sábado, 2 de dezembro de 2023

A HISTÓRIA DA ASSEMBLEIA DE DEUS EM VITÓRIA DO MEARIM 2

 

Já havíamos contado a história da Assembleia de Deus em Vitória do Mearim (Nossa História) com data da chegada do Evangelho em 20 de agosto de 1948, baseado em relatos de alguns irmãos que viveram ou tiveram parentes que haviam vivido nessa época. Esse histórico foi feito no ano de 2010 quando acreditávamos que estávamos completando 62 anos do início da proclamação do Evangelho em nossa terra. Neste ano de 2023 estávamos nos preparando para as festividades dos 75 anos quando fomos surpreendidos pelos escritos do Dr. Washington Cantanhede nos informando que a nossa história vai além desse tempo, na realidade estamos completando cerca de 92 anos baseado em textos que ele pesquisou o qual transcreverei abaixo.

MEMÓRIA SOBRE A CHEGADA DO PROTESTANTISMO A VITÓRIA DO MEARIM

(no Dia Nacional do Evangélico, instituído pela Lei n° 12.328/2010)

Washington Luiz Maciel Cantanhêde

Segundo o Almanack Administrativo da Província do Maranhão para o ano de 1874, obra organizada por João Cândido de Moraes Rego, que citei em meu livro Vitória do Mearim da Emancipação à Era dos Intendentes (São Luís: Lithograf, 1999. p. 246-247), o censo de 1872, o primeiro censo regular realizado no Brasil, apurou que a população do Município de Vitória do Mearim constava então de 3.665 pessoas, sendo 1.924 homens e 1.741 mulheres, 3.157 livres e 508 escravizados, 3.498 católicos e 167 não católicos, e 3.660 brasileiros e 5 estrangeiros.

Não busquei saber qual a constituição religiosa desse contingente de 167 habitantes não católicos. Para a realidade daquela época, não se pode imaginar que fossem adeptos do islamismo, do judaísmo ou do protestantismo, religiões que só muito depois adentraram o Brasil fortemente.

No que toca às duas primeiras religiões citadas, é de ver-se que havia somente cinco estrangeiros no território municipal em 1872. Portanto, ainda não haveria muçulmanos e judeus (estrangeiros e seus descendentes brasileiros) em quantidade suficiente para integralizar quase duzentas pessoas. 

A penetração protestante, embora já ocorresse no Brasil daquele tempo, também não se dera com intensidade no Maranhão. Só de meados dos anos 1890 em diante foi possível que presbiterianos adentrassem o interior do Estado com sua pregação pioneira no campo do protestantismo.

Por outro lado, cultos de matriz africana demorariam cerca de um século para serem admitidos como religiões. E as manifestações religiosas indígenas até hoje não são, na prática, vistas assim.

Dessa forma, é razoável concluir que os 167 não católicos que existiam em Vitória do Mearim quando do primeiro censo nacional, em 1872, seriam, simplesmente, em sua grande maioria, pessoas cuja religião não fora declarada, a que talvez se teriam somado, em menor escala, indivíduos, desafiadoramente, autodeclarados ateus.

Já no início dos anos 1920, chegou ao Maranhão a Assembleia de Deus, movimento protestante de cunho pentecostal surgido em Belém do Pará no ano de 1911. Atuando paralelamente com presbiterianos e batistas, que os precederam, os assembleanos, em algumas décadas, ganharam a dianteira na conversão do maior número de adeptos, primazia de que gozam, hoje, em nível nacional.

É do final da década de 1920 que remontam as notícias da presença organizada dos protestantes em Vitória do Mearim.

A primeira vez que ouvi um relato sobre isso foi em São Luís, em algum momento entre os anos de 1979 e 1980, quando, quase saindo da adolescência (16 ou 17 anos de idade), estudante da Escola Técnica Federal do Maranhão, conheci, no pensionato onde morava, uma professora pública do Primeiro Grau (hoje, Ensino Fundamental), chamada Arlete, também ali residente, oriunda da cidade de Imperatriz. Ela me contou a história do próprio avô, Marinho Ferreira da Costa (assim consta das minhas anotações, mas há maior probabilidade de ter sido Marino o seu primeiro nome), que teria sido o introdutor do protestantismo na cidade de Vitória. Anotei tudo, já então um fiel pesquisador dos assuntos históricos da minha terra.

Ao chegar a Vitória na primeira oportunidade, perguntei à minha grande fonte sobre assuntos antigos de Vitória, meu hoje saudoso pai, acerca daquela história, contando-lhe o que soubera e anotara, e ele me disse que – claro, eu já sabia – os fatos relatados tinham acontecido antes do seu nascimento ou quando ainda era criança pequena, mas que sempre ouvira falar de tais acontecimentos. E acrescentou que eu deveria procurar o senhor Aprigío Romeu, morador da Rua Coronel Gomes, no bairro Tapuitapera, pois sabia que ele mantivera algum relacionamento com Marinho da Costa, podendo, portanto, acrescentar elementos à minha pesquisa.

Fui à residência de Seu Aprígio, figura muito conhecida, não raro presente na nossa casa, conversando com Papai. Anotei que, à época, Aprígio Romeu estava com 78 anos de idade. Ele, morador de Tapuitapera por toda a vida, fora o comprador de uma olaria que Marinho mantinha em Vitória quando resolveu partir da cidade. A olaria ficava depois do final da Rua Coronel Gomes, em área que conheci como Sapo Seco, onde houve um campo rústico de futebol. Essa área e adjacências constituíam o lugar mais amplo que por muitos era chamado de “Quem Diria”. (1)

O que apurei na entrevista, associado às informações que, colhidas de Arlete em São Luís, já trazia na bagagem quando me dirigi à casa de Aprígio Romeu, tudo enriquecido por elementos que também me forneceu meu pai, é o que segue, grafado com melhor apuro redacional e de contextualização dos fatos, que a idade e a pressa, de 1979 ou 1980, não me permitiram então aplicar ao texto, até hoje “provisório” em sua versão original:

“Consta que Marinho Ferreira da Costa, piauiense de Floriano, nascido em 1885, foi o responsável pelo marco inicial da edificação do culto protestante em Vitória do Mearim.

Teria ele residido com a família na cidade por muitos anos, desenvolvendo a atividade econômica de oleiro.

Tendo recebido na época, de presente do seminarista ou sacerdote Manoel Nunes Arouche, (2) um exemplar da Bíblia Sagrada, procurou interpretá-la à luz do que tinha sido sua vida até então: uma série de conquistas financeiras, de prestígio e de poder pessoal, conseguidas não raro com emprego da força física ou da ameaça de abrir fogo em uma festa dançante do interior do Maranhão. Ao final da leitura, resolveu-se a abraçar uma religião cristã, mas não a católica, por considerá-la desviada da Bíblia.

Formou então, em Vitória, uma congregação protestante, que, entretanto, não prosperou, dissipando-se por não resistir às pressões homiléticas e psicológicas do pároco, (3) em meio às quais crianças teriam ido bater latas em frente à casa onde se realizavam as reuniões, infantes que, supuseram os recém-conversos, teriam sido enviadas pelo dito padre.

Nesse contexto, fato inconteste, guardado pela memória oral dos vitorienses, foi a queima de livros de doutrina protestante, (4) episódio capitaneado pelo padre Manoel Arouche e ocorrido em frente à Capela de Nossa Senhora da Conceição, (5) após a reconversão dos ex-católicos, então considerados hereges, que teriam acedido à convocação para entrega do material tido como herético.

Por tais motivos ou porque economicamente lhe era mais conveniente, Marinho da Costa foi trabalhar em serviços cerâmicos para o comerciante Pedro Bogea, às margens do Grajaú, onde este morava, e de lá seguiu para a cidade de Bacabal, onde fixou residência.

