuda de nossa omissão, nossa hipocrisia, falta de conhecimento e humildade em reconhecer aqueles que ajudam e enfrentam essas causas”17. A concepção de casamento é monogâmica e heterossexual: A fidelidade deve reger a vida conjugal, de modo que a poligamia e o adultério são claramente contra a vontade divina. A natureza divina estabelece a heterossexualidade do casamento, de modo que os casamentos homoafetivos são contrários a natureza da Lei de Deus. Por isso a homossexualidade é abominável diante do Rei Onipotente e atrai a ira de Deus sobre aqueles que a praticam. Aos indivíduos que sentem atração indesejada por pessoas do mesmo sexo, não estarão pecando se resistirem, pela graça de Deus, a seus impulsos e desejos homossexuais, optar pelo celibato18. Ao invés de se ter um entendimento próprio da sexualidade humana, é preciso voltar à origem da humanidade. No princípio Deus criou um homem (Adão) e uma mulher (Eva). Deus não criou dois homens (e.g., Adão e Antônio) ou duas mulheres (e.g., Eva e Tereza). Deus criou primeiro Adão do pó da terra; Então criou Eva da costela de Adão. Eva foi criada para ser esposa de Adão. A Bíblia diz que eles estavam nus e contudo não se envergonhavam. A criação de Deus de um homem e uma mulher para serem marido e esposa é o padrão ou paradigma para a sanção de Deus das relações sexuais normais, morais e abençoadas. “A união do matrimônio é ordenada por Deus, e estes preceitos sagrados não devem ser poluídos pela intromissão de uma terceira parte, de qualquer sexo” (F.F. Bruce). Jesus Cristo citou Gênesis 2.24 como uma prova clara de que a poligamia (ter mais de uma esposa) e o divórcio (exceto em caso de adultério) são condenados por Deus (Mt 19.5). O apóstolo Paulo, escrevendo sob inspiração do Espírito Santo, disse que há somente uma saída moral e legítima para o caminho deixado por Deus para o sexo – o casamento (1Co 7.2). Monogâmico e heterossexual, o casamento é a única maneira de se ter sexo sem pecado e culpa. “Honrado entre todos seja o matrimônio, e o leito [matrimonial] sem mácula; mas Deus irá os fornicadores e adúlteros” (Hb 13.4 [todas as versões NKJV]). Qualquer coisa contrária a ordenança da criação do casamento entre um homem e uma mulher é pecaminoso e inaceitável perante Deus. A Bíblia condena toda atividade sexual fora do casamento monogâmico e heterossexual: homossexualismo, sexo antes do casamento, poligamia, adultério, bestialismo e assim por diante. “Não deixeis que vos enganem com palavras vãs,” diz Paulo, “porque é em razão destas coisas sobrevêm a ira de Deus sobre os filhos da desobediência” (Ef 5.6)19.17. http://www.cacp.org.br/heterossexualidade-nao-e-natural/   18. https://bereianos.blogspot.com.br/2016/04/a-cosmovisao-biblica-respeito-do.html

4. Indissolubilidade. A natureza indissolúvel do casamento vem desde a sua origem: "e serão ambos uma só carne" (v.24b). O Senhor Jesus Cristo disse que essa passagem bíblica significa a indissolubilidade do casamento (Mt 19.6). O voto solene de fidelidade um ao outro "até que a morte os separe", que se ouve dos nubentes numa cerimônia de casamento, não é mera formalidade (Ml 2.14). O casamento só termina pela morte de um dos cônjuges (Rm 7.3), pela infidelidade conjugal (Mt 5.32; 19.9) ou pela deserção por parte do cônjuge descrente (l Co 7.15). [Comentário: O ideal de Deus é a indissolubilidade do casamento. O casamento é para sempre. Este é o ideal de Deus. A recomendação de Jesus é bastante clara: "Porquanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem" (Marcos 10.9); "Assim já não são mais dois, mas um só carne. Portanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem" (Mateus 19.6). Fiel ao propósito da indissolubilidade da união conjugal, Jesus aboliu a lei mosaica que, por causa da maldade humano, acabou admitindo o divórcio por razões banais. À permissão mosaica, Jesus contrapôs um de seus divinos "eu, porém, vos digo". Além de ser injusta para com a mulher, que não tinha direito algum para se divorciar, a lei judaica banalizara o casamento, nos seguintes termos: "Se um homem casar-se com uma mulher e depois não a quiser mais por encontrar nela algo que ele reprova, dará certidão de divórcio à mulher e a mandará embora.  Se, depois de sair da casa, ela se tornar mulher de outro homem, e este não gostar mais dela, lhe dará certidão de divórcio, e a mandará embora. Ou se o segundo marido morrer, o primeiro, que se divorciou dela, não poderá casar-se com ela de novo, visto que ela foi contaminada. Seria detestável para o Senhor. Não tragam pecado sobre a terra que o Senhor, o seu Deus, lhes dá por herança" (Deuteronômio 24.1-4). Jesus reconhece o esforço de Moisés, ao procurar preservar a mulher. Naquela época, uma mulher separada, quer dizer, abandonada, não tinha sequer como sobreviver, porque a sua sobrevivência se dava no interior do casamento. Diante de situações concretas, Moisés queria que, pelo menos, diante do inevitável, que a mulher pudesse ficar liberada para um novo casamento. Jesus também tem o mesmo interesse e, por isto, é ainda mais radical, sempre pensando na proteção das mulheres. “Foi dito: ‘Aquele que se divorciar de sua mulher deverá dar-lhe certidão de divórcio’. Mas eu lhes digo que todo aquele que se divorciar de sua mulher, exceto por imoralidade sexual, faz que ela se torne adúltera, e quem se casar com a mulher divorciada estará cometendo adultério" (Mateus 5. 31-32). Longe da banalização verificada na prática do Antigo Testamento, o Novo Testamento admite a existência de situações absolutamente extremas e totalmente fora da vontade de Deus em que o divórcio é admissível. Há, portanto, cláusulas de exceção à indissolubilidade. Estas cláusulas são apresentadas em decorrência do pecado humano20.]