Em Bacabal, ele levou adiante a iniciativa de uma congregação batista ali preexistente, chegando a influenciar na criação da igreja dessa denominação na localidade. (6) Na cidade, era chamado, carinhosamente, de Vovô por seus irmãos de credo, amigos e conhecidos, alcunha que se estendeu à sua esposa (“Vovó”), mercê da obra filantrópica que ali realizavam.

Levado pelos familiares, que se mudaram para lá, ele veio a falecer na cidade de Imperatriz no ano de 1978, vítima de asma cardíaca, talvez decorrente de uma perfuração a bala que recebeu no peito esquerdo, revide a uma agressão física que desfechou contra um rapaz em um baile, quando morava em Vitória do Mearim e ainda levava vida de farras e brigas.”

Passados mais de trinta anos, quando contava eu 50 de idade e buscava, no livro de tombo da Paróquia de Vitória do Mearim aberto por Padre Eliud Nunes Arouche em 1924, informações antigas sobre o Instituto Nossa Senhora de Nazaré, escola paroquial que então (2013) completava 90 anos de existência, deparei-me com as seguintes anotações do ainda jovem pároco, alusivas ao que ocorrera de relevante na Paróquia no ano de 1931, transcritas com atualização ortográfica (exceto dos nomes próprios) e de pontuação:

“Em janeiro foram renovadas as minhas provisões para, não só as três paróquias de Victória, Arary e Monção, como ainda me foram passadas novas provisões para as paróquias de N. S. da Conceição de Vianna e S. José de Penalva.

(...)

Em julho, porém, chega a esta paróquia o Revmo. Pe. Manoel Nunes Arouche como vigário cooperador das cinco paróquias. Normalizou-se a vida paroquial nas cinco freguesias, desenvolvendo o Pe. Manoel a sua atividade principalmente nas da zona do Pindaré.

(...)

É para salientar, entretanto, a festa de N. S. da Conceição, celebrada a oito de dezembro numa capelinha do bairro Itapuitapera, (7) com o fim principal de se fazer campanha a uma pregação protestante iniciada desde o ano anterior por ministros vindos de S. Luís.

Durante todo o novenário, houve sermões contra a heresia, tomando o aspecto de uma verdadeira missão, tal o entusiasmo que despertou no povo. O coito (😎   foi completo. Não só um bom movimento espiritual se fez sentir no seio dos fiéis, como ainda inutilizou completamente a propaganda herética, (9) que não deixou um só sequaz.

Devo registrar e agradecer aqui o modo fulminante com que o Pe. Manoel conduziu a campanha, (10) quase na sua totalidade a seu cargo.

Victória, 29 de dezembro de 1931.

Pe. Eliud Nunes Arouche.” (11)

Foi, portanto, quando a memória oral cruzou seu caminho com uma fonte primária da História, o documento.

Desse cruzamento concluí: a campanha contra o protestantismo nascente em Vitória do Mearim chegou ao seu clímax na Festa de Nossa Senhora da Conceição do bairro de Tapuitapera do ano de 1931 – portanto, no período (novenas) de 30 de novembro a 8 de dezembro daquele ano. Dessa forma, deve ter sido pouco depois daqueles dias que Marinho Ferreira da Costa, desiludido, partiu de Vitória para não mais retornar...

Mas Padre Eliud cometeu um equívoco ao registrar que fora fulminante a campanha conduzida por Padre Manoel Arouche. Com efeito, nos anos 1940, quando a pregação da Assembleia de Deus chegou a Vitória do Mearim pela ação dos assembleanos já instalados em Arari, havia na cidade, de segura memória, duas senhoras de antigas famílias católicas que eram, entretanto, remanescentes da congregação iniciada por Marinho da Costa. Chamavam-se Josina e Ezequiela Teles. (12) Elas figuraram entre os primeiros membros da nascente Igreja Evangélica Assembleia de Deus de Vitória do Mearim, ao lado, entre outros, de membros da família Marinho, cujos nomes até hoje lembro, por terem sido amigos do meu pai nos anos 1970, nas atividades iniciais do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, quando os via muito em nossa casa: Elpídio, Crescêncio e Lucas Marinho.

Em 1969, quando Padre Eliud morreu, o primeiro templo erigido pela Assembleia de Deus, primeira igreja protestante a se instalar definitivamente em Vitória do Mearim, ficava apenas algumas casas distante da Casa Paroquial, do mesmo lado da rua, margeando a Praça da Criança. Já não se faziam campanhas contra o protestantismo, cujos prosélitos, afinal, não eram mais chamados de hereges. Os tempos eram outros. Já ocorrera, inclusive, o Concílio Vaticano II, sob o papado de João XXIII, e o ecumenismo, com seu propalado diálogo de reaproximação entre todos os cristãos, estava ganhando corpo...

Cada homem paga tributo ao tempo em que viveu, reza a sabedoria popular. Em outras palavras, “o homem é o homem e suas circunstâncias”, na máxima do filósofo espanhol José Ortega y Gasset. Os irmãos Eliud e Manoel Nunes Arouche, sacerdotes da Igreja Católica Apostólica Romana, viveram a ética católica e pregaram a doutrina católica predominantes do seu tempo. Atuaram como o clero esperava que atuassem, segundo preconizavam os doutores da Igreja Católica da época.

Desses condicionamentos do tempo em que viveu não escapou o meu avô, Marcelino Duarte Cantanhede, leigo um pouco mais velho do que Padre Eliud. Era um simples marceneiro, músico na juventude e pequeno produtor rural por toda a vida, que morreu um ano antes do pároco. Mas, entre três livros dele que subsistiram à sua morte (ele lia além do que era o padrão da época para a sua condição social), livros que hoje são meus, está "Luz nas Trevas: respostas irrefutáveis às objeções protestantes", de autoria do padre Júlio Maria, um dos grandes escritores católicos do início do século passado. Era uma grande “arma” católica na luta contra o protestantismo. Meu avô a empunhou, com certeza. Guardo o livro em respeito ao bom homem que ele foi, sem considerá-lo, todavia, instrumento de distanciamento dos meus irmãos evangélicos, como se diz hoje, substituindo o qualificativo de protestante.

Praza aos céus que, sob o pálio do cristianismo, haja um dia só uma denominação religiosa e todos vivam em paz e com harmonia!

Mas, desde já, exista o reconhecimento da importância de todos – de Padre Eliud a Josina Teles, de Marinho da Costa a Padre Manoel Arouche! Todos fizeram o que deles esperavam os seus próprios pares. Todos professaram sua fé em Deus. Apenas andaram por caminhos diferentes, eventualmente acidentados e espinhosos, e por isso, em determinados momentos, não se entenderam como seria desejável aos olhos de hoje...

Que, no final, vença, contudo, o Amor de Cristo!

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* Texto produzido para subsidiar trabalho sobre a história da Assembleia de Deus em Vitória do Mearim, considerando pedido de informações feito pelo professor Joacy Barros e pelo historiador André Câmara, que então o elaboravam.

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(1) Tal denominação, segundo a memória oral, ter-se-ia originado de igual exclamação feita pelo revoltoso Manoel Beckman quando se deu conta da traição de seu pupilo Lázaro de Melo, o que no local se teria consumado, dando-se ali a prisão do chefe do levante de 1684. O topônimo, pouco empregado na atualidade, merece, por sinal, ser oficializado, para que retorne ao emprego usual, em homenagem a tão significativa tradição.

(2) Manoel Nunes Arouche foi ordenado sacerdote em dezembro de 1929, aos 23 anos de idade.

(3) Eliud Nunes Arouche, irmão mais velho de Manoel Nunes Arouche e que assumira a Paróquia de Nossa Senhora de Nazaré em setembro de 1922.

(4) Teriam sido bíblias, como é dito por alguns?...

5) A capela então localizava-se na Rua Coronel Gomes, e não na Rua São José, de frente para a Rua Teodoro Ferreira, como passou a ser do final dos anos 1950 até hoje.

(6) A informante Arlete, neta de Marinho, era batista e talvez isso a tenha influenciado, levando-a a informar que era de filiação batista a congregação a que pertenceu seu avô em Bacabal, bem como a igreja que ele ali ajudou a criar.

(7) Grafia antiga do bairro Tapuitapera.

(😎   Se a grafia pretendida foi essa que se entende lançada no livro (“coito”) – ou, por outro lado, se a transcrição (“coito’) é fiel ao que foi pretendido e/ou grafado –, o fato é que o termo deve ser aqui considerado em sua acepção arcaica, que não seria estranha a um sacerdote nascido em fins do século XIX e ordenado no início do século XX, acepção que se vai encontrar em obras do porte do Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, de Antenor Nascentes (Rio de Janeiro: Jornal do Comércio, 1955. p. 126). Ali se lê que “coitar” significava, como metáfora, afligir, castigar – inclusive com a achega de que o termo está arcaizado na Crônica do Infante Santo D. Fernando. No mesmo sentido, no Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, obra da Academia das Ciências de Lisboa (Lisboa: Verbo, 2001. I v, p. 860), lê-se que “coita”, substantivo feminino derivado de coitar, já em desuso, significava sofrimento, pena, dor etc. Portanto, o “coito completo” a que se referiu Padre Eliud Nunes Arouche era uma metáfora, como então se empregava, frequentemente, no linguajar maranhense carregado de arcaísmos (e hoje ainda acontece, com menor frequência), para registrar que fora eficiente e satisfatória a reprimenda (castigo ou pena) ante a pregação protestante, tida, para os padrões católicos da época, como herética.

(9) Seguramente, uma referência à queima dos livros protestantes.

(10) O padre Manoel Arouche, que logo depois assumiu a Paróquia de Viana, onde a morte o colheria no ano de 1958, vítima de infarto aos 52 anos de idade, foi um dos maiores oradores sacros, de que se tem notícia, da Igreja Católica no Maranhão. Não estranha o destaque que seu irmão lhe deu nas notas com que registrou os “sermões contra a heresia” que, de “modo fulminante”, desmantelou a primeira tentativa de introdução do protestantismo organizado em Vitória do Mearim. Manoel Arouche era muito culto, eloquente, carismático e caridoso com os necessitados. Mercê disso, a Academia Vianense de Letras, que o tem como um divisor de águas da Igreja Católica em Viana, erigiu-o como um dos patronos de suas cadeiras do quadro de membros efetivos.

(11) Na condição de cônego do cabido da Arquidiocese de São Luís do Maranhão, Padre Eliud Nunes Arouche faleceu em Vitória do Mearim em novembro de 1969, aos 71 anos de idade, sendo sepultado na igreja matriz de Nossa Senhora de Nazaré, após mais de 47 anos dedicados à religião, à educação e à política na terra que abraçou como sua. É também patrono de cadeira do quadro de membros efetivos da Academia Vitoriense (Instituto de Literatura, História e Geografia, Artes e Ciências).

(12) Sua descendência, perfeitamente identificada, hoje espraia-se de Vitória do Mearim para várias outras cidades. Josina Teles, por exemplo, era a esposa do músico Doquinha Franco (que eu, muito criança, conheci já bem idoso e católico). Do casal resultou, entre outros, o filho Luís Franco, que, casando-se com Adélia Matos (filha do ex-prefeito José Antônio de Matos e de Demecília Pinto de Matos), gerou grande descendência, na qual se inclui a filha Maria Eunice (Matos) Franco Mochel, da Igreja Assembleia de Deus de Vitória do Mearim.

 Mediante esse texto, concluimos que estamos completando 92 anos, portanto, estamos festejando o Jubileu de Salgueiro. As nossas festividades ocorreram nos dias 16 a 19 de novembro de 2023 com a presença de dos pastores Manoel Costa de Bacabal, Denilson Lima do Estdo do Espírito Santo, Napoleão Falcão do Estado do Pernambuco. Tivemos cooperando no louvor os cantores Ozeias de Paula, Paulo Neto, Nadi Geovana, Joacy Barros, Mirian Silva, Josias Reis e Daniel Soares.

Foram momentos marcantes em nossa vida sabendo que as perseguições não foram capazes de parar a marcha da Igreja. Estamos de pé. Glória a Deus!

Algumas fotos e vídeos desses inesquecíveis momentos:

Reunião solene na Câmara Municipal em homenagem aos 92 anos da Assembleia de Deus


Pastor Osvanildo dando as boas vindas ao pastor Napoleão Falcão





Todos os cultos foram transmitidos ao vivo através do canal TV IEADVIM


terça-feira, 4 de abril de 2023

XIV CONFERÊNCIA MARANHENSE DE DISCIPULADO E MENTORIA INFANTIL

 

      A Igreja Evangélica Assembleia de Deus hospedou a XIV Conferência Maranhense de Discipulado e Mentoria Infantil transcorrida nos dias 31 de março a 2 de abril do ano de 2023. A expectativa de 1.200 a 1500 inscrições foram ultrapassadas, pois muitas caravanas chegaram ao evento mesmo após o anúncio de encerramento das inscrições, resultando na incrível marca de 2.124 inscrições.
      Devido o aumento das inscrições as salas que estavam destinadas para a realização das oficinas foram tomadas pelos conferencistas em suas hospedagens, desta forma não foi possível acontecer as oficinas que seriam 16.
      O trabalho foi realizado somente na nave do Templo Central e desde a abertura até o encerramento foi momento de muita graça vinda do trono do Senhor e muito aprendizado.
     Abaixo estão os links de todos os momentos dos trabalhos, os quais serviram para os que não tiveram acesso à nave do templo assistirem no computador, notebook, tablete e até mesmo na tela do celular.




quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

O AVIVAMENTO PENTECOSTAL NO BRASIL


O movimento pentecostal em solo brasileiro foi marcado por manifestações espirituais gloriosas que ratificaram a experiência do batismo no Espírito Santo como um evento histórico não apenas restrito aos discípulos da Igreja Primitiva, mas também aos crentes de nossos dias. Outrossim, a atualidade dos dons espirituais entre os brasileiros comprova que a promessa bíblica estaria disponível a muitos povos distantes (At 2.39). No presente século, a igreja brasileira desfruta literalmente do cumprimento dessa promessa.

Vale destacar que a manifestação do poder do Espírito trouxe mudanças significativas para a nossa nação. Dentre as tais podemos citar o acelerado crescimento do número de conversões alcançado, graças à simplicidade da pregação do Evangelho por meio dos crentes pentecostais. O poder de Deus tem se manifestado em vários lugares do território nacional, alcançando todas as camadas da sociedade, trazendo o calor do Espírito para muitos cultos dantes marcados pela rigidez litúrgica e institucional.

Além da influência na vida religiosa, a Igreja tem se tornado cada vez mais atuante na sociedade em defesa dos valores da família e como fiel combatente às falsas ideologias e sofismas do nosso tempo com a finalidade de fazer a nação voltar-se para os valores da Palavra de Deus.

Atentar para a verdade bíblica de que o Senhor continua curando, salvando e batizando no Espírito Santo não se trata apenas de obedecer à Palavra de Deus, mas também de zelar pela preservação da identidade doutrinária da Assembleia de Deus, o maior bastião pentecostal existente no Brasil. Cada crente pentecostal, formado na Escola Dominical, deve compreender a importância da experiência do batismo no Espírito Santo como o revestimento de poder para o exercício do serviço cristão por intermédio dos dons espirituais e ministeriais (At 1.8).

A Declaração de Fé das Assembleias de Deus discorre sobre a extensão da promessa do Espírito: "Jesus disse que é uma dádiva do Pai para qualquer crente que crê e busca, homens e mulheres de todas as idades, independentemente de seu status social. A promessa do Espírito Santo diz respeito principalmente aos 'últimos dias' (At 2.17), e não somente à era dos apóstolos. [...] Isso mostra que o Pentecostes foi o início da dispensação do Espírito Santo (conhecida como Dispensação da Graça ou da Igreja) e que a efusão do Espírito seria na sua plenitude nos 'últimos dias', os dias em que estamos vivendo" (2017, pp. 167,168). Cabe à Igreja assumir o compromisso com o avivamento espiritual, incentivando os crentes a buscarem com perseverança o batismo no Espírito Santo a fim de que as promessas do Espírito se cumpram nesta geração.