SUBSÍDIO DIDÁTICO

Prezado professor, prezada professora, reproduza o esquema abaixo na lousa ou em cópias:

CASAMENTO

MONOGAMIA

HETEROSSEXUALIDADE

INDISSOLUBILIDADE


Após expor o tópico, solicite aos alunos que respondam com as próprias palavras o conceito de cada vocábulo. Enquanto eles respondem, vá preenchendo a outra coluna do quadro. Em seguida, discuta com eles as implicações da defesa desses princípios diante de uma sociedade cada vez mais liberal nesses valores.

IV. O DESAFIO DA IGREJA

1. Institucionalização da iniquidade. A tendência humana é desafiar a Deus em tudo; isso vem desde a Torre de Babel (Gn 11.4) e vai continuar até o final dos tempos. E com a sagrada instituição da família não é diferente, uma vez que Deus a instituiu como união entre um homem e uma mulher (Gn 2.24; 1.27,28), o atual sistema de coisas quer institucionalizar a iniquidade ao considerar legítima diante de Deus a união de pessoas do mesmo sexo. É ir longe demais, em uma verdadeira afronta a Deus (Lv 18.22; 20.13). A Bíblia condena a prática homossexual, ou pecado de Sodoma, para usar o termo bíblico (Dt 23.17; Jd 7). O avanço dessa prática é um dos sinais do fim dos tempos (Lc 17.28-30). A Bíblia condena de maneira direta tal estilo de vida (Rm 1.26,27; l Co 6.10; l Tm 1.9,10). [Comentário: Sabemos que a moral determina a ética, e da mesma forma se retirando o fator moral, ou mudando seu conceito, teremos um comportamento ético também afetado. Sem Deus, que é o fator determinante para moralidade, os indivíduos numa sociedade são por outra regra: o situacionismo. No situacionismo, as decisões não são determinadas por uma moral absoluta, mas pela conveniência do momento. Por exemplo: a verdade só é verdade para uma situação, e pode não ser mais verdade em outra situação! No situacionismo político, o divórcio, o casamento gay, a profissionalização da prostituição, o aborto, a liberação das drogas, etc., são temas contrabalanceados não por uma Moral Divina, mas conveniências de situações. O que é mais vantajoso? O que vai gastar menos nos cofres públicos?  Ou, o que vai angariar mais votos? Jesus disse que um dos sinais dos últimos dias seria o aumento da iniquidade. Ele disse: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos” (Mt 24:12). Observa que Jesus destaca o amor das pessoas se esfriando diante do aumento da iniquidade. E não é isso que estamos vivendo no Brasil?! Indiferença... Alienação... Depravação. Onde a iniquidade impera, o amor se esfria! Jesus não minimiza a questão. Ele diz que quase todos seriam afetados. Isso não descarta a possibilidade de até alguns crentes se deixarem levar pela frieza e dureza de coração21.]