 Extraído da Revista Ensinador Cristão, ano 24, nº 92, p. 40. Rio de Janeiro: CPAD 2023. 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

ELEMENTOS DA PSICOPEDAGOGIA QUE PODEM SER APLICADOS À EDUCAÇÃO CRISTÃ

A educação cristã não pode ser vista dissociada da prática pedagógica. O professor deve buscar recursos que facilitem o processo de aprendizagem do aluno. Jesus, durante o seu ministério, ao ensinar, usou recursos pedagógicos e os aplicou à luz das especialidades humanas. Muitos recursos adotados por ele são hoje usados pela pedagogia contemporânea.

Existem muitas abordagens possíveis para o exercício do ato educativo. Dentre elas está a Psicopedagogia. A Psicopedagogia reúne conhecimentos de várias áreas como a Pedagogia, a Psicologia, a Neurociência, a Fonoaudiologia e a Psicolinguística, entre outras. Buscar conhecimento nessas áreas é imprescindível para compreender a Psicopedagogia e os benefícios desta para o processo da aprendizagem.

O que é Psicopedagogia 

A Psicopedagogia é uma área do conhecimento que estuda e se aprofunda no processo de aprendizagem humana e está presente no desenvolvimento intelectual de crianças, adolescentes e adultos.

O uso de elementos da Psicopedagogia na educação contribui para melhorias no processo de aprendizagem. Por meio da Psicopedagogia é possível a identificação de dificuldades e falhas no processo de ensino, proporcionando a implementação de métodos e estratégias eficazes que corrijam os problemas e dificuldades de aprendizagem.

A psicopedagogia identifica os problemas e as dificuldades de aprendizagem não somente pelo aspecto cognitivo, mas também emocional e social, podendo ajudar a escola a lidar melhor com a questão da diversidade e o processo da inclusão. Ao entender como cada aluno aprende pode realizar meios que previnam o problema da aprendizagem identificando quais são os elementos facilitadores ou dificultadores desse processo.

O Desenvolvimento Cognitivo e a Aprendizagem

O desenvolvimento cognitivo é fundamental para o aprendizado. É a partir da cognição que somos capazes de assimilar e processar informações, assim como tomar decisões e interagir com o mundo e as pessoas ao nosso redor.

O desenvolvimento cognitivo é um campo de estudo da Neurociência e da Psicologia que explora vários aspectos do desenvolvimento humano que envolve a aquisição de recursos conceituais, habilidades perceptivas, aprimoramento da linguagem além de outros aspectos do desenvolvimento do cérebro.

O desenvolvimento cognitivo ocorre de forma gradual. À medida que o cérebro vai amadurecendo o indivíduo gradualmente vai ampliando sua capacidade de assimilar informações e elaborar novos conhecimentos.

O desenvolvimento cognitivo depende de dois fatores: A plasticidade do Sistema Nervoso e a influência do ambiente. Conclui-se que ambas são determinantes para a maturidade do organismo.

1. A plasticidade do Sistema Nervoso

A cada novo comportamento aprendido desde o nascimento até a fase adulta, várias conexões neurais ocorrem e se fixam no SNC, contribuindo para seu desenvolvimento normal e evolutivo. À medida que a criança recebe mais e mais estímulos aumentam suas experiências e aprendizado.

2. A influência do ambiente

A influência do ambiente são aspectos determinantes para o desenvolvimento cognitivo. É necessário um ambiente favorável para que a criança desenvolva as suas capacidades e garanta a realização das suas potencialidades de crescimento.

Uma forma eficaz de estimular a criança e ajudá-la no desenvolvimento cognitivo é através do brincar. Estudos mostram que a criança manifesta suas potencialidades numa atmosférica lúdica.

A Utilização de Elementos da Psicopedagogia na Educação Cristã

O professor lida, no dia a dia, com alunos que apresentam os mais diversos históricos. Para que ele tenha êxito se faz necessário que aplique metodologias que se encaixem com o perfil de cada um dos alunos, considerando aqueles que apresentam dificuldades de aprendizagem, quer seja pela não adaptação aos métodos pedagógicos, ou por alguns transtornos que apresentem.

Para que alcancemos bons resultados em qualquer área da vida, precisamos de estratégias e métodos adequados. Se pretendemos fazer algo bem-feito, precisamos seguir um método que já tenha sido testado e comprovado. Se seguimos rigorosamente a esse método as chances de alcançarmos êxito são bem prováveis.

Na aprendizagem isso não é diferente, no entanto, algumas vezes fazemos tudo corretamente e não conseguimos êxito. O método que estamos aplicando funciona, normalmente, para a maioria, mas não especificamente para os alunos que apresentam problemas e dificuldades de aprendizagem. Nestes casos esse método se torna ineficaz.

Um método se torna eficaz quando aplicado de forma correta. Cada faixa etária exige uma atenção especial. Um método usado para um adulto, por exemplo, dificilmente servirá para a criança ou o adolescente. Vejamos como usar o potencial do aluno, de acordo com cada faixa etária.

1. A criança

As atividades propostas às crianças devem ser graduadas conforme o seu nível mental, de acordo com sua etapa de desenvolvimento. O professor deve tomar por base o estágio em que se encontra a criança, tendo em vista sempre o estágio seguinte ao seu desenvolvimento genético. Para Piaget, inteligência é o mecanismo de adaptação do organismo a uma situação nova e como tal, implica a construção contínua de novas estruturas.

O professor precisa ter cuidado para não subestimar a criança quanto a suas capacidades. É muito comum esperarmos que elas não sejam capazes de realizar determinadas tarefas.

Não devemos fazer pela criança aquilo que ela pode fazer sozinha, mas sempre propor que ela resolva por si mesma. Quando muito, dar uma pequena ajuda, mas nunca substituir a ação da criança pela nossa.

É imprescindível o envolvimento da criança em atividades que a levem a uma experiência com a Palavra de Deus. Os conteúdos são fundamentais, mas não existem sem a atividade. Ensinar falando pressupõe o esquecimento, ao passo que tudo que se aprende com a ação, pela experiência, fica para sempre.

2. O adolescente

Quando se trata do adolescente, devem ser levados em consideração os seguintes aspectos: Primeiro: a capacidade intelectual. O professor deve levar em conta o desenvolvimento mental do adolescente e sua faculdade para estabelecer relações e para resolver problemas de complexidade cada vez maior.

A mente do adolescente é um poderoso instrumento que, muitas vezes, se torna para ele uma fonte de alegria, através da excitação da curiosidade, da sensação da descoberta, da sensação de triunfo decorrente de ter solucionado um quebra-cabeça de ter resolvido um problema desafiante. O professor precisa aproveitar esse potencial e levar o seu aluno a adquirir uma visão significativa de suas experiências subjetivas.

O segundo aspecto importante que não pode ser esquecido pelo professor, é a capacidade que o adolescente tem, para lidar com abstrações. O adolescente é capaz de dominar uma proporção maior do saber, relacionado a símbolos e artes do que às coisas concretas. O professor deve desenvolver métodos e técnicas adequados para ensinar a Bíblia e os valores cristãos.

3. Jovens e adultos

Cada etapa da vida exige aprendizagens peculiares a fase em que o indivíduo vive. Isto é perceptível na infância, adolescência e nas diferentes etapas adultas.

O jovem adulto, além de conquistar sua identidade profissional e alcançar sua independência pessoal tão sonhada, na infância e adolescência, atinge também seu desenvolvimento cognitivo máximo e o pleno vigor físico.

O professor ou líder de jovens e adultos não pode esquecer que os adultos continuam adquirindo novos conhecimentos e estão aptos para aprender. A diferença entre a educação de adultos e a infantil está na motivação de ambas as fases. A criança e o adolescente muitas vezes veem a escola secular e/ou a EBD como uma obrigação, enquanto o adulto está motivado para aprender. O preparo do professor desta faixa etária é fundamental, para que o aluno se mantenha sempre motivado.

Para facilitar o processo de aprendizagem adulta, é fundamental levarmos em consideração as experiências, conhecimentos e habilidades trazidos pelo aluno. O professor precisa ter um preparo intelectual que corresponda com o desenvolvimento cognitivo que o aluno possui. A inserção de novos conhecimentos e habilidades deve estar vinculada à realidade dessas pessoas.

A metodologia de ensino aplicada para jovens e adultos precisa integrar, quanto mais possível, as atividades de ver, ouvir, pensar, falar e fazer (atividades perceptivas, motoras e cognitivas). O professor deve usar estratégias de ensino adequadas aos adultos. Quanto mais estas atividades são introduzidas, maior e mais estável é a aprendizagem do aluno. Esta dinâmica pode ser descrita como eminentemente participativa, favorecendo a permanência do processo de aprendizagem.

4. O idoso

Ensinar pessoas da terceira idade é um grande desafio. Esta fase exige alguns cuidados especiais. O professor precisa ter consciência de que está lidando com uma faixa etária de pessoas que têm algumas limitações como: enfraquecimento da memória, retardo do pensamento, acentuação dos traços de caráter, tendência à rigidez mental e afetiva, dificuldade de mudar de hábitos, egocentrismo etc.

A prática educativa envolvendo pessoas da terceira idade deve considerar, além das limitações descritas, o contexto de vida do idoso e seu desenvolvimento pessoal e social. A aprendizagem adulta tende a ser influenciada pelas condições nutricionais infantis e pela fadiga. Por esta razão, há necessidade de adequar as estratégias de ensino à realidade destes sujeitos.

O ensino na terceira idade é facilitado, quando oferecemos um ambiente que propicie ao indivíduo segurança pessoal e possibilite a prática de conhecimentos e habilidades significativas. A estratégia mais adequada à aprendizagem adulta é a dinâmica participativa, que consiste em integrar atividades perceptivas, motoras e cognitivas.

CONCLUSÃO

É importante compreendermos como se dá a aprendizagem, para que saibamos usar elementos da Psicopedagogia nas salas da EBD; de igual modo, é fundamental entendermos também o porquê do não aprender, mesmo quando o aluno não apresenta nenhum comprometimento mental que explique tal dificuldade.

 Jamiel de Oliveira Lopes é pastor; articulista; comentarista das revistas juvenis da CPAD; mestre em Psicologia Clínica pela PUC-Campinas (SP); psicopedagogo; professor universitário; psicólogo clínico; atuando profissionalmente com adolescentes; adultos e casais; autor dos livros “Psicologia Pastoral"; “Psicologia Aplicada a Educação Cristã"; “E Agora o que fazer?”, todos editados pela CPAD.


Extraído da Revista Ensinador Cristão, ano 24, nº 92, p. 6. Rio de Janeiro: CPAD 2023. 

sábado, 16 de julho de 2022

38º CONGRESSO DA UNEOMAD

Mais uma vez a Assembleia de Deus em Vitória do Mearim, liderada pelo pastor Osvanildo Farias de Albuquerque, entra na história das Assembleias de Deus no Maranhão hospedando o maior Congresso já conhecido no Estado. O 38º Congresso Estadual das Missionárias e Dirigentes de Círculo de Oração (UNEOMAD), que transcorreu nos dias 13 a 15 de julho com o tema:   O Centenário do Movimento Pentecostal no Maranhão.

O Congresso reuniu mais de 3 mil mulheres assembleianas de todo o Estado do Maranhão, e, segundo os organizadores do evento, o número de mulheres inscritas foi ainda maior que o de 2016, superando assim todas as expectativas da igreja anfitriã do Congresso! Quem esteve presente neste congresso pode ver um dos maiores templos da Assembleia de Deus no Maranhão tornar-se pequeno para a quantidade de pessoas que ali se reuniram para adorar ao Senhor e aprender de Sua Palavra!  O Congresso da UNEOMAD foi conduzido pelo presidente da CEADEMA, Francisco Raposo.

A Igreja de Vitória hospedou no ano de 2011 o 29º Congresso da UNEOMAD que na época foi, deveras, grande para o porte da nossa cidade. Alguns até comentaram que a Igreja não tinha condições para tal. Deus nos surpreendeu. Todas as irmãs e alguns obreiros foram hospedados nas residências dos irmãos e levaram uma boa impressão desta Igreja, razão porque o de 2013 o 31º Congresso, foi  maior que o de 2011 (o 29º) e, de 2016 (o 34º) foi maior que o de 2013 e o atual (38º - 2022) foi maior de todos.

Nossos agradecimentos a todos os irmãos que contribuíram de forma dinâmica nos grupos de apoio.    Podemos destacar os líderes dos grupos:

1.    COORDENAÇÃO GERAL – Pr. Marley Mendes, Pr. Everaldo Junior, Pr. Emerson, Pr. João                   Marcos, Pr. Abdiel Passos

2.     INSCRIÇÃO – Diáconos: Ribamar Nogueira e Joacy Barros

3.     HOSPEDAGEM – Diac. Paulo Nunes e Pr. Raimundo Maciel

4.     RECEPÇÃO – Rute Samia 

5.     TRANSPORTE – Raimundo José Sá e Silva (Zuca)

6.     CERIMONIAL e ORNAMENTAÇÃO – Missionária Aurilene Tavares

7.     SONORIZAÇÃO – Jonielson Carvalho  da Silva

8.    PRIMEIROS SOCORROS – Helmaceny Prazeres Gomes

9.     LIMPEZA – Pr. Gloudielson Santos (Branco)

10.   REFEITÓRIOS – Pr. Jhonny Michael 

11.   SEGURANÇA – Rogério e Diac. Bina

12.   ELETRICIDADE – Aldo Melo 

Todos esses líderes montaram sua equipe, se dispuseram e foram à luta. Por esse motivo, esse 38º Congresso foi uma bênção para todos que participaram.

Equipe Inscrição - Entrega de Material

Entrega de Material

Equipe de Inscrição

Equipe de Limpeza

Equipe de Recepção




2º Dia Manhã - 1ª Parte


sábado, 25 de junho de 2022

LIÇÃO 13: A VERDADEIRA IDENTIDADE DO CRISTÃO

           INTRODUÇÃO

João diz que todos quantos receberam a Cristo como salvador tornaram-se filhos de Deus, isso porque não nasceram da carne e nem do sangue, nem da vontade do homem, mas de Deus. Nós nos tornamos filhos de Deus por meio do novo nascimento (Jo 3.3,5), doravante, passamos a portar em nosso ser a verdadeira identidade de filhos de Deus, pois o propósito do Pai pela morte de seu Filho Jesus Cristo, é nos tornar semelhantes a Ele (Rm 8.29). O Pai quer que tenhamos seus traços.

Portar a verdadeira identidade é ser idêntico, parecido com Cristo, o Filho de Deus; é viver e andar como Ele andou, exercendo o papel de sal e luz neste mundo; é ser sincero em sua atitudes, é ter uma casa, ou melhor, uma vida firmada naquilo que é certo e verdadeiro, de modo que ela permanecerá firme contra todo tipo de tempestade.

Para se ter a identidade de filho de Deus não basta simplesmente conhecer manuais de como ser religioso, ou fazer meditações. De nós mesmos jamais produziremos o padrão de vida que Deus deseja; a final, nossa justiça é como um trapo imundo (Is 64.6) e a purificação verdadeira vem mediante a em Jesus (1Jo 3.3).