2. A inversão de valores. O que se vê hoje é a tentativa de tornar o errado certo e o certo, errado (Is 5.20). O mundo atual está invertendo os valores em busca do hedonismo, ou seja, a procura indiscriminada do prazer, gozo sensual, deleite sexual (l Jo 2.16). Mas essas autoridades vão prestar contas de tudo isso (Is 10.1). Esse também era o desafio da Igreja do período apostólico. O apóstolo Paulo denunciou também essa inversão de valores, dizendo que "mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém!"(Rm 1.25; ARA). [Comentário: Atualmente, tem havido uma “inversão” de valores: a ética e a moral cristãs, antes aprovadas pela sociedade, vêm sendo sistematicamente substituídas por princípios amorais mundanos (Is 5.18-25; Cl 2.8). Em 2 Pedro 1.3-10, a Palavra de Deus estabelece os princípios éticos, as virtudes e valores necessários à boa conduta dos filhos de Deus. O pluralismo reconhece que há uma multiplicidade de culturas, religiões e posições éticas e morais conflitantes. Essa doutrina filosófica, todavia, diz que essas posições contraditórias podem coexistir, como se cada uma delas trouxesse uma parte da verdade e, nenhuma, a verdade completa ou absoluta. Assim, a verdade encontra-se em cada sistema religioso, filosófico ou moral. Então, segundo esse pensamento, o cristianismo traz uma parte da verdade, o budismo outra e assim sucessivamente. Segundo o pluralismo, assumir e respeitar diferentes valores em uma sociedade em constante mudança é uma manifestação de empatia e tolerância com o outro. O mundanismo faz constante oposição à igreja e aos valores cristãos (Tg 4.4; 1 Jo 2.15-17). A sociedade organizada e rebelada contra Deus, tem estabelecido suas próprias leis, sem a menor consideração aos mandamentos divinos. O que temos visto, infelizmente, é o sagrado e o religioso curvarem-se ante o profano e o secular, até mesmo em certas denominações evangélicas22.]

SUBSÍDIO VIDA CRISTÃ

“Os Apelos da Consciência
O apóstolo Paulo entendeu a liga­ção entre uma consciência cristã e uma mente espiritual. Ele escreveu: 'Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo' (1 Co 2.15,16). 0 cristão que tem a mente de Cristo conhece a sua vontade e seu propósito, por isso ele aprende a viver com uma consciência dos valores morais e espirituais estabelecidos por sua Palavra. Quando praticamos alguma ação, dizemos uma palavra, pensamos algo ou adotamos alguma atitude, devemos agir com uma mente espiritual. Ao avaliar essas várias situações, nossa consciência acenderá sua luz verde ou vermelha, concordando ou discordando; acusando ou defendendo. 0 julgamento da consciência será de acordo com o senso de justiça que a estiver dominando, se estiver purificada, jamais ela concordará com o erro; se contaminada, ela não conseguirá julgar corretamente. Devemos sempre comparar nossas ações à luz da justiça que a Bíblia apresenta. Nossas ações devem corresponder à uma consciência baseada na Palavra de Deus (2 Tm 3.16,17)" (CABRAL, Elienai. A Síndrome do Canto do Galo: Consciência Cristã. Um desafio à ética dos tempos modernos, l.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p.134).

CONCLUSÃO

Diante do exposto, entendemos que Deus criou o homem e a mulher para ser mutuamente dependentes, entretanto, cada um em sua particularidade, para juntos, com os filhos, "a herança do Senhor", formarem um núcleo familiar. Essa é, então, a primeira estrutura social humana. [Comentário: Os valores cristãos estão pautados nas Sagradas Escrituras e são opostos aos do mundo. Enquanto cremos na existência de um só Deus, cujas leis regem não apenas o Universo, mas nossas vidas, planos e vontades, a cultura mundana nega a existência do Altíssimo, e seus adeptos vivem como se o Senhor realmente não existisse (Sl 14.53). Atualmente, em algumas sociedades, já se aceita a união entre pessoas do mesmo sexo. A Bíblia é implacável neste caso: “Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos... herdarão o Reino de Deus” (1 Co 6.9-10 – NVI). Quanto à família, as virtudes cristãs estão sendo substituídas por valores anticristãos: filhos que não respeitam os pais; pais permissivos quanto à moralidade; e a substituição do culto à moralidade; e a substituição do culto doméstico por entretenimentos perniciosos etc. Como Igreja do Senhor, temos a obrigação viver e ensinar os mais elevados princípios éticos e morais do Reino de Deus (Lv 20.7; 1 Pe 1.16). A verdadeira mensagem do evangelho não se conforma aos discursos politicamente corretos, mas aos elevados padrões da santidade divina (Mt 5.20; 48; 1 Tm 3.15; 6.11). Os elevados preceitos exarados na Palavra de Deus são imutáveis e servem de regra para orientar os homens em todas as gerações (Is 30.21; Mt 24.35; 2 Tm 3.16). Esses valores são insubstituíveis, e devem ser coerentes com o testemunho cristão – a igreja deve viver o que prega e pregar o que vive Fonte: Casa Publicadora das Assembléias de Deus] “... corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus ...” (Hebreus 12.1-2)

Francisco Barbosa

Disponível no blog: auxilioebd.blogspot.com.br