Quando fizemos a leitura dos versículos anteriores, fazendo menção aos falsos profetas, ainda que se disfarçassem de ovelhas, não demoraria para que a verdadeira identidade deles fosse revelada, porém, logo que chegamos em Mateus 7.21-23, Jesus passa a dirigir-se para cada um de nós e mostra que o que realmente tem valor para Deus é um viver em total retidão e santidade. Sem essa verdade ninguém jamais verá a Deus (Hb 12.14).


A CONDENAÇÃO DOS FALSOS SEGUIDORES DE JESUS


Uma religião verbalista Muitos dos escribas e dos fariseus tinham em sua mente que a forma como procediam nos seus ensinos e no relacionamento com Deus, o Senhor, na verdade, seria a crença correta, contudo, a crença deles era mais verbalista. Jesus esclarece que algumas pessoas podem chamá-lo de Senhor, viver como se fossem verdadeiros cristãos, mas Jesus não é o seu Senhor. Muitos podem usar o nome de Jesus aparentando servi-lo de verdade, mas tudo não passa de ilusão.

Existem pessoas que são ortodoxas quanto à doutrina, aprendem e ensinam sobre Cristo, sua natureza e chamam-no de Senhor, todavia, não farão parte do Reino. É importante levar em consideração que Jesus não está com esse ensino combatendo a ortodoxia, visto ser ela  de vital importância para o cristão. Não podemos viver a vida cristã se não acreditarmos que Jesus é o Filho de Deus, o qual foi enviado pelo Pai, se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.14; Fp 2.1-5), e é claro que devemos chamá-lo de Senhor, pela ação direta do Espírito Santo (1Co 12.13). Mas a grande questão é que quando passo a depender da minha ortodoxia, isso poderá me levar à condenação.

Ninguém entrará no Reino dos céus sem que ao menos reconheça Jesus como Senhor (Fp 2.11). Nem todo grupo religioso que diz Senhor, Senhor, entrará em seu Reino. Tiago é bem incisivo em afirmar que até os demônios creem (Tg 2.19); lendo Marcos 5.7, uma legião de demônios sabia e reconhecia Jesus como Filho de Deus, mas esse conhecimento não alterava nada na vida deles.

Talvez você me pergunte: como é possível alguém ler a Bíblia, falar sobre Cristo e não ser verdadeiramente cristão? Sem que haja a implantação da nova natureza divina no homem, vindo do alto pelo novo nascimento (Jo 3.3,5), as verdades das Escrituras serão para ele um tipo de filosofia de vida, buscarão viver para o Senhor simplesmente por temer o castigo eterno, e não por reconhecerem que são pecadores que necessitam do Salvador, sua fé é apenas mental.

Além do elemento de uma crença mental, existe também o elemento do fervor carnal, ou seja, por vezes, um pregador ou irmão poderá ser muito fervoroso, levando as pessoas a julgarem-no como espiritual, zeloso com as coisas de Deus, mas devemos ter todo o cuidado nesse quesito, pois pode ser apenas de um zelo carnal, mas que não é marcado pelo verdadeiro conhecimento (Rm 10.2). O nosso fervor deve se firmar no servir a Cristo com amor (Rm 12.11), caso contrário, tudo será pura carnalidade.

Quando atentamos bem para Mateus 7.21, Jesus mostra que nem todos que pregam, ensinam ou fazem supostas maravilhas são verdadeiros, porque o que falam de seus lábios jamais condiz com o que fazem. A expressão Senhor, Senhor, proferida de sua boca nada mais é do que uma artimanha. Os tais se mostram servos fiéis de Jesus, porém, a vida prova o contrário (Ml 1.6; Lc 6.46). Por vezes, uma pessoa pode querer apresentar uma santidade ou piedade tremenda, mas, na verdade, o que busca são lucros, vantagens humanas, tudo não passa de mentira, como falou Paulo e Pedro (1Tm 6.5; At 19.24; Fp 3.7). Os verdadeiros servos de Deus são pobres de espírito (Mt 5.3).


Maravilhas não contribuem para transformação de caráter – Todo cristão deve ser consciente de que vivemos em um mundo de fenômenos sobrenaturais. Os que lidam com as pesquisas de tais fenômenos mostram que há pessoas que possuem ou demonstram ter poderes psíquicos para realizar curas, adivinhar o futuro, falar outros idiomas sem haver estudado, expulsar demônios, lidar com espíritos. Não negamos que fenômenos sobrenaturais possam acontecer, mas  existem três fontes para isso: o homem, Satanás ou Deus. É preciso reconhecer qual é a fonte certa. Por esse motivo, João diz que não se deve crer em qualquer espírito (1Jo 4.1).

É fácil para o mundo aplaudir aqueles que exibem seus supostos poderes miraculosos, porque tais “obras” podem parecer verdadeiras, mas não são. Devemos ser conscientes de que o simples fato de alguém realizar grandes feitos em nome de Cristo não é o critério correto para se dizer que ele tem comunhão com Deus. Outrossim,a aprovação da maioria não quer dizer que tal profeta seja verdadeiro. As realizações poderão vir de uma das três fontes acima mencionadas, daí a necessidade de se ter toda a cautela necessária.

No versículo 22 de Mateus 7, Jesus menciona três atitudes que alguém poderá fazer usando o seu nome. A primeira é profetizar, cujo sentido é falar sob a inspiração divina uma mensagem espiritual, como também fazer predição do futuro. Seria uma pessoa que, dotada do dom de profecia, ministra ao Corpo de Cristo (1Co 12.28; Ef 4.11). O uso de profecia em Mateus fala de alguém que estava exercendo a posição de mestre na igreja.

Alguém pode profetizar algo verdadeiro sem que sua vida seja verdadeiramente transformada. Podemos ver isso na pessoa de Balaão: o que ele falava acerca de Israel era verdade, mas era um falso profeta (Jd 1.11; Ap 2.14).

É possível sim que uma pessoa, em uso do nome de Cristo, faça grandes maravilhas, cure, pregue, profetize, fale línguas, sem que seja vindo da fonte verdadeira, Cristo, originando-se do homem sob o poder e eficácia de Satanás. Quando lemos 1 Coríntios 13.1-3, Paulo deixa bem claro que uma pessoa pode fazer todas essas obras mencionadas acima sem caráter, sem vida, sem comprometimento com Cristo, sem amor. Isso prova que maravilhas ou grandes feitos não contribuem para a mudança de caráter, nem para a entrada no Reino.

A segunda questão é quanto ao ato de expulsar demônios. Não se pode negar a realidade do mundo espiritual; para combatê-lo, o cristão precisa estar revestido da armadura de Deus (Ef 6.10-20). Jesus deu poder aos seus discípulos para expulsarem demônios (Mt 10.1), e a igreja, ao longo de sua existência, tem se valido dessa autoridade para combater esse poder maléfico. Porém, nesse ensino de Cristo, uma pessoa pode até expulsar demônios e ficar fora do Reino de Deus, pelo fato de sua vida não ser realmente transformada. Mateus 10.1 fala que os doze apóstolos receberam poder. Isso incluía Judas, cujo fim trágico revelou que ele não era realmente transformado.

Por fim, tem-se o uso do substantivo feminino milagres, que do grego é dúnamis, poder, força, habilidade. Poder inerente, poder que reside numa coisa pela virtude de sua natureza, ou que uma pessoa, ou coisa, mostra e desenvolve, poder para realizar milagres, poder moral e excelência de alma, poder e influência própria dos ricos e afortunados, poder e riquezas que crescem pelos números, poder que consiste em ou baseia-se em exércitos, forças, multidões, sendo mais direto falar de obras poderosas, admiráveis e incríveis.

O apóstolo Paulo mostra que o cristão pode receber de Deus o dom de realizar milagres (1Co 12.10). O ministério desse próprio apóstolo foi confirmado com sinais e maravilhas (Rm 15.19). Observe que aqui Jesus não combate a prática de sinais e maravilhas, mas a sentença vem para aqueles que usavam o seu nome para esse fim sem que realmente tivessem suas vidas transformadas.

Antes falamos das fontes por intermédio das quais esses milagres podem acontecer. É preciso saber que os verdadeiros têm sua fonte em Deus, e os pseudo milagres têm sua fonte em Satanás. Para compreendermos isso, basta lermos Êxodo 7.11-22, em que é dito que  os magos de Faraó fizeram o mesmo que Moisés, em relação a transformar o cajado em serpente e as águas do Nilo em sangue, mas logo em Êxodo 8.18, com suas ciências ocultas, não puderam fazer o mesmo. Em Mateus 24.24, Jesus falou sobre os falsos profetas e seus milagres não verdadeiros; Paulo revela tudo e diz que a operação desses milagres é pelo poder de Satanás (2Ts 2.8.9).

Queridos irmãos, estejamos atentos para uma coisa: apenas a realização de obras espetaculares e milagres não serve como sinal para confirmar ou autenticar que uma determinada pessoa é escolhida ou usada por Deus. Somos alertados na Bíblia quanto aos falsos profetas (Dt 13.1-5) e falsos milagres, os quais se realizam pelo poder de Satanás (2Ts 2.8-12). Quando falamos em profecias, expulsar demônios e milagres, sempre haverá aqueles que irão querer imitar o poder de Cristo e dos seus seguidores. Os tais não têm a aprovação de Deus, por isso serão  julgados e condenados, não tendo permissão para entrar no Reino.


O critério para identificar o verdadeiro crente O apóstolo João falou que existe o filho de Deus e o filho do Diabo (1Jo 3.10). Ninguém vai sair por aí dizendo que é filho do Diabo, mas  eles existem sim. O grande problema de Satanás é fazer com que as pessoas que são seus filhos pensem que são filhos de Deus. Como é dito em 2 Coríntios 11.14,15, ele se transforma em anjo de luz. Faz isso porque seu desejo é que as pessoas vivam uma vida de aparências, pensando estar caminhando para o céu, dizendo Senhor, Senhor, sem de fato estar comprometidas com Ele.

Satanás consegue seduzir pessoas para que vivam uma vida cristã superficial, um cristianismo nominal, e, para consolidar seu intento maléfico, concede a elas poder para realizar os supostos sinais, levando a realmente crer que estão em Deus. Para vencer tal engano é que Jesus adverte seus discípulos a não ouvir os falsos profetas e identificá-los por suas doutrinas erradas e seus frutos podres. Não há como ser enganado por milagres porque Jesus falou aos seus seguidores que o mais importante não seriam os sinais, mas, sim, ter a ciência de que seus nomes estariam escritos no livro da vida (Lc 10.20).

Não se pode identificar o verdadeiro pastor, cristão, pregador, mestre, profeta, os quais realizam feitos admiráveis, somente pelos sinais, uma vez que, aparentemente, estes podem apresentar um estilo de vida de suposta comunhão com Deus, mas, na verdade, não obedecem a sua Palavra, antes, andam segundo o seu querer. Não demorará para que a sua real identidade seja revelada, quando perante os olhos daquEle que tudo vê será dito: “Nunca vos conheci, apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Mt 7.23).


EM QUE ESTAMOS ALICERÇADOS?


Ouvindo o maior Pedagogo do mundo Quem deseja entender a importância do ouvir deve atentar para o que falou Salomão. Ele disse que a sabedoria vem pelo ouvir, falou que o ouvir é melhor do que qualquer sacrifício (Ec 5.1). Aquele que despreza o ouvir, até sua oração será abominável (Pv 28.9), e responder antes de ouvir é estultícia (Pv18.13). Mas aqui iremos falar da importância de ouvir Jesus. Nossa vida espiritual pode começar  bem se procurarmos ouvi-lo, pois Ele é o dono da vida e somente dEle vêm as palavras de vida eterna (Jo 6.68).

Mateus 7.24 (ARA) começa com Jesus se expressando: “Todo aquele, pois que ouve estas minhas palavras [...]”. Na verdade, Ele estava se referindo à aplicação do Sermão do Monte. O que se tem nos versículos 24-27 é a seção que podemos considerar como o desfecho ou o epílogo. Interessante começarmos dando uma definição do verbo ouvir, que do grego é akoúo, estar dotado com a faculdade de ouvir, não surdo. Ouvir, prestar atenção, considerar o que está ou tem sido dito, entender, perceber o sentido do que é dito; ouvir alguma  coisa.

Se quisermos ter uma verdadeira vida espiritual, não podemos sair por aí ouvindo qualquer pessoa ou mestre. O essencial é começar ouvindo a Cristo, pois só poderá ter acesso aos portais do Reino celestial, à verdadeira salvação, ao destino verdadeiro, aqueles que procurarem ouvi-lo. Jesus é o maior Pedagogo do mundo, pois suas palavras são cheias de vida e de verdade, elas vinham diretamente do Pai (Jo 14.10).

Quem começa ouvindo o maior Pedagogo do mundo vai ter sabedoria para escolher as coisas excelentes e praticar o que há de melhor, e do modo certo. É ouvindo a Cristo que não apenas seremos diferentes, mas viveremos de modo diferente. Por meio do genitivo grego µου τοὺς λόγους (Minhas palavras), o que procede dos lábios de Jesus Cristo dará uma vida de qualidade e estabilidade.

A Bíblia descreve Salomão como o homem mais sábio da terra. Ele  foi o terceiro rei do reino unido de Israel, reinou de 970 a 931 a.C., em lugar de Davi, seu pai. Esse homem era grandemente sábio e sabemos que tal sabedoria vinha do Senhor, porém, com toda sabedoria o final de sua vida foi totalmente um fracasso (1Rs 1-11). Creio que para alguém naquela época ouvir Salomão falar era por demais valioso, agora imagine ouvir Jesus falar, ensinar, posto que Ele mesmo disse: “A rainha do Sul se levantará, no juízo, com esta geração e a condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. E eis aqui está quem é maior  que Salomão” (Mt 12.42, ARA).

A importância do bom alicerce – No aspecto gurativo, somos comparados a uma casa. Isso está bem claro em Apocalipse 3.20. Assim, podemos começar fazendo uma pergunta: Por que grandes casas humanas caem? Por que grandes ministérios fracassam? Por que muitos casamentos acabam? A resposta é: porque muitas casas são construídas com tijolos errados, rebocadas e pintadas com a tinta da aparência (At 23.3). Para a casa ser bem edificada espiritualmente e não cair, a construção precisa ser feita com bons materiais (1Co 3.10,12; Lc 14.28), sobre um bom alicerce.

A vida espiritual não pode ser construída de qualquer maneira, colocando qualquer tipo de material como palha, feno, madeira, ouvindo qualquer pessoa (Sl 1.1,2). Daí a razão de Paulo dizer: “Veja cada um como edifica” (1Co 3.10,12). É preciso, da parte do edificante, muita sabedoria e prudência na edificação de sua vida espiritual. Quem procura edificar sua vida nas palavras dos homens, e não nas palavras de Cristo, pode ter certeza de que a sua construção caírá, pois somente Jesus edifica a casa (Sl 127.1).


A relevância do praticar O verbo praticar no grego é poiéô, e quer dizer produzo, ganho, provejo, pratico, uso de construir, formar, modelar. Note que está no tempo presente, voz ativa, modo indicativo. O verbo edificar do grego, que aparece no texto, é okodómêse (tempo-aoristo, voz ativa, modo indicativo). Fala do ato de alguém construir uma casa, fazer uma construção, mas no sentido metafórico significa construir com sabedoria para promover crescimento (1Co 3.10; Tg 1.5).

Importante dizer que só pode se lançar ao ato da construção aquele que for sábio, pois o insensato ouve o ensino de Jesus, mas o ignora, isto é, não pratica o que Ele disse; porém, algo de especial para aquele que busca fazer a vontade de Deus. Primeiramente, revela o quanto é sábio e prudente, e além disso haverá recompensa para a  sua vida.

Vemos em Mateus 7.24-27 o contraste entre os dois tipos de construtores. Os dois constroem as suas casas, inclusive ambas têm a mesma aparência. Contudo, apenas uma delas suportará o teste quando vier a tempestade. O que ouviu as palavras de Jesus, mas não fez caso delas, frente aos vendavais que virão, como não tem raiz, firmeza, sua construção será de pouca duração (Mt 13.21), sua vida sofrerá destruição total, que é uma referência ao juízo divino (Mt 7.13,14), sendo separado definitivamente de Deus (Mt 7.22,23). Dessa forma ficou revelado que aquele que aparentava ser realmente de Cristo, de estar firmado nEle, sua fé não passou pelo teste da tempestade, mas revelou de fato como era a construção de sua vida. Queridos, saibamos que o ouvir e o praticar não podem estar desassociados da vida cristã. Essas duas palavras precisam andar e estar juntas em nossa vida. Se assim não for, a imprudência e a escolha de materiais péssimos para a construção de nossas casas espirituais irá acontecer; não somente isso, a queda é certa. Os falsos profetas serão condenados porque ouvem os ensinos de Cristo, mas o ignoram, não praticando; já os autênticos servos de Cristo são ouvintes e praticantes da Palavra.


JESUS: A NOSSA VERDADEIRA IDENTIDADE


Jesus, nosso maior pregador – Duas coisas caracterizavam o ministério de Jesus: o ensino e a pregação (Lc 4.23). Ele fazia isso nas sinagogas. O culto que era desenvolvido nas sinagogas era marcado pelo louvor, oração, leitura e exposição da Lei feita por um rabino ou outra pessoa qualificada. O interessante é saber a razão de Jesus ter sido aceito para ensinar nessas sinagogas, visto que Ele não vinha de uma tradição judaica da época, tendo seguido grandes escolas. Na verdade, o que se conjectura é que devido aos grandes milagres operados e pelos ensinos que proferia, era visto por muitos como um bom mestre, o que levou à sua aceitação.

O propósito do ensino é transmitir conhecimento, porém, é mais do que isso. Trata-se da capacidade que uma pessoa tem de tirar da teoria e levar outra pessoa a colocar em prática aquilo que lhe foi transmitido, explicando de modo pormenorizado como deve viver e obedecer à que lhe foi pregada.

Mas é dito de Jesus também que Ele pregava. Do grego é o verbo kerússo, ser um arauto, oficiar como um arauto, proclamar como um arauto, sempre com sugestão de formalismo, gravidade e uma autoridade que deve ser escutada e obedecida; publicar, proclamar abertamente algo que foi feito. Usado na proclamação pública do evangelho e assuntos que pertencem a ele, realizados por João Batista, por Jesus, pelos apóstolos e outros mestres cristãos.

A pregação tem como objetivo instruir os cristãos, desejando ardentemente que cada um cresça na e na Palavra. Por intermédio da mensagem pregada, o pregador, no poder do Espírito, consegue penetrar na mente e no coração do ouvinte, razão pela qual Paulo incumbiu Timóteo dessa grande responsabilidade (2Tm 4.2). A pregação não pode ser descartada por um pastor, pois ela é uma ordem de Cristo (Mc 16.15). Podemos dizer que Jesus é o nosso maior ensinador e pregador, modelo que deve ser seguido por todos os pregadores da atualidade.

Em Mateus 4.23, seu ministério era desenvolvido de três maneiras: ensinando, pregando e curando. Quando ensinava, mostrava que estava interessado no aprendizado de todos; pela pregação, evidenciava seu cumprimento no dever e na missão para a qual veio a este mundo, salvar os pecadores; e, quando curava, buscava a  integridade física das pessoas. No demais, esses milagres confirmavam ou autenticavam seu ensino e pregação, mostrando que realmente era  o enviado de Deus.

Jesus sabia do valor da pregação, pois falou que a geração do tempo de Jonas se arrependeu pelo poder dela (Mt 12.41). Ele não pregava por fama, nem buscando posição ou reconhecimento por parte das pessoas, mas fazia isso procurando cumprir o seu dever, sabendo que somente pela pregação verdadeira e sincera é que as pessoas poderiam se arrepender e voltar para Deus.


A autoridade do ensino de Cristo – O que se tem em Mateus 7.28,29 é a conclusão de tudo que Jesus  ensinou, mas o texto mostra o efeito que suas palavras causaram em seus ouvintes. Psicologicamente, os ouvintes de Cristo estavam como fora de si, fascinados, em grande espanto. Atente para a expressão “maravilhado”, que do grego é o verbo ekplesso, comumente, entrar em pânico, ficar chocado, espantar-se, ficar assombrado.

É por demais difícil no nosso português ou em outro idioma traduzir realmente o que aquelas pessoas estavam sentindo na mente e no coração, ainda que se fale em extasiado, maravilhado, pânico, admiração, perplexidade, não tem como dissecar sua essência. O certo é que ficaram fora de si.

O que causou impacto no coração dos ouvintes arrebatando seus sentidos foram duas coisas: a primeira, a doutrina que Jesus ensinava (do grego é didache, ensino, aquilo que é ensinado, doutrina, ensino a respeito de algo, o ato de ensinar, instrução); em segundo lugar, sua autoridade, que não vinha dos escribas nem dos fariseus, os quais quando iam ensinar apelavam para as escolas tradicionais da época, seus antigos professores, as opiniões dos mais notáveis rabinos e seguiam as tradições das interpretações. Isso era repetitivo e cansativo, pois muitos já sabiam de suas falas tediosas. A autoridade do ensino de Jesus vinha diretamente do Pai (Jo 7.16), tocava o espírito e a alma humana, gerava sede no coração dos mais humildes e conflito nas mentes mais brilhantes (Lc 15.1; Jo 3.4, 4.29).

Mas podemos analisar que as pessoas sentiam satisfação em ouvir Jesus porque viam sinceridade e verdade em suas palavras (Jo 14.6; 18.37), ao passo que o ensino dos escribas e dos fariseus estava em boa parte marcado de velhas tradições e inverdades (Mt 5.21). Outro motivo pelo qual o povo gostava de ouvir Jesus é que Ele não complicava, mas descomplicava, procurava tratar de assuntos não para polemizar, mostrar erudição, mas para que cada pessoa encontrasse  uma razão para viver, uma vida melhor, pensasse na eternidade, no céu, não se prendia em coisas triviais (Mt 23.23; Lc 11.42). Jesus era bem sistemático e direito, nem prolixo e nem divagava no que falava.

O povo via que o ensino de Jesus não vinha dos meros livros de tradições humanas, as fontes da época, das escolas de Hillel e Shamai, as quais eram fontes rotas (Jr 2.13); o seu ensino vinha do Pai (Jo 8.26), fazia parte de sua natureza, de modo que ao falar era algo que brotava do fundo do coração (Mt 5.17; 4.4,7,10). A palavra autoridade é um substantivo feminino grego, eksousía, poder de escolher, liberdade de fazer como se quer, licença ou permissão, poder físico e mental, habilidade ou força com a qual alguém é dotado, que ele possui ou exercita.


Jesus como nossa identidade – O conceito de identidade é a qualidade do que é idêntico, do latim identitas, ātis, o mesmo. Jesus disse que devemos ser perfeitos como o Pai, isto é, nos identificarmos com Ele. Observe que o adjetivo perfeito, téleios, fala de algo que é levado a seu fim, finalizado, que não carece de nada para estar completo, adulto, maduro, maior idade. No momento em que nos identificamos com Cristo por meio  de sua morte, depois por meio dos seus ensinos e de suas verdades,  que sempre apontam para o Pai celestial, haveremos de sempre nos  esforçarmos para expressar as características do Pai, amaremos a todos incondicionalmente, teremos fome e sede de justiça. (GOMES, Osiel. Os valores do reino de Deus: a relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Rio de Janeiro: CPAD, 2022. p. 147-157.